Tag: transformação

  • Lycan, Licantropo, Lobisomem…

    Lycan, Licantropo, Lobisomem…

    Muito se fala sobre os Lycan, Licantropo ou vulgarmente Lobisomem. Ferdinand, às vezes me chama de peludo, mas tendo em vista nossa relação, isso deve ser algo carinhoso?! Dias atrás ele me procurou para conversarmos sobre meu legado e aqui seguem algumas palavras sobre como tudo começou para mim. Provavelmente o vampiro vai deixar isso mais legível/amistoso para vocês. 

    Por hora, podem me chamar de Carlos e eu já aparecei aqui no blog em diversos momentos, como na história do Totem desaparecido.

    Era uma manhã qualquer do sec. XIX quando eu estava cuidando do gado na fazenda. Aquele não era meu trabalho principal e o fazia porque meus pais haviam me obrigado.

    A função até que era simples. Eu precisava conduzir aquelas duas dúzias de cabeças da pastagem para o confinamento, lugar onde eles ganham peso para o abate. O problema é que eu sempre fui um cara de poucas palavras, independente de serem humanos ou animais me é sempre um esforço demasiado ter de proferir palavras, comandos ou lidar com seres vivos.

    Do fundo do meu coração: Eu tava puto! Todo o trabalho desde os últimos acontecimentos haviam recaído sobre mim e durante um xingamento mental e outro eu ouvi alguém reclamando… Olhei para os lados na procura de alguém e não havia nenhuma alma viva… Depois de alguns segundos eu me distrair e ouvi uma outra voz diferente da anterior, que também reclamava e deixava claro que odiava estar ali.

    Um calafrio percorreu minha espinha ao mesmo tempo em que eu olhava para os lados e não via ninguém. Mais vozes, mais reclamações… Alguns pareciam gritos ou gemidos e todos me tocavam a alma numa forma completamente nova de interação social. Parte telepática, parte espiritual… parte sobrenatural.

    Num ato de desespero e desconforto saltei do cavalo. Desengonçado e tropeçando nas canelas eu corri até à casinha onde a mãe tirava leite de algumas vacas.

    – O que foi seu loco? – Disse ela mostrando surpresa ao me ver.

    – Não sei, acho que tô loco mesmo mãe!

    – Para de me estrovar e vai cuidar das tua vida!

    Logo pela manhã a mãe não era muito amistosa e com cara de bunda, voltei para o pasto. Não ouvi mais nenhuma voz naquele dia e tudo foi normal até a noite.

    Jantei e fui para o celeiro onde passei parte da madrugada enfiado em alguns livros. Dormi sem querer e acordei perto das 3h com meu próprio ronco. Levantei e quando me alonguei senti novamente aquele maldito calafrio que subiu instantaneamente dos pés a cabeça.

    Sentei no sofá e senti as mãos tremendo. Um suor inesperado tomou conta do meu pescoço e quando dei por mim estava todo encharcado. Tentei correr para casa mas os movimentos estavam presos. Consegui chegar até a porta onde me deitei nos degraus. Durante alguns segundos eu percebi o céu mais iluminado, as estrelas machucavam minhas retinas, mas a sensação ao mesmo tempo era singular.

    Mas o conforto passou rápido e lá estava eu estremecendo até os ossos feito bambu no poral…vendaval. Por diversos momentos senti meu coração querendo sair pela boca. O calor tomava conta do meu corpo e as glândulas cupiam suor como cachoeiras em dia de temporal. Os mais inconvenientes sons ecoavam em meus ouvidos e eu estava no ponto de suplicar pela morte quando percebi algo vindo em minha direção.

    Não era humano, nem bicho. Tão pouco possua uma forma definida, estava mais para um vento e me envolveu. Penetrou por todos os meus poros se tornando parte de mim… Depois em meio a diversas contrações e estalos senti várias partes do corpo se modificarem. Meus músculos cresceram, os ossos pareciam pesados como pedra. Veio a sensação de que eu precisava muito cuspir no mundo todas as coisas que havia guardado para mim em todos os meus anos de existência…

    Tossi várias vezes, cuspi muita saliva e sangue…

    – Auuuuuuuuuuuuuuuuuuu

    Tal uivo limpou minha garganta e minha alma. Senti que jogava para fora todas as coisas ruins que eu havia acumulado até aquele momento de minha existência. Estalos me indicaram movimentação e ao primeiro sinal de luzes disparei para a mata fechada. Onde me escondi e dormi até que os primeiros raios de sol me acordassem, deixando na noite a forma forma lycan.

  • A transformação de Sebastian

    A transformação de Sebastian

    Tempos atrás, vocês me pediram para detalhar melhor como havia sido a transformação de Sebastian. Tivemos inclusive um post por aqui e dedicado a tal momento. Todavia, eu sempre dizia que isso estaria de forma completa em meu livro Ilha da Magia. Eu sei que demorei um pouco para publicar o livro, bem na verdade a culpa foi de uma editora, que me enrolou, mas antes tarde do que nunca… Está no ar um dos momentos mais especiais de minha estadia na Berlin do sec. XIX.

    Sem mais delongas segue o link para a publicação no Wattpad

    Abaixo o início deste, que é o 21º capítulo publicado do meu livro Ilha da Magia:

    “Foi nestas primeiras noites seguidas à viagem de Georg que eu precisei fazer algumas reuniões com nossos Ghouls, principalmente com aqueles que controlavam os negócios do clã e apesar de ser um jovem iniciante no mundo dos negócios vampirescos, felizmente todos me respeitaram. Foram momentos em que meu sangue sempre falou mais alto e ser cria direto de Georg, possibilitava fazer até mais do que eu queria.

    Em função de tantos afazeres a semana passou muito rápido e quando ví já estávamos no sábado. Quando aproveitei a noite para descansar um pouco, folhear alguns livros e pedir ajuda a Joseph com os preparativos para a transformação de Sebastian. Não havia nenhum “ingrediente” muito difícil de encontrar e juntamos tudo que precisava no próprio quarto de Sebastian para facilitar seu descanso após transformação. Assim que aprontamos tudo Joseph foi dormir e eu fiquei por mais um tempo acordado e pensativo. Acabei dormindo ao longo do dia em uma poltrona qualquer do castelo.

    Acordei no domingo à noite e depois de um dia de sono muito conturbado. Haja vista que a ala destruída do castelo estava de reforma e imagino que vocês saibam o tamanho do barulho, que pedreiros podem produzir. Isto era algo que estávamos protelando há tempos, mas Eleonor havia decidido que o castelo deveria estar perfeito para o casamento e também seria uma surpresa para Georg. Como ela era mais velha, estava empolgada com a festa e queria agradar nosso ancião, eu apenas apoiei e liberei o dinheiro…”

    Leia o capítulo completo no wattpad: http://w.tt/26eLp5X

  • Ritual para transformação em vampiro, pela internet

    Ritual para transformação em vampiro, pela internet

    Olá minhas queridas e meus queridos leitores. Ontem a noite eu resolvi gravar algumas risadas, digo comentários sobre os rituais de transformação em vampiro, encontrados nesta grande e populosa internet.

    Se você procura esse tipo de ritual, garanto que não vai encontrar por aqui…

    Caso tenha encontrado algo do tipo e queira compartilhar comigo e com os demais leitores s do site, publique nos comentários abaixo e até o próximo VampiroCast!

  • Girls night out – Final

    Girls night out – Final

    “Sete botas pisaram no telhado
    Sete léguas comeram-se assim
    Sete quedas de lava e de marfim
    Sete copos de sangue derramado
    Sete facas de fio amolado
    Sete olhos atentos encerrei
    Sete vezes eu me ajoelhei
    Na presença de um ser iluminado
    Como um cego fiquei tão ofuscado
    Ante o brilho dos olhos que olhei”

    Encontrei-me com Hadrian e Trevor, mestre de Lilian, em uma cidade estratégica e próxima de onde nossas vampiras estavam. Sujeito diferente, de traquejo eloquente e de certa forma disciplinado. Pelo que soube é um pouco mais velho que eu e suas habilidades vampirescas são muito peculiares. Seguindo a linha de possessão da alma e de todas as energias disponíveis no mundo, no qual ele e a maioria dos orientais chamam simplesmente de “Ki”.

    – Então és tu que anda arrastando as asas para cima da minha pequena menina.

    – Hahaha relaxa, minha relação com tua filha é puramente fraternal.  Afinal ela é praticamente uma das amiguinhas da minha pequena menina também.

    – Aham sei… E tu ai com essa cara de mau, tá com fome ou vai me morder?

    Hadrian não falou nada ou sequer se moveu para cumprimentar o mestre de Lilian. Visto o ocorrido, resolvi quebrar o gelo e comentei.

    – Ele tá puto com uma humana ai. Relaxa que isso passa durante a nossa missão. Por falar nisso elas mandaram mais algum sinal? Honestamente achei que elas dariam conta do tal “maguinho”.

    – Relaxa meu amigo que mulher é igual biscoito, tu come uma, mas ainda tens mais umas 20 no pacote… Pois agora, eu confio nas habilidades da Lilian, eu a treinei pessoalmente, mas acho que elas fuderam com algum detalhe crucial do plano. É bem provável que nem tenham feito um plano direito e pensando bem, cabe a nós dar um fim adequado para isso.

    – Mulheres são complicadas, mas tuas palavras me fazem muito sentido caro samurai. Respondeu então Hadrian.

    – Eu sei…  Já tive uma cota de complicações, mas eu adoro uma bela complicação. Hahaha

    Diante tal apresentação informal e um tanto incomum, revisamos os planos e partimos para os lugares onde elas poderiam estar. Não foi difícil achar o primeiro lugar em que elas foram aprisionadas e ao tocar nos corpos dos seguranças Trevor descobriu para onde elas haviam sido levadas. Não me perguntem como ele descobriu isso…

    Partimos então para o segundo lugar e lá estavam Becky e Pepe presas dentro daquela armadilha das trevas. Imediatamente Hadrian falou que conteria a magia e Trevor correu para tirá-las do raio de ação do feitiço. Eu por outro lado fiz o que comecei a tomar gosto nos últimos tempos: entreguei-me ao meu demônio.

    A transformação tem me ocorrido cada vez mais rápido e a media que eu corria eu percebia os músculos crescendo, junto dos pelos e demais feições animalescas. Mirei a porta e entrei com tudo, quebrando moveis e rasgando a carne de quem aparecesse a minha frente. Espalhando sangue e vísceras por todos os lados. Parei apenas quando o tal mago criou uma luz mágica e que me cegou instantaneamente.

    Momento no qual meus aliados também chegavam ao palco da carnificina. Lilian ainda estava amarrada a uma cadeira e aparentemente xingava todos que estavam ali antes que eu entrasse.  Porém  assim que entrei ela caiu e teve de esperar alguém que lhe libertasse. Hadrian foi o primeiro a agir e foi rápido. Utilizou seu poder de levitação e estourou a cabeça da maldita bruxa contra o teto do lugar.

    Eu ainda estava na forma bestial e recuperando a visão para atacar aquele filho de uma puta,  quando Trevor rapidamente assumiu minha frente falando e batendo palmas doentiamente:

    – Parabéns seu babaca. Finalmente nos encontramos, então quer dizer que tu queria fuder com a minha filha? Você pensou realmente que sairia bem dessa? Vem cá meu querido filho de uma vaca que hoje é você que vai levar uma bela enrabada, seu maguinho de merda. Ninguém mexe com a minha pequena! Seu puto!

