Tag: transformação

  • Quero me transformar em vampiro – Pt2

    Quero me transformar em vampiro – Pt2

    Duas noites depois a minha conversa com Penélope fomos ao aeroporto da cidade buscar Sebastian e Claudia, professora de biologia e nova companheira de meu ex-braço direito. Um casal aparentemente normal, mas que exala intelectualidade por onde passa. Quem os vê certamente pensa: “Feitos um para o outro”.

    Não lembro a data certa no qual Sebastian trouxe Claudia para o nosso convívio. No entanto, há mais ou menos dois anos ela soube de nossa existência.  Nunca vou esquecer-me da noite no qual Sebastian veio até mim preocupado, pensativo e na defensiva. Tive de tirar leite de pedra, antes que ele me confessasse seu  amor e suas intenções. Sobretudo, o que vocês precisam saber dela é que atualmente está no processo que precede a sua transformação, aos moldes do que tenho feito com Penélope.

    De volta à fazenda, acomodei-os no quarto predileto de Sebastian e sai de moto com Pepe.  Naquela noite eu tinha planos para minha pupila e tudo começaria num dos meus ambientes prediletos, o pub.

    – Veja as pessoas ao nosso redor, todas elas são obviamente únicas. Algumas se gabam por serem independentes, originais ou que não precisam dos demais para viver. Porém, mesmo no caos há um padrão para ser observado. Enquanto eu pego uma bebida pra ti observe aquele casal da mesinha redonda. Concorda comigo que eles vieram para um encontro e ainda não estão juntos, correto?

    Fui para a ponta do balcão, aproveitei para sentir o local em busca de algo que pudesse atrapalhar minhas aulas e voltei a mesa tranquilo, junto de um bonito copo de Jack ao estilo cowboy.

    – Tome, hoje vamos testar tua resistência… Alguma novidade sobre o casal?

    – Uiii Jack Fê, não podia ser Vodka com Red Bull? Eles estão ali, apenas conversando. Acho que ela não gostou muito dele…

    – Se tu conseguir beber mais duas doses pode escolher o que quiser… Mas vamos manter a discrição e acompanhar o casal. Tu achas que ela não quer nada? Vamos lá, pensa comigo. Ela está bem arrumada, ela riu de todas as besteiras que ele cochichou até agora. Acredite, com minha audição aguçada eu tô ouvindo todas as bobagens que ele disse e acima disso, veja aquilo. Mãos no cabelo e pronto… Começou a se inclinar para frente. Putz que cara tolo que ainda tascou um beijão nela…

    – Aff ela pode ser ansiosa só isso.

    -Não minha querida, são os padrões que eu te falei antes. Se existe algo que precisas aprender é que nem tudo se resolve com sangue ou poderes. A “manha” ou a “lábia” já salvaram muitos de nós ao longo dos séculos. Putz que banana, só pode ser cego e ainda levantou para ir ao banheiro sem ter bebido praticamente nada. Isso sim é um sinal explícito de ansiedade.

    – Tá, acho que tô entendendo Fê… Agora ela deve estar indignada e mandando Whatsapp para alguma amiga sobre o babana?

    – Isso minha garota! Vamos ver o que o cara faz quando voltar. Acredito que ele tenha ido respirar fundo, deve ter lavado o rosto e vai atacar na volta.

    Seis minutos mais tarde o cara volta para a mesa e antes de se sentar, passa a mão nas costas da garota, que sente um intenso arrepio percorrer toda sua espinha. Pede desculpas pela demora, coloca sua mão direita sobre a dela e leva a outra para as suas costas. Novos arrepios, mais algumas palavras bobas, que nenhum dos dois presta atenção e enfim um primeiro beijo. Um beijo leve e com medo, mas que aos poucos esquenta e se intensifica com a fricção de suas línguas. Longos vinte e um minutos sacanas, pausados apenas pela respiração de seus pulmões joviais ou mordidas recheadas de segundas intenções.

    – Está vendo, como ela estava afim e ele só precisava de um empurrão?

    – Sim sim, vou começar a reparar mais nisso… Posso pedir agora uma dose de Grey Goose com Red Bull?

    – Não minha querida, achei que tu fosse um pouco mais resistente e estamos de moto. Não quero que tu caia no caminho e tenhamos de apressar tua morte…

    – Credo, se eu tivesse um pai acho que ele agiria como você agora…

    – Que bom que pensas assim, está pegando o espirito… (risos)

  • Quero me transformar em vampiro – Pt1

    Quero me transformar em vampiro – Pt1

    Às 23 horas de uma noite qualquer, com muita chuva e frio encontrei Penélope sentada à sala da fazenda. Na TV era exibido algum programa Teen qualquer e lá estava minha nova pupila enfia em seu inseparável MacBook Air. Entre tweets e likes resolvi incomodá-la e sentar-me-ei ao seu lado.

    – Posso trocar de canal?

    – Claro Fê a tv é sua e nem estou vendo né…

    Procurei por algum canal de carros e enfim achei um bom programa de restauração (os meus prediletos).  Por alguns pratiquei algo humanamente normal, até que veio o intervalo comercial e Pepe me perguntou.

    – Fê quando que eu serei transformada?

    – Quando for a hora… Por acaso achas que já está preparada, querida?

    – Conversei ontem com o H2 e ele me disse que o Franz o transformou no meio da briga contra aquela vadia que matou o coitado do Joseph. Então eu fiquei pensando por que eu deveria esperar tanto por isso?

    Naquele momento eu ri comigo, lembrei-me da ansiedade de Sebastian antes de sua transformação e de como minha futura cria era parecida com ele.

    – Anda Fê não me enrola vai…

    – Então, assim como o Sebastian eu acredito que tu merecia um tempo para se “despedir” do mundo no qual está acostumada. Eu já te disse que não tive escolha na minha transformação e isso me deixou de certa forma irritado com o passar dos anos.

