Tag: noite

  • Numa noite qualquer…

    Numa noite qualquer…

    Numa noite qualquer, daquelas que o tédio se sobressai, resolvi dar uma de minhas voltas sobre a luz da lua, e para não parecer poético demais, sobre a luz dos postes também… Era madrugada, e enquanto grande parte dos humanos se encontrava em sonos pesados lá estava eu, caçando confusão e bons pescocinhos para morder.

    A verdade é que me encontrava em uma daquelas fases “revolts” onde o desejo de arrancar a cabeça de alguém se torna mais forte. E sim, me sinto muuuuuito mais legal assim. Lorenzo que era um pouco devagar para me acompanhar, sabiamente preferiu ficar em casa. Naquela noite, não sai apenas para uma caminhada noturna. Eu queria fazer o mal. “-Mas Becky, você é uma vampira tão querida e gentil com todos, não acredito que faça maldades por ai.” Pois é, assim como muitos não acreditam em vampiros e nós estamos aqui! E… Não, meus queridinhos, vampiros não são bonzinhos, não brilham e não se alimentam de bichinhos na floresta. Essa piada já está velha, não está?E nós vampiras, nem de perto somos donzelas em perigo… Nós somos o perigo! (Imaginem minha risada sarcástica, enquanto escrevo isso!)

    Usava o habitual para a noite. Um vestido de veludo preto, botas over-the-knee e uma jaquetinha de couro bordô, a dica de usar vermelho para disfarçar o sangue é super válida! Meus cabelos soltos ao vento faziam movimentos em onda enquanto eu curtia um som da banda Oomph, Yes, my favorite band!. Dirigindo meu conversível novo em alta velocidade pelas amplas avenidas da cidade. Ao mesmo tempo, pensava em algumas questões, como sempre, meus pensamentos não param sequer um instante e viajam em ideias como um turbilhão. Mas, o momento não era propicio para isso e sim, eu deveria procurar me divertir um pouco, depois de tanto tempo cuidando de Lorenzo, de meus negócios e de problemas alheios nas quais eu não deveria me importar realmente.

    Parei o conversível em uma esquina qualquer, próximo a um dos meus lugares favoritos. Era noite de show, alguma banda cover pelo que percebi ao entrar. Havia uma grande quantidade de pessoas, no entanto, não havia sentido a presença de nenhum ser sobrenatural por lá. Enrolei, observando o lugar com uma bebida em mãos, que mal toquei nos lábios.

    – Quem será minha vitima esta noite… – falei baixinho.

    No entanto, acabei me misturando aos humanos que dançavam freneticamente, alguns podres de bêbados tinham o prazer de sentir o ardor de minha mordida discreta, seguida da tradicional “lambida” para cicatrização. Bem alimentada e após me divertir fazendo alguns humanos de marionetes, para treinar meus poderes de manipulação decidi que era hora de voltar. Mas eu não estava satisfeita… Ainda… Tudo estava muito tedioso de certa forma.

    Quando chegava onde havia estacionado meu carro, percebi uma movimentação estranha, uma mulher que provavelmente saia da festa, atravessava a rua caminhando apressada e logo quase correndo. Estava sendo seguida, ou melhor, perseguida por dois caras. Resolvi segui-los sorrateiramente para ver até onde tudo aquilo chegaria, essas situações parecem tão comuns em nosso caminho…  Destino? Acaso? Ou sempre atraímos confusão? Naquele momento eu desejava saber me transformar em névoa, ou mudar de forma, como Ferdinand, mas tinha meu “jeitinho” para não ser vista. Vi nos pensamentos dos caras, imagens obscenas, desejos sórdidos sobre aquela pobre coitada, que por que raios estavam na rua durante a madrugada, sozinha? As mulheres deveriam ter essa liberdade, mas não, elas não têm.  Mas, aquela era a minha chance de fazer o mal que tanto desejava para aquela noite, mesmo que ajudando uma senhorita em apuros.

    Os caras a encurralaram em uma esquina, jogando-a na escuridão de um beco, parecia até uma abordagem típica dos filmes. Fiquei assistindo eles tentando fazê-la ficar quieta, até deixá-los ouvir o barulho de meu salto naquela rua esburacada dos infernos, sabem bem como é andar de salto em um lugar desses, isso é difícil até para mim. Olharam para trás, viram apenas meu vulto desaparecer. Olharam para o lado, e sentiram o vento de minha passada rápida sobre suas costas. A mulher respirava ofegante, pensando em uma forma de escapar e ao mesmo tempo com medo do que estava acontecendo.  Esperei alguns segundos, quando os malditos se voltaram para a garota puxei os dois pela gola de suas camisas afastando-os e jogando-os em um monte de lixo.

    -Vá embora agora garota. A madrugada não é feita para moças indefesas… Vá!- Falei com os olhos cheios de malicia enquanto sem perder tempo, ela corria.

    Voltei-me para os caras ainda tontos, mas que se erguiam do chão:

    -Hey gostosões do bairro! Venham mexer com alguém da laia de vocês! – Falei me divertindo.

    Os caras investiram contra mim nervosos. Estufei o peito “como se ganhasse fôlego” e fui direto para o ataque, enquanto segurava um deles pelo pescoço preso à parede, mordia o outro até o sangue acabar em todo seu corpo. A beira de perder a consciência, aquele a quem segurava em minhas mãos, perdeu bons pedaços de seu corpo nojento, apenas pelo meu prazer de ver o sangue escorrer e, para poder lambê-lo em seguida. Não houve muito barulho, nem bagunça, só uma sujeirinha, na qual dei um jeito depois.  Mas, em certo ponto senti que perdia o controle e vi suas vidas se acabarem em minhas mãos de um jeito doentio. Passei alguns minutos observando meu feito, deixei-os ali, próximos as latas de lixo, virei às costas e voltei para casa sem olhar para trás….

    Numa outra noite qualquer…

    -Hey Becky, viu essa noticia? “Dois homens são brutalmente assassinados no bairro… Policia conclui que ação foi vingança do tráfico…”

    É, digamos que foi… Refleti sobre a palavra “vingança”. De quem? Do que, afinal?

  • De volta a uma rotina nada normal – Parte IV

    De volta a uma rotina nada normal – Parte IV

    Beijei Lorenzo vorazmente.  Em meu quarto, joguei – o na cama. Sentada em cima dele, beijava-o e acariciava seu peito enquanto tirava sua camiseta.  Com as mãos em minha cintura, pressionava sua ereção em meu corpo e nos movimentávamos como em uma dança sincronizada. De repente ele parou.

    – Caramba o que estou fazendo!

    – Hum? O que foi Lorenzo?

    – Desculpa, mas eu não sei se consigo.

    – O que? Hahahaha Lorenzo, eu que devo lhe pedir desculpas, você não irá sair daqui assim.

    – Mas faz tempo que…

    – Shhhhhhhhhiiii – Falei colocando o dedo indicador em sua boca e rindo ao mesmo tempo – Quem manda aqui é eu.  Foi você quem começou com isso, agora terá que terminar. Espere aqui.

    Ele olhou-me sério e apreensivo, mas obedeceu. Quando voltei continuava exatamente como eu havia deixado. Tranquei a porta do quarto.  Com a corda que eu havia buscado, fiz alguns nós prendendo cada um de seus braços à cabeceira da cama. Olhando-me com os olhos arregalados, soube que ele queria perguntar o que eu iria fazer.

    – Você não estava me desejando? Irei matar seu desejo, mas a minha maneira, entendeu?

    Aumentei o volume do rádio que já estava ligado, tocando algumas das seleções de músicas que eu adorava e que me inspiravam nesses momentos. Então, lentamente tirei meu roupão, revelando apenas uma minúscula lingerie vermelha. Puxando seus pés, o mantive esticado sobre a cama e em um movimento rápido tirei sua calça e comecei a beijá-lo e a acariciar seu corpo e seu sexo.

    – Ah, por favor, não faça isso!

    – Hahahahah devia ter pensando antes. Agora, cala a boca que eu não mandei você falar!

    Embora envergonhado, ele estava gostando. Embora tentasse evitar, estava excitado e controlando seus gemidos de prazer. Era engraçado despertar essas sensações em alguém assim. Para mim estava sendo tudo totalmente diferente do que eu já havia visto. Ele era um homem diferente dos que conheci pelo mundo. Arranhei seu peito definido fazendo- o sangrar um pouco. O cheiro de seu sangue era tentador. Mas, eu não queria mordê-lo. Não ainda. Queria senti-lo. Vi que naquele momento ele se empolgava. Ainda amarrado, sentei sobre si e o pressionei contra meu corpo. Eu comandava. E no ritmo da música me movimentava e dava gargalhadas de prazer enquanto o observava ter um orgasmo rápido.  Soltei as amarras e ele investiu contra mim, segurando- me no colo, bateu com minhas costas na parede e demonstrou querer mais.  Deixei-o à vontade durante as últimas horas que se seguiram, enquanto nos beijávamos então, em um momento de excitação, o mordi e o mantive paralisado e quieto, sentindo a dormência tomar seu corpo com minha mordida…

    Horas depois, acordei ao lado de Lorenzo, que me olhava apavorado. Eu, porém, falei sorrindo e me esticando:

    – Olá Lorenzo, como está sentindo-se?

    – Eu estou estranhamente bem. Mas, você… Quem é você?

    Droga. Será que ele lembra que o mordi? Pensei comigo mesmo.

    – O que foi Lorenzo? Qual é o problema, não gostou do que fizemos?

    – Não é isso. Eu gostei sim, pode acreditar. Nunca havia sentido prazer dessa forma. Mas, vendo você dormir… É… Você tem alguma coisa estranha. Seu corpo é tão gelado. Estava dormindo de olhos abertos, parecia morta…

    Merda! Foi como voltar no tempo e relembrar como foi descobrir o que Sr. Erner era. Aqueles olhos paralisados como o de um defunto. Sua expressão morta enquanto dormia. Então naquele momento nostálgico, me distrai e não vi Lorenzo levantar…

    – Hey, o que está fazendo! Não faça isso!

    Foi quando senti o sol queimar-me violentamente.

  • Como encontrar um vampiro – pt2

    Como encontrar um vampiro – pt2

    A década de 60 foi uma década onde curti a não-vida “adoidada”, mesmo que em certos momentos eu tenha passado por noites muito tensas. Mas, foi mais ou menos nessa época que conheci Eleonor que por muitas vezes falou sobre “Dom Ferdinand” que segundo ela, era um verdadeiro gentlemam. Além disso, Eleonor se tornou uma grande amiga, com quem pude contar durante anos. Mas, as coisas estavam difíceis para mim em certa época onde eu não podia confiar em ninguém e, por isso precisei sumir por um bom tempo.

    Porém, Eleonor falava tanto do Sr. Di Vittore que minha curiosidade por conhecê-lo era imensa, além disso, quando soube que ele estava por perto, eu sabia que ele poderia ajudar-me diante da minha situação. Fiquei incrivelmente surpresa por ele ter aceitado conversar comigo quando entrei em contato inicialmente, e ter a amizade e referência da Eleonor contou muitos pontos para que isso fosse possivel.

    Quando recebi a ligação de Ferdinand, marcamos em um lugar próximo ao hotel em que eu estava. Arrumei-me, e caminhando apenas algumas quadras pude ver sua Harley estacionada. Ele era ainda mais alto que Sr. Erner e eu me senti ainda menor embora não seja  tão baixinha. Vestia uma jaqueta de couro e um tênis surrado. Estava escorado na moto olhando algo no celular.

    Então, eis que meu celular toca. E automaticamente ele olha em minha direção e percebe que eu estava ali há algum tempo o observando e pensando se deveria ou não me aproximar.  Envergonhada, cumprimentei-o e falei:

    -Não basta já poder sentir minha presença?

    -Muito prazer em conhecê-la também. És ainda mais baixinha do que eu imaginava!

    Naquele instante percebi seu “elevado” senso de humor, “nem sou tão baixinha assim” pensei e como se nos conhecêssemos há anos conversarmos durante longas horas em um café que havia por perto.

  • Halloween

    Halloween

    Lembram-se do Christian, autor daquele conto da Vampira Sophia? Pois então, cá está ele e novamente com mais um conto muito bom.

    Divirtam-se com: Halloween!

    Nota: Este conto foi escrito com base em um sonho de minha esposa que, como todo sonho, é um tanto desconexo e non-sense… Então tomei a liberdade de incluir alguns detalhes e um fechamento para o conto que não estavam no sonho… Por mais irreal que pareça o relato, garanto que jamais verão com os mesmos olhos aquelas plaquinhas de “VENDE-SE” nas entradas de condomínios… Divirtam-se:

    Corriam boatos de que existiam vampiros morando no condomínio, mas com todos que conversei disseram que isso era uma bobagem. “Imagina! Vampiros não existem!…” “Quem disse um absurdo desses? Nosso condomínio é ótimo e mesmo que existissem essas coisas não teríamos isso aqui…” ou “Isso é conversa da molecada. Você sabe como são essas crianças…”
    Como moradores recentes (havíamos acabado de comprar um apartamento ali) ficou até estranho questionar muito essa história…

    Estava ao telefone contanto essas novidades estranhas para uma amiga quando a porta abriu e meu filho Pedro entrou, junto com um outro garoto que morava ali. – “É bom que ele já está fazendo novas amizades…” – pensei. Ele me apresentou o garoto:
    – Mãe, esse é o Cláudio. Eu convidei ele para jogarmos vídeo-game, tudo bem?
    – Claro, filho! Vão brincar!
    O garoto me cumprimentou meio tímido, mas assim que foram para o quarto do meu filho ele já mudou de atitude: falante, foram rindo comentando sobre um jogo que o Pedro ganhou dias antes. Ou seja, um comportamento normal para garotos de 14 anos…

    Terminei de falar com minha amiga e fui ver televisão. Não ia fazer janta, no máximo ofereceria para os garotos um lanche mais tarde.

    Por volta das 22:00hs vem o Pedro me pedir se o Cláudio podia dormir em casa, para jogarem mais. Não vi problema nisso, desde que ele ligasse para os pais avisando. E deixei. Afinal, dava gosto ouvir as risadas deles e o Pedro se divertia bastante tendo companhia para jogar. Quando me dei conta já era quase uma da manhã e fui oferecer um lanche para eles. O Pedro quis, mas o amiguinho dele disse que não estava com fome e não comeu nada. Arrumei as camas para eles e mandei desligarem o vídeo-game para dormirem.

    Foi de manhã que tudo começou a ficar estranho… Pedro veio me falar que o garoto sumiu, mas não foi isso que aconteceu. Fui olhar no quarto e ele estava escondido embaixo da cama! Quando mandei sair, ele começou a rir e disse que não! E ria mais ainda! Só parou quando abri a janela e o sol iluminou o quarto. – “O que faço agora?” – pensei – “Que situação mais esquisita!”

    – Fecha a janela que eu saio… – ele disse, e eu fechei as cortinas. Assim que o quarto voltou a ficar escuro ele saiu mesmo debaixo da cama e saltou sobre mim, rindo loucamente!!! Só então percebi que ele era um vampiro e me lembrei dos boatos! Como ele era franzino, eu consegui empurrá-lo e saí correndo do quarto, mas só acreditei mesmo que aquela situação insólita estava ocorrendo quando ele apareceu no corredor e mostrou os caninos naquela risada demoníaca! E desta vez foi Pedro que impediu que ele conseguisse me morder! Na confusão, ele havia entrado no banheiro e saiu de lá com um pedaço do cabo de um rodo nas mãos e cravou-o nas costas do menino, à maneira de uma estaca! Fiquei pasma com a presença de espírito dele! “Devem ser os filmes que ele adora assistir” – pensei mais tarde. O garoto vampiro, ferido, disparou pela sala e alcançou o corredor do andar. Foi tudo muito rápido, nem sei como ele conseguiu sair do apartamento, acho que meu marido deixou a porta da sala destrancada quando saiu. E o menino desapareceu pelas escadas, deixando atrás de si uma névoa fedida, pois ao passar pela sala do meu apartamento ele foi atingido por um pouco de sol.

    Passamos o dia trancados no apartamento. Como falar sobre isso com outros vizinhos do prédio? A maioria não acreditaria ou iam tachar a gente de loucos. Só no finalzinho da tarde percebemos onde isso ia dar… Pela janela da sala podíamos ver a quadra, toda decorada para a festa de halloween que iam fazer no condomínio. Um palco estava montado lá e uma banda cover que a molecada gostava ia tocar. Eles já tinham chegado, numa van preta que deixaram estacionada ao lado da quadra.

    Várias pessoas, a maioria jovens e crianças, já se reuniam em volta, vestidos à caráter para a festa. Muitos estavam fantasiados de vampiros! Para falar a verdade, gente demais tinha adotado esse personagem para participar daquele halloween estranho. Portanto, uma parte daquelas pessoas deviam ser vampiros mesmo!