    Confesso que naquela situação eu queria apenas ver uma última cabeça rolando, mas comecei a rir doentiamente ao mesmo tempo em que minha transformação era  desfeita e Trevor cuidava do “big boss”. O tal mago tentou resistir, mas o vampiro parecia imune aos seus feitiços, inclusive os mentais. Tanto que ele se aproximou rapidamente do infeliz, segurou com força os seus braços e o encarou em silêncio por alguns instantes.

    – Sabe, hoje eu acordei com muita fome… E acho que acabei de achar minha refeição…

    Em seguida o corpo do mago começou a tremer e alguns poucos como eu, Hadrian e talvez Becky conseguimos ver a energia dele se esvaindo em direção a boca de Trevor. Pouco tempo depois o corpo do infeliz parceria uma múmia antiga e havíamos presenciado uma nova forma de alimentação.

    Em seguida e Becky soltou Lilian, que estava completamente transtornada. Tanto que ela não disse nada e imediatamente se dirigiu ao corpo mumificado do infeliz. Sem piedade alguma ela arrancou a cabeça dos restos mortais e veio a minha direção com aqueles lindos olhos verdes gigantes. Entregou-me dizendo:

    – Aqui está o prometido boss. Espero que ajude como um peso de mesa.

    Com um belo sorriso e o que me pareceu um piscar de olhos, ela se afastou e foi em direção de Trevor, que a recebeu com um longo abraço.

    Apagamos nossos vestígios em ambos os lugares. Pepe anexou os bens e ações do maldito ao nosso inventário e nosso clã está mais próximo do clã de Lilian. Trevor é um sujeito que lida com as cousas de um modo muito peculiar, mas confesso que estou feliz por ter seus dons ao nosso lado.

    – Ferdinand meu caro, que tal irmos até o nossa casa, lá vocês podem descansar e se recuperar. Acredito que nossa atual aliança permita a discussão de alguns negócios bastante lucrativos!

    – Claro, ótima ideia! Mesmo por que vai amanhecer em breve e eu adoro negócios lucrativos.

    – Ótimo, ótimo. Vou adorar a companhia de vocês e creio que as meninas queiram ficar juntas mais um tempo. Lili meu amorzinho, tome sua espada. Becky e Pepe. É um enorme prazer conhecer tão belos seres como vocês.

    Lilian revirou os olhos e deu uma leve risada, obviamente ela havia ficado envergonhada diante as palavras de seu mestre. Porém, apesar de alguns atos doentios eles pareciam ser “bons vampiros”. Ofereci uma carona para Pepe na garupa da moto, mas ela preferiu o conforto da Mercedes de Trevor. Aliás, todos foram com ele de carro e eu atrás comendo poeira. Estava apenas de calças rasgadas e torci para que nenhum “policial mala de interior” surgisse para acabar com o meu estase pós-batalha.

    PS: Trevor passou o dia inteiro dando em cima de Becky.

  • Fui traído! E agora? – pt3

    Fui traído! E agora? – pt3

    “Eu desço dessa solidão
    Espalho coisas sobre
    Um Chão de Giz
    Há meros devaneios tolos
    A me torturar
    Fotografias recortadas
    Em jornais de folhas…”

    Eu estava com muitas ideias na droga da cabeça. A vontade era de sair de moto, sem juízo ou capacete. Achá-la e meter a mão na cara daquela puta. Como pôde depois de tudo o que tivemos? Depois de tudo o que lhe dei ou ainda poderia lhe proporcionar deste mundo ou dos outros?

    – Vadia! – Gritei sozinho e desolado no quarto do hotelzinho de beira de estrada.

    – Alô, alguma notícia do wi-fi ou ele tá vindo a cavalo? – Falei para a recepcionista

    – Disseram que “resetaram” o modem senhor – respondeu a garota cheia de resceio e aparentemente medo.

    – Ok. Por favor, me retorna quando voltar! – Falei grosseiramente.

    Se há algo que me irrita é o fato de não poder fazer o que quero. Sim sou teimoso, sim odeio ficar parado e sim vou parar de reclamar e lhes contar o que ocorreu depois que o maldito acesso a internet voltou…

    – Hey pessoal, finalmente consegui me conectar no Skype para falar com vocês. E ai Franz alguma notícia daquela puta?

    – Então irmãozinho. Fomos aos lugares que indicou e nem sinal dela…

    – Puta que pariu – Interrompi-o e louco para lhe dizer que eu iria cuidar daquilo eu mesmo.

    – Calma, deixa eu falar… Não a encontramos, mas a Pepe e a Becky fizeram um refém enquanto eu investigava outro lugar. Espera que vou te mostrar a cara do infeliz…

    Naquele instante Franz levou o notebook para o outro quarto, onde havia um senhor oriental de cabelos brancos e que vestia roupa social. Além disso, ele estava visivelmente abatido, machucado e sem saber o que estava lhe acontecendo.

    – Pelo que descobrimos ele é um “laranja”. Partiram dele os contatos feitos com a aquela vagaba e vamos tentar que ele marque uma nova reunião para emboscá-la. O que tu achas?

    – Acho que ouvi falar desse puto ai é o tal (…), mas acho que é uma boa opção. Conseguiram mais alguma cousa?

    – Por hora isso e o fato de que ela ainda não terminou a espionagem. Parece que ficou devendo alguns arquivos e projetos para eles. Quando ela soube que estava sendo investigada, simplesmente picou a mula, como dizem irmãozinho.

    – Menos mal, me mantenham informado. Não quanto mais ficar me escondendo do mundo. Não achei que a droga da transformação da Pepe fosse sugar tanta energia.