    – Relaxa, estou contigo há quase dois anos, eu já sonhei com isso várias vezes. Sabe, igual aquelas meninas do teu site, que contam que as vezes sonham contigo. Eu nunca tive os sonhos quentes que elas dizem ter contigo, mas sempre achei que ia ser da hora você aparecer pra mim à noite e me transformar feito àquelas donzelas dos filmes, sabe?

    (risos)

    – Calma, calma, sei da tua ansiedade… Porém já pensou no fato de que depois da transformação tu vai ter de te acostumar com sangue, morte, brigas, mundos paralelos e com todos os demônios que cruzarão os teus caminhos?

    – Fê sabe que perdi meus pais quando criança, sabes que tenho lidado com morte desde muito nova e praticamente aprendi a me virar sozinha desde muitos anos atrás. Desde que você apareceu naquela noite e me transformou na tua Ghoul eu fui obrigada a mudar minha vida.  Já pesquisei em tudo quanto é site, sobre vampiros, sobre morte, sobre vida, enfim. Já te disse que estou ansiando por essa transformação a muito tempo, desde o ano passado pra te ser sincera.

    – Ok filha, entendo. Porém, eu preciso de mais algum tempo para juntar o máximo de energias que eu puder para te transformar. Vamos combinar assim, na próxima lua cheia faremos o ritual. Deixe-me ver aqui… A próxima lua cheia é daqui três dias, o que achas?

    Naquele instante ela praticamente jogou as cousas que estavam em seu colo para o lado e me deu um longo e forte abraço. Que sentimento bom era aquele, que sensação diferente era aquela? Sim, fui pego pelo amor, fui pego talvez pelo melhor dos amores… Aquele amor fraternal, amigo e familiar. Aquele que me lembrou dos papos com minha mãe, dos ensinamentos de meu pai e do companheirismo de meu irmão…

  • E a escolhida foi…

    E a escolhida foi…

    O tempo passou e eu tive de decidir quem seria minha nova cria. Quando um vampiro toma este tipo de atitude ela deve se basear em diversos fatores. Não que isso seja uma regra, ou obrigação dita pelas leis antigas. Na verdade há certo controle, que nos indica a não fazer tal cousa em demasia, haja vista, que a cada cria o vampiro compartilha parte de seu poder.

    Após a morte de Willian, repensei boa parte da estratégia e foquei no objetivo principal da escolha, alguém para assumir boa parte dos afazeres de Sebastian. Portanto para alguns vai ser uma surpresa, mas Penélope será transformada em breve. Fiz isso pensando no futuro e devido às circunstâncias tecnológicas do mundo, será importante ter outra nerd como cria.

    Deb ficou estática ao saber de minha decisão. Na sua cabeça e devido ao seu jeito intenso, ela deve ter imaginado milhões de cousas. Todavia, como ainda terá espaço sendo minha Ghoul e assistente pessoal, acredito que ela tenha feito a melhor escolha aceitando os fatos. Mesmo por que era isso ou a morte.

    E agora o que será feito Ferdinand? Bom, o processo é um pouco lento mancebo. Pepe será desligada do mundo humano. Passará por um treinamento ministrado por mim e meus irmãos e em seguida, quiçá até o final deste ano será transformada na melhor conjunção astral disponível.

  • Que se iniciem os jogos!!!

    Que se iniciem os jogos!!!

    No final de tarde de um dia qualquer eu resolvi iniciar a competição para escolha de minha próxima cria. Bem na verdade, eu estava com insônia e por não ter mais o que fazer, estava ali o momento ideal para pensar em como eu provaria a lealdade de meus pupilos.

    Obviamente, a lealdade é adquiriria depois da transformação, mas tendo em vista minha transformação conturbada, eu coloquei na cabeça que a escolha de minhas crias deve ser sempre espontânea. Afinal, imagine-se tendo de optar por viver longos e duros anos nestas terras e ainda mais ao meu lado.

    No início, eu até pensei em fazer algo coletivo, chamar todos para algum lugar e nele executar testes macabros ao estilo Héctor ou Doutor. Porém, meu estilo sempre foi outro e tratar cada um deles individualmente e dentro de suas zonas de conforto, com muitos jogos mentais e conversas foi a melhor escolha.

    Lembro que Sebastian na verdade não teve uma escolha justa, ou ele se transformava ou Georg “faria sua cabeça” com uso de algum poder. Sendo assim, eu queria que tudo fosse perfeito desta vez.

    Primeira semana de volta ao Brasil e Willian foi o primeiro a ser analisado, agora com outros olhos. Fui até a sua cidade e o chamei para uma reunião, onde previamente eu já havia imaginado um belo trabalho a ser executado por sua hábil e brilhante mente.

    – Pois então meu querido, tenho um trabalhinho diferente do habitual. O que tu conheces dos assuntos explosivos, bombas e afins?

    – Ahh o básico que todo físico/químico aprende na facul. Precisas de algo de qual tamanho?

    – Se eu falar a palavra revolução o que me dizes?

    – Diria injustiça, loucura… Conte-me mais Ferdinand…

    Resumidamente este foi nosso papo inicial, onde disponibilizei fundos, contatos e tudo o mais pra que ele pudesse desenvolver alguns artefatos. Sim, diga que sou louco e pense o que for há meu respeito mancebo, afinal, sou um vampiro e isso por si só já é motivo suficiente para desvincular o teu senso de realidade deturpado de minhas rotinas, desejos e objetivos…

  • Preciso de uma nova cria

    Preciso de uma nova cria

    Como vocês sabem tirei umas férias prolongadas pela Europa no final do ano passado, onde inclusive tive o privilégio de desfrutar bons e ótimos momentos com minha doce Eleonor, sua filha adotiva, Franz e H2.

    Para que vocês matem a curiosidade vou contar um pouco de como anda nossa atual situação de “vida”, se é que posso chamar nossa existência desta forma. Atualmente Eleonor atingiu o que eu chamo de ponto alto da vida de mãe. Para ela, a pequena “G” é mais do que uma simples pessoinha em fase de crescimento e todos que veem as duas juntas percebem o afeto e o amor existente entre elas. Lembro que Stephanie era uma boa mãe, mas Eleonor está “saindo melhor que a encomenda”.

    Ambas fazem compras juntas, passeiam por muitos lugares, obviamente a noite, Eleonor dedica uma parte do dia para lhe transmitir suas experiências e a garotinha além disso possui duas outras professoras Ghoul. A pequena parece ter se acostumado com o nosso mundo, mas confesso temer a noite em que ela irá enfrentar os hormônios da adolescência e provavelmente nos trará problemas… (acabei de bater algumas vezes na mesa de madeira para tentar atrair mais sorte)

    Franz é outro que anda para cima e para baixo com “sua cria”, o H2. Claro, que a relação entre os dois é muito diferente desta vivenciada por Eleonor e a pequena “G”. Todavia, é sempre muito engraçado ver Franz tentando ensinar algo para o seu brutamontes. H2 era um “caçador de recompensas”, já havia estudado para ser padre e pelo que sabemos, beira os 70 anos. Seu corpo é forte, definido e ele deve ter a minha altura, algo entre 1,90 e 1,95. O grande detalhe é que ele conseguiu ao longo de suas andanças mundo a fora, diversos rituais poderosos relacionados à cura e regeneração. Cousas, que lhe renderam mesmo depois de tanto tempo a aparência de uns 30 e poucos anos.

    Cabe aqui um parágrafo sobre minha cria, Sebastian, que continua cuidando de muitos dos nossos negócios, mas que no momento dedica todo o seu tempo a um novo amor. Quem sou eu para impedi-lo de aproveitar cada momento com sua nova garota? Portanto, deixei-o livre por uns tempos.

    Em função da ausência de Sebastian eu resolvi abrir uma espécie de concorrência para uma nova cria, sendo os principais candidatos três de meus Ghouls mais ativos. Como vocês sabem Ghols são pessoas que possuem uma união de sangue muito forte com um determinado vampiro e se tornam na verdade dependentes dele. O sangue do vampiro gera um tipo de vício no individuo e se este não for consumido de tempos em tempos pode trazer sérias consequências. Dentre elas loucura, paranoia e todos os outros tipos de problemas que tu possas imaginar.

    Pois bem, vamos aos candidatos que sofrerão nas minhas mãos nas próximas noites: inicialmente há o Willian, estudante de física, 21 anos e Geek. Na verdade ele completamente viciado em novas tecnologias e tem me servido muito bem no quesito informações e tendências.

    Além deste há a Penélope, aliás, acho que é este o seu pseudônimo atual. Uma jovem de classe baixa, mas muito esforçada e que depois de ganhar seu primeiro computador aos 10 anos, virou uma Hacker de “mãos cheias”. A história dela já foi contada por aqui se não me engano no ano passado neste conto.

    Por último e não menos importante, há a Débora. Ahhhhh a pequena Deb (suspiros), loirinha com cara de sapeca e que mesmo aos 26 me parece uma adolescente do tipo Lolita. Ela na verdade foi por algum tempo um afair, mas que no passar dos anos se mostrou extremamente útil nos assuntos relacionados ao popular “jeitinho brasileiro”. Já perdi as contas das informações, negócios e “aquisição de favores” que ela me permitiu adquirir com maior facilidade… Num mundo como este é fundamental ter alguém que saiba mentir tão bem quando a melhor das atrizes. Ainda mais sendo tão bonita, gostosa e sexy como ela.

    Nas próximas noites mantê-los-eis informados sobre as provas que cada um terá de enfrentar para se torna um VAMPIRO. Aguardem!

  • A magia e os vampiros – pt7

    A magia e os vampiros – pt7

    Barulhos de todos os tipos atingiam meus sentidos aguçados. Pedaços de madeiras, telhas, pregos, louças… Todos caiam sobre mim e alguns inclusive machucavam a ponto de fazer sangrar minha pele, que naquele instante estava mais grossa e recoberta por longos pelos, devido à transformação bestial. Durante esta metamorfose os pensamentos se tornam vagos e dispersos, como se estivéssemos em um sonho controlável, mas extremamente focado naquilo que queríamos antes de nos transformar.

    Meu objetivo era única e exclusivamente aniquilar aqueles dois peludos safados, que haviam nos sequestrado e atacado. Todavia, uma briga que envolva lupinos e magos nunca é algo linear e que siga uma sequencia lógica. Tanto que ao ser atingido pelos primeiros raios de sol, não aconteceu nada comigo, foi ali que alguns pensamentos relacionados aos ilusionistas vieram a minha mente.

    Escombros por todos os lados, mais tremores e de repente somos envoltos por uma densa e escura névoa negra, que silenciou absolutamente tudo, estabilizou os tremores e também bloqueou minha visão por completo. Naquele instante eu não sabia se ainda estava transformado ou se já havia voltado a minha forma humana, mas naquele momento eu descido ser menos agressivo e iniciei o ritual para transformação em névoa. Afinal, nesta forma eu pelo menos não seria atingido por armas físicas.

    Alguns minutos se passaram, eu achava que já havia me transformado e me locomovi sempre à frente, pois na minha cabeça em algum momento aquela nuvem negra iria ter fim. Perdi mais algum tempo nesta movimentação em câmera lenta, até que em fim e gradualmente voltei a ouvir alguns sons. Seguidos por raios de sol, que também não me machucaram e finalmente encontrei uma clareira em meio aquele lúgubre caos. Minha transformação em névoa não havia funcionado e ainda na forma bestial eu procurei pelos outros.

