Tag: Histórias

  • Boas-vindas: Reaper

    Boas-vindas: Reaper

    Primeiramente eu quero deixar claro que eu não possuo e não gosto de redes sociais cheias de vidas alegres, vazias e sem sentido. Não tentem me achar, vocês vão se decepcionar. Comentários? Deixo para o Ferdinand responder por mim, se ele quiser.

    Vou falar apenas do que sou e o que faço e não eu não vou dar detalhes de como conheci o vampiro querido de vocês. Detalhes pessoais eu guardo para mim e quem está envolvido.

    Vocês vão me conhecer apenas por Reaper e só. E sim eu sou um cara, fora do comum mas mesmo assim eu sou um cara  que tem por passatempo e trabalho eliminar pessoas e seres que precisam partir dessa para a melhor. Vou decepcionar mais um pouco os amantes de vampiros dizendo que eu não sou um vampiro, não definitivamente eu não sou um vampiro. Não vou morder sedutoramente o pescoço oferecido de ninguém.

    Vamos ao que interessa e o que esse caro sarcástico é? Vou tentar resumir para que possam entender claramente… Eu fiz um contrato há muito tempo com um ser, alguém que é conhecido por vocês como “O anjo caído”, “o primeiro”, “O brilhante”, “Estrela da manhã” e claro Lúcifer.  E não pessoal eu não sou o motoqueiro fantasma, isso é uma invenção fantasiosa apenas.

    Eu estava na merda literalmente, havia perdido tudo e toda a minha família pelas mãos de um tirano filho da puta e isso eu vou contar depois agora o que importa é contar que eu ajudo o Ferdinand com alguns trabalhos bem interessantes. O conheci neste ano sabático assim batizado pelo motoqueiro vampiro e lhe ofereci meus serviços não convencionais.

    Os trabalhos são bem simples do meu ponto de vista. Eu persigo o alvo por dias, tenho o poder de lhes dar alucinações tanto quando estão acordados ou dormindo e invado mentes. Sim eu invado mentes e faço uma bagunça. Quando a pessoa está no pico de loucura eu ‘sequestro’ e levo para o meu quarto do prazer… Para mim só se for. E lá eu filmo tudo o que é feito ( torturas mentais e físicas) e meus clientes podem apreciar ao vivo o show que é ver os inimigos sendo massacrados de dentro para fora.

    Poderes? Sim eu tenho o poder de invadir mentes, uma força um pouco sobre humana, consigo desaparecer e voltar a hora que quero e por fim me alimento de sangue sim, porém não tenho presas iguais aos vampiros, sendo assim eu tenho uma forma muito interessante de me alimentar usando um pouco de força, bisturis e canibalismo. Deixo para vocês imaginarem.

    Fizemos alguns trabalhos juntos e pretendo dissertar sobre os mesmos aqui neste local. Mas antes aconselho aos curiosos que não possuem um estômago forte que evitem ler os próximos capítulos, afinal se sangue e tortura não for sua praia melhor ir ler o Crepúsculo.

    E sim entre um capítulo e outro eu vou dar mais detalhes sobre a minha existência e quem sabe dar uma pequena cartada na minha conversa com o tio Lú.

     

    Ass: The Reaper.

  • Gone – Parte (eu já nem lembro mais)

    Gone – Parte (eu já nem lembro mais)

    Quanto tempo não? Pois é, mas eu Lilian estou aqui vez ou outra pra contar as minhas aventuras, andanças, meus momentos bons e over também para todos vocês. Como demorei muito para escrever preferi resumir o que aconteceu antes e trazer todos para a minha rotina mais atual.

    Onde começo? Bem como sabem na última parte eu estava na Ordem mantida lá dentro como passarinho na gaiola (Odeio isso, odeio, no more!), conheci o então famoso e carismático (#SQN) Jonathan, vampiro antigo, sábio, gato e que eu apelidei de elfo por parecer muito com um personagem do famoso e querido escritor J.R.R Tolkien, quem não sabe procure no google e logo vai ligar os fatos… Fiquei lá por algum tempo como índia na tribo sem acesso ao mundo conectado e sem acesso a muitos de vocês, fato que eu não curto muito também, mas acontece né galera, afinal temos também nossos compromissos e nossos problemas a resolver.

    Não vou ficar de delongas, afinal depois daquela parte não aconteceram coisas muito faraônicas ou bombásticas dentro da Ordem, no máximo uma discussão por que somos de uma teimosia enorme que chega a ser doença ás vezes… –“ Ao ficar na Ordem aprendendo vários novos truques, histórias e como conviver com um ser que saiu de um livro ( Não ele não saiu literalmente de um livro!) eu comecei a ver o quão egoístas e cegos todos nós deste lado da vida podemos ser… Lilian você está louca? Tomou sangue batizado com bost**? Não meus caros nada disso, eu comecei a enxergar e ver o mundo com outros olhos, comecei a ver os vampiros que convivo com outros olhos, comecei a ver os humanos com outros olhos e querem saber por que? Pelos simples fato do que o Jonathan e mais uma pessoa especial me falaram.

    Foi em um dia antes de irmos embora da Ordem e voltarmos para casa, eu, Daniel e Jonatahn, sim ele veio morar comigo, afinal tem coisa mais legal do que conviver com alguém como eu, assim cheia de personalidades e com o humor que varia com a cor da minha roupa? Brincadeiras a parte, ele veio morar aqui sim, para conhecer mais desse mundo novo, das novidades que o cercam, do jeito que ele deveria agir perto de vocês meus queridos, sim entre vocês, legal não? Mas foi neste dia em que eu estava a arrumar as minhas malas e com meu celular em mãos, finalmente, que ele veio abrir meus olhos – Lilian? – dizia o alto e imponente vampiro – Entre ó grande mestre! O que deseja? – claro que isto foi falado em tom de brincadeira da minha parte – O que desejo não posso fazer agora contigo, porém o que vim fazer aqui é te falar algo antes que voltemos para tua tão adorada terra e sua amada casa – lá vem bomba – Sim, por favor sente Jonathan, pode falar, estou toda ouvidos – Sentei então ao lado dele na cama e esperei o que pareceu uma eternidade para ele falar – Lilian, o que u vou te falar não vai ao todo lhe agradar, mas pode lhe ser bem útil – Quando começa com o seu nome inteiro e com “ não vai lhe agradar” já espere coisas negativas – Estou ouvindo… – porra desembucha essa caralha logo, pensei e ele ouviu, fez cara de desaprovação e continuou – Essa caralha que eu tenho pra lhe falar vai salvar a sua vida e a sua sanidade muitas e muitas vezes. Eu sei que a morte do teu amigo afetou o teu mais profundo, afetou a todos que conviviam com ele minha cara, não só você! – Ele falou palavrão graças a mim, que ótimo exemplo futurístico eu sou, enfim… – Pessoas e seres como nós vão e vem e a morte sempre vai ser a nossa maior inimiga Lili, a morte está a espreita mesmo de nós imortais, imagine então daqueles que não possuem o mesmo poder? –