    – Quanto mais velhos, mais poder desprendemos nas transformações. Tanto que a Pepe está bem forte. Fica de molho ai por mais um tempo, melhor isso do que eu ter de te salvar em algum lugar (risos).

    – Ah falou o todo poderoso… Enfim deixa-me dar um tchau para as garotas…

    Depois disso, falei por mais alguns instantes com Pepe e Becky, mas nada além dos “oi, tudo bem?” e desliguei em seguida.

    Desliguei o notebook como quem fecha um livro depois de mais um capítulo lido. Avisei na recepção que iria sair e que era para preparar meu carro. Sai sem rumo, mas com o objetivo de esticar as peras e espairecer. Naquele momento eu estava um pouco mais aliviado por ter falado com meu irmão, mas seria muito interessante se surgisse algum bêbado ou perdido querendo doar sangue.

    “Boite (…) 2 Km”

  • A garota perdida – pt3

    A garota perdida – pt3

    Eu comecei a chorar, o que seria de mim? Eu iria morrer? Pierre era algum tipo de serial Killer sádico que queria me torturar até a morte? Ou eu havia virado algum tipo de escrava dele, ou melhor, pelo que entendi, deles. Me sentei encolhida em um canto, abracei minhas pernas e deixei que as lágrimas rolassem… Senti então um toque mais robusto, mãos grandes tocando meu ombro, como que se de alguma forma quisesse me consolar.

    – Tão bela e inocente. Eu queria ter te achado antes, nunca trataria um ser tão lindo como você, de um jeito tão imundo e injusto. Mas se eu te ajudar, posso te prejudicar ainda mais, minha bela inocente.

    – O que devo fazer?

    – Deve pensar em coisas boas por hora. Lembre-se da sua família, dos teus amigos e de tudo que te faz bem.

    – Eu só queria ser feliz, ser livre da hipocrisia social, me sentir independente, me sentir amada e conhecer tudo que pudesse.

    – Você ainda vai querida, mas não do mesmo jeito de antes.

    – Promete?

    – Como é linda, até com lágrimas nos olhos. Prometo, e quando tudo isso acabar, prometo que vou  te ajudar.

    Antes que pudesse perguntar qualquer coisa para Trevor, Pierre, que antes eu amava e agora eu odiava ( Sim a linha entre amor e ódio é tênue, muito tênue ), nos interrompeu.

    – Trevor nos deixe a sós. Tenho algo inacabado aqui.

    – Não judie dela.

    – E qual o objetivo disso então seu idiota?

    – Sabe Pierre, aqui se faz e aqui se paga.

    – Não me venha com frases prontas.

    – Eu ainda vou assistir você correndo de tudo isso.

    – Vá logo Trevor!

    – Não a machuque!

    – Ela vai ficar bem! Você sabe disso.

    Antes de sair, Trevor olhou para mim, e deu um sorriso, um leve sorriso de como quem diz “ Vai ficar tudo bem”. Eu estava pronta para o que estava prestes por vir, e o que veio não foi nada bom. Senti um soco no rosto, parecia que ira me quebrar ao meio, depois veio um chute forte na cintura, tapas e socos no rosto, me senti desfigurada, tonta, fraca, até que finalmente veio uma resposta de Pierre.

    – Vadias desobedientes devem apanhar para aprender!

    Com muito esforço eu consegui jogar minhas últimas palavras como humana:

    – Eu só queria ficar um pouco sozinha.

    E mais um soco, agora na boca do estômago, seguido de um chute perto do meu peito, isso me fez perder o ar por alguns instantes. Eu sentia meu corpo tremer com o choque, senti o sangue fluir na minha boca, senti meus olhos incharem, lágrimas e mais lágrimas escorriam pelo rosto, mas eu não emitia um som, não conseguia, a dor, a decepção, a angustia, o medo, tomaram conta dos sentidos. E Pierre finalmente soltou minhas pernas, e antes que eu pudesse sentir algum alivio ou ao menos mexe-las, senti as mãos dele quebrarem meus tornozelos como se fossem dois palitos, eu gritei, o mais terrível grito que uma alma poderia gritar, a angústia da dor e não conseguir mais senti-las causou o mais profundo desespero, uma dor que eu não desejo para ninguém.

    -Sabe o porque disso Lilian? Hein?

    – Não…

    – Por que eu queria você como minha parceira, mas quando vi que você me desobedeceu, fiquei irado, sai atrás de você por toda maldita Londres!

    – Você é um sádico maldito!

    – Eu sou um vampiro sua idiota! Eu iria te transformar como minha serva, e quem sabe depois como minha amante para a eternidade. E você sai por ai achando que pode tudo.

    – Eu não fiz nada errado… Meu único erro foi acreditar em um desgraçado dissimulado igual a você!

    – Fez sim! Me desobedeceu! Cale a boca, como ainda consegue falar? Quer que eu arranque sua língua? E alias meu clã já sabia de você e agora eles sabem o que vou fazer! E ninguém vai me impedir, nem aquele velho do Gage. Você queria ficar sozinha? Pois vou lhe dar esse ar da graça.

    Pierre me agarrou pelos cabelos e me ergueu como se eu fosse uma boneca de pano, eu mal conseguia enxerga-lo, mas mesmo sendo pouco, quando vi que estava frente a frente com aquele canalha, dei uma bela cuspida cheia de sangue bem no meio do rosto dele, uma leve lembrança que ele teria de mim.

    – Isso é pra você lembrar de mim!

    – Ainda vamos nos ver de novo querida!

    – Eu não sei como, mas se for pra te ver de novo, que seja no inferno.

