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Relatos de um Lican

A lua já sorria no céu, como aquele gato doido do Alice in Wonderland, manja? Nem preciso dizer que isso me animou, apesar de que a lua não me afeta muito. Os velhos contam que alguns licans são afetados pela lua, porém no meu caso ela é apenas um brilho a mais no céu. Algo que ilumina minhas rondas de noite.

Quando falo das rondas, essa é a minha função atual na matilha. Eu sou um membro novo e cara, isso é muito melhor do que limpar o chão ou os banheiros lá do nosso canto.

Tem 52, desde a última vez que contei e com essa quantidade de licans, que sempre muda, a gente vai se virando. Me falaram que é como se fosse um moto clube. Tem um presidente (alfa), um vice, tesoureiro e pá. Mas nem todo mundo anda de moto, eu mesmo pego Uber pra tudo o que é lado.

Além do tempo que eu tô no covil, também faço uns bicos como pintor, pedreiro, encanador… Se eu morasse nos Estados Unidos a minha vida seria o bicho. Tá ligado que lá os cara são chamados de empreiteiros e têm até programa de televisão. Mas sendo eu um nascido no Brasil, sou apenas mais um “pedreiro pé rapado”.

O lance dos lobisomens aconteceu pra mim faz pouco tempo também. Coisa de uns 5 anos, eu acho. Tive umas noites mal dormidas, depois tive muita vontade de comer carne cru num churrasco e um dia tomando banho aconteceu minha primeira transformação. Ainda bem que eu estava sozinho numa obra, porque gritei, cara. Chorei feito uma menininha e até achei que ia morrer, tá ligado?

É difícil descrever, tudo o que houve. É muito louco! Primeiro teu coração começa a bater muito forte e parece que tá rolando um ataque. Depois tem uma suadeira e doi tudo, sabe? É como se alguém tivesse te dando uma surra do caraio.

Depois das dores, até os ossos doem, os músculos e quando você já tá no chão, querendo morrer, a transformação rola. Os pelos viram cabelos, as unhas crescem, a boca e o nariz ficam grandes e os músculos ganham força.

É algo louco de explicar assim escrevendo. Mas o mundo precisa saber que rolam essas coisas por ai e quem sabe eu ajudo falando disso. Deve ter muita gente que passou por isso e perdeu família. É a parte chata disso. Ainda mais nos dias de hoje em que tem câmera pra tudo o que é lado e até os pelado tipo eu, tem celularzinho que grava tudo.

Volta e meia eu fico rindo com os parsa, dos vídeos dos maluco que são pegos e aparecem no Tic Toc, sabe? É engraçado, mas ao mesmo tempo dá dó dos camarada. Sóquem passou por isso manja o que é ruim.

Mas é isso, pra começar a falar de mim é isso, até uma próxima ai.

Ah meu nome é Almir, caso alguém queira comentar algo. O Ferdinand disse que vai colocar isso no site dele, gente fina esse loco ai. Valeu.

5 comentários

  1. Hahaha o Almir é uma figura, mas velho, deve ser difícil passar por uma coisa assim, ver sua vida mudar radicalmente e tipo, tudo virar de pernas pro ar, e nossa deve ser bem complicado absorver tudo isso acho que nunca se acostuma com a transformação porque como ele disse, por causa das dores e tudo, mas achei mega bacana ele falar sobre isso, aqui pra gente ter mais noção sabe … Valeu Fer… 😊

  2. Sabe que algumas vezes quando criança achava que eu fosse lobisomem, sempre gostei muito de olhar para a Lua, principalmente lua cheia, fora as oscilações de humor….
    Mas hoje tenho certeza que não sou…… gostei da história seu Almir.

    • Eu nunca me imaginei sendo um lican, minha vida toda sempre fui fascinada pelo vampirismo, desde bem pequena, gosto muito das histórias do Ferdinand, ela são incríveis.

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