    Bolamos um plano. Se a idéia deles era usar a festa como um disfarce para promoverem uma orgia de sangue, nós também poderíamos usar a festa para combatê-los. O tempo era curto, mas distribuímos todo o alho que tinha na cozinha para alguns poucos amigos e pedimos para procurarem mais com quem conhecessem. A “brincadeira” seria a seguinte: Como tinha muitos “vampiros” na festa, nós seríamos “Caçadores de vampiros”. Para todos os efeitos, seria tudo parte de um trote de halloween! Quem se recusasse a pegar nos dentes de alho se denunciaria como vampiro e nós salpicaríamos “água benta” neles. Para nossos amigos, dissemos que a tal água benta era só uma água perfumada com rosas e que não faria mal algum jogar umas gotas em alguém, tudo pela brincadeira e dentro do clima de halloween, sem abuso. Só que era de fato “água benta”, vinda de Aparecida do Norte! Por sorte, a mania da minha sogra religiosa de trazer litros de água benta de suas romarias ia servir para alguma coisa: tinha uma garrafa PET na geladeira cheia dessa água!

    Descemos para a quadra e começamos a “caçada” – Chegava de repente em alguém e colocava dentes de alho entre suas mãos. Os primeiros que abordamos não tiveram reação nenhuma com o alho e os chamamos para participar da “brincadeira” também. E a coisa pegou! Em instantes, várias pessoas estavam “caçando” no meio da turba, e então começou a confusão: o primeiro vampiro verdadeiro foi pego! Uma moça gritou de dor quando um de nossos amigos colocou o alho na mão dela, e logo em seguida outro sujeito também começou a soltar fumaça quando espirrei água benta nele! Aí gritei: SÃO VAMPIROS DE VERDADE!!! JOGA ÁGUA!!!

    De repente tinha gente correndo para todo lado, alguns soltando aquela fumaça mal-cheirosa ou tentando morder as pessoas, o pânico se generalizou e o halloween dos vampiros desandou geral! Jogávamos dentes de alho e água benta em todas as direções, uma gritaria tomou conta do lugar e não sei de onde apareceram uns moradores empunhando os espetos das churrasqueiras. Em questão de minutos os vampiros debandaram, alguns foram mortos com estacas improvisadas ou espetos de churrasco, muita gente ficou machucada, arranhada, mas poucos foram mordidos…

    No dia seguinte, haviam várias placas de VENDE-SE sendo colocadas na entrada do condomínio…