    Eu sei que eu entrei em colapso pela morte do meu adorado lobisomem redneck, mas nenhuma perda é fácil pessoal e vocês sabem disso acho que melhor do que eu até, sendo muito honesta com todos vocês – Por mais fortes e ágeis que podemos ser Lili ainda não nos tornamos impenetráveis, apesar de alguns agirem como se assim o fossem… Mas isto não vem ao caso, o que quero realmente te dizer é que apesar da perda, apesar dos pesares, os que se vão estão provavelmente em um local melhor do que este terreno aqui e sabe por que? Por mais que a vida seja uma dádiva, tudo tem seu preço e acredito no mais fundo do meu ser, não perdemos a nossa alma, não perdemos a nossa essência e não perdemos acima de tudo o nosso caráter, mesmo depois de transformados. O único fator que pode ocasionar mudanças de temperamento e caráter nessa mudança nossa é o ego ferido ou o ego inflado devido a mudança corporal total que sofre um humano ao se transformar em vampiro – ele tem o dom de prender a atenção de qualquer um quando fala daquele jeito, todo educativo, todo positivo, todo sábio – Então digo que são poucos os que são vampiros por completo e sabe o motivo dessa minha teoria? – olha a minha cara de quem sabe – Está bem já que não sabe eu te falo, um vampiro que se prese, um vampiro que se dê o valor merecido não troca o seu caráter, não deixa a sua essência humana morrer por completo, não deixa o ego inflar e assim achar que é maior e melhor que as outras espécies… Não corrompe seres frágeis como humanos para o seu prazer ou por brincadeira… Que poder temos para trata-los assim? Que autoridade nós achamos que temos na vida desses seres? Nenhuma minha cara, eles são a nossa fonte de alimento, são, sempre vão ser e não é por isso que devemos trata-los como algum tipo de “menu”! Temos como nos alimentar de outras formas além da qual muitos estão acostumados, olhe a sua volta, não precisamos machucar o outro para nos alimentar, podemos adquirir através de várias outras formas o nosso alimento… – a pior parte ou melhor, não sei, era que ele tinha razão, não devemos machucar ninguém por luxúria ou ego inflado… Podemos aderir a bolsas de sangue e sermos felizes sem a consciência pesada, podemos matar apenas os que fazem mal ao próximo, no estilo power rangers! =X

    – Eu mesmo já matei muitos, já achei que poderia dominar todos e com o tempo, as coisas que passei, os tombos e as perdas que tive, percebi que as coisas não são bem assim pequena… Você ainda tem muito a apender, eu vou te ajudar na maioria, mas te deixo aqui um conselho, as perdas não tem que nos diminuir, nos afastar do mundo, elas precisam nos fortalecer pelos que foram e acima de tudo, por nós! Sempre lembre-se disso e do fato que podemos viver de outra forma, podemos manter nossa dignidade e podemos sim em nossa sabedoria ajudar o próximo, ajudar quem precisa, mesmo que a história nos diga para fazer o contrário, devemos pular os muros padronizados das sociedades que vivemos e mostrar que o mundo e nós mesmos podemos ser melhor e claro, ainda há amor no nosso coração congelado, afinal esse sentimento não precisa de um órgão batendo no peito para acontecer! – Fiquei no chão com tudo o que ouvi, foi como levar um tapa na cara e acordar para a realidade novamente.

    Jonathan saiu do meu quarto em segundos, eu fiquei ali com uma das minhas camisetas preferidas em mãos e por coincidência do destino a frase vale muito para o momento atual “ Just keep on Rolling under the stars!” pensando que tudo pode dar certo afinal, que tudo pode ser resolver e que as barreiras do sobrenatural não estão ai apenas para meter medo, elas podem ajudar alguns e abrir os olhos de outros.

    – Bora Lili? Só falta você! – era o Daniel me chamando, hora de ir embora… Cheguei no carro que nos esperava para irmos ao aeroporto, lá já vi um Daniel muito feliz e um Jonathan me olhando como se tivesse ganhado um prêmio – Vamos meus amores, maridos, amantes, sei lá como chamar essa nossa situação amorosa… – consegui tirar um sorriso do rosto do tão sério do lord vampiro – Com o tempo talvez  possamos definir isto, mas Daniel cada um na sua vez, nada de tudo ao mesmo tempo! – O Jonathan fez uma piada? Sim ele fez, por isso acredito mais ainda em uma amanhã melhor! RS Brincadeiras a parte, fomos embora para minha casa, confesso que estava louca de saudades do cheiro de terra e dos lagos aqui em volta.

    See you soon guys

    Ainda vamos contar quem matou o querido Steven.

  • Livro Ilha da Magia – As rotinas de um clã de vampiros

    Livro Ilha da Magia – As rotinas de um clã de vampiros

    Hoje inicia-se uma nova fase em meu livro, um momento no qual eu ainda vivia em Berlin e pela primeira vez fiquei a frente de meu clã. Uma responsabilidade imensa para um vampiro jovem e que com certeza influenciou para todo o sempre a minha existência.

    Sem mais delongas, segue abaixo os primeiros parágrafos, a primeira parte completa do capitulo pode ser lida no Wattpad.

    Muitas noites haviam se passado, o treinamento de Sebastian ia muito bem e inclusive ele já havia adquirido muitas habilidades, quando recebemos notícias de Georg e Franz. O navio que os havia levado até o Brasil retornara a Prússia trazendo algumas cartas para todos nós. Cada um de nós recebeu uma correspondência selada, inclusive Sebastian e ao que tudo indicava eram instruções e notícias para todos.

    A minha carta fora enviada por Franz que comentou em poucas palavras a viagem e a chegada ao Rio de Janeiro. Dizia que a viajem havia sido tranquila, porem as notícias vindas de Desterro não eram muito boas:

    “Acabamos de aportar no Rio de Janeiro e os Wampir daqui nos informaram que houve um aumento considerável na quantidade de rituais bruxólicos em Desterro. Ao que tudo indica tua família mortal está bem e não há necessidade de te preocupardes. Iremos para lá assim que possível somente para ter certeza que tudo está bem e para ver se conseguimos descobrir maiores detalhes de tais ritos nefastos.”

    Diante de tais palavras era impossível não ficar preocupado. No entanto o que me fez ficar preocupado de verdade foi o último parágrafo daquela carta:

    “Antes de sairmos às pressas de Berlin soubemos que existe um Wampir traidor em Berlin. Há alguém que simplesmente está sendo consumindo pelos poderes malignos e queríamos que tu fizesses uma investigação rápida. Não sabemos gênero, cor ou raça então isto será um trabalho difícil. Este é na verdade um pedido de Georg e tomes muito cuidado meu irmão. Vemos-vos em breve! Cuide de todos, pois tu podes! Lembra-te disto.”

    Ficamos por um bom tempo debatendo as notícias recebidas e o grande assunto da noite foi a questão do Wampir infiltrado. Eu de imediato pensei naquele velho rabugento do Achaïkos e foi quem desprendeu minha maior atenção nas noites em que se seguiram. Na verdade, podia ser até mesmo alguém do meu clã, ou pior ainda, Suellen….

  • 18+ Contos do vampiro e pirata Hector

    18+ Contos do vampiro e pirata Hector

    Foram muitos os pedidos e hoje nós iniciamos um novo livro de contos eróticos lá no Wattpad. Confesso, que relutei um pouco nas primeiras vezes em que nos pediram este tipo de material, afinal sou um cara/vampiro mais romancista. Todavia, há sempre aqueles que são mais intensos e procuram materiais mais “pesados”.

    O Hector, pirata vampiro e aliado de meu clã, já apareceu muitas vezes por aqui. É meu parceiro no projeto “escolhidos”, onde praticamos justiça pelas próprias mãos e dispensa maiores detalhes. Sobretudo, acho importante destacar o seu jeito determinado, acalorado e desprovido de filtros.

    Então se os vampiros te deixam excitada e tu tiveres um pouco de estômago forte para alguns detalhes sórdidos. Eu Ferdinand recomendo veemente que leia os contos eróticos do vampiro Hector, o Vampiro SAFADO.

    capa-pirata-safado

    Segue um trecho do primeiro conto: Cinco chibatadas 

    “20 minutos depois eu cheguei pelo lugar estava bem vestido e foi fácil entrar com meu amigo pela portaria do lugar. Subi alguns lances de escada e la estava a vereadora atrás de uma mesa fazendo pose. Obviamente ela tinha se arrumado e retocado a maquiagem, mas eu só consegui prestar atenção em sua camisa branca, que deixava parte dos seus fartos peitos siliconados a mostra…”

     

     

  • Lembranças de ano novo – Lilian

    Lembranças de ano novo – Lilian

    Esta semana meu querido Ferdinand requisitou que eu contasse alguma história minha de fim de ano e eu claro, adorei o pedido. Bom, vamos lá, teve um ano novo que decidimos fazer um inimigo secreto, mas o meu acabou tornando-se amigo secreto ou melhor amigo “colorido”secreto. Nas trocas de presentes, eu tirei o Tkusumi e brinquei com ele dando um kit para fazer sushis, e logo depois descobri que Trevor me tirou e acabou me dando um mapa da fortaleza da Ordem, com um X marcando onde era o quarto dele. Eu tonta, tapada não tinha percebido a cantada evidente, esperei um tempo e fui. Quando cheguei lá o quarto parecia um altar de tanta vela espalhada, a primeira coisa que me veio a cabeça foi “ tem algum culto que eu tenho que participar?”. Enfim, chamei por ele, e segui onde estava à voz, ele estava sentado em uma cadeira de couro, com aquele jeitão másculo de camisa preta e suspensório, lendo um livro. Eu perguntei das velas e a única resposta foi, “ É pra te enxergar melhor na escuridão”.

    Resumindo, eu já era atraída por ele e pelo visto ele por mim, e nunca tinha rolado nada além de abraços, amizade e respeito, até aquele momento… Eu não consegui nem argumentar o quanto aquilo era errado, que eu era uma mera aprendiz, ele era um mestre, só pude sentir o momento esquentando, até que nada mais importava além daquele momento. Porém a noite seguinte vem, ai você acorda e se depara com o teu mestre nú e você também e a maldita consciência volta e você solta um “Pqp”. Depois percebe que vocês cederam a tentação e chutaram o pau da barraca.

    Enfim, não posso reclamar, foi uma ótima virada de ano, e nós por muitas vezes cedemos a tentação, até que estabelecemos um limite e depois de pular algumas vezes os limites mestre/aprendiz, nós estabelecemos regras, que hoje são extremamente fáceis de se lidar, até por que o carinho é mais paternal do que romântico. Ambos tiveram e tem outros tipos de relacionamentos e isso não afeta em nada o que um sente pelo outro e também não rola ciúmes, vai rola sim, mas é raro.

    PS: Eu escrevi esse final de ano, exclusivamente por que recebi alguns e-mails perguntando se eu e o Trevor já tivemos algo mais intimo, bom ai está a resposta. Kisses and Happy New Year To You Guys!!!!

  • Servidão – Entre atos 2 e 3

    Servidão – Entre atos 2 e 3

    Ygor Pietro estava muito irritado. Não bastasse os erros de seu mais novo pupilo, o clã de Madame Scylla se recusava a aceitar um pagamento em espécie pela morte de um dos seus membros, Thomas E. Lloyd. Continuavam as negociações, mas a chance de o conflito, até o momento diplomático, tomar proporções militares era muito grande.

    -Me chamou, Pietro? -Uma voz feminina e calma veio da porta do salão em que o mesmo se encontrava sentado.

    -Sim, Emmanuelle, entre.

    Uma moça alta, perto de seus 30 anos de idade, olhos cinza e cabelos cortados rentes ao pescoço, em estilo militar, se curvou levemente em direção a Ygor Pietro.

    -Vejo que já está se preparando para o caso de as coisas saírem do controle com o teu irmão, não é mesmo Emma? -Comentou Pietro, os olhos fixos nas armas que a moça trazia presas ao quadril.

    -Você sabe como eu sou Ygor, e o que eu penso. Se eles querem guerra, então guerra é o que eles terão. -Respondeu Emmanuelle, a voz calma como sempre.

    -O que pretende fazer com aquele rapaz que nós capturamos?- Pietro começou a procurar pela ficha do rapaz, o âncora Daniel que, ao que parece, não se encontrava em juízo perfeito quando foi encontrado perambulando nas ruas, fugido da clínica.

    Emmanuelle alisou a parte superior de seu uniforme, desinteressada:

    -Klaus vai cuidar dele, senhor. Não tenho tido paciência para  com os humanos ultimamente, e receio que as minhas sessões de interrogação possam sair do controle.

    -Entendo. Mas não achas que o Klaus pode perder o controle bem mais cedo do que você, minha querida?

    Emmanuelle sorriu levemente, enquanto arrumava uma de suas armas no coldre.

    -Desculpe-me, senhor, mas acredito que Klaus já passou da época de perder o controle… eu, pelo contrário…

    -Está com sede, Emma? – Ygor se levantou e estendeu a mão para um cálice de cristal que se encontrava no canto da sala.

    -Um pouco. Não tive tempo de…

    -Muito trabalho, eu presumo? Klaus não tem lhe dado muita folga desde que tu voltou de Paris? Mas o que estás fazendo ainda de pé? Sente-se.

    Emmanuelle se sentou, como ordenado, e sorveu de um só gole o sangue frio do cálice que Ygor havia lhe estendido.

    -Então? Conte-me tudo, minha querida. Gosto de saber o que acontece no clã, principalmente quando eu estive um tempo fora…

    Os dois foram interrompidos por uma batida forte na porta, seguida pela entrada de Klaus, um homem na beira dos seus 35 anos, com um jaleco cheio de sangue, uma das mãos ensopadas com o mesmo líquido.

    -Senhorita Levours, sugiro que da próxima vez que empurrar uma de suas testemunhas para mim, certifique-se de que a mesma não vai me atacar durante as sessões. -Os olhos do homem estavam arregalados, um misto de surpresa e insanidade, os dentes a mostra.-Tu bem sabes que eu não possuo muita paciência para com essas crianças desmioladas de hoje em dia.

    Emmanuelle se levantou e sibilou, irritada:

    -O que tu fizestes seu monstro?! Não podes nem se dar ao trabalho de tirar essa roupa antes de vir falar conosco?

    Klaus fechou a porta de sí, os olhos adotando uma expressão divertida, sarcástica. Encostou-se na mesma, evitando a passagem de Emma, que roçou os dedos em uma de suas pistolas, em alerta.

    -Se bem me recordo, senhorita, eu não lhe dei o direito algum de se dirigir a mim de forma tão desrespeitosa. Aliás, me pergunto até quando essa raiva irascível vai durar, considerando que…

    -Não ouse.  -Sibilou Emmanuelle, o rosto em uma expressão de extremo incômodo.- Mantenha essa maldita boca fechada. Aquilo foi só um erro, não mais do que isso…

    Klaus começou a rir, uma risada baixa, controlada.

    -Um erro? Mas que curioso, eu jurava que na hora tu não pensavas dessa forma, considerando como a senhorita veio atrás de mim, desesperada por auxílio.

    Ygor Pietro, que ainda se encontrava na sala, se sentou novamente, entretido. Nada melhor que uma cena cômica que no final lhe revelasse a verdade a respeito daqueles dois, discutindo a sua frente.

    -Eu não sabia o que fazer homem. Mas ainda assim, penso que foi um enorme erro, e que o mesmo não vai voltar a se repetir. – Respondeu Emma, se aproximando da porta e parando na frente de Klaus. -Agora, se me der licença…

    Klaus estendeu ambas as mãos para cima, num gesto cômico de rendição:

    -Desculpe, mas estou um pouco cansado, e essa porta é tão sólida… Serve-me bem como apoio para as costas. Claro que, eu posso pensar em me afastar daqui se a senhorita se dispuser a falar a verdade.

    Emmanuelle soltou um palavrão baixo, em francês, e puxou a arma do coldre, encostando o cano da mesma na têmpora de Klaus, que apenas levantou a sobrancelha, divertindo-se ainda mais com a situação.

    -Semana da seca, pelo o que vejo?-Comentou ironicamente, ao mesmo tempo em que afastava a arma da própria têmpora, sem muita relutância.  -Há quantos dias tu não te alimentas direito, senhorita Levours?

    -Não é da tua conta, Klaus. Saia da minha frente, ou eu juro que te mato dessa vez.

    -Hm… Se bem me lembro, da última vez, tu me deixou em um estado bem lamentável… Mas que ainda assim foi até o meu quarto ver como eu me encontrava, cuidando de meus ferimentos, não é mesmo, senhorita?

    Antes que Emmanuelle pudesse responder, Klaus saiu da frente da porta, deixando-a passar.

    Alguns segundos de silêncio se estenderam enquanto Klaus retirava as luvas ensanguentadas e o avental, ficando apenas com a camiseta social branca e as calças pretas limpas.

    -Que cria mais complicada essa que tu veio a arranjar, não é mesmo, Klaus?- perguntou Ygor com um quê de divertimento na voz, enquanto o mais alto lhe apertava a mão, como de costume.

    -Nem me fale Ygor… Mas mais importante, como andam as negociações?

    Ygor Pietro suspirou, os olhos se fechando por alguns instantes:

    -Complicadas. O clã de Madame Scylla não quer negociar enquanto o assassino não estiver envolvido nas negociações. Chegou a tal ponto quê eles passaram as discussões para o nível militar, chamando Abdulah para tomar parte do problema.

    Klaus levantou os olhos das luvas que segurava, surpreso:

    -Abdulah? Tu não está falando de Abdulah, membro dos  Demônios do Oriente não é?

    -É dele mesmo que eu estou a falar, Klaus.

    -Mas então são três os clãs envolvidos até agora?-Perguntou o médico, curioso.

    -Precisamente. E eu estava para começar a discutir com Emma a respeito de que soluções tomar caso as negociações passem para o nível Bélico quando tu me aparece e estraga tudo. -Ygor criticou o mais jovem, que apenas sorriu, cansado.

    -Nós dois estamos cansados, a senhorita Levours e eu. Gostaria de passar umas férias na Bavária, com a moça, e tentar por lá mesmo resolver nossos assuntos…

    Ygor sorriu, cúmplice. Sabia bem aonde o alemão queria chegar.

    -Façamos o seguinte… Assim que essas negociações terminarem eu líbero vocês dois para uma viagem. Suponho que visitar a própria capital em missão não ajudou muito a Emma no quesito de férias…

    -Sinto dizer que não, Ygor. Emmanuelle não consegue se concentrar tanto quanto antes ao investigar os capturados, e passou a perder a paciência muito rápido, como tu podes ver agora.

    -Mas tu a provocou, não foi..-Ygor comentou, mais uma afirmação do que uma pergunta.

    -Parcialmente, sim. Mas eu estou apenas me esforçando para que ela me diga a verdade, e pare de mentir a respeito de nosso relacionamento. O problema, temo eu, é que não ando muito paciente tampouco.

    -Quando Ernst acordar, tu poderia vir até aqui me avisar, Klaus? É um favor que lhe peço.

    Klaus se levantou da cadeira, pôs as luvas de volta, e sorriu para o velho amigo, um sorriso honesto, sem brincadeiras ou piadas de mau gosto.

    -Certamente, senhor Pietro.

  • Girls night out – Pepe – Pt3

    Girls night out – Pepe – Pt3

    Desde que me tornei uma sanguessuga há meses atrás, minha vida virou do avesso. Claro, que não foi um avesso de forma ruim por completo, mas no sentido de que tive de mudar praticamente tudo o que fazia antes. O Fê já contou sobre minha transformação em: Transformação em vampiro, porém hoje eu resolvi dedicar uma parte de meu tempo livre para contar a minha impressão de tudo isso.

    Passados os dramas iniciais de minha transformação, eu precisei dedicar um tempo para me adequar à nova realidade. Tanto que resolvi abolir as roupas de pirralha revoltada e quase todos os meus piercings, salvo alguns estratégico, e adotei algo mais 30 anos, executiva e linda. Para ser honesta eu ainda tenho 23 e estava prestes a completar 24 e esse estililinho, que deixa alguns fulanos de queixo caído por onde passo, vai ajudar n os meus deveres. Aliás o Franz ficou de queixo caidinho quando me viu (risos).