    Ele então colocou uma das mãos em meu pescoço e começou a me sufocar, senti a vida, a minha vida me deixar, a velha Lilian ir embora, morrer. Foi quando senti minha garganta ser rasgada, que finalmente a minha consciência deixou o corpo e eu finalmente cai em um sono profundo, o sono da escuridão.

    Eu morri, a ingênua Lilian, que achava que conhecia o mundo e que havia feito ótimas escolhas, que queria ser livre e feliz, que adorava sair com os amigos e fazer longos passeios a luz do Sol, essa Lilian morreu e apenas o que sobrou dela, foi a volta de uma mulher, ou melhor,  uma vampira atormentada e com sede de vingança.

    Quando eu voltei ao mundo e a minha EXISTENCIA começou, eu não sentia mais nenhuma dor, conseguia ver claramente através da escuridão, tinha a mesma sensação de vida, não a normal que vocês sentem, mas uma sensação de vida. Vi que meu vestido estava rasgado em maior parte, deixando meu corpo em evidencia, senti meus cabelos descendo pelas costas, vi que minhas botas estavam dentro daquele lugar e as coloquei, fiquei de pé e busquei a saída dali.

    Sai em uma espécie de biblioteca vazia, com apenas um espelho ao centro e lá havia um bilhete, eu reconheceria aquela caligrafia em qualquer lugar, lá dizia apenas “ Boa sorte Lilian”. Eu tento até hoje descobrir o que fiz para merecer isso, mas nada me vem a cabeça além da injustiça que me foi feita.

    Vocês devem se perguntar, como uma vampira recém-nascida se adaptou ao desconhecido? Digamos que eu tive ajuda, mas que infelizmente por hora eu não posso entrar em detalhes. Só sei que tenho que agradecer muito ao meu adorado mestre.

    Hoje eu não sou mais aquela flor delicada, continuo tendo as mesmas feições, o mesmo longo cabelo preto, a pele branca, os olhos verdes, e a ingenuidade nos olhos, apenas nos olhos. Digamos que me rebelei com o tempo e aderi as tattoos e piercings da atualidade e a roupa, bom isso varia do humor, mas sempre preto e branco e salto alto, lógico, e minha boa e velha maquiagem de sempre. De vestidos floridos, cabelos bem penteados, a educação impecável, a ingenuidade, o sorriso de menina, isso tudo acabou e agora eu havia me tornado a vampira com sede de vingança.

    Pierre sumiu após aquele acontecido, nenhum dos antigos, ou ninguém do clã sabia dizer aonde aquele maldito estava. Seis malditas décadas e ele consegue ainda desaparecer com total facilidade. Não se enganem, eu ainda o procuro, não com uma frequência grande, pois decidi aproveitar um pouco da minha imortalidade. Mas o dia em que eu achar aquele sádico, eu vou devolver em dobro toda dor, toda lágrima, toda angústia, toda mágoa e todos meus anos de vida, vida humana, perdidos graças a ele.

    Um dia contarei como me adaptei ao mundo após meu renascimento, e como aprendi tudo do meu clã e das minhas habilidades ainda não citadas. Mas por hora apenas deixo aqui registrado como uma doce menina perdeu-se ao cair nas garras de um demônio, e deixou a essência da humanidade.

    “Take care, the world is a shit hidden among beautiful distorted landscapes. “

  • Pés descalços

    Pés descalços

    França, 1857

    Estou correndo no meio da floresta.
    Essa dor de cabeça insuportável está me deixando nauseada,
    meus pés tocam o solo e quebram os galhos secos, deixando rastros.
    A dor de cabeça se intensifica a ponto de meu corpo encontrar o chão bruscamente.
    Meus braços estão feridos e sangrando por conta dos pedregulhos, meu corpo se contorce freneticamente, estou caída ao chão, rendida, a agarrar os cabelos, tamanha é a dor que sinto. Meu grito é agoniante, sinto-me arrepiar, o mundo gira ao meu redor e vejo num lampejo a lua cheia e seu sorriso sádico.
    Ouço em vários estampidos de meus ossos quebrando, cada osso, desde o maior até o menor e posso sentir a dor de cada um deles. O grito agoniante que outrora estava preso na garganta, dá lugar a um uivo seco e aterrorizador que emana ódio e eriça meus pelos.

    Garras, presas, força descomunal e uma sina.

    Não, eu nunca quis isto.

    Por que comigo?

    Tudo o que quero agora é saciar este desejo sombrio que cresce inexplicavelmente aqui dentro, no mais sombrio do meu ser.

    Sim! Num gesto, minhas presas rasgam um humano desprevenido ao meio como um naco de carne e o devoro com a fúria de um demônio. O sangue inunda minha boca e a carne está espalhada por todo o lado. Quando penso em fugir, é um pouco tarde demais.

    Os caçadores se aproximam. Tudo é muito rápido.

    Será esta minha ultima noite? Mal sei o que está acontecendo comigo. Não posso…

    Morrer.

    Eles me cercam. Cutucam-me com lanças e espetam minhas mãos com suas foices afiadas. E ateiam fogo em meu corpo. Meus urros se misturam às chamas. Ajoelhada estou a contemplar a face de cada um, e parecem gostar de estarem me torturando. Vejo o sadismo estampado na cara de cada um deles enquanto minha pele se desfaz, e meus berros dão lugar à perda de consciência.

    Meus olhos se abrem e a claridade vinda de fora os inunda, e isso incomoda. Estou no céu ou no inferno?

    Em alhures, apenas em minha cama. Tudo não passou de um pesadelo terrível e agoniante. Estou pingando de suor e a respiração não é das mais controladas, mal posso perceber que continuo berrando e paro imediatamente quando me dou conta disso.

    Recomponho-me.

    Um galho bate na janela e vou abri-la.
    O vento esvoaça meus cabelos e sim, a lua cheia, sombriamente me ilumina. Sinto um arrepio e sorrio. Ela me chama.

    Será que devo ir?

     

    Nota: Este material foi enviado pela Sue e particularmente fazia tempo que eu queria ler algo diferente sobre lobisomens. Espero que ela nos mande mais relatos como este. Ferdinand

  • Após a transformação, como é a “vida” de um vampiro?

    Após a transformação, como é a “vida” de um vampiro?

    Sempre me fazem esta pergunta: Ferdinand como é a vida ou morte depois de ser transformado em um ser da noite, vulgo vampiro? Obviamente isso é muito abrangente e dificilmente faço um detalhamento por e-mail. Salvo aquelas vezes em que simpatizo com quem me escreve.

    Em função disso e como hoje estou com muita insônia, resolvi dedicar parte do meu tempo on-line para vos falar um pouco mais da rotina de um vampiro. Seus afazeres, seus benefícios, malefícios e tudo o que mais que envolva as noites de um ser sobrenatural na atualidade.

    Logo em seguida a transformação em que a pessoa é submetida para se tornar um de nós ocorre a primeira grande mudança, no que diz respeito à alimentação. Tu vai ter de deixar de lado praticamente tudo: lasanhas, feijoadas, pão, vinho. Sangue será tudo o que precisas para sobreviver e de preferência o arterial. Todavia, como as artérias são muito finas dificilmente vais degustar tal manjar, então terá de te contentar com o sangue venoso, pouco oxigenado e menos nutritivo. Essa adaptação leva cerca de um mês, onde vai ter muita azia, ânsias de vômito, enjoos e sensação de fome a todo e qualquer instante.

    É importante frisar que a transformação dos órgãos e do próprio corpo não é imediata, ocorre em etapas e isso de certa forma é bom para a adaptação. Outra observação importante sobre a alimentação é que alguns vampiros conseguem ingerir alguns líquidos ou alimentos. Porém, são exceções e precisam de muito esforço para expelir o que tiverem digerido. Inclusive já ouvi falar de alguns que precisaram de uma bela lavagem estomacal para eliminar tais resíduos.

    Além da alimentação, outra questão importante é a luz do sol. Esqueça ela, tu nunc amais vai vê-la ou senti-la a menos, que queira torrar feito um guardanapo na fogueira. Ninguém sabe ao certo o porquê deste “defeito”. Meu mestre me contou uma história interessante sobre uma punição dos Deuses aos primeiros vampiros, mas sinceramente isso até hoje me parece um pouco mitológico demais. O que tu precisa saber se algum for transformado é que no inicio vai sentir falta do dia, do movimento da vida ativa que tinhas. À noite tudo acontece mais devagar, quase todos os humanos estão cansados, a maioria dos lugares é fechado comercialmente e tu vai ter muito sono. Há quem se adapte fácil, eu, por exemplo, levei uns dois meses para trocar de rotina. Ainda mais porque antigamente não havia Conveniência 24h.

    Como eu já disse em outras ocasiões há diversos grupos ou clãs de vampiros e todos eles são muitos específicos com relação a regras, costumes ou hábitos. Há alguns que obrigam seus membros a seguirem determinadas religiões, certas formas de alimentação ou ainda certos tipos de vestimenta e ou hábitos de higiene. Acredite, há de tudo no que diz respeito a hábitos vampirescos. Imagine um clã que logo após a transformação coloca seus membros dentro de caixões e os enterra por um ou dois meses. Isso existe! Imagine um clã onde cada membro se alimenta apenas de determinados tipos de seres, como animais ou somente crianças… Isso existe!

    Além das questões comportamentais, a maior provação no qual passará um recém-transformado é o processo interno. Aquele que ocorre dentro de sua cabeça e que irá na maioria das vezes confrontar com seus modos e atitudes anteriormente humanos. Quase todos que conheço mantiveram boa parte dos hábitos de antes. Se era médico, continuou seus trabalhos ou estudos para com o meio. Se era policial, continuou agindo em prol da lei ou da justiça. Se era um vagabundo, dificilmente depois de transformado mudou de atitude, inclusive conheço vários que se tornaram ainda mais vagabundos e safados.

    Como eu sempre digo, a transformação me foi uma obrigação. Não pedi ou tive escolhas sobre o que me tornei, porém aprendi a conviver com isso e me manter o mais humano que me é possível. Apesar de ainda preferir o sangue humano e sabendo que isso é de certa forma um canibalismo enjeito pela cultura ocidental cristã, predominante na maioria dos países que frequento. Mesmo bebendo o sangue de marginais da sociedade, há aqueles que me criticam.

    Concluindo, depois de transformados todos passamos por uma fase típica, onde nos ocorre sempre a mesmas perguntas: O que é certo ou errado, para mim, para meu clã ou para o mundo?

  • A Revelação: A História de Rebecca – Parte III

    A Revelação: A História de Rebecca – Parte III

    Recolhi todos aqueles papéis do chão e li atentamente alguns trechos do que havia escrito neles, era uma história e tanto:

    “Alemanha, 1562. Foi o ano em que nasci. Sim, sou Thomas Erner. Cresci em um orfanato,mas  fugi e vaguei pelas ruas. Nela descobri o dom de manipular as pessoas e consegui tornar-me um homem rico, porém nada digno. Com 30 anos, e a beira da morte por uma terrível doença. Recebi uma visita de alguém desconhecido e… uma proposta na qual não me arrependo de ter aceitado. Teria vida eterna, mas uma vida sem alma, sem coração. Concebida pelo mal. Na qual a sede por sangue me consumiria, e a luz me queimaria. Escolhi viver na escuridão e com isso, adquirir ainda mais  poder. Eu morri e retornei a vida. Mas, retornei em forma de demônio. Um tipo de demônio na qual chamam de manipulador. Um ser da escuridão, capaz de controlar e manipular outros seres, um ser que anseia por sangue e sente prazer na dor e tortura alheia. Sou capaz de conseguir tudo o que quero!! Ainda mais agora, que conseguirei ainda mais e mais poder…”

    Virei algumas páginas aterrorizada, e….