  • A primeira vez de Sophia

    A primeira vez de Sophia

    Dando continuidade a história de Sophia enviada pelo Christian…

    A primeira vez de Sophia

    Christian entrou silenciosamente na suíte onde estava Sophia. Sentou na lateral da cama e ficou por um tempo olhando-a dormir pacificamente. Ela respirou profundamente e abriu os olhos, inclinando a cabeça em sua direção. Mesmo sem falar nada, estava claro que haviam muitas perguntas a serem feitas e Christian estava aguardando pacientemente para dar as respostas.
    Sophia ergueu o corpo apoiando-se nos cotovelos e depois ajeitou os grandes travesseiros de pluma e recostou-se. Seu rosto estava sereno, mas interiormente lutava para manter-se calma.
    – Se eu não estava tendo um pesadelo, você realmente me disse que me transformou em uma vampira? – Disse isso como se perguntasse como estava o tempo lá fora, mas evitou olhar para ele.
    – É isso… – Christian tentava ser natural, mas a tensão presente era densa. – Eu sou um vampiro e escolhi você por motivos pessoais, que vou explicar. Mas antes preciso saber como você está se sentindo, Sophia.
    Ela pensou por um momento antes de responder. Uma parte dela estava atemorizada, não encontrava explicação para tudo aquilo. Outra parte encarava aquela situação insólita com naturalidade.
    – Então é verdade? Quero dizer, nunca imaginei que vampiros existissem mesmo…
    – Existimos, sim, mas fazemos o possível para manter a discrição. Não seria bom que soubessem de nossa presença entre as pessoas comuns.
    – Em nenhum momento você pensou que eu poderia não querer ser uma vampira?
    – Claro que sim! Mas isso não é uma coisa que se proponha a alguém. – com um sorriso divertido ele voltou para perto dela e tocou-lhe o braço. – Você me acharia louco ou pior… Chamaria a polícia, talvez. – O toque dele a fazia estremecer levemente, mas se afastou um passo.
    – Pode ser… Mas e se eu não quiser, o que acontece?
    – Bem, o que está feito, está feito. – seu rosto ficou sério – Não é possível voltar atrás, Sophia. Eu não posso matá-la, não seria capaz disso agora.
    – Pelo que sei, você já me matou! – Sophia começou a chorar, as lágrimas escorriam lentamente de seus olhos, mas manteve o olhar firme em Christian. “Eu estou te dando uma chance de alcançar tudo o que sempre sonhou.”, foi a resposta dele, com o olhar preocupado. Tentou pegá-la pelos braços mas ela se esquivou.
    Christian sabia dessa possibilidade, claro. Mas contava que Sophia ficasse fascinada pela vida que ele lhe ofereceria, a casa, a riqueza, o fim dos problemas dela e da prostituição, que era apenas um caminho do ponto de vista dela. Ele sabia que no fundo ela desejava estabilidade, uma vida sem sustos ou privações. Ela economizava boa parte do dinheiro obtido nas ruas para comprar um apartamento e estudar. Queria sair daquela vida.
    Tudo isso ele lhe oferecia, em troca de companhia, apenas. Não esperava que ela o amasse logo de início, mas tinha uma eternidade para compartilhar com ela e o tempo não era nada para ele, enfim. Bastava apenas esperar, então…
    Sophia deixou o choro consumi-la até se esgotarem as lágrimas. “Isto só pode ser um pesadelo!…”, pensava. Quando se acalmou um pouco, sentou-se nas almofadas e abraçou as pernas, como se um monstro estivesse prestes a devorá-la e a cabeceira da cama fosse o único canto seguro, que ele não alcançasse. Sua vida estava de ponta cabeça… Vida? Uma parte dela sabia, lá no fundo, que tudo aquilo era real. Então ela estava tecnicamente morta…
    Sophia perguntou:
    – Você realmente não se importa com o que está acontecendo comigo, não é mesmo?
    – Me importo mais do que imagina… Mas agora é irreversível a situação, e olhe bem para você… Está maravilhosa!…
    – Mas não quero ser uma vampira! Como faço para acabar com isso?
    Christian olhou para ela com uma expressão triste. Falou devagar e serenamente:
    – Eu realmente não queria, não imaginei que fosse ser assim. – passou a mão pelos cabelos dela, que dessa vez não recuou – Sophia, eu também passei por isso, esse conflito. Eu também fui transformado no que sou contra minha vontade mortal, mas acabei aceitando isso como um desígnio do destino. Se quer mesmo saber como acabar com isso vou lhe dizer, mas um mundo de novas possibilidades está na sua frente agora, e só você poderá tomar essa decisão…
    – Possibilidades!… Viver matando pessoas? Não era isso que eu…
    – Não precisam ser inocentes, Sophia!… Há muitos humanos que merecem esse destino. E por mais absurdo que pareça agora para você, acabamos fazendo o bem quando eliminamos essa escória!
    Sophia olhou dentro dos olhos de Christian e percebeu sua angústia. Sentia-se atraída por ele, mas não queria compartilhar sua tragédia. – Você fez isso comigo, Christian!… Faça acabar! – quase sussurrou as últimas palavras, seu rosto praticamente encostando no dele.
    – Eu já disse que não conseguiria fazer isso! Se você quer, vá para o sol amanhã cedo, pule numa fogueira… É só assim que um vampiro pode se suicidar. – Os olhos de Christian estavam marejados, ele tremia. Sophia ficou horrorizada com aquilo, também não seria capaz de se matar! – Não me peça para te matar, Sophia. Garanto que não conseguiria. Me perdoe por ter te trazido para este mundo e dê uma chance ao seu novo destino…
    A fome tornava-se insuportável para ela, deixando-a enfraquecida. Apoiou-se no tampo da penteadeira e afastou-se de Christian.
    – Saia agora, por favor. Quero ficar só. – Não conseguia olhar para ele.
    – Você precisa se alimentar. Vou… – Christian não pode terminar a frase. Sophia, num novo acesso de raiva, atirou-lhe um dos vidros de perfume.
    – NÃO VOU MATAR NINGUÉM!!! VAI EMBORA!!! – num movimento rápido ela se jogou na cama.
    Christian saiu do quarto e trancou-se no escritório, tentando coordenar as idéias. De lá pôde ouvir a fúria de Sophia, que deve ter quebrado tudo o que havia sobre a penteadeira.
    Quando tudo silenciou ele voltou à suíte de Sophia. Lá, ao abrir a porta, deparou-se com um cenário de guerra. A penteadeira estava virada, o espelho estilhaçado e a moldura inutilizada. As gavetas caíram no chão espalhando todo o conteúdo, onde já estavam as jóias e os cacos de alguns dos vidros de perfume. Perto do canto do quarto a cabeça do bibelô que enfeitava a penteadeira jazia lascada. O ar recendia à mistura das fragrâncias que ensopavam o tapete. Sophia estava deitada em meio aquilo tudo, uma mancha escura de sangue coagulado sob os braços estendidos à frente do corpo, uma das mãos agarrando ainda o outro braço. – “Louca! Ela cortou os pulsos!” – pensou Christian. Abaixou-se e verificou que ela respirava, ainda que irregularmente. Devagar, ela virou o rosto em sua direção. – N-não… não é o que você está pensando…
    – Fique calma, vou te ajudar. – facilmente ele a pegou e colocou sobre a cama. Realmente ela não tentara se matar. Quando derrubou a penteadeira um dos estilhaços do espelho cravou-se em seu braço, por azar rompendo uma artéria. A perda de sangue não foi tão grande assim, mas para uma vampira faminta era demais. Sophia parecia doente. Christian sabia que ela precisava se alimentar, e falou categórico:
    – Vou conseguir alguém para você se alimentar já. – Ela apenas meneou a cabeça e sussurrou um “não” quase inaudível.
    – Você não entende, não é! – Christian exasperava-se com a teimosia dela. – A falta de sangue não vai te matar, Sophia! Você vai definhar lentamente, perder o viço e sofrer, mas não morrerá! – ela continuava se recusando.
    Durante várias noites Christian tentou dissuadi-la inutilmente. Era um milagre que continuasse viva, pois a abstinência já durava muito tempo e seus sinais eram nítidos. O rosto antes belo ficara encovado, a pele enrugada e os membros secaram a olhos vistos. Parecia que envelhecera décadas, e apenas sua convicção parecia inquebrantável. Christian suplicou, argumentou, vociferou e por fim desistiu.