    “Divando” a parte, eu troquei uma vida de infortúnios, onde eu não tinha uma família e vivia as custas de meus “freelas on-line” para algo mais honesto e em tempo integral. Digo honestos por que até agora não precisei invadir a conta de ninguém ou ficar produzindo Bitcoins feito uma loka em servidores zumbi. Como o FÊ já lhes disse eu curto essa coisas on-line. Tive minha primeira máquina em 99, quando doaram algumas peças usadas da AMD para o orfanato que eu vivia. Era a porcaria de um AMD Duron 1200 algo tosco para hoje em dia, mas foi aquilo que me ensinou tudo o que sei hoje.

    Ok, deixando meu lado nerd de lado, eu preciso dizer que passei por um aperto gigante ao ser transformada. Diz o Fê que não, mas eu acho que ele bebeu quase todo o meu sangue antes de me dar parte do dele. Enfim, foi bizarro cara! Morrer e voltar dessa forma é punk em muito sentidos doidos. Primeiro veio aquela vontade de beber ou comer algo e que não passava. Depois vieram as ânsias e até vomitei algumas vezes, por que aquela droga de sangue de vaca que me deram era insuportável.

    Depois da alimentação veio a adaptação com os novos sentidos aguçados. Adorei poder ouvir os cochichos, ver as coisas de uma forma mais nítida e poder sentir os cheiros ou as coisa na pele mais facilmente. Claro que passar perto de algum esgoto é horrível, mas não respiramos e isso é algo ainda inédito para mim. Isso e a falta de um coração batendo é algo difícil de explicar. Você sente muita falta dessas coisas quando vai dormir e é muito ruim estar sozinha sem esses barulhos tão banais do mundo humano. Cara, como foi difícil dormir nos primeiros dias.

    Depois que criei um pouco mais de noção dessas coisas simples do mundo dos vampiros o Fê me mandou passar um tempo com o tio Franz (ele odeia quando eu lhe chamo assim). Todos nós temos mais ou menos a mesma idade. Perto dos 25 e isso me ajudou a se adaptar. É divertido estar junto de uma galerinha que parece o grupo da faculdade para o resto da vida.

    Isso de resto da vida eu não assimilei muito ainda e nem o fato de que posso fazer algumas coisas que antes não fazia. Como ter mais força, ser mais rápida e as malditas transformações. Estou aprendendo a me transformar em loba e isso tem me tirado do sério as vezes. Não sou paciente feito o Fê ou o Seba, então estou tentando outros métodos indicados pelo tio Franz. Num deles ele quis por que quis que eu ficasse sem roupa nenhuma, mas isso também é outra coisa que não rola ainda. Ainda mais depois de tudo o que me falam dele. Por incrível que pareça ainda tenho medo de muitas coisas ne gente. Não sou do tipo que se joga de cabeça em certas coisas, prefiro meu canto e meu tempo e como tenho muito, acho que vou aprender tudo mais devagar. Leu isso né Fê?

    Sim, eu falei muito do Fê aqui e acho que é por causa do nosso vínculo. Só que eu preciso terminar meu relato dizendo o quanto ele tem sido querido, gentil e fofo comigo. Ele praticamente me adotou. Coisa que eu mais queria em toda minha vida e somente quem foi abandonado pelos pais ou passou quase toda a vida num orfanato longe de uma família é que vai me entender. Claro que eu tive uma espécie de sorte diferenciada, mas estou curtindo cada momento desta nova fase.

    Tanto que adorei ser chamada para esta nova missão junto das novas aliadas do clã: a Lili e a Becky e seja lá o que o Fê quiser que eu faça, eu farei com todas as minhas forças.

  • Girls night out – Becky – Pt2

    Girls night out – Becky – Pt2

    “Estou amarrada. Meu corpo todo dói e eu ainda podia sentir aquela maldita sensação. Minha visão está turva, mas posso ver a sombra de Erner caminhando em minha direção… – Minha pequena Becky…”

    Acordo assustada. Maldita insônia. Meu corpo tenso e a cabeça zonza. Eu ainda não havia me recuperado totalmente das últimas noites em busca da maldita Débora.  Levanto-me, lavo o rosto. Lá fora, o sol estaria forte naquele horário. Eu estava entediada e com aquele pesadelo, acabei por lembrar meu passado. Peguei os diários antigos de Erner e comecei a ler alguns trechos que já havia lido inúmeras vezes.

    “Alemanha, Agosto de 1932.

    A senhorita Rebecca, logo Sra. Erner, tem alcançado alguns progressos. Ela vem resistindo mesmo que lentamente às dores e as seções nas quais a submeto. Em seu pouco tempo como vampira tem demonstrado um bom desempenho, mas há muita coisa a ser feita. Sua mente ainda é fraca, a manipulo com facilidade. Ainda não sei se herdará meus poderes, mas preciso ter paciência, pois ainda é apenas uma tola menina e prefiro que não progrida tanto…”

    Eu lembrava-me bem, que meu tempo aos domínios daquele doente e extremamente demoníaco, havia sido duro demais. Porém, mesmo que naquela época tudo o que eu mais desejasse era ser livre, eu me esforcei para que com certa “obediência” pudesse aprender a controlar os poderes que adquirisse após ser transformada. Mas, não é tão fácil quanto parece, ainda mais quando aquele que deveria ser o seu mestre e treiná-la, só deseja torturar você e ver o seu sofrimento. É certo, como alguns de vocês sabem que um dos meus poderes é realizar a viagem astral, algo que desenvolvi sozinha após o vampirismo, mas que muitos humanos também podem e conseguem fazer. Só que uma das principais diferenças entre os vampiros e os humanos é que nossas almas já estão de certa forma, condenadas, por tanto, viajar por outras dimensões é um tanto quanto perigoso e traz suas consequências, por exemplo, perda parcial da memória, fortes dores, além do risco de minha alma não conseguir encontrar meu corpo novamente.

    Porém, o clã do qual Sr. Erner pertencia e na qual eu também deveria pertencer (mas precisei fugir), possuem poderes, que os possibilitam conseguir tudo o que desejam. Até onde sei, eles são  vampiros manipuladores. Mas, durante as décadas que passei com Sr. Erner, busquei em tentativas frustradas ser como ele era e aprender a controlar e manipular mentes, a causar dores e sensações terríveis em outros seres apenas com o pensamento, como ele fazia muitas vezes a mim. Mas, adquirir essas habilidades requer muitos anos de experiência e eu não aguentaria tanto tempo presa naquele porão. Então, após me livrar de Sr. Erner, me apossar de todos os bens que ele tinha e conseguir fugir, eu me virei bem. Porém, sem ajuda, amparo e orientação de alguém mais experiente, em muitos momentos precisei encontrar em mim mesmo formas simples para sobreviver, pois, eu era um ser diferente, descobri que era um pouco mais forte do que os humanos normais, mas quando precisava me alimentar usava artimanhas femininas e conseguia ser extremamente convincente para atrair “vitimas” ou conseguir informações necessárias.

    Já é fim de tarde, eis que meu celular toca. Deixo o meu momento “Remember” de lado. Quem seria?

    -Alô.

    -Oi Becky, está a fim de fazer algo?

    -Olá, Lilian? Eu ia mesmo te ligar. Eu, você e Pepe temos uma pequena reunião com Ferdinand esta noite.