    Como faz pouco tempo que isto ocorreu eu ainda me sinto empolgado ao contar, o fato de que Hadrian deu uma bela surra nos dois peludos. Ele estava com o olhar diferente, parecia mais ofensivo e seus olhos estavam escuros tais quais as nuvens negras ao seu redor. Eram elas, aliás, que haviam bloqueado minha visão anteriormente, mas o que eu achei mais interessante e aterrorizador deste seu poder era o fato dele conseguir manipular graciosamente as sombras. Eu possuía conhecimento deste poder e já havia sido atacado por detentores deste dom antes, mas no caso de Hadrian era diferente, como se ele tivesse uma espécie de armadura de sombras ao redor de todo seu corpo. Algo espesso, denso ou palpável como cinzas de alguma cousa que fora queimada.

    E foi bonito ver os dois apanhando, sendo jogados de um lado para o outro, até que finalmente o velho foi o primeiro a cair inerte e esgotado, como o pobre do Sebastian anteriormente. Situação, aliás, que comprometera seus feitiços e desfez o lugar onde estávamos. O barraco, os raios de sol e até mesmo o campo ao nosso redor eram na verdade um galpão maior, típico de algumas fábricas abandonadas daquela região. Ainda era noite e o poder de ilusão deles era tão forte que fomos enganados por Claire desde o momento em que ela nos encontrou.

    Na sequência Claire baixou a guarda, tão logo percebera que seu pai havia sucumbido diante Hadrian. Ela na verdade parou tudo o que fazia e foi desesperadamente ao encontro do velho. Eu que ainda estava na forma de lobo gigante fui desfazendo minha transformação e percebi que Hadrian fazia o mesmo. Não vi Sebastian de inicio, mas ao procurar melhorar por ele, o vi sentado no chão e encostado a uma parede se recuperando.

    Feitiços desfeitos, olhei para Hadrian, que me sinalizou com a cabeça e nos aproximamos com cuidado dos dois peludos. O velho estava ofegante e com muitas escoriações, parecia que a famosa regeneração lupina não estava funcionando nele.

    – Ele usou todas as suas energias nesse teatro, era nossa segunda opção caso o Hadrian não quisesse ir pacificamente conosco. – Nos disse Claire, visivelmente abalada e prestes a chorar.

    – “Cof cof cof…” Estão vendo por que “cof”… Hadrian precisa ir conosco…

    Nesse momento Hadrian se aproximou do velho e interrompeu sua tosse ensanguentada com mais um de seus feitiços. Ele pôs a mão direita no peito do velho, murmurou algumas cousas em uma língua desconhecida para mim, depois mordeu um de seus dedos e despejou algumas gotas de seu próprio sangue na boca do moribundo. Este deu mais algumas tossidas, mas aparentava se recuperar mais rapidamente. O mago fez o mesmo com Sebastian e na sequencia veio a mim perguntando se também queria um gole, mas sorrindo recusei a proposta indecorosa.

    Sei que vai parecer estranho para alguns de vocês, mas depois de tudo isso e de quase nos matarmos, finalmente aconteceu uma conversa decente. Onde Hadrian pôde expor suas intenções e manifestar o seu direito de ir e vir como e quando quisesse. Na verdade ele acertou de viajar com os dois para conhecer a tal Labraid Lámh Dhearg e nós voltamos as nossas rotinas,  tendo como sempre mais uma história para vos contar…

  • Vampiros e Lobisomens…

    Vampiros e Lobisomens…

    Confesso que ao me deparar pela primeira vez com um Wairwulff transformado eu me senti apavorado. Obviamente um ser com quase 2,5m de altura, forte, com feições animalescas e com cara de mal, não se vê a todo instante, não é mesmo?

    Dietrish surgiu num momento extremamente especial de minha vida. Logo após minha transformação Georg precisou cuidar de seus muitos negócios e me deixou aos cuidados deste seu amigo. Hoje pensando bem eu me arrependo por não ter aproveitado mais tudo o que aquele velho metamorfo podia ter me ensinado. Ao menos eu tenho plenas convicções de que ele deu o seu máximo e foi o melhor professor que eu podia ter tido.

    Sim, minhas eufóricas leitoras meu primeiro professor foi um lobisomem! Sei que no início de minhas postagens aqui no blog/site eu tive um período de revolta com relação aos peludos, mas tudo tem uma explicação. Quando voltei de meu sono, os pensamentos ainda estavam confusos. Imagine um sono de quase 50 anos, tive rever muitas cousas nos meus pensamentos nesse tempo todo.

    Enfim, este post é mais um daqueles artigos explicativos e com detalhes sobre este tipo de ser. Tais quais os vampiros, os lobisomens também possuem um origem que se perdeu no tempo e com a evolução. Ferdinand, onde surgiram os vampiros? Perguntam-me sempre os novatos e eu respondo: Caro mancebo tal quais os humanos nós também não termos certeza sobre a origem da vida ou da não vida. Há quem diga que forma os Deuses, há a ideia alienígena e há a ideia evolucionária. Existem muitas lendas relacionadas a história da origem da vida e isso, como vocês sabem, está em muitos livros encontrados ao redor do globo inteiro.

    Peludo, Wairwulff, Werewolf ou ainda Lobisomem são em sua essência humanos que possuem o dom da metamorfose ou transformação em humanoides. Antes de tudo eu preciso deixar algo claro sobre estes seres, as lendas atuais sempre comentam do homem-lobo, mas na verdade isso é apenas um grupo ou clã destes indivíduos.

    Dietrich Dimitri Hollstoff, por exemplo, depois de transformado virava uma espécie de pantera negra humanoide. Apesar de aterrorizante para os desavisados que o vissem de supetão, era um ser muito bonito. Por falar em aterrorizante, eu já comentei por aqui em outras ocasiões sobre a dieta dos peludos… Carne. É neste aspecto que os lobisomens deixam de ser “peludinhos fofinho” (sim, eu já ouvi esta expressão) e transformam-se em bestas pavorosas, afinal a carne predileta de sua dieta é a humana.