    “Alemanha, 1928. Ela estava saindo do seu novo trabalho, não sei por que insiste em fazer algo que é de domínio dos homens… Sempre atrapalhada e ansiosa. Era assim desde pequena. Ao menos consegui atraí-la para perto. Hoje será a grande noite em que sua vida mudará. Eu já estava preparando-a com seus pesadelos, adorava brincar com sua mente enquanto dormia. Então, está tudo planejado. Irei trazê-la para mim…”

    Por alguns instantes, permaneci recostada na parede olhando para o nada. Encontrei o que precisava. Ali havia toda a história, todas as anotações sobre mim e sobre ele, agora sabia quem ele era. O pior era que aquele homem havia me observado a minha vida inteira. Desde meu nascimento, talvez, e descobrir algo assim era desconcertante. Cada passo, cada palavra, cada acontecimento. Tudo estava ali.  Ele era maluco, realmente. Por um momento, senti tanta raiva que meu desejo era destruir e quebrar tudo aquilo. Mas eu não podia. Eu vivi uma ilusão, conclui.

    Certamente, ele já sabia que eu estava lá e que descobri tudo. Peguei alguns diários e manuscritos e voltei para o quarto. Tentei deixar tudo como estava para que talvez ele não sentisse falta do que eu havia pegado. Mas, ao entrar no quarto… Ele já estava lá. Sentado em minha cama, olhando para baixo. Gelei. E deixei tudo cair no chão novamente…

    – Vejo que achou o que precisava não é mesmo?

  • O Manipulador: a história de Rebecca – Final

    O Manipulador: a história de Rebecca – Final

    Ele estava debruçado sobre mim…”Rebecca” Chamava-me.

    E eu não conseguia falar, nem me mexer. Ainda na poltrona, estava amarrada e sentia meu corpo gelado tal qual uma pedra. Minha cabeça doía e toda dor voltava como se eu ainda estivesse caída em meio às arvores. Olhei nos olhos daquele homem. Sim, ele me provocava e me desafiava. Tudo isso seria um pesadelo? Mais um daqueles na qual eu estava acostumada a ter em minhas noites de sono perturbadas? Mas não, eu estava realmente ali, sabe-se lá há quanto tempo. E essa era a única realidade. Ele começou a caminhar ao meu redor e seguindo seus movimentos com os olhos, pude perceber todo o ambiente. Tudo era escuro, úmido e terrível.

    – Vejo que está tranquila demais de acordo com suas circunstâncias. Admiro criaturas assim, observadoras, pacientes. Me instigam. Mas, devo revelar que a trouxe até aqui e brinquei com sua mente. Nada foi real, isso é real!  Também não há ninguém aqui além de mim e você. E não se preocupe com sua amiga. Acho que talvez ela nem exista… Confesso que certas coisas que fiz não são do meu feitio. Mas tenho aprendido coisas novas, mesmo com todos os meus longos anos de “não-vida” e precisava escolher alguém com seu perfil. Desejo torná-la apta para mim.

    Eu não estava entendendo o que aquela criatura queria dizer com tudo o aquilo, parecia loucura. Em meio a dores e agonias, contestei:

    – Engraçado, creio que o escolhi para mandá-lo para o inferno nesse exato momento.

    – Hahahaha. Além de tudo é ousada, ingênua e insolente. De onde achas que eu devo ter vindo? -Silêncio. – Oh, finalmente sinto cheiro de medo…

    Abri os olhos. Dores. Não podia acreditar no que via. Não havia acidente, não havia salvação. Só havia umidade, medo e podridão. E nenhuma explicação sobre como teria ido parar naquele lugar realmente. Sim, ele estava debruçado sobre mim. Sua mandíbula deslocava-se e seus dentes afiados cresciam. Seus olhos. Aqueles terríveis olhos, esbugalhados. Pavor. Medo. Dor. Porém, finalmente… Um alívio repentino. Não havia explicação. O medo surpreendentemente havia desaparecido e tornava-se uma entrega involuntária. O que repugnava, era capaz de trazer sensações inimagináveis. Silêncio. Calmaria. Encontrei-me recostada em um corpo gélido e sem vida. Com os olhos fechados sentia-me descansar em baixo das sombras. O que o destino guardava para mim? Agora parecia entender. Sim, eles existem. Mas, o que são realmente? E sim, após um longo e tortuoso processo eu ainda teria que me acostumar com a escuridão.

  • Quero me transformar em vampiro – pt final

    Quero me transformar em vampiro – pt final

    Durante o dia foi possível ouvir os barulhos feitos pelo andar pesado e tenso de Penélope. Certamente, a insônia atormentara seus pensamentos no que seria seu último dia como uma simples humana. Mesmo depois de tudo o que eu fiz para tentar acalmar seus pensamentos, ela devia estar afoita, praticamente eufórica por tudo o que lhe aconteceria nas horas seguintes…

    Acordei um pouco mais cedo e colhi algumas das ervas ainda frescas e sob os primeiros raios de luz da lua cheia. “Uma bela noite para uma morte”, pensei comigo. “Quem sabe ao fim de tudo isso, um passeio de moto traga tranquilidade ao meu demônio”, continuei.

    Com a colheita minuciosa dos ramos e folhas mais viçosos, tratei de voltar para meu quarto. Onde fiquei por mais alguns instantes, polindo o mesmo cálice no qual Sebastian e eu havíamos bebido nossas primeiras gotas de sangue. Poderia eu ficar por mais algum tempo refletindo e relembrando o passado, mas fui interrompido por Pepe.

    – Falta muito para eu me transformar Fê? Nem dormi hoje… Toda minha vida foi repensada e estou mega ansiosa!!!

    – Acalma-te pequena, mais alguns minutinhos e Sebastian vai te chamar lá para fora.

    Juntei tudo o que precisava e depois de uns minutos fui para o quintal onde preparei o círculo, acendi cada vela e posicionei todos os elementos em seus lugares com a precisão de uma bússola. Tal qual havia escrito num dos manuscritos de meu mestre Georg. Em seguida mandei chamar Pepe e junto dela vieram todos os outros.

    – Irmãos e irmãs hoje é um momento muito especial para mim, pois como vós sabeis é com o máximo orgulho que Penélope entrará para nosso clã. Como sabeis faremos o ritual tradicional, que será seguido pela renovação de nossos laços familiares, onde cada um de vós compartilhará algumas gotas de seu precioso sangue. (pausa) Franz, nosso ancião em atividade, tratará das honras assim que minha alma se unir a de Penélope. (pausa) Portanto sem mais delonga, Penélope, aproxime-se do centro do círculo. Sebastian, o cálice com as ervas, por favor.

    Após o comunicado dei inicio ao ritual, onde as palavras certas foram ditas e fizeram o silêncio tomar conta de tudo. com o punhal consagrado cortei meu pulso esquerdo e derramei sangue suficiente para um gole. Outras palavras precisaram ser ditas para entorpecer a animalidade corpórea da alma e enfim o juízo acalentou seu corpo nu ruborizado. Sussurrei ao pé de seu ouvido direito aquilo que nunca devia ser dito… Finalmente aflorei minhas presas sem dó ou piedade e mordi com toda minha força seu pescoço pela última vez humano.

    “Este é o sangue da eterna aliança…” Beba dele todo e sinta o verdadeiro poder dos deuses!

    O corpo de Pepe morreu…

    Vi e senti todas as lembranças de Penélope como se fossem as minhas. Suas alegrias, seus sentimentos maia intensos e suas dores. Parte de minha energia vagou para seu corpo como um raio que penetra a terra. Concentrei-me para não cair e por ali fiquei de joelhos ao chão na expectativa do retorno da alma de minha nova cria ao seu corpo.

    Franz continuou o ritual…

  • Quero me transformar em vampiro – Pt3

    Quero me transformar em vampiro – Pt3

    Depois de várias tentativas, finalmente consegui chamar Franz para uma reunião “familiar”, onde sua presença seria muito interessante para agraciar nossas aspirantes, com as famosas transformações vampirescas.  Bem na verdade eu não tinha planejado nenhum evento faraônico e teríamos na minha cabeça um bate papo na forma de workshop. Onde seria importante ensinar a elas um pouco mais sobre nossos poderes.

    Obviamente, não posso revelar aqui tudo o que fazemos ou deixamos de fazer, se não qualquer um que nos lê poderia criar as famosas contra mágicas. Contudo, a noite começou bem e ao melhor estilo Mandrake. Sebastian levou ambas para jantar no centro e por volta das 22h todos estavam na sala.

    Da velha vitrola saia um belo rock ‘n roll da década de sessenta e naquele clima começamos as demonstrações de “poderes”. Inicialmente Sebastian mostrou toda sua astúcia no popular silere, cujo aprimoramento foi grande nos últimos anos. Em seguida, quando já estávamos absolutamente imersos no mais puro silêncio provocado pelo poder, ele executou um inesperado e perfeito invisibĭlis.

    Na sequência com o intuito de provar a eficácia de tais poderes, divinamente orquestrados, Sebastian pregou um belo susto em Cláudia, agarrando-a por trás e fazendo uma bela trollagem sem dó nem piedade. Deu até dó da professora, que se arrepio dos pés a cabeça.

    – Não Franz, minha calcinha não é preta, nem vermelha, nem muito menos é fio dental… E quer saber não curto loiros coroas não, vai se assanhar assim com as tuas quengas seu idiota – Resmungou Pepe indignada para todos. Obviamente, revidando o que aparentemente tinha sido uma telepatia de meu irmão.

    – hahahah Franz e suas “mulheres brabinhas”. Calma garota eu estava apenas demostrando um pouco de telepatia…

    – Eu uso calcinhas grandes tipo shorinhos e coloridas, não sou mais virgem, mas faz mais de 6 meses que não transo com ninguém…

    – Ok obrigado pela confidência senhorita brabinha. Pronto pode voltar a si.

    Franz estalou os dedos e Pepe voltou a si, demostrando naquele momento mais um dos seus poderes, a possessão mental ou Animus Possession.

    -Pow mano pega leve com elas, por favor. Olha a cara de ódio da Pepe, se continuar assim ela vai querer teu sangue depois de transformada hahaha… Mas por falar em transformação, o que vocês acham disso…

    Aproveitei que ambos riam e executei minha transformação em lobo, cousa que levou mais ou menos uns 10 segundos e surpreendeu ambas. Naquele instante Claudia foi a mais empolgada  talvez pelo fato de ser bióloga. Tanto que em seguida ela se aproximou e começou a me analisar como seu eu fosse algum animal em cima de uma bancada de estudos.

    Deixei que ela pensasse e olhasse meus atributos por alguns instantes, até que avisei Sebastian por telepatia para irmos para o lado de fora da casa. Ele repetiu o que eu disse para os demais, que acataram meu pedido e se locomoveram para fora. Claro que meu ego queria mostrar mais do que apenas uma forma simples de lobo e nos segundos posteriores demostrei a todos  o meu lado mais demoníaco: homem + lobo + vampiro + demônio = “Lobisomem Vampiro”.

    Claudia desmaiou…