  • Girls night out – Lilian – Pt1

    Girls night out – Lilian – Pt1

    24/05/1960 – 21h34m

    – Você acha realmente que poderá lidar com isso?

    – Come on T! Será que é tão difícil confiar em mim?

    – Não é uma questão de confiança Lili, isto é extremamente perigoso!

    – Se eu nunca treinar, como é que vou exercitar meus dons?

    – Seus dons precisam de treino emocional e físico!

    – Manusear uma katana precisa de emocional?

    – Minha cara, pare de ser ingênua e foque no necessário!

    Trevor , como sempre exigindo o máximo de mim, desde que eu me transformei em vampira. Meus primeiros dez anos nesta nova vida foram feitos por longos aprendizados, um deles era o controle sobre a sede, digamos que foi o mais difícil de lidar. Eu tive que aprender a meditar e controlar a vontade de saciar meus desejos vampíricos, aprendendo também a seguir  as regras da Ordem Vermelha ( Posso apenas dizer o primeiro nome do clã), lá me foi ensinada as técnicas de arte da luta japonesa, uma delas a minha especialidade o Kenjutsu ( Técnica da Espada) uma arte marcial clássica japonesa do combate de espadas. Eu domino oito dos mais antigos estilos do Kenjutsu, estes foram criados no século 15 e 16 na região de Kyoto e mantidos dentro da Ordem, cultivados e repassados aos mestres e seus aprendizes. Dizem que essa arte foi passada para um vampiro antigo, o merecedor do aprendizado, o mesmo foi agraciado com a dádiva de aprender com os oito monges criadores  da arte da espada, dando inicio a criação da Ordem.

    Nossos mestres tinham o dever de nos preparar para muitos tipos de combate além do principal citado a cima. Tínhamos que provar diariamente que poderíamos ser soltos no mundo após o treinamento completo. No nosso clã, você é preparado para o mundo após renascer como um ser da escuridão, sendo treinado e guiado, até que venha a certeza de que atingiu a evolução física e emocional necessária  para lidar com essa nova vida sozinho e fora das fortalezas da Ordem.

    Uma vez liberado, você é marcado para sempre com o guia espiritual do clã através do Tebori ( Tebori  é a tradicional arte de tatuar manualmente o corpo ) com a marca do Dragão Vermelho nas costas ( O Dragão Vermelho  simboliza o poder e a valentia, o heroísmo e a perseverança), eu fui treinada durante trinta anos antes de receber a grande chance de sair para o mundo e mostrar aos meus mestres que eu era merecedora da confiança deles.

    Eu aproveitei para viajar e conhecer o mundo durante cinco anos, acabei conhecendo outros tipos de artes marciais, culturas, vampiros de que ainda mantenho contato, nunca saindo do que me foi ensinado, mantive as regras e contribui para o meu crescimento como vampira.

    Após estes cincos anos, voltei ao local no qual a Ordem fica localizada, estava sentindo falta do meu mestre e grande amigo (praticamente a minha figura paterna vampírica). Uma vez que voltei ele me propôs ir morar em um pais da Latino America, lá ele tinha alguns amigos e eles ajudavam vampiros na mesma situação que eu, ou que apenas precisavam ser guiados. Ele queria que eu ajudasse, e claro que aceitei e segui Trevor  começando uma extensão da Ordem.

    2014 – 22h45m

    Era uma típica noite de segunda-feira, eu podia ouvir Dani e Trevor discutindo sobre alguma coisa relacionada aos novos membros que estavam em treinamento.

    – Dani você as vezes parece uma criança teimosa!

    – Se eu sou uma criança teimosa, você é um típico velho rabugento.

    – Eu tento lhe falar para manter as técnicas da Ordem e guiar os mais novos através deste meio! Ponto final Dani!

    Eu tentei por muitas vezes explicar que por mais que fossem “recém nascidos” ou vampiros que precisavam de algum tipo de ajuda, eles eram adultos pensantes e com opiniões. Mas vai tentar discutir isso com dois vampiros com mais de quatrocentos anos… Total perca de tempo. E eu estava totalmente entediada, precisava sair para tirar o tédio da minha cola, resolvi então pegar minha katana,( ela fica escondida através de um efeito de espelho criado por um mago conhecido por nosso clã, a espada não aparece aos olhos humanos e nem aos não humanos, ela aparece apenas quando está em uso), liguei meu carro, um Charger 1970 preto e reformado (Claro) e então resolvi conhecer uma das vampiras do clã do Ferdinand, alguém que me foi muito receptiva e simpática ao me conhecer.

    – Alô?

    – Oi Becky, está afim de fazer algo?

  • Como eu encontrei o Ferdinand

    Como eu encontrei o Ferdinand

    Era uma típica noite em que eu decidi sair pela cidade, queria ver algumas pessoas e ficar um pouco sozinha, afinal eu moro em um apartamento com mais dois vampiros homens e eu sendo a única “mulher”, ainda tenho minhas necessidades femininas que incluem,  ler um bom livro, ir ao shopping gastar um pouquinho, as vezes assistir algum novo filme, ir a alguma exposição ou relaxar vendo um bom stand up. E nesta noite em particular, eu decidi mudar um pouco a minha rotina “feminina” e fui até um pub bem conhecido em uma das travessas de uma famosa avenida. Eu sempre gostei muito da diversidade de pessoas, estilos, os vários tipos de culturas que se misturam a noite nessas típicas travessas da avenida, pelo menos lá eu não me sentia tão “A estranha no ninho”.

    Esse pub em particular, apesar de estar muito cheio, era um lugar agradável, lembrava-me alguns pubs de Londres, com os banquinhos de madeira, o bar era bem rústico, exibindo vários tipos de cervejas e outras várias bebidas. Sentei-me em um canto mais discreto no balcão, pedi uma taça de espumante para disfarçar e fiquei ali, sentada, apreciando o lugar e como os humanos interagem.

    Após creio que uns quarenta minutos, senti uma forte presença aproximando-se, realmente muito forte, um vampiro antigo, e para minha sorte naquela noite eu decidi que não era necessário nenhum tipo de proteção… Eu sentei de uma forma mais ereta e comecei a me preparar para sair dali e sumir o mais rápido possível, só que a minha tática foi em vão, pois o tal vampiro sentiu minha presença (creio que ele sentiu a minha presença bem antes que eu percebesse a dele) e entrou no local que eu estava, alto, imponente, forte (lindo), parecia até que ele tinha saído de algum filme da época medieval. Cabelos longos despenteados, barba por fazer e vestido de forma simples:  jeans, camiseta preta surrada, allstar velho e carregando uma jaqueta de couro e um capacete vintage.

    Confesso que dentro de mim eu não sabia o que fazer, eu não sabia se acenava a cabeça como quem diz “E ai somos do mesmo time”, se eu pegava e saia dali correndo, ou se eu dava um abraço.  Minha primeira opção foi dar no pé, mas como nem tudo sai do jeito que a gente deseja, quando eu me levantei um pouco na cadeira, ele em questão de segundos virou o rosto para mim e me penetrou com aqueles olhos azuis e pensando algo do tipo: “ Boa tentativa, mas não”. Em minha cabeça eu só conseguia pensar “ Fuck, fuck, fuck, fuck”, e sentei de volta e esperei ele vir até mim.

    – Boa noite senhorita.

    – Boa noite.

    – Minha cara, o que faz alguém como você, sozinha, sem nenhum tipo de proteção aparente e em um lugar como este?

    – Creio que hoje eu deixei a inteligência em casa e esqueci que o mundo ainda continua um lugar perigoso…

    – Ah gostei do teu sarcasmo, e não eu não vou lhe fazer mal.

    – Eu tenho o dom do sarcasmo e ironia quando estou em uma situação como essa, me desculpe.

    – Situação como esta?

    – Com medo e um pouco de receio.

    – Como te disse, fica tranquila, não sou nenhum sádico.

    – Que bom, porque desse tipo eu já tenho até doutorado. Enfim, onde está minha educação? Prazer Lilian.

    – Doutorado? Interessante… Mas ok as formalidades… Prazer em te conhecer Lilian.

    – Prazer em te conhecer também…….

    – Ferdinand.

    – Ferdinand, um nome antigo e creio que Europeu?

    – Sim… Conheces a Europa pelo visto?

    – Sim, mais do que gostaria.

    – A curiosidade é uma virtude e um defeito que tenho, conte-me mais. Estou até pensando em arrumar uma banqueta e sentar-me ao teu lado se não for incomodo, é claro.

    – Imagine, não quero desperdiçar teu tempo com minhas bobagens. Alguém como você deve ter muito mais com o que se preocupar…

    – Tempo? Querida, o que eu mais tenho é tempo! Adoraria ouvir tuas histórias.

    – Se não for problema, e se você não for me prejudicar, vai ser um prazer lhe contar.

    – Te prejudicar? Por um acaso você vai me bater ou algo do tipo?

    – Não tenho motivos aparentes…

    – Então não há nada que te impeça de começar a falar…

    – Você é bem insistente e persuasivo…

    – É um dos meus dons.

    Depois disso, comecei a contar tudo o que havia passado para Ferdinand e ele foi muito gentil ao me ouvir e entender o que havia passado. Foi um gentleman por todo o tempo que ficamos lá e confesso que me senti mais a vontade e também um pouco mais segura perto dele. Não por ser extremamente forte, mas por ter tido a paciência e por ter me aconselhado em muitas coisas, coisas pelo qual levo muito em conta hoje em dia.

     

  • A garota perdida – pt1

    A garota perdida – pt1

    Algumas semanas atrás outra vampira entrou em contato conosco, achei a história dela bastante interessante e segue abaixo seus relatos. Obviamente, já nos encontramos pessoalmente, mas isso vai ser contato em partes, afinal acabamos de virar aliados. Bem-vinda Lilian!

    Teria sido apenas um sonho, ou uma mera lembrança do timbre que a voz dele trazia…  Tentei não vislumbrar qualquer recriminação pela ótima e ao mesmo tempo, péssima experiência que havia passado.

    Mas antes que eu chegue a esse ponto, deixe-me contar quem sou e por hora apenas direi meu primeiro nome, Lilian. Tenho vinte e um anos, alias, parei de viver nessa idade. Confuso não? Eu explico, eu era apenas mais uma mulher comum na década de cinquenta, fadada a casar, ter filhos e ser uma ótima dona de casa. Confesso que nada disso me agradava, por mais que fosse algo pelo qual eu fui criada. Meus pais eram conservadores, de uma típica família americana, ligada aos deveres do marido e os da esposa.

    Eu tinha um pretendente, um homem cobiçado por muitas, menos por mim… Ele era o típico milionário bonitão, “ The handsome guy”, o cara perfeito para gerar uma família. Minha mãe falava sem parar em como eu era sortuda por ter alguém assim para o resto da vida, “Deus como eu odiava aquilo”. Toda vez que eu o via eu sentia náuseas, e posso te afirmar que não eram de emoção e sim de raiva, não era de raiva do pobre Matt, mas sim dessa situação toda e eu nunca fui do tipo que se sentia atraída por homens daquele tipo. Enfim, um ano antes do meu “Casamento feliz”, eu conheci um jovem pintor, vindo de Paris, que adorava pinturas, obras de arte e tirar fotografias. Naquela época, não era como hoje, fotos eram difíceis de tirar; não era apenas pegar o smartphone, dar um sorriso e fazer um “selfie” pra postar nas redes sociais, era algo mais complexo que isso, mas não há necessidade de entrar neste contexto agora.

    Pierre era esse o nome dele, com aquele sotaque francês tentando dialogar o inglês americano. Como eu adorava o som da voz melódica dele, o sorriso branco e um pouco assustador, os grandes olhos verdes cheios de mistério, aquela segurança sobre tudo, nada parecia assusta-lo. Eu ainda jovem, fascinada por aquele homem, pelas belas palavras dele a cada conversa comigo ou em grandes grupos. Era delicioso sentir o longo cabelo castanho dele perto do meu rosto toda vez que ele teimava em tentar roubar um beijo meu. Tola…

    Em um breve resumo, após seis meses convivendo com ele, entre os amigos, festas de família, idas ao cinema e escapando pela janela do meu quarto no meio da noite. Claro eu era jovem e adorava fugir para me aventurar com os amigos, era muito comum isso na época. Eu criei uma forte amizade com Pierre, mas nada, além disso, mantinha minha postura de mulher comprometida, por mais que eu ficasse longe do meu suposto noivo a maior parte do tempo e quanto estávamos juntos, digamos que nada de produtivo ou divertido acontecia. Até que então eis que chegou o jantar de noivado, eu me arrumei com a ajuda da minha mãe, coloquei o melhor vestido, fiz a melhor maquiagem, que naqueles tempos eram usados os delineadores (o Olho gatinho que muitas hoje ainda usam e adoram), o famoso batom vermelho e um pouco de blush, eu tinha a pele branca e precisava deixar com uma aparência uma pouco mais saudável. Quando desci, recebi com toda cortesia  os convidados, sorri o tempo todo ( o sorriso mais falso e infeliz que poderia existir), e ingeria aos poucos o vinho branco na minha taça. As duas famílias socializavam, todos felizes, o meu noivo sendo paparicado por todas as minhas “amigas”, e o pior era que, aquilo não me incomodava, o que realmente me deixava ansiosa era que Pierre não chegava nunca. Eu tentei disfarçar o máximo a minha ansiedade e a falta que ele me fazia, esses sentimentos já estavam me  incomodando. Eu tomei uma taça cheia do vinho branco sem perceber, e quando  estava desistindo e deixando a esperança de vê-lo, eis que seus longos dedos tocam as minhas costas, e quando olhei para ver quem era, lá estava ele e toda sua grande presença.

    – Você está realmente linda Lili…

    – Pierre! Que bom que veio!

    – Apesar de ser um evento triste até onde eu sei,  não perderia por nada.

    – Está tão obvio assim?

    – Aos outros não, para mim, está mais que obvio!

    Aquelas palavras caíram nos meus ouvidos como flechas acertando o adversário, machucando cada membro do meu corpo. Por um instante eu senti minha respiração falhar, ele tinha razão, era um evento triste pra mim, o que eu estava fazendo? Poucos meses do casamento e ainda não sentia nenhum tipo alegria, nenhum tipo de alivio, o que eu mais sentia era medo, tristeza, incerteza, coisas que uma mulher prestes a casar não deve sentir, muito pelo contrario, isso não deveria existir no coração de alguém que vai unir a vida com outra pessoa. Eu mal conversava ou tinha qualquer tipo de ligação com o Matt, apenas falávamos sobre coisas banais, mal nos tocávamos, e ele parecia tão infeliz quanto eu, e disfarçava mais do que eu.

    – Lili?

    – Pierre, o que eu estou fazendo?

    – Querida, se eu soubesse eu teria evitado todo esse “circo” bem antes.

    – Circo?

    – E não é? Ou diria mais para um grande drama teatral, no qual, ambos os personagens principais estão fadados a miséria da alma e a falta de amor.

    – Meu Deus…

    – Deus não é resposta Lilian… Você está prestes a cometer o pior erro da sua vida.

    Aquele jantar, sem dúvida, foi uma das piores noites da minha vida, ainda mais após a conversa com Pierre. Eu consegui apenas fingir estar bem, enquanto tudo que eu queria era corre dali e gritar o máximo que eu pudesse. Mas o maior medo era decepcionar meus pais, minha família, naquela época decepcionar a todos teus parentes não era uma opção e quando falam que a mulher não era tão oprimida, acreditem, nós erámos sim.

    O grande dia ( miserável dia), chegou, era uma linda noite de inverno, tão linda quanto meu querido Pierre, que parecia cada vez pior com a chegada do meu casamento. Eu estava com o vestido de noiva mais lindo, bem costurado, com cristais, a longa calda, a renda branca contornando meus ombros e descendo gentilmente pelos meus braços. O lindo enfeite de diamantes da minha mãe enfeitavam meus longos cabelos escuros  que desciam em cascatas até minhas costas. Eu me sentia linda, mas não estava linda para o homem que eu realmente amava. Quando me olhei no espelho, algo me disse, “Lilian, isso está errado, muito errado”.

    – Querida? Estão todos te esperando. Está na hora.

    Ah mãe, que saudades da sua voz, e lembrar que aquele dia foi a primeira vez que você ficou do meu lado e não ao lado da hipocrisia da sociedade. No momento que a minha mãe encontrou meus olhos, ela percebeu, como qualquer outra mãe, que eu não estava bem, que tudo, aquela situação, estava me matando aos poucos. E com um longo abraço, ela pela primeira vez me falou algo que eu não esperava.

    – Lilian, minha filha, a última coisa que te desejo é infelicidade… Hoje era para ser um dia especial e de alegria para você e a única coisa que eu vejo nos teus olhos é desespero e duvida. Não quero isso pra você porque…

    – Por quê? Mãe?

    – Por que a infelicidade tem sido minha companheira desde que me casei com seu pai. Você foi a única alegria da minha vida. Não se permita a miséria da existência, apenas se permita a alegria plena da vida!

    – Você é incrível mãe!

    – A decisão é sua Lili. Eu te amo querida.

    Pode parecer clichê, mas eu caminhei até o altar, e lá eu vi um Matt tão aflito quanto eu, e de pé na saída a minha direita, vi Pierre, a feição dele era pura tristeza, ele não estava dentro da igreja, apenas do lado de fora, como se estivesse vendo um velório.

  • A Revelação: a história de Rebecca – Parte I

    Bom inicialmente, peço desculpas aos leitores pela demora. Ferdinand entrou em contato comigo faz alguns meses, e só neste momento consegui parar para lhes contar um pouco mais sobre essa longa história. Conforme havia prometido ao meu querido Ferdinand, ai está. Espero que gostem!

    Quando senti que meu corpo recobrava a consciência novamente, mantive os olhos fechados. “- Becky… Becky!”. Minha mãe? Eu podia ouvir sua voz me chamando. Mas, eu sabia que era apenas minha imaginação, “ele” brincando com minha mente novamente, fazendo me sentir uma marionete. Afinal, eu não poderia lembrar sua voz. Nem cheguei a conhecê-la. Permiti que meus olhos abrissem. Por mais um longo tempo, permaneci olhando em direção à parede, observando todo aquele sangue que o manchava. Eu ainda podia sentir as dores, os cortes e as torturas que passei nos últimos cinco ou… vinte dias que permanecia ali? Não sabia ao certo por quanto tempo estava passando por tudo aquilo e, por quanto tempo ainda teria que suportar. Ele parecia se divertir, ao destroçar cada parte de meu corpo, esperando ele se regenerar para iniciar o processo outra vez. E eu percebia que a cada sessão, este se recuperava mais rápido. Após os processos, ele me alimentava e então, se apossava de meu corpo, fazendo com que todo o meu ódio e dores tornassem-se prazer. Um prazer que eu não tinha poder de controlar.

    Acima de tudo, minha mente oscilava em sentimentos de repugnância e atração e eu já não conseguia definir o que aquele homem era para mim. No entanto, apesar de entender o que estava acontecendo e no que eu estava me tornando, não conseguia compreender por que estava acontecendo comigo e onde tudo havia começado.  Ele me observava tentado deduzir o que eu estava pensando. Então, caminhou até onde eu estava. Jogada e encolhida, como o resto de alguma coisa. Erguendo-me, me levou para o quarto em que eu lembro ter acordado inicialmente. Em seguida, senti por alguns minutos a água quente sobre meu corpo frio, suportando suas mãos sobre mim. E após aquele banho, deitou-me na cama dizendo que era hora de descansar… Eu devo ter dormido por uma semana inteira. Ao acordar, percebi que ele permaneceu ali, sentado na poltrona ao meu lado, esperando que eu acordasse.

    -Olá, minha pequena. Não se preocupe. A pior parte do processo acabou…

    Sentando-me, perguntei lentamente:

    – Não sei se devo perguntar o que vêm daqui para frente, não é?

    -Bom, digamos que há um longo caminho. Mas, por enquanto posso dizer apenas que estarei ausente por uns dias. Não tente fugir, pois não achará o caminho de volta. Deve ter consciência que sua vida anterior acabou e que agora terá uma nova vida! A casa estará a sua disposição, mas cuidado com o que mexer e aonde vai, posso estar fora por uns dias, mas saberei exatamente sobre todos os seus passos….

    Ele saiu do quarto, sem se despedir. Não sei por qual razão esperei que se despedisse. Odiei-me por tais expectativas. Então, afundei-me no travesseiro, e na escuridão do quarto me vi uma prisioneira eterna.