    Christian saiu para caçar e trouxe consigo um homem muito musculoso e alto, de péssima aparência. Seria o jantar daquela noite. Christian levou o “pacote” até a suíte de Sophia e espantou-se. Evitava vê-la há dias, e sua aparência estava deplorável. Nada sobrara das formas voluptuosas da jovem e o que via parecia uma múmia! A expressão cadavérica de seu rosto fitando-o deixou-o chocado, o que não passou despercebido por Sophia. Ela mantinha-se apoiada no parapeito da janela com dificuldade, e ao vê-lo deu um sorriso de escárnio.
    – Não te agrada o resultado de sua obra? A mim também não…
    – N-Não é isso, Sophia!… É que… – Ela não deixou que terminasse.
    – Eu não demoro a morrer, agora. Sinto isso.
    – Desculpe. Não queria que você sofresse… – lágrimas de sangue começaram a brotar nos olhos de Christian. – E não quero que morra!
    – Sei que está sendo sincero… Mas não tem outro jeito, Christian.
    Christian mantinha seus olhos pregados nela, com medo de que subisse no parapeito da janela e se atirasse no pátio, mesmo não tendo certeza de que isso a mataria. A cena, insólita, carregava de tensão aos dois. Os olhos de Sophia, afundados nas órbitas, também começaram a verter um filete de sangue que riscava seu rosto pálido. Seu corpo tremia com o esforço que fazia para manter-se de pé. Repentinamente, seus olhos se arregalaram e ela esboçou um grito, abafado pelo som de tiros.
    Foi rápido. Num instante aquele brutamontes abateu Christian pelas costas, que não teve tempo de reagir. O homem olhou horrorizado para ela por alguns segundos. Foi o suficiente para que Sophia tomasse uma atitude guiada pelo instinto. Saltou do outro lado do quarto como uma gata, num movimento impensável para qualquer ser humano. Fora de si, cravou os dentes no pescoço do homem que cambaleou com o impacto e desequilibrou-se, caindo com um estrondo no corredor. Fragilizado de medo por aquela visão, ele inutilmente tentou desvencilhar-se de Sophia, mas já era tarde. Enlaçada com os braços e as pernas em seu tronco, ela sugou vorazmente o sangue do infeliz, cada gole fortalecendo seu corpo combalido e aquecendo-a. Ah, o sangue! Sophia nunca pensara que aquela fome dolorosa que sentia por dentro e que crescia a cada dia pudesse ser saciada tão rapidamente, tão deliciosamente… Agora o sangue parecia incendiar cada célula do seu corpo, com uma volúpia incomparável. O homem já ficara inconsciente e não se debatia mais. Mesmo assim Sophia cravava suas unhas como punhais em suas costas, os dentes mergulhados em seu pescoço robusto e compacto, onde a carótida parecia saltar sobre a musculatura. Ela era um animal devorando a presa, desfrutando sua conquista. Naquele momento ela sucumbiu finalmente à sedução do sangue, entendendo que seu caminho não tinha mais volta. Os últimos resquícios da jovem Mariana deixaram de existir ali. Aquele momento foi único. Mariana morria para dar lugar a Sophia, a vampira.

  • Poema: Leis da noite

    Poema: Leis da noite

    FanArt enviado pela Lella:

    Aconteceu algo comigo, uma experiência inacredítavel…
    Vi, senti, experimentei coisas que Jamais pensei que poderia existir, e resumi isso em minhas entrelinhas nada tão importantes assim….
    Mas eu gostaria de compartilhar :

    Da janela do meu quarto, ouço os gritos dos gondoleiros.
    O sol se pôs há alguns minutos e a paisagem tornou-se dolorosamente bela.
    A cidade labirinto emerge, soberana, um misto de fascínio e mistério.
    Envolve completamente os sentidos, liberta a imaginação.
    No arrebata sem pudor.
    Meu olhar vagueia inquieto, perdido nas ruelas.
    Por entre colunas e pontes, odores e rostos desconhecidos.
    Cada entardecer é um chamado.
    Um convite perpétuo que não se pode recusar.
    Hoje sei que nada aconteceu por acaso…
    Existem leis contra as quais é impossível lutar…
    Leis que regem a luz, leis que regem a escuridão, de onde nunca mais se regressa.
    Sinto que ele prossegue em busca tentando romper o abismo que nos separa….
    Enquanto caminho, terríveis lembranças surgem como fantasmas, assombrando minha alma.
    Se eu ainda tiver alguma !!

    Lella Morais.

  • Continuo perseguindo a vampira assassina

    Continuo perseguindo a vampira assassina

    Em meio as mudanças feitas no site no últimos dias, eu também estive passando o meu tempo me dedicando a resolução de alguns outros problemas. A não vida de um vampiro sempre é rodeada de problemas, então essa primeira frase não foi um desabafo e sim um relato.

    Nesse sentido, eu começo a ver que um problema pode gerar outro problemas. Confesso que depois de algumas idas e vindas  dos últimos dias eu acredito que quem disse isso estava completamente certo.  Então o negócio é começar a resolve-los, não é senhor Galego?

    Semana retrasada, a Beth foi cuidar da sua vida e nos distanciamos. Sinto muito a sua falta, ainda mais por que ela foi meu primeiro porto seguro depois que acordei a alguns anos atrás. Porém o tempo passa e não adianta ficar reclamando. Não é por que tenho a vida eterna que posso me dar ao luxo de me entregar a uma dorzinha de cotovelo.

    Na semana passada mesmo eu fui atrás de algo que incomoda muito, a resolução da morte do meu amigo e irmão Zé.  Algum tempo atrás o Franz e eu descobrimos algumas pistas do paradeiro da maldita vampira que consumiu a alma do meu irmão, uma nômade sem endereço fixo. Faz o papel da típica vampira que fica em uma região por um tempo e depois foge com o rabo entre as pernas quando começa a ter problemas. Isso obviamente tem dificultado as buscas, mesmo com vários na sua cola, afinal ela já é tida como uma ameaça a ordem.

    Então, apesar de eu estar revendo algumas coisas para o novo formato do site eu também estive em contato com alguns seres afim de continuar a busca pela assassina. Confesso que as vezes ainda me impressiono como certas coisas que nunca mudam, como o fator dinheiro. Tendo ele é sempre mais fácil conseguir o que se precisa: uma arma, um documento ou até mesmo uma vida ou uma morte.