    A lenda mais interessante que já ouvi falar sobre os Wairwulff nos conta que eles foram criados para defender a mãe terra ou Gaia dos humanos, que tanto exploram e destroem as riquezas naturais do planeta. Porém, a Deusa não contava que a dieta de seus “queridinhos” seria modificada ao longo da evolução e o lado negro dos lupinos surgiu quando o primeiro experimentou carne humana fresca… Dizem que eles se viciaram a ponto de quase entrarem em extinção por conta disto.

    Outro ponto que acho interessante sobre os peludos é o fato de que eles possuem no geral uma ligação maior com os outros mundos, planos paralelos ou como queiram chamar. Quando escrevi a saga do Totem desaparecido, tentei transmitir um pouco desse mundo para vocês e é preciso deixar claro que somente alguns deles possuem esta ligação ou poder. Muitos outros são como nós e aprenderam a manipular os elementais ou o próprio corpo ao longo da evolução.

    Vampiros e Lobisomens são inimigos Ferdinand? Sim e não caro mancebo… É uma história longa e que teve inicio em outra lenda. Uma história que inclusive mistura os dois seres dando origem a uma linhagem especial, os chamados “sanguinis puri” ou  sangue puro. No qual Georg, Franz e eu somos representantes, por isso podemos nos metamorfosear similarmente aos Wairwulffs…

  • A história de Hector Santiago – pt2

    A história de Hector Santiago – pt2

    No ano de 1816 Hector e Juan se encontraram com Rafael, que infelizmente lhe trouxe más noticias. A fazenda havia sido atacada e seus pais haviam sido mortos cruelmente. Aquilo havia atingido Hector como uma facada em seu coração, que lhe trouxe de inicio as sensações de arrependimento, dor e pesar. Porém com o tempo percebeu que se ele estivesse lá também seria morto e isso aliviou um pouco sua tensão.

    Depois de alguns dias e ao se deparar com a tristeza de Hector, Juan pediu para Rafael se ele podia fazer do jovem a sua cria. Como a transformação é sempre algo muito complexo, Rafael fez todas as perguntas de praxe, sendo a principal, quão o rapaz seria confiável e útil ao clã, mas prontamente Juan lhe respondeu:
    – Ele é o meu melhor pirata!

    Então na noite de 17 de março de 1816, dois dias depois da conversa com Rafael, Juan e Hector estavam sozinhos na proa do barco conversando…
    – Eu gostava muito de seu pai, ele era meu melhor amigo em terra, tanto que quando eu trouxe você comigo ele me disse: “Juan este é meu único filho, infelizmente minha querida Madalena, como você já sabe nunca mais embuchou, portanto cuide-o como se a partir de agora fosse seu filho também.”.

    Desde aquela noite eu jurei que cuidaria de você e para minha sorte você está se virando bem aqui comigo e com os homens. Portanto, está na hora de você se tornar meu filho de verdade.

    Neste momento Juan deu um forte abraço em Hector e aproveitou a situação para sugar seu sangue. Quando viu que o garoto estava entre a vida e a morte, ele mordeu seu pulso e iniciou o ritual. Hector caiu sobre o convés, se contorceu por um tempo e sem maiores detalhes passou pela transformação.

    Hector levou algum tempo para se acostumar a sua situação atual, ele não entendia muito bem o que estava acontecendo, porém aos poucos foi ensinado por Juan como ser um vampiro, aprendendo sobre seu clã, sobre seus poderes, sobre seus inimigos, enfim, tudo que um vampiro precisa saber para sobreviver.

    Muitos anos mais tarde em 1891 Hector teve o privilegio de reencontrar Rafael, o senhor dos senhores, o vampiro mais antigo de sua linhagem, e isso foi muito importante para ele. Esta reunião ocorreu em São Francisco do Sul, SC, Brasil. Foi nela que Rafael disse a suas crias que queria descansar, e que eles deveriam ficar cuidando de sua cripta.

    Nesta mesma noite Hector teve o prazer de conversar sozinho com Rafael:
    – Como está teu aprendizado, Hector?
    O jovem, cativado pela presença de Rafael lhe disse:
    – Está ótimo my lorde, Juan é um ótimo amigo e mestre. Parece que está conseguindo dar um rumo a minha existência.
    Rafael vendo que o jovem estava cativado por sua presença aproveitou e lhe confidenciou:
    – Vejo que estás bem encaminhado e Juan confia muito em ti. Por isso vou te deixar alguns objetivos até que eu volte de meu sono. Aumente teus poderes, aumente tua influência e teus conhecimentos, veja o vampirismo como um dom divino e agradeça a cada momento por ter tido uma oportunidade melhor que a de seus pais, eles foram sim pessoas boas, leais, mas por causa de malditos vermes se foram. Aliás, se queres ser um lorde como teu mestre já me confidenciou, terás de ser mais forte! Pratique e estude tudo quanto conseguires, ver-te-ei como lorde daqui a 500 anos…

    Diante tal presença e discurso, Hector resolveu ofereceu uma honagem ao patrono de seu clã:
    – Muito obrigado meu lorde, se me permitires gostaria de lhe prestar uma homenagem mudando meu nome para Hector Santiago.
    – Honre este nome minha criança e faça-o ser visto e temido por muitos, agora com licença eu preciso rever vários detalhes antes de descansar.

    Após o termino da reunião, Hector e Juan voltaram para Espanha. Rafael finalmente estava descansando e o jovem Wampir sentia seu ânimo renovado. Tanto que a partir de então, ele mudou, estava mais empenhado em seus trabalhos e era como se ele tivesse renascido pela terceira vez. Diante tal empenho e motivação Juan fez uma proposta para Hector:
    – Meu filho, depois da reunião percebi que você está bem consigo mesmo, e pronto para assumir mais responsabilidades. Portanto, vou lhe deixar na Espanha no controle da nossa empresa Marítima, lá você ficará junto de um dos meus caniçais que lhe ensinará este outro oficio. Um ofício que é de muita valia e você poderá aprender algo que não poderá aprender comigo num barco. Poderá aprender a se civilizar… Hector ficou um pouco chateado a principio, pois gostava muito de sua vida de pirata, mas percebendo que poderia realmente melhorar seus ensinamentos, resolveu acatar o que seu senhor lhe disse.

    Todavia, o período de estadia de Hector na Espanha foi menor do que ele esperava. Em 1926 após uma reunião entre Juan e seus quatro irmãos, ficou decidido que Juan por ser a cria mais nova deveria cuidar de todos os outros enquanto estes também descansavam. Eles se revezariam a cada 100 anos, onde um deles seria acordado para tomar a posição do que estava acordado.

    Diante tal acontecimento Juan chamou Hector para viver com ele em são Francisco do Sul, pois havia muita coisa para ser cuidada na sede imperial dos Santiago.

    Aos poucos Hector foi assumindo muitas responsabilidades administrativas, mesmo porque não era do feitio de Juan ficar dentro de um escritório. Apesar disso sempre que podiam viajam juntos nos barcos da empresa que agora fazia transportes de mercadorias para empresas e de “forma legal”.

    1983, Juan passa por uma espécie de enjoo de terra, afinal anteriormente ele passara muitos tempo dentro de um barco e decide descansar junto de seus irmãos antes do tempo. Por causa disso os laços com os Wulffdert foram renovados e desde então ambas as famílias dividem suas funções próprias, com a proteção de seus anciões e manutenção de todos os negócios em uma espécie de sociedade de sangue.

  • O despertar

    O despertar

    Como faz tempo que não publico nenhum FanArt, segue abaixo uma bela história de transformação que me foi enviada pela Gabriela Cristina.

    O despertar

    Meu corpo me pedia para sair, minha alma clamava desesperadamente por aquilo. Tudo me pedia. A brisa entorpecente da noite soprando em meu rosto, a lua estava cheia, linda e soberana, dominando um céu negro e apinhado de estrelas. Prometi a Ian que não sairia, ele não queria que eu fizesse aquilo, não achava certo, havia me pedido milhões de vezes, pois se eu o fizesse correríamos o risco de nos tornarmos inimigos, então prometi a ele que não sairia, mas algo naquele lugar foi mais forte que eu e me conduziu pra lá. No caminho, senti que estava sendo observada, mas nem liguei o chamado era tão forte que nem tive tempo de sentir medo do que quer que estivesse me acompanhando, ultimamente, depois de ter tomado de vez a minha decisão, meus sentidos estavam mais aguçados, os espíritos não paravam de aparecer tanto em sonhos quanto pessoalmente me pedindo que reconsiderasse pois se eu fizesse realmente o que queria, estaria me desfazendo de um dom dado por Deus e pela natureza e passaria a ter dons obscuros, não poderia mais vê-los e nem ajuda-los. No início fiquei um pouco pensativa sobre isso. Desde pequena eu era atormentada por espíritos, sempre os vi, ouvi, senti, mas por um bom tempo não soube como lidar com eles, por muitas vezes chorava de medo, implorando para que fossem embora, quando eu contava a alguém, a pessoa se afastava de mim ou então dizia que eu estava ficando louca, já fui parar em muitos médicos por causa disso, mas à medida que fui crescendo, comecei a me informar e descobrir algumas formas de controlar as visões. O medo passou um pouco, mas continuei a vê-los. Quando perdi meus pais, as visões pioraram de novo, vi minha mãe uma vez, era o que eu mais queria, mas de tão assustada não consegui se quer abrir a boca para falar com ela, então ela se foi. Depois desse fato, me revoltei, de que adianta ter o dom de ver espíritos, sentir e falar com eles, se não posso trazer ninguém de volta, isso não é justo! Foi refletindo sobre isso que tomei de vez minha decisão, não tinha mais nada a perder, se desse certo, eu seria, pela primeira vez e muito tempo, uma pessoa feliz, se não, eu morreria e tudo acabaria de vez, como acontece com qualquer mortal.

    A floresta estava muito iluminada pela luz da lua, havia muito tempo que eu não ia ali, desde a morte de meu pai, era doloroso de mais se quer pensar, mas agora era diferente, eu sairia dali diferente, e talvez, se tudo desse certo, as lembranças da minha vida mortal não me assombrariam mais. Fui entrando cada vez mais fundo em direção à clareira, a floresta havia mudado um pouco, não estava mais tão fechada, peguei uma das trilhas e segui em direção ao meu objetivo. O ar foi ficando mais denso e pude escutar meus passos, senti um calafrio percorrer minha espinha e sabia que não tinha nada a ver com o vento, parei. Estava ofegante. Meu coração estava tão acelerado que outra pessoa seria capaz de ouvi-lo de longe. Olhei ao meu redor, não havia ninguém. Silêncio absoluto. Comecei a pensar se deveria mesmo continuar ali, se não deveria voltar e ouvir o conselho de todos que me pediram para que eu não fizesse aquilo. Imediatamente uma voz dentro de mim respondeu: “Continue, você não tem nada a perder, está no caminho certo, ignore o medo.” Fui respirando mais calmamente e aos poucos, o coração voltou a bater mais devagar. Recomecei a andar e pouco tempo depois já estava na clareira. Era o lugar mais iluminado, por entre as árvores eu podia ver a lua claramente. Sentei e esperei. Confesso que o silêncio daquele lugar estava me deixando muito assustada, toda coragem que eu havia reunido estava começando a se dissipar, estava tudo muito quieto, nem um barulho, até o vento estava silencioso. Esperei mais um pouco e nada. Comecei a pensar que era melhor tentar voltar pra casa e desistir de tudo, eu só podia estar louca, ir para o meio da floresta, sozinha, a noite. Ele não iria aparecer, disse que saberia quando eu chegasse e que queria ver se eu realmente teria coragem de ir até ali sozinha, se eu realmente queria o que eu havia pedido a ele, poderia até já estar ali, mas por alguma razão eu não conseguia sentir sua presença. Olhei no relógio, já se passava da meia noite, o ar ficava cada vez mais frio e eu, a cada minuto que passava, ficava mais incomodada com aquele silêncio. Decidi ir embora. Quando me levante, senti outro calafrio transcorrer minha espinha, bem mais forte que o primeiro. Um vulto passou por entre as árvores, tão rápido que não pude ver, meu coração acelerou de novo, fiquei apreensiva, sabia que não era um espírito, era algo físico. O vulto se moveu de novo, dessa vez pude ver a sombra de um rosto. Tudo ficou quieto. Não sabia se corria ou se continuava parada, foi então que ouvi uma voz doce e ao mesmo tempo venenosa sussurrar em meu ouvido.

    – Tu és mesmo corajosa, vir aqui a essa hora da noite, sozinha e sem avisar ninguém onde estás!

    – Não te disse que eu viria, aqui estou.

    – Sim, estou vendo, provou que és uma pessoa decidida, de palavra, mas não achas que estás se arriscando de mais ao fazer isso? Eu poderia muito bem não cumprir o que disse…

    – Pensei mesmo que você não viria, já estava indo embora.

    Ele se colocou a minha frente e acariciou meu rosto ao falar com aquela voz doce e suave que ao mesmo tempo soava com um tom de perigo, de ameaça, seus olhos verdes, muito brilhantes penetravam os meus, seu cabelo negro e liso caia sobre seu rosto perfeitamente belo, uma beleza sobrenatural, que me deixava hipnotizada, mas o que me fez perder a fala foram suas palavras.

    – Não me refiro a isso, jamais deixo uma dama me esperado, eu já estava aqui te observando, vendo se terias mesmo coragem de vir até o fim, mas eu poderia muito alimentar-me de ti e deixar seu corpo aqui para que talvez fosses encontrada um dia, não tens medo?

    Mais uma vez passou pela minha cabeça se eu realmente deveria estar ali, por um momento pensei em correr, mas de nada adiantaria ele me alcançaria antes que eu chegasse à metade do caminho, então apenas respirei bem fundo e respondi.

    – Por um momento tive medo do silêncio da floresta, de que alguém que não fosse você aparecesse, mas jamais de você. Sei muito bem o que quero, disse que estaria disposta a te encontrar em qualquer lugar.

    – Será mesmo que sabes o que quer? Posso sentir o medo que emana de ti, minha cara… Mas podes ficar tranquila que não vou só me alimentar de ti, bom, pelo menos não pretendo, a menos que eu mude de ideia. Quero saber se pensou a respeito das cosas que eu te disse? Vais embarcar em um caminho sem volta, e não é tão fácil quanto pensas, podes desistir agora e eu até te deixo voltar viva pra casa…

    – Não. Pensei em tudo que você me disse, já tomei minha decisão, farei o que você mandar, o que for preciso, vou aprender tudo que for necessário para conseguir me adaptar.

    – Pense bem minha cara, estarás abrindo mão da sua mortalidade, da sua alma, da sua humanidade e se um dia se arrependeres, não poderás mais voltar atrás, terás que viver com isso pela eternidade. A minha mortalidade me foi tirada contra minha vontade e eu daria tudo para tê-la de volta, tu tens a sua e estás abrindo mão…

    – Se eu pudesse, faria com que você voltasse a ser mortal, trocaria de lugar com você, te daria minha mortalidade, mas não posso, quero ser transformada tanto quanto você quer ser humano novamente, não tenho mais o que pensar, estou decidida, faça o que tem que ser feito.

    – Está bem, minha cara, farei como quiseres, mas te darei um aviso: jamais transformes ninguém, em hipótese alguma, jamais faça isso, nem mesmo se ficares apaixonada, terá que desistir dele ou vê-lo envelhecer e morrer, mas jamais o transforme, porque eu vou saber, e virei atrás de ti de quem tiveres transformado e os matarei, sem dó, e não penses que podes me enganar, eu sempre saberei onde te encontrar. Estamos combinados?

    Nesta hora, senti realmente o peso daquelas palavras, tive a convicta certeza de que ele dizia a verdade, ele realmente teria coragem de me matar, mas eu sabia que não iria me apaixonar, seria a última coisa que eu faria sabendo que teria uma eternidade pela frente.

    – Sim, estamos combinados, você tem a minha palavra de que não vou transformar ninguém.

    – Então, minha cara, bem vinda a sua tão sonhada vida imortal, aproveite a eternidade…

    Confesso que tive medo novamente, mas apesar disso, nunca iria voltar atrás, estava prestes a começar viver a vida que sempre senti que me pertencia, não veria mais espíritos, e nem precisaria conviver com lembranças que eu não quisesse, teria a eternidade pela frente para fazer o muito que ainda não tinha feito em 26 anos, sem me preocupar com o tempo. Estava nascendo de novo…

    Ele veio em minha direção, segurou minha mão, acariciou meu rosto, sentiu o cheiro do meu sangue, meu coração batia acelerado, pude ver nitidamente a cor de seus olhos mudando, ele ficou atrás de mim, tombou gentilmente minha cabeça para trás, senti seus dedos passando pelo meu pescoço, olhei para a lua, que continuava clareando a floresta, me sentia muito feliz… Senti suas presas penetrarem meu pescoço e uma dor excruciante tomar conta do meu corpo, uma dor como jamais senti em outra ocasião, a pior de todas, senti uma fraqueza imensa tomar conta do meu corpo, minhas pernas cederam e minha visão escureceu…

    Quando acordei, não sabia onde estava. Meus olhos que estavam embaçados, aos poucos foram voltando ao normal, fui me recordando da noite que se passou, me dei conta de que
    es estava em meu quarto, deitada em minha cama, senti uma tristeza enorme ao perceber que tudo não passou de um sonho, tive vontade de morrer, não acreditava que pudesse ter apenas sonhado, parecia tão real…

    Mas quando passei a mão em meu pescoço, senti algo diferente… Minhas mãos estavam diferentes… Meu corpo estava diferente… E quando abri a cortina e o sol tocou na minha pele, foi como fogo queimando papel… Percebi então que não havia sonhado, estava acordando para a eternidade.

  • Antes do 1° ataque a vampira assassina

    Antes do 1° ataque a vampira assassina

    Isto aconteceu a alguns dias, antes de ganharmos a primeira batalha ontem…

    Eis que se iniciou uma nova batalha. De um lado duas vampiras com todo o seu exército de seguidores e do outro eu. Claro que não estou sozinho e nas linhas abaixo vocês poderão ver na prática como os contatos são necessários para a sobrevivência.

    Depois que o Zé se foi, precisei juntar forças do além para me controlar e não sair por ai fazendo besteira. Afinal, sempre que nos tiram algo a primeira ideia que surge é sair por ai querendo fazer justiça com as próprias mãos. Todavia, quando o assunto envolve vampiros as regras são bem diferentes.

    Um vampiro que mata vampiros, é tido como um párea de nossa sociedade e a punição para tal ato é a morte. Essa punição geralmente é lançada pelos Regrados e divulgada de imediato aos quatro cantos do universo. Por se tratar de uma das maiores punições ela demora um pouco para ser decretada. Neste caso como minha família está envolvida foi um pouco mais fácil conseguir o aval.

    Depois de ter ido a alguns lugares, de ter conversado com informantes dos mais diversos lugares eu resolvi juntar uma equipe de especialistas para dar fim nesta ameaça. Ter trabalhado com os mais experientes em Berlin me permitiu ter uma visão mais apurada dos fatos e principalmente de quem poderia ser útil nesta caçada. Caçadas de vampiros são sempre difíceis então nada melhor que gente de fora da instituição para fazer o serviço.

    O primeiro a ser chamado foi um cara que já saiu algumas vezes comigo e que só não é mais próximo em função do seu sangue. Já discutimos algumas vezes sobre nossa situação no mundo, mas quase sempre temos um impasse. Carlos é um peludo e como todos da sua espécie é um tanto quanto seco, direto e um pouco mais nervoso que a maioria. A história com esse peludo é longa e será contada em seu tempo, mas o conheci a pouco mais de 70 anos enquanto estive no Chile em uma das minhas fases exploratórias e na época nos livramos de alguns inimigos em comum.

    Além do Lobo rastreador, me ajuda nessa operação o vampiro pirata Hector. Amigo de longa data, aventureiro nato, cujo algumas de nossas histórias juntos já foram contadas por aqui.

    Obviamente Franz meu irmão de longa data está comigo nessa e para surpresa de todos trouxe consigo o H2, lembram-se dele? Isso também é uma longa história, mas vale aqui aquele ditado: ”Se não pode vence-los é melhor juntar-se a eles”.

    Hoje já estamos voltando para o Brasil e durante o dia contarei mais detalhes dessa última empreitada. Já disse que eu escrevo para me acalmar? Bom nesse momento isso é extremamente importante haja vista que a vadia esteve em minhas mãos, mas conseguiu fugir novamente.

    Pelo menos temos um novo membro no clã… H2 foi transformado!

     

  • Morte versus amor:  Aviso!

    Morte versus amor: Aviso!

    Hoje a minha querida Beth estão fora de casa e irá ficar por pelo menos um tempo até que sua família fique bem.  O tio da Beth foi acometido por um câncer há uns cinco anos, conseguiu se recuperar, fez transplante de rins, mas desde quinta passada acabou entrando em coma em função de uma pneumonia. Esta pneumonia foi muito cruel e o levou ao falecimento ontem pela manhã.

    É um momento de dor para toda a família da Beth e me dói muito não poder estar perto dela para lhe confortar, haja vista que ele lhe era praticamente um pai.

    A morte já é minha parceira a muitos anos, confesso que as vezes acho que já me acostumei com essa parceria. No entanto, é nesses momentos em que a dona morte rompe o amor entre as pessoas que eu vejo como ela pode ser cruel, com todos sem exceção.

    Outro dia inclusive me perguntaram se um dia eu transformaria a Beth. Já pensei nisso, mas é algo extremamente complexo, afinal eu seria como a morte e romperia novamente o fluxo normal da vida.

    Tem gente que acha que ser vampiro é fácil, mas sempre se esquece de que isso não é uma brincadeira de criança…

    Quem dera eu pudesse não me apaixonar, quem eu não tivesse de ser o carrasco que precisa escolher quem vive ou quem se vai. Quem dera um dia eu fosse mortal de novo…

    Odeio quem quer essa maldição pra si e não tenho piedade nenhuma em atacar quem não ama e valoriza sua própria vida. Fique atento, eu posso puxar muito mais que os teus pés a noite!

  • VampiroCast 17 – A história do Perth

    VampiroCast 17 – A história do Perth

    Prezados humanos e eventuais seres que frequantam este recinto.

    A pedidos continuo minha saga em meio a algumas histõrias contadas em forma de áudio. Desta vez com a triste criação do nosso conhecido frequentador do blog, Perth.

    Conforme eu digo no VampirosCast, os humanos podem ser transformados em vampiros atrás de alguns rituais que se diferenciam em algumas peculiaridades. Todavia, o principio é quase sempre o mesmo ser mordido e beber sangue de seu progenitor.

    Gosto muito de produzir VampiroCasts e pretendo criar muito outros além desse.

    Mais uma vez obrigado por compartilharem seus conhecimentos comigo, enviando histórias, poemas e até algumas fotos para ilustrar esse espaço, um espaço macabro para alguns, mas que apesar disso tenta trazer a luz para os que estão na escuridão!