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O pub Rainbow

As minhas noites e dias passaram rápido em meio ao tempo que estive junto de Audny, cria de meu mestre, uma vampira com mais de 500 anos. Além de Pepe, minha cria, e uma vampira que não tem nem 35 anos de nascimento humano. Outro que voltou a ficar perto foi Franz, alguém que considero irmão e é um pouco mais novo que Audny.

Eu que em algum momento chegarei aos 200 anos de existência me vi entre o velho e o novo mundo entre eles. Sendo a curiosidade algo comum a ambos e isso tinha sim um lado muito positivo. Haja vista, que em alguns momentos eu me peguei ouvindo certos hábitos e rotinas apresentadas por Audny ou Franz. Ao mesmo tempo que ouvia os contrapontos trazidos pela “novinha” Pepe.

Tudo ia bem, mas em determinado ponto eu me cansei. Sim, eu sou assim, me canso fácil de rotinas e por sorte Franz, estava ali e isso foi muito propositivo. Pois ele estava empolgado com nosso novo projeto, o pub Rainbow. Um espaço para os sobrenaturais interagirem com segurança.

Algo utópico, talvez. Sobretudo, por que não?

Ainda no início do projeto, reforma e construção. Lembro de um papo que tivemos:

– Tá empolgado lá com o Rainbow, então? – Perguntei.

– Sim, tem ajudado a refazer os pensamentos depois daquela desgraceira que vivi. O que não me acostumei ainda é com o barulho aqui da cidade.

Franz passou os últimos anos entre a selva e um relacionamento com uma humana que faleceu recentemente e não quis ser transformada num de nós.

Vendo sua angústia, tentei lhe ajudar com o barulho da metrópole. Saquei a caixinha de fones de ouvido do bolso e lhe disse:

– Pega isso aqui então e conecta no teu smartphone, depois deixa eu fazer uns ajustes.

Fiz umas configurações meio padrão e ativei o isolamento de ruídos. Depois retirei da caixinha e ensinei ele como usar na posição certa nas orelhas. Depois coloquei uma música e ele falou mais alto, quase gritando:

– Isso aqui é perfeito!!!

Respondi mais alto também:

– Simmm e você ainda pode escutar as músicas que quiser. Só precisa deixar carregando junto do smartphone quase todo dia a noite.

– Heim?

– Tu não ouviste nada que falei?

– Heimmm?

– Tá funcionou (risos)

Minutos mais tarde eu me arrumei e chamei Franz para irmos até o pub. Ele estava tranquilo e ainda ouvindo um som no sofá. Porém tão logo me viu arrumado, levantou-se e fomos para a obra. A caminho de lá contei sobre algo que havia feito antes dele assumir o lugar:

– Sabe, tem algo que eu não te contei sobre o Rainbow. Eu fiz uma pesquisa e o Carlos, meu irmão lobisomem, ajudou, inclusive. Simplificando, o local onde ele está é comercialmente e energeticamente estratégico. Pelo que vimos é possível estruturar um santuário ali, para acesso facilitado ao mundo espiritual.

– Sei, mas faremos isso mesmo? – Ele respondeu preocupado

– Estava pensando na oportunidade. Quem sabe atrair alguns interessados em sessões espirituais. Lembra disso antigamente? O povo se reunia uma vez ou outra por mês e algum sensitivo os conectava com parentes ou espíritos perdidos.

Ele ponderou por um tempo e me respondeu entusiasmado:

– Entendi, eu estava pensado num propósito mais político, chamar uns chegados de outros clãs e quem sabe a gente se alinhar melhor com a nossa sociedade. Usar aquela sala maior no subterrâneo para umas festinhas privadas. Clube do sangue, do tabaco, até para meu uso também, se é que me entendes…

– Claro, sei (risos), mas que tal combinar um calendário, o que acha? Porque sinceramente acho um desperdício não aproveitar o lance espiritual do lugar, mesmo que você me libere apenas o rooftop pra isso.

– Ah mas lá é claro maninho, inclusive estou querendo por uma cobertura que pode ser aberta por controle nas noites de tempo bom, o que acha?

– Só vejo vantagens… fica pronta quando?

– Vou mandar um dos meus ghouls ver isso e te falo… Gostei da ideia de ter uma agenda para públicos diferentes, vamos combinar com as noites em que a Pepe falou de tocar um som lá também…

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