    A ação será em breve: já tenho um nome verdadeiro, os pontos fracos, os fortes e quem vai apoiar…

    Aguardem a continuação desta novela nos próximos dias, quem tem simpatia pelos lupinos vai adorar a história!

  • A procura de vampiros antigos

    A procura de vampiros antigos

    Nas últimas vezes que vocês me ouviram falar sobre o mundo dos vampiros eu sempre falei de muitas circunstâncias ruins que ocorrem conosco. Quero deixar claro que não sou do tipo de criatura que é sempre negativa com relação ao modo que o mundo é visto. Quem me conhece um pouco sabe que sempre tento ver o lado positivo das coisas. Em fim, no geral os vampiros não gostam de ser atormentados por pedidos de transformação, então nossa primeira reação é falar mal para não levantar intenções ou vontades.

    Sobretudo hoje quero falar de outros assuntos e do que ando fazendo no momento. Quem acompanha o blog sabe que tenho um crime para ser resolvido: a morte do meu querido irmão Zé. Passou-se algum tempo desde que encontrei Oliver o ajudante do Zé que me esclareceu parte dos fatos, no qual concluí que o meu irmão na verdade foi morto em uma emboscada e que seus poderes foram absorvidos ao que parece em um ritual vampiresco, feito por uma vampira e uma bruxa até então desconhecidas por mim.

    Acontece que desde então eu não fiquei parado e mexi meus pauzinhos afim de achar mais informações sobre as malditas. Acontece que caçar um vampiro, não é algo simples, além da burocracia que envolve a situação é um ser com os mesmos poderes, que pensa parecido e que pode possuir muito aliados.

    Quando algo desse tipo ocorre é imprescindível recorrer aos “regrados”, os criadores das normas ou simplesmente os chatos que dizem como os vampiros devem se civilizar com os outros e entre si. Apesar do meu clã não ser digamos “seguidor” das leis tradicionais, é de extrema importância falar com o máximo de aliados possível antes de tomar qualquer atitude com relação a um ser da mesma raça. Perceberam uma diferença importante entre nossa sociedade e a humana? Enquanto os humanos se matam as vezes sem o menor sentido, nós nos preocupamos sempre com os semelhantes…
    Começo a entrar aqui em uma parte extremamente delicada de nossa sociedade e me perdoem pelos poucos detalhes que darei a seguir, afinal querendo ou não é por causa disso e de outras burocracias que estamos não-vivos até hoje.

    O primeiro passo que dei então foi entrar em contato com o “superior” mais próximo a mim. Esse procedimento é necessário pois somente alguns poucos vampiros tem acesso aos regrados. Como meu tio está dormindo o mais próximo a mim é o chefe do supremo conselho do país no qual estou no momento, que dentre outras peculiaridades é extremamente ligado a tradição e só fala castelhano ou francês.

    Pois bem lá fui eu atrás do cara no local que me foi indicado, uma casa de pães em pleno centro da cidade.
    – Por gentileza eu gostaria de falar com o gerente, é um assunto de família…

    A atendente me leva até uma sala e quando menos espero surge uma bela moça, usando um terninho preto que me pergunta com ar meio arrogante em castelhano:
    – Senhor o movimento está grande hoje pode ser breve por gentileza!
    Mantenho o bom senso, percebo que ela tem algo especial, talvez seja uma carniçal e lhe digo:
    -Então minha querida, meu nome é Antônio, sou do Brasil e preciso falar com o …
    O rosto dela permanece sem expressões e me responde:
    – O senhor marcou hora? O … pediu para não ser incomodado com assuntos da família esse mês!
    – Vejo que você não me conhece então por favor chame o seu chefe, antes que! (mudando o tom de voz)
    E ela me responde de novo:
    – Antes que o que garoto…
    Nessas horas não é fácil ter a aparência de 25 anos. Levanto-me da cadeira, sinto meu sangue esquentar, minhas veias se realçam e minhas presas começam a aflorar.
    – Escuta aqui sua ghouleh de merda, chama logo a porra do teu chefe que eu tenho assuntos importantes para resolver!
    Antes que eu perca a cabeça ouço passos e a maçaneta de uma das portas do escritório se abrir. Surge então um ruivo de 2 metros de altura, trajando um terno preto e óculos escuros que me fala:
    – Deixe ela ai e venha comigo!

    Ele me leva por um corredor que dá em um elevador. Antes de entrarmos ele me da uma venda e diz para colocar. Apesar de estar enfurecido e nervoso, coloco a venda sem pestanejar e aguardo, pensando que provavelmente iriam me levar para os superiores.

    Sinto a temperatura cair muito ao sairmos do elevador, andamos uns 20 passos até uma sala com o cara segurando meu braço com força e ao pararmos ele abre uma porta me empurra de leve para dentro e me diz para aguardar. Fico ali em pé aparentemente no escuro por uns 2 ou 3 minutos até que sinto um forte perfume de incenso de canela e uma voz feminina me fala sussurrando ao ouvido.
    – Estressadinho senhor Antônio?

    Sinto um leve arrepio e tiro a venda, ao abrir os olhos vejo uma vampira de cabelos loiros, muito bem maquiada usando um vestido longo, preto com rendas e um decote em v que denunciava o seu belo colo. A Beth que me perdoe, mas é difícil não reparar em algumas beldades que se encontra por ai.

    A senhorita, que foi até bem simpática, se apresenta me fala que a chefe no momento é ela e que espera que eu tenha bons motivos para estar lhe incomodando. Contei-lhe então os ocorridos, expliquei que minha família é exclusa, mas que devido a situação eu precisava falar com os “poderosos”. Ela hesitou a princípio, mas meus olhos azuis sempre me ajudam com alguns detalhes.

