Tag: lobisomens

  • Estranhos e loucos – pt1

    Estranhos e loucos – pt1

    Em outra noite, enquanto navegava pela internet e respondia alguns e-mails, recebi uma ligação do meu big boss, como sempre, tive que fazer uma piada ao atender.

    – Ual, recebendo ligações tuas?

    – Lili te ligo quase sempre, tonta!

    – Diga Fê, a que devo a honra?

    – Piadas a parte querida, preciso da tua ajuda.

    -Minha ajuda? Então devo esperar alguns confrontos.

    – Claro! Quem melhor para chamar?

    – Ok boss. Time and place!

    Após receber todas as coordenadas do Ferdinand, arrumei uma mochila com roupas e tudo que fosse precisar, claro, minha preciosa katana e esperei a noite seguinte. Logo que escureceu, segui até a cidadezinha onde seria o local do nosso encontro.

    Estacionei o carro que havia alugado e esperei pela chegada de Ferdinand, minutos depois  ao longe conseguia ouvir o forte barulho de uma moto se aproximando, logo presumi que fosse ele. Sai do carro e fiquei encostada, pude apreciar a chegada dele e ser recepcionada com um sorriso.

    – Olhe para você magrela, com todo este cabelo rosa!

    – Se isso for um elogio Fê, eu aceito!

    – É um elogio! Combinou com você.

    – Muito obrigada! Adorei a jaqueta by the way.

    – Vintage minha querida. Venha cá, deixe lhe dar um abraço.

    Terminado os cumprimentos e com a conversa em dia, ele finalmente me explicou o motivo do encontro. Ferdinand precisava ajudar um antigo amigo por nome Carlos. Um cacique que pelo que entendi era também um Lican. O mesmo estava preocupado com alguns sumiços estranhos, pessoas de sua aldeia ou da região, que simplesmente desapareciam sem deixar rastros. Se nem mesmo um Lican índio encontrou rastros, tire suas próprias conclusões.

    – Infelizmente não poderei ir. Inclusive já estou atrasado para uma reunião com o pessoal da Mão vermelha. Por isso deixo isso em suas mãos. Ficará como um favor pessoal ente você e eu.

    – Não vai se decepcionar, fique tranquilo.

    – Ah mais uma coisinha… Leve este amuleto contigo, é uma Ônix especial, vai te trazer proteção e talvez um pouco de sorte.

    – Muito obrigada Fê.

    – Sempre que precisar. E por favor, mantenha-se intacta, eu não gostaria de dar más noticias ao Trevor.

    Dizendo isso, Ferdinand voltou a sua moto e seguiu seu destino. Enquanto eu permaneci ali com um mapa cheio de coordenadas, um amuleto, uma mochila e um carro alugado, que aparentemente não me ajudaria em nada no meio da mata. Sim, no meio da mata. Afinal eu teria que chegar à tribo do Carlos.

    A caminhada até a aldeia me tomou três horas e ao me aproximar do local, senti uma presença sorrateira e que me analisou minuciosamente. Entre as folhagens e a escuridão da mata, consegui ver dois grandes pontos iluminados chegando cada vez mais perto de mim. Por precaução deixei uma das minhas mãos preparada em cima da katana e a outra livre para me proteger. Dei um passo a frente, vi que os pontos pararem e ficaram ali, como se esperasse um movimento meu. Mais um passo e retirei a minha espada da bainha, outro passo e eles sumiram. Na verdade os pontos sumiram e a sensação não.

    Esperei com a guarda alta. Imagine, iria me encontrar com um Lican desconhecido e aparentemente o líder da tribo, seria loucura achar que deveria ficar tranquila com esse fato. Mais alguns minutos e vejo a folhagem mexer, ainda empunhando a espada esperei cautelosamente, como felino analisando sua presa.  Desta vez eu escutava passos, passos humanos, conseguia sentir o cheiro, um cheiro nada agradável, diga-se de passagem. Vi uma forma humana, e que forma humana.

    Finalmente fiquei frente a frente com ele, o famoso Carlos. Alto, forte, de abdômen definido, bronzeado, longos cabelos negros que desciam até as costas, olhos escuros como se fossem duas pérolas negras. Trajado de o que me pareceu alguma folhagem para esconder sua partes intimas, as orelhas furadas com um adorno que, ao meu ver, pareciam alargadores indígenas. Estampando um grande sorriso ele veio  ao meu encontro e me deu um grande abraço, senti os músculos do corpo dele e  devo confessar, me senti até que bem, tirando aquele cheiro de tapete molhado. Ele me colocou no chão e ficou quieto, me olhando por alguns segundos, até que finalmente falou algo.

    – Olá! Você deve ser a Lilian!

    – Oi! Prazer Carlos.

    – Bem que o Ferdinand me falou que era linda.

    – Ah obrigada…

    – Ele apenas não me falou sobre o cabelo colorido e dessa “altura toda”.

    – Ah detalhes. Pois bem, aqui estou.

    – Aqui está! Desculpe ter te analisado antes, precisava ter certeza que não era ninguém com más intenções.

    – Tudo bem Carlos, eu te entendo.

    – Bom senhorita Lilian, vamos até a minha tenda. Lá poderá ficar mais a vontade e quem sabe retirar esses panos estranhos, que vocês da cidade usam.

    – Eu estou bem assim…  Não me incomodo de ficar vestida.

    – Não! Tem que usar algo menos ridículo, se não o povo da aldeia vai estranhar muito.

    – Valeu pelo ridículo!

    – De nada! Venha querida, venha.

    Apesar dos pesares e das minhas roupas “ridículas”, que, aliás, eu não tirei. Carlos foi receptivo e me guiou até sua tenda, a mesma estendia-se até uma larga e profunda caverna, lugar no qual eu passaria meu dias longe do Sol. O mesmo disse que iríamos começar as buscas na noite seguinte após um ritual de proteção indígena. Consenti  com a cabeça, seguindo em direção aos meus novos aposentos.

    Não sei o que nos espera, fico em dúvida se vou conseguir ajudar Carlos e deixar o Trevor e Ferdinand orgulhosos. Apenas sei que no fundo desejo ajudar todos e salvar as vidas em perigo.

  • Minha família de Vampiros – Continuação

    Minha família de Vampiros – Continuação

    Sai da casa de Eleonor com a consciência tranquila. Pois assim como ela havia me ajudado nas épocas em que meu demônio estava a flor da pele, eu fiz a minha parte lhe devolvendo um pouco de sanidade. Pode não ter sido da forma mais fraterna, mas se há algo que aprendi depois de tanto tempo lidando com os mais diversos tipos de almas. É que tudo o que é importante, deve ser tido sem delongas, na cara mesmo.

    Pista de terra, solavancos, pancadas de um lado e de outros na poltrona. Apesar de imortal e de ter tantas horas de voo nas lembranças, é um dos lugares onde me sinto menos confortável. Provavelmente pelo fato de ser uma situação onde não tenho o controle em minhas mãos por completo. Apesar disso, pousamos pouco depois das duas da manhã numa fazenda e assim que as portas se abriram, vi que já estavam nos esperando.

    Habitualmente, sempre ativo minha respiração ao chegar a locais novos e naquele momento senti um perfume persistente e adocicado. Provavelmente, floral e que misturado ao cheiro da grama com terra molhada, trouxe diversas lembranças instantaneamente.

    Claire vestia o mesmo sobretudo bege da última vez que lhe vi, estava bem maquiada e segurava um guarda-chuva grande. Sua feição era amistosa e ao que tudo indicava estava feliz em nos ver. Hadrian e Becky estavam ao seu lado e logo a frente, encostado a um furgão estava um cara grande. Provavelmente algum peludo aliado a mão vermelha – Pensei comigo.

    -Hi guys! Did you have a nice trip?

    Perguntou Claire e lhe respondi em inglês algo do tipo:

    – Não, mas ao te ver tudo melhorou…

    Ela apenas sorriu e com seu jeito sempre peculiar me estendeu o guarda-chuva e ofereceu abrigo até o carro. Hadrian estava utilizando uma espécie de magia sobre si, que o mantinha seco e ao perceber que Franz ficaria ao relento, gesticulo dois movimentos e estendeu-lhe o mesmo feitiço.

    No carro ele se sentou ao meu lado e sussurrou:

    – Eu podia ter feito uma redoma de proteção contra chuva sobre todos, mas resolvi te dar uma mãozinha. Será que ela percebeu?

    Soltei uma risada leve e pensei em comentar algo, mas Franz foi mais rápido soltou um comentário desnecessário:

    – Esse sobretudo me faz pensar se ela veste algo por baixo…

    O silêncio surgiu, todos olharam para ele. Como que se falássemos: “Cala boca seu mané”, mas ele insistiu na piada:

    – Ah qual é gente, vocês nunca viram aqueles filmes, onde a garota usa um desses para esconder um belo espartilho, cinta liga e tal?

    As palavras dele pareciam ecoar numa sala vazia, mas a fim de quebrar o gelo. Claire se manifestou de uma forma mais informal que o normal:

    – Calcinha preta, sem sutiã, meia calça nude e um vestidinho marrom escuro, decotado e com cinco dedos acima dos joelhos.

    Não sei se foi Franz ou eu, que teve a imaginação mais atiçada diante tal descrição minuciosa, mas o importante é que o restante da viagem foi bastante descontraído. Foram mais 50 minutos até o local que nos hospedaria e lá encontramos novamente o Pai de Claire. O velho parecia mais tenso do que quando o conhecemos naquele casebre “fake”. Além disso, parecia que estava de alguma forma puto com nossa presença. Tanto que ele apenas deu um beijo no rosto de Claire e sem nos cumprimentar, foi logo chamando o até então mudo, que estava conosco na Van:

    – Vamos Peter, precisamos dar andamento aos testes…

    -Sim, senhor!

  • A magia e os vampiros – pt8

    A magia e os vampiros – pt8

    Tempos atrás contei aqui a história de quando alguns integrantes da “Labraid Lámh Dhearg” vieram atrás de Hadrian. (ver A magia e os vampiros) Onde inicialmente eles quiseram levá-lo a força, e por fim depois de terem quase sucumbido aos poderem do jovem mago/vampiro, decidiram “pegar leve” e fazer tudo amigavelmente.

    Ao longo da história tivemos conhecimento de muitas sociedades, grupos ou reuniões secretas com objetivos variados. Muitas delas foram ou são na verdade apenas confrarias de cavalheiros reunidos em prol do bem mútuo, porém algumas delas são realmente em prol de algo além da realidade cotidiana.

    Como é o caso da Labraid Lámh Dhearