Tag: amor

  • Recomeço – pt I

    Recomeço – pt I

    “Todos viemos ao mundo da mesma forma, todos vamos embora para a mesma merda de buraco, de um jeito ou de outro.” By Lilian King.

    Engraçado como as coisas são, como o tempo cura quase tudo e como o nosso corpo e a nossa mente consegue acatar mudanças… Hoje eu levo uma vida completamente fora do normal, para vocês claro! Eu as vezes acordo e nem percebo o quanto da humanidade eu já deixei para trás e o quanto dos sentimentos já deixei de sentir.

    Tenho poucos apegos mundanos, talvez apenas apegos emocionais com indivíduos específicos, seres que compartilham da mesma jornada que a minha, alguns até da mesma casa na maior parte do tempo quando ela não resolve voltar para o meio do mato e ser fazendeira… Enfim, muitos sabem muito bem de quem eu falo… Mas estes pequenos detalhes não vos convém por hora, deixo estes assuntos guardados para mais tarde quem sabe.

    Venho aqui neste local contar um pouco do que me aconteceu, como que eu cheguei aqui e por que eu estou aqui. Não vou me ater a datas específicas, pois gosto da minha intimidade passada e da minha sombra na mente de vocês, mas vou guiar por épocas, costumes, tentar trilhar na cabeça de cada um de vocês o meu caminho e o que eu vi antes e depois dessa jornada que eu venho caminhando há muito tempo…

    Não se iludam meus caros, não vão tirar daqui dicas de como ser um mitológico das trevas, um sobrenatural, vampiro ou vampira, apenas vão levar consigo o que aconteceu com um simples humano, que sonhava em apenas cultivar uma família e seguir com uma vida simples, um cara que um dia teve tudo e no outro, bom logo vocês vão descobrir… Vou me ater aqui ao momento presente e voltar alguns séculos atrás onde o carro esportivo do momento era uma carruagem com quatro cavalos de força.
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    Tempos novos batiam no nosso peito, a promessa de novos dias, a guerra contra a França havia tido uma trégua, a sensação de paz pairava no coração de cada britânico, o Reinado de Ana era bem vindo, talvez por nos trazer um certo conforto… Conforto esse talvez ilusório, mas por hora, era a calmaria longe da guerra, homens não seriam jogados em campos de batalhas, os filhos poderiam abraçar os pais e as esposas poderiam nos alegrar com um sorriso.

    A ansiedade era a minha maior aliada, era algo bom, eu iria ver meus filhos de novo, minha esposa, meus amigos, meus pais, todos aqueles que eu amava e como era boa aquela sensação, por hora toda a guerra tinha ficado para trás, esperando a sua volta, mas ainda sim eu teria tempo de ter momentos alegres, preciosos… Se eu soubesse o quão preciosos seriam, jamais teria saído daquele único momento.

    Não pense você que eu era um duque, um nobre ou da realeza! Não, não, eu era um soldado, um homem que ficava em frentes de batalha, me orgulhava daquilo, no fundo eu ficava aliviado de voltar inteiro e vivo de cada batalha que participei. Lembro como se fosse ontem, aos pés da porta da minha humilde casa eu sentia o doce cheiro da torta deliciosa que minha amada Marie fazia, o chá quente em cima da mesa, Gale e Carter brincando perto da lareira e as suas reações quando ali eu estava, parado na porta de casa, após um longo tempo indefinido longe deles. Gale o mais velho, tinha apenas dez anos e Carter tinha seis anos e um dente de leite faltando, deixando em seu sorriso uma pequena janelinha.

    Marie ah Marie e seu doce sorriso, o abraço delicado e o beijo inebriante, minha doce e delicada Marie e seus longos cabelos loiros, os lindos olhos verdes expressivos, as mãos delicadas e brancas como porcelana, frias quase o tempo todo, vinha me cumprimentar e dizer o quanto me amava e o quanto sentia a minha falta em meio aos gritos e aos pulos dos meus pequenos soldados – Dad, dad! You are back! ( Pai, pai! Você está de volta!) – O mais gratificante era que depois de todos estes abraços e boas vindas, eu poderia me sentar a mesa e jantar com a minha família, dividir minha atenção entre meus filhos e quando eles dormissem, bom quando eles dormissem eu iria finalmente cair nos braços da minha linda esposa e aproveitar cada centímetro dela, não deixando nada faltar ao meu toque…

    Amanhã seria um novo dia, novidades estavam por vir e eu na minha inocência ou talvez na minha ignorância humana não tinha noção do quão ruim e sem escrúpulos o mundo e seus habitantes podem ser.

    Vou deixar aqui este começo da minha jornada, logo trago mais do que me aconteceu e como vim parar aqui! E antes que me esqueça, vocês me conhecem ou pelo menos acham que me conhecem, se ainda não, prazer me Chamo Daniel e esse é o começo da minha história.

    See you all soon.

  • Uma nova jornada – Parte III: a primeira vez de Becky

    Uma nova jornada – Parte III: a primeira vez de Becky

    Após a minha conversa com o Fê, entrei em contato com Antoni. Nos falamos pela primeira vez após a França e marcamos a data na qual Lorenzo e eu faríamos nossa viagem. Antoni empolgado, explicou-me que eu deveria passar ao menos um mês junto a eles para que pudesse conhecer boa parte dos métodos de seu clã. Um mês passaria rápido, mas era um tempo que me pareceu longo, visto que eu teria que adiantar muitos negócios em minhas empresas, para poder me desligar totalmente de tudo. Questionei-o sobre o fato de Lorenzo ser um humano, e isso não pareceu um problema para Antoni que se prontificou a recebê-lo de qualquer maneira. Confesso que nas noites que antecederam a viagem, já com os preparativos sendo encaminhados, tentei controlar a ansiedade e o desejo de desistir. Mas, muitas vezes, Lorenzo me incentivava e renovava meus ânimos, “Eu estarei lá com você, Beckynha…”

    Na véspera da viagem, saímos para fazer algumas compras logo que anoiteceu. Lorenzo precisava de algumas roupas de inverno, e ajudá-lo com isso, me distrairia. Na volta, brincávamos no carro enquanto o motorista que eu havia contratado dirigia discretamente. Pela primeira vez em décadas, resolvi contratar alguns funcionários fixos para questões pessoais. O motorista era um homem alto, moreno e de poucas palavras, que dirigiria para mim, apenas durante a noite. Planejava contratar uma funcionária para cuidar do meu novo apartamento, e para me acompanhar nos locais onde eu estivesse, por período integral, mas ela certamente teria que se tornar uma Ghoul também, por tanto, eu não havia decidido nada sobre isso. Deixando essas questões de lado e voltando ao que interessa, o clima no carro pareceu esquentar, e eu já planejava algumas artimanhas para praticar com Lorenzo, quando chegássemos em casa. Subimos o elevador em meio a abraços, beijos e amassos, mas quando chegamos, fui interrompida.

    – Rebecca, calma, por favor!

    – Ah Lorenzo, para com isso… – Falei enquanto dava algumas mordiscadas em seu pescoço.

    – Rebecca, estou falando sério. Será que posso comandar nossa brincadeira ao menos uma vez?!

    Olhei surpresa para sua expressão séria. Lorenzo me contrariar tinha se tornado algo raro, após transformá-lo em meu Ghoul. Mas, depois que voltamos da França, algo estava diferente. Talvez o ritual que fizeram, ou o tempo em que ele ficou sem o meu sangue, tivesse mudado algo. Nos primeiros dias, Lorenzo havia ficado deturpado, demonstrando pequenos sinais de loucura, como uma espécie de abstinência. Mas, logo havia se recuperado. Em volta a esses pensamentos, demonstrei certa preocupação, o que o fez se explicar rapidamente, deixando-me mais tranquila:

    – Rebecca, eu também tenho meus impulsos e meus desejos. Gosto de você, do sei jeito. Mas, queria tentar algo diferente. Você desperta em mim vontades diferentes.

    – Como assim Lorenzo?

    – Eu quero amar você. Não simplesmente fazer sexo, entendeu?

    Pensei por alguns instantes.

    – Eu não sei bem como fazer isso. O jeito que conheço é esse.

    – Mas, existem outros jeitos. Deixe-me mostrar a você? – Falou segurando meu queixo e sorrindo.

    Lembro- me que a primeira vez que me envolvi com alguém, foi com Thomas, claro. Tenho tentado apagá-lo de minha memória, mas certas coisas são inevitáveis. Mas, naquele momento, as lembranças vinham para mostrar que outras opções existiam, e que eu tinha direito a pelo menos experimentar outro lado. Talvez um lado mais humano que se perdeu completamente no tempo. Aquela era uma primeira vez. A primeira vez em que eu, Becky, me permiti sentir algo, ao menos mais carinhoso. Sem dor, sem tortura, sem sofrimento. Sem causar isso em alguém. Era redescobrir o controle e meus desejos. Era, de certa forma, uma nova maneira de privação e de sentir prazer, talvez…

    Lorenzo pegou- me no colo, rindo e lançando-me em cima da cama. Tirou a camisa e me deixou admirá-lo. Meu desejo de arranhá-lo e vê-lo sangrar precisaram ser contidos. Depois, veio lentamente em minha direção com seus lindos olhos verdes me fitando. Fiquei observando, a espera. Despiu-me lentamente, enquanto espalhava beijos quentes por todo o meu corpo. Deitado sobre mim, já nu, parou por alguns instantes e olhando em meus olhos afagava meus cabelos, beijava meu rosto, meus olhos, o canto dos meus lábios, pedindo para que eu sentisse aquilo tudo e tivesse paciência. Sua língua procurando a minha e chegando até minhas presas, o que me provocou certa reação, que consegui controlar. Era algo que foi se tornando bom, e me permiti ir além do desejo de mordê-lo. Provocando-me desta forma, nossos corpos se uniram em um movimento lento, até chegarmos ao ápice, explorando, delimitando e sentindo com mais intensidade um ao outro. Passamos um bom tempo enrolados. Seu corpo quente aqueceu meu corpo frio e gélido, fazendo me sentir bem. Fechei os olhos por alguns instantes, sentindo sua respiração, ouvindo seu coração bater forte e logo me lembrei de nossa viagem. Logo lembrei que Lorenzo estaria comigo, e que isso também foi se tornando algo bom.

  • Ainda existe amor neste vampiro?

    Ainda existe amor neste vampiro?

    Com certeza uma das perguntas que mais ouço é: “um vampiro sente ou pode sentir alguma espécie de amor?” Essa é na verdade uma pergunta muito capciosa, no sentido de que me deixa um pouco confuso ou pensativo demais para responder de supetão ou de imediato.

    Seria erro meu dizer com prontidão, que eu sinto amor ou que todo vampiro pode e sente amor. Contudo, para responder essa pergunta eu prefiro ir além dela e analisar o contexto histórico e local, que envolve as pessoas e suas dúvidas quanto a isso.

    É bem provável que as literaturas, filmes ou seriados da atualidade como Crepúsculo, Diários do Vampiro, Originais… Ou até a mesma aquelas dos anos 90, como entrevista com o vampiro ou Blade e afins tenham amenizado a monstruosidade que um vampiro exala.

    Além disso, no Brasil ou em Portugal e no restante do mundo estaríamos vivendo um momento de falta de amor? Será que a internet tem esfriado os contatos pessoais a ponto do poderoso e mais inconsciente sentimento humano ter sido deixado de lado? Sinceramente, é complicado responder as estas duas perguntas, mas acho que a época atual é bizarra.

    Digo bizarra, por se alguém no século XX ou XIX perguntasse sobre o amor. Aquele que tivesse de responder, certamente o faria com um brilho nos  olhos. Estufaria o peito, e mesmo que estivesse naquelas fases medíocres de falta de falta de amor. Falaria em claro e em bom tom que o amor é perfeito, que ele completa a união entre duas criaturas e que sem ele não é possível viver.

    Cara, estamos aqui no século XXI e o cotidiano tem mostrado, que é possível sim viver sem o amor. Mas teria o amor acabado? Não, claro que não, mas poucos tem percebido as suas mudanças.

    Voltando a antigamente, as pessoas se casavam e queriam passar a eternidade juntos, queriam passar 24 horas, dia e noite juntos. Porém, esse conceito mudou, as pessoas mudaram e hoje se vive junto de alguém até que a paciência acabe  e estamos todos sem muita paciência, não acham?

    Concluindo, se alguém me pergunta se um vampiro pode amar um humano ou qualquer outro ser, essa pergunta não é nada fácil de responder. Todavia, eu sempre digo que sim, sou otimista, sou daqueles que ainda acredita no amor, mas também estou naquela fase sem paciência e se avacalhar de alguma forma a fila anda, babe!

  • De volta a uma rotina nada normal – Parte VI

    De volta a uma rotina nada normal – Parte VI

    Entrei no quarto, abrindo a porta bruscamente. Lorenzo estava me esperando, embora fraco. Tranquei a porta atrás de mim. Peguei algumas correntes, ele não reagiu para minha surpresa, mas ignorando meu espanto, falei enquanto o amarrava:

    – Eu ainda não sei o que vou fazer com você. O que sei é que ainda estou com muita raiva. E você merece um castigo.

    – Tudo bem. Eu não vou fugir. Pode fazer o que quiser.

    – Cala a boca seu estúpido, frouxo. Beba isso. – Falei literalmente metendo o liquido goela a baixo daquele infeliz.

    – O que vai fazer? Transformar-me?

    -Já disse para calar a boca. – Falei aos berros e depois mais calma. – É claro que não, não tenho tempo e nem disposição para cuidar de uma cria. Além disso, você não merece.

    – Não mereço? Mas é o que tem feito comigo, até então, cuidado de mim…

    Lorenzo era obediente, submisso, mas também muito atrevido. Olhei-o como quem diz “Se abrir a boca de novo arranco sua língua”, e certificando-me desnecessariamente de que estava bem preso, analisei cuidadosamente alguns materiais que ali havia, deixando- o me observar, até decidir-me por uma haste comprida, com filetes de couro nas pontas. Virei- o ajoelhado no chão e então, descontei toda minha raiva em seu corpo, deixando marcas  e hematomas terríveis eu suas costas, nádegas, peito e coxas. Quando terminei, Lorenzo encolheu-se no chão e olhou-me de canto, vencido pela dor e pelo cansaço. Ajoelhei na sua frente, observando o sangue escorrer pelo seu peito forte. Lentamente, lambi uma de suas feridas, até o pescoço, depois até a boca, beijando-o.

    – Você é um monstro, mas, inexplicavelmente eu gosto disso.  Rebecca… Eu gosto muito de você, eu acho que…Te amo.

    Parei o que estava fazendo como se tivesse levado um soco. Dei-lhe um tapa no rosto, fazendo- o  cuspir. Amor? Que tolice! Mas, Lorenzo me fez sentir algo diferente naquele momento. Sentei no chão. Coloquei sua cabeça em meu colo. E acariciando-o, falei:

    – Já chega por hoje. Durma criança…

    Algumas horas depois, deixei Lorenzo envolvido em uma manta cobrindo ao menos suas “partes” e então saí. Tomei um longo banho, cantarolando baixo para espantar o stress e a tensão. Coloquei uma calça montaria preta, saltos, blusa decotada, jaqueta de couro e deixei o cabelo solto, caindo pelas costas.  Estava saindo, precisava aproveitar a noite, o luar e pensar com calma no que fazer. Talvez passasse para conversar com Ferdinand, e pedir alguns conselhos de irmão mais velho. Mas, ele próprio já tinha seus problemas, não iria perturbá-lo com aquilo, mesmo sabendo que ele não se negaria em me ouvir alguns minutos. Peguei as chaves do carro e quando abri a porta dei de cara com ela. Sophie, convidando-me para um drinque pretendendo corrigir a má impressão da primeira e última vez que nos encontramos.

    – Você por aqui?

  • Noite dos namorados

    Noite dos namorados

    Estamos com uma promo no Twitter. Use a sua imaginação e nos envie qualquer coisa que tiver na cabeça: imagem, vídeo, foto… Marque meu user @fe_wampir e torça!!!

    Quem tiver o tweet com mais “estrelinhas” vai receber uma ligação do Franz pelo Hangout.

    Digamos que o vampirão anda meio sozinho e quer ao menos uma “companhia virtual”, na noite dos namorados 😉

  • Amores do Barão

    Amores do Barão

    Outro dia eu vos contei que o meu tio, o Barão e Líder do nosso clã, também possui algumas de suas histórias guardadas em diversos livros ou diários. Todavia, como ele está neste plano há muito tempo, mais do que a grande maioria de vocês poderiam imaginar, a linguagem que ele utiliza é muito arcaica. Então quando nos sobra tempo, Sebastian e eu fazemos algumas traduções destes materiais, sendo nossa maior expectativa, o fato de poder trazer parte da antiguidade para vocês. Esperamos que gostem de mais esta história, que ocorreu em 1312.

    Há mais ou menos quatro solstícios atrás, eu enfrentei o sofrimento da perda de minha companheira Adalheid.

    Durante muito tempo ela teve algum tipo de doença, que paralisou seus membros, inclusive perto do fim era difícil manter-me por perto, diante aquele corpo praticamente imóvel a cama. Foram vários os dias em claro pesquisando medicamento, rituais ou qualquer tipo de droga que pudesse ao menos lhe proporcionar uma breve melhora. Tantas noites em busca de conhecimentos fora de nosso castelo, que hoje eu me culpo por não ter passado mais tempo próximo de seu leito final.

    Sei que eu não deveria ocupar tanto do meu tempo com uma humana, ainda mais por que tínhamos muitos problemas para resolver. Nosso castelo ocupado durante o dia por Ghoulsera alvo de constantes tentativas de invasões ou saques, e nem mesmo aqueles pobres coitados, que viviam marginalizados nas plantações nos davam sossego.

    Adalheid tinha pouco mais de 23 anos e não queria passar por tudo o que passei. Insisti por várias vezes que ela poderia ser uma sanguessuga, talvez fosse a mais bela de todas, mas ela não suportava o fato de ter de se alimentar de sangue. Inclusive quando soube que eu agia de tal forma teve uma piora de seu estado mental. Ficou louca como dizem e inclusive me recriminou como um monstro pelo inverno inteiro. Diante os fatos, só me restou proteger sua constituição humana e zelar, que nada de pior pudesse lhe acontecer.

    Apesar de eu ter enfrentado longos anos desanimadores, recebi a duas luas atrás a notícia de que um aliado solicitou minha presença em suas terras.  Sabe-se lá o que ele quer de mim, mas servirá para distrair minhas noites e mudar o foco dos meus interesses.

    Nota: O velho Achaïkos Nileas não estava em Berlin nesta época e seu território compreendia a região da antiga Constantinopla, em meio à disputa de poder entre Latinos e Bizantinos.

  • Quero me transformar em vampiro – Pt1

    Quero me transformar em vampiro – Pt1

    Às 23 horas de uma noite qualquer, com muita chuva e frio encontrei Penélope sentada à sala da fazenda. Na TV era exibido algum programa Teen qualquer e lá estava minha nova pupila enfia em seu inseparável MacBook Air. Entre tweets e likes resolvi incomodá-la e sentar-me-ei ao seu lado.

    – Posso trocar de canal?

    – Claro Fê a tv é sua e nem estou vendo né…

    Procurei por algum canal de carros e enfim achei um bom programa de restauração (os meus prediletos).  Por alguns pratiquei algo humanamente normal, até que veio o intervalo comercial e Pepe me perguntou.

    – Fê quando que eu serei transformada?

    – Quando for a hora… Por acaso achas que já está preparada, querida?

    – Conversei ontem com o H2 e ele me disse que o Franz o transformou no meio da briga contra aquela vadia que matou o coitado do Joseph. Então eu fiquei pensando por que eu deveria esperar tanto por isso?

    Naquele momento eu ri comigo, lembrei-me da ansiedade de Sebastian antes de sua transformação e de como minha futura cria era parecida com ele.

    – Anda Fê não me enrola vai…

    – Então, assim como o Sebastian eu acredito que tu merecia um tempo para se “despedir” do mundo no qual está acostumada. Eu já te disse que não tive escolha na minha transformação e isso me deixou de certa forma irritado com o passar dos anos.

    – Relaxa, estou contigo há quase dois anos, eu já sonhei com isso várias vezes. Sabe, igual aquelas meninas do teu site, que contam que as vezes sonham contigo. Eu nunca tive os sonhos quentes que elas dizem ter contigo, mas sempre achei que ia ser da hora você aparecer pra mim à noite e me transformar feito àquelas donzelas dos filmes, sabe?

    (risos)

    – Calma, calma, sei da tua ansiedade… Porém já pensou no fato de que depois da transformação tu vai ter de te acostumar com sangue, morte, brigas, mundos paralelos e com todos os demônios que cruzarão os teus caminhos?

    – Fê sabe que perdi meus pais quando criança, sabes que tenho lidado com morte desde muito nova e praticamente aprendi a me virar sozinha desde muitos anos atrás. Desde que você apareceu naquela noite e me transformou na tua Ghoul eu fui obrigada a mudar minha vida.  Já pesquisei em tudo quanto é site, sobre vampiros, sobre morte, sobre vida, enfim. Já te disse que estou ansiando por essa transformação a muito tempo, desde o ano passado pra te ser sincera.

    – Ok filha, entendo. Porém, eu preciso de mais algum tempo para juntar o máximo de energias que eu puder para te transformar. Vamos combinar assim, na próxima lua cheia faremos o ritual. Deixe-me ver aqui… A próxima lua cheia é daqui três dias, o que achas?