    Depois de 40 min sai da padaria com pelo menos um telefone e um nome, mas frustrado por que teria de ir a outra cidade para continuar as investigações. Pelo menos a cidade é aqui no Brasil.

  • Crítica: livro Névoa do Tempo

    Crítica: livro Névoa do Tempo

    Sabe o que mais me irrita nesse vários livros sobre vampiros que estão sendo lançados ultimamente? Eles estão transformando os sanguessugas em humanos!

    Tendo filhos, trabalhando com profissões do dia a dia e até mesmo indo pra aula? Qual é gente, tudo tem limite…

    Faço essa reflexão por causa de um lançamento que ví agorinha na internet. De mais um desses livros que deturpam a imagem dos vampiros, chamado Névoa do tempo.
    De acordo com a Folha de São Paulo:

    “Na trama, a escola Noite Eterna guardava um segredo de seus alunos novos. Não era um internato tradicional, mas um lugar para vampiros atualizarem-se e sobreviverem aos novos séculos. Bianca é a única que não se encaixa em nenhum perfil. Filha de vampiros, ela é humana até que mate alguém sugando-lhe o sangue.
    Esse era o caminho que esperava seguir até se apaixonar por Lucas, um aprendiz de caçador de vampiro infiltrado na academia. O amor é recíproco, e os dois fogem após a escola ser atacada e incendiada.”

    A trama é o terceiro livro da saga e para mim é mais lixo melodramático em meio a tantos outros que estão por ai.

  • Uma noite tranquila…

    Nada como acordar e ter uma bela noite pela frente.

    Peço desculpas por ontem, tem vezes que a besta assume, por isso que é complicado ficar sem sangue, meu estoque tinha acabado, e a Lúcia ali dando sopa limpando meu quarto, já viu… Mas ela ta bem, virou minha carniçal, isso já é um bom pagamento pelos seus serviços prestados.

    Hoje quero falar um pouco sobre trabalho. Tente visualizar o diálogo:

    “- Oi bom dia o senhor Fulano por gentileza.

    – Ele não se encontra só depois das 20h, quer deixar recado?

    – Depois das 20h? Mas isso é fora do horário comercial!

    – Sim, o Fulano só trabalha a noite ele é fotógrafo noturno.

    – Nossa que estranho ele se acha um vampiro por acaso?

    – Não senhor, ele é um vampiro de verdade mesmo…

    – Ahhh hauehuaehuah que figura você, eu ligo mais tarde então e cuidado com o pescoço heim ahuehauehau”

    Cada história que minha secretária me passa, ainda bem que da pra disfarçar se não eu teria de fazer como muitos cainitas por ai e sair roubando, ou tendo negócios obscuros com testas de ferro. Na verdade, me da vontade as vezes de fazer algo mais fácil, mas sei la gosto tanto da vida de fotógrafo que é dificil deixar de lado.

    Quem sabe um dia eu monte um cassino com uma igreja universal nos fundos, afinal hoje ta normal ver cassino por tudo que é lado e uma igrejinha dessas, cá entre nós da uma granaaa e se for um culto escondido então… nem vou falar demais pra não dár idéias para os outros hehehe.

    Fui… bora trabalhar!!!

  • Progênie, por que ter uma cria?

    Progênie, por que ter uma cria?

    Olá criaturas de floripa,

    Ontem conversávamos ao som de “Him” em um boteco no centro de Floripa sobre como escolher uma boa cria. Por vezes o vampiro se torna só e esse papo de que existem mansões abandonadas povoadas por colônias de chupadores de sangue é lenda, quem diabos gosta de viver na sujeira?  Eu não posso dizer a quantidade certa de vampiros nesta cidade por motivos óbvios, mas é diferente do que se vê em séries como “Hellsing” e afins. Por falar em Helsing, conheci ela ontem e estou gostando muito, engraçada…

    Quanto a questão da cria é simples, você precisa conhecer um vampiro e se mostrar muito importante em sua não vida. Há quem indique que um bom vampiro é aquele que iniciou sua morte sendo transformado inicialmente em Ghoul, ou seja, não foi mordido e passou pelo “ritual” antes de beber sangue de seu mestre. Eu por exemplo, já tenho minha cria, como já disse em posts anteriores e tenho minha namorada que é minha escolhida. Um vampiro pode ter quantas crias quiser, ou quanto sua paciência permitir.

    Ter uma cria é o maior compromisso que um vampiro pode ter. Tudo que essa criança fizer é de responsabilidade de seu mestre, é preciso lembrar que para um vampiro crie outro é necessário pedir  para o seu senhor. Claro que atualmente as coisas estão um pouco diferentes. Muitos se acham no direito de sair por ai procriando, mas os últimos de que tive notícia desse ato foram punidos com escarnificação e morte da criança.

    É contra as regras transformar crianças, doentes ou ineptos em vampiros pois eles não tem opção de escolha e defesa.

    Ter uma cria dentro de um clã é ter um contrato com o ancião e com seu senhor, “caso uma “criança” pratique ações que ameacem a segurança dos outros membros a responsabilidade cairá ao seu senhor. Este deve avaliar com cuidado a sua maturidade. Se a criança tentar trair a família e ameaçar a máscara, cabe ao senhor impedi-la. Enquanto ainda for uma criança da noite, um vampiro não possui direitos, apenas deveres”. Assim prega o livro sagrado…

    Eu acredito acima de tudo no bom senso, meu clã como já disse não é tão ligado as tradições, mas elas servem por base para a sobrevivência. Em época de guerras como já existiram, essas tradições ficam de lado e a procriação se torna uma necessidade, uma segurança. Muitos clãs não respeitam as tradições e estão de lado em nossa sociedade, é desses vampiros que você deve ter medo…