    Naquele instante ela praticamente jogou as cousas que estavam em seu colo para o lado e me deu um longo e forte abraço. Que sentimento bom era aquele, que sensação diferente era aquela? Sim, fui pego pelo amor, fui pego talvez pelo melhor dos amores… Aquele amor fraternal, amigo e familiar. Aquele que me lembrou dos papos com minha mãe, dos ensinamentos de meu pai e do companheirismo de meu irmão…

  • Na cama com Eleonor

    Na cama com Eleonor

    A noite de segunda foi um tanto quanto diferente do que eu imaginava. Primeiro foi Eleonor que acordou um pouco mais carinhosa do que o normal, inclusive me dando um abraço de boa noite, cousa que ela já não fazia há tempos. Sei que para alguns vai parecer estranho, mas independente de às vezes acontecer algo a mais entre ela, Franz e eu. Há na verdade muita amizade, muitas histórias e por que não, muito amor entre nós todos.

    Isto, aliás, é algo que vai além dos laços de sangue entre as crias de um mesmo mestre. Muitas décadas ou séculos de convivência acaba por nos fazer gostar da presença um do outro.  Detalhes a parte e depois que trocamos algumas palavras, foi à vez da segunda surpresa da noite, a pequena filha de Stephanie que tal qual sua nova “mãe” também me me deu um longo abraço: “Oiiiiii tio Fe”.

    Confesso que Eleonor fazendo o que fez, nem mexeu muito comigo, mas a pequenina humana de olhos grandes me fez parar alguns instantes e ver a situação de outra forma. Chamem isso como quiser, mas cheguei a pensar como seria ter um filho… Alguém crescendo, alguém aprendendo, alguém percebendo as mudanças do mundo e compartilhando-as comigo.

    Em seguida eu já havia assumido meu lugar ao sofá e apreciava um bom filme de comédia, quando Franz adentrou a casa e também fora agraciado por um longo abraço de Eleonor. A pequena estava ao meu lado e quando o viu também foi lhe dar um abraço. O que será que elas têm hoje, pensei comigo…  Porém, meus pensamentos foram interrompidos quando logo atrás de meu irmão surgiu uma loirinha de aparência tímida.

    A jovem realmente era tímida e percebi isso quando ele a apresentou: “Esta é Gizella, a nova tutora da pequena”. Diante tais palavras me acenei e lhe dei boa noite, Eleonor deu um beijo no rosto da garota e depois disso a Ghoul se abaixou para cumprimentar “nossa pequena”, que foi reciproca e também deu um beijo no rosto de sua nova e tímida professorinha. Um fato interessante de Gizella, além de suas bochechas coradas é francesa. Sim, tive uma súbita excitação ao ouvir seu acanhado “Bonjour messieurs, comment allez-vous ce soir?”.

    – Seu safado, de onde tirou esta apetitosa garota? – Foi a primeira pergunta que fiz, logo que as três foram para o quarto de Eleonor.

    – Sabe que ando sempre por muitos lugares, ao contrário de meu irmão que cada vez mais parece querer uma moradia fixa… Sabe aquela minha casa no sul? Ela apareceu por lá querendo trabalho como “garota”. Eu até vi algum potencial para os negócios nela, mas como precisávamos de uma tutora em tempo integral para a “pequena”, resolvi tirá-la daquela vida. Deve ter vindo por intercâmbio… E trate de moderar teus pensamentos predadores, eu que sou eu não toquei nela, acreditas?

    – Como os vampiros mudam não é mesmo? Hahahahaha

    E assim continuava nossa noite, entre piadas, conversas e aquelas cousas de irmãos, acredito que nisso vocês me entendam, pois não somos muito diferentes das famílias humanas? Perto das 22, Eleonor nos chamou para seu quarto. A pequena já estava dormindo, Gizella estava muito sonolenta e pediu se podia dormir também e nós três resolvemos colocar o papo em dia.

    Fazia tempo que eu não me sentia tão em casa e tranquilo com minha família…

  • Carnaval, amor e surpresas

    Carnaval, amor e surpresas

    Ao contrário de meus irmãos, que preferiram os festejos brasileiros deste carnaval, eu por outro lado resolvi descansar em algum lugar junto de minha doce Julie. Como vocês já estão cansados de ouvir de mim, esta cousa de que vampiros vivem sempre sugando sangue, torturando, investigando ou afins, está longe de ser nossa realidade. Porém, às vezes um simples passeio pode trazer boas surpresas.

    Sexta-feira, pouco mais de 21 horas, o carro já estava carregado e eu estava fechando a porta da garagem, quando o telefone tocou. Número privado e depois de alguns instantes sem ninguém falar nada, eu ia desligar, quando ouço uma respiração forte do outro lado… Mais alguns instantes da respiração funda e seca em meio aos meus “alôs”, até que finalmente a linha cai. Aquilo me pareceu muito estranho, não do tipo que assusta, mas sim do tipo que nos faz imaginar um milhão de cousas. Todavia, como ninguém retornou depois de 10 minutos, arrumei o restante da bagagem e fui ao encontro de Julie.

    Durante o caminho pedi a Julie que enviasse algumas mensagens ao restante do clã e por hora todos estavam bem. A viagem durou mais ou menos 3 horas, foi tranquila e pouco depois da meia noite chegamos ao nosso destino: uma casinha no alto de um morro, em meio a uma bela e escura floresta virgem e vizinha de alguns cânions e rios.

    Adoro fazer este tipo de viagem, principalmente pelo fato de que ali seriamos apenas nós dois e o casal de caseiros. Estes que graças a um tipo de feitiço, aquele que eu aprendi com a Beth, ficariam dormindo ao menos uns dois dias e noites seguidos

    Então logo na primeira noite, depois de fazer o feitiço nos casal de caseiros, eu aproveitei para esticar um pouco as pernas na forma de lobo. O que também serviria no sentido de analise e verificação das proximidades e seus possíveis habitantes. Este passeio durou pouco mais de uma hora e a exceção de alguns gatos ou cachorros do mato, estávamos enfim sós.

    Ao voltar para casa: suado e nu. Deparei-me com Julie sentada à varanda, trajando apenas uma pequenina lingerie e fazendo aquela cena que todo macho adora apreciar: uma bela fêmea passando cremes por todo o copo. Não sei se foi a aproximação com meu demônio, enquanto passeava na forma animal, ou se foi algum feromônio liberado pelos cremes de Julie, mas eu a ataquei…

    Calma leitora, ela “curtiu” meu ataque… Sorrateiro, como um bom caçador noturno eu surgi do nada, levantei-a e apertei contra a parede. Ela sentiu minha pegada, roçou seus lábios carnudos e macios em minha barba rala e me escalou. Suas fortes coxas seguraram com força minha cintura e aquele imensurável tesão aumentava a cada pegada mais forte. Intenso, profano, um só copo, uma única alma…

    Nosso carnaval iniciava da melhor forma, porém meu sono matinal fora interrompido por alguns passos do lado de fora da casa. Abri os olhos e enquanto entendia o que se passava percebi um andar arrastado e pesado. Sim, havia também a sensação de que algum Licantropo estava por perto, mas ao mesmo tempo havia algo familiar em tal indivíduo. Obviamente eu não poderia sair, pois o sol estava forte, mas por sorte aqueles passos duraram apenas alguns segundos, fazendo-me inclusive pensar na hipótese de sonhos ou pesadelos.

    Na noite do dia seguinte comentei o ocorrido com Julie ambos fizemos buscas na região, porém nenhum vestígio de pegada ou da presença de “outros”. Nesta noite depois do passeio tomamos um belo banho juntos e tratei de por em dia algumas leituras que estavam atrasadas. Julie também leu um pouco, mas acabou  trocando os livros pela prática e fez um ou dois rituais que a há tempos queria praticar longe da civilização.

    Nestes locais a magia fica mais forte, conseguimos uma ligação maior com os espíritos antigos e tudo que for relacionado à ritualística é favorecido. Nesta noite e na próxima fizemos praticamente as mesmas cousas, até que novamente na manhã de segunda eu acordo no mesmo horário com os mesmos barulhos. Desta vez os passos e a sensação pareciam mais nítidos, porém novamente duram poucos segundos.

    Passei aquela manhã me enrolando na cama e a tarde desisti do sono e escrevi um pouco. À noite logo depois que o sol se pôs e antes que Julie acordasse, eu resolvi sair sozinho pela região. Deixei um bilhete na mesa da cozinha e sai. Ao abrir a porta sou surpreendido por um objeto interessante e próximo da cadeira de balanço na varanda. Era uma caixa quadrada provavelmente de madeira e revestida em couro preto, com detalhes em metal.

    Não senti nenhum tipo de perigo vindo daquele objeto, mas ao abri-lo desabei sobre meus joelhos… Muitos pensamentos vieram a minha cabeça, porém havia naquele simples objeto uma lembrança inesquecível… Minha família mortal…

  • Amar… Será?

    Amar… Será?

    Texte enviado pela Marie Claire.

    Amar… Será?

    Quantos já tentaram descrevê-lo, quantos já viveram por ele e quantos por ele já morreram.

    Quanta paz ele nos traz e em quanto desespero pode transformá-la.

    Quantas batalhas ele provoca dentro de nós, quantas vezes faz a razão e a emoção tornarem-se inimigas mortais.

    Quantas sensações nos faz experimentar, a quantos belos lugares é capaz de nos levar.

    Como é sutil e cruel, quantas vezes nos leva ao céu e quantas mais nos lança ao inferno.

    Quantas vezes nos mostra o brilho sol e quando menos esperamos nos atira em meio a mais tenebrosa tempestade.

    É a cura para todo o mal, mas não deixa de ser letal.

    E o que dizer da profusão de sentimentos que o acompanha? Desejo, felicidade, ciúmes, ira…

    Será então mau esse tal amor? De forma alguma! É uma dádiva!

    Tantos questionamentos atormentam minh’alma mas somente por um pequeno detalhe que deixei de mencionar.

    Trata-se de mais um sentimento, porém é o impede de me entregar.

    Seu nome?

    Medo!

  • Por que somos assim?

    Por que somos assim?

    Artigo enviado por Xis, desculpe só colocar ele no ar agora…

    Hoje, após mais um trauma na minha vida, parei para pensar por que eu sou assim. Eu tento entender qual das características da minha natureza afastam todos que eu amo. Será que sou tão horripilante quanto acho que sou? Eu preciso passar por tudo isso? Por que eu tenho que ser imortal e subsistir com isso. Por que eu tenho que amar tanto tantas pessoas e proteger elas com minha própria vida? Por que eu não tenho coração e mesmo assim esse vazio onde ele deveria estar dói tanto?

    Por favor, alguém pode me explicar? Eu simplesmente queria minha vida de volta. Chorar, rir, gargalhar como uma pessoa normal. Sair e ver pessoas. Mas assim, do jeito que estou, minha reclusão é muito mais cômoda. Não vou ferir ninguém, não vou viver, não vou matar, não vou magoar, simplesmente pelo fato de ter perdido isso no momento em que me tornei isso.

    Eremita, talvez isso me defina. Palavra que docemente descreve todo mal que se isola dentro de mim, longe de todos. Ser poderoso é fácil, quero ver ser fraco. Eu quero ser fraco. Ser insensível, indiferente, mau é fácil. Quero ver se tornar vulnerável. Sentir-se vivo novamente. Doce ilusão, sonho impossível. Minha ânsia em destruir tudo me toma e faz despertar tudo que esperam de mim. Mas eu nego, chega!

    Um dia eu fui humano, hoje sou meramente algo vazio. Uma armadura indestrutível que não permite nada entrar. Algo que foi feito para ter algo em seu interior e que sem isso não tem utilidade.

    “Um dia eu sorri, um dia chorei. Hoje não sou nem sombra do que passou.”

  • Poema Morte versus Amor

    Poema Morte versus Amor

    Baseado no meu post: Morte versus amor o Joseph criou um poema.
    Eu gostei e encaminho para vocês logo a baixo…

    Morte versus amor

    O sol radiante ilumina tua face angelical me transportando ao paraíso da vida, um floral com todas as cores, louro em bela poesia harmoniosa e singela graça da vida.

    Lembro-me ainda mais dos seus pés sobre o orvalho, clara e beleza soberba, correndo de braços abertos junto ao vento, o que me levava ao gozo inocente de uma criança.

    Sim, a melodia encantadora da sua voz, transborda em emoção os sentimentos como a fantasia do amor.

    Veja, a vida foi simplesmente um paraíso aos meus olhos virgens da insanidade e desejo.

    Era bela a sina que esperava da minha vida aos teus braços, aos seus beijos, ao queimar de dois corações.

    No entanto o destino nos concedeu caminhos opostos;
    minha imortalidade e sua vida efêmera.

    Quando a penumbra cobre a cidade, minha maldição de sangue transparece os sentidos e sou acometido pela morte em cometer o pecado delirante.

    Tua vida pela minha ou minha vida pela tua?
    O que eu desejava de maior ardor era sua vivacidade de espírito.

    Então, decidi doar-lhe o pouco do ínfimo sopro de vida que ainda restara em mim à minha doce amada que não pudera chamar de imortal.

    Vivi ao seu lado, vendo-a acabar aos poucos pelo tempo ingênuo e maldoso. Pude confortar-la e fazê-la feliz.

    O tempo a levou, agora, apenas pressinto o seu passado em mim;
    ao menos isso será imortalizado em um coração que já não bate mais.

    Dias vão, as noites não se acabam, apenas trevas sobre trevas;
    esse é o fardo que levo, essa é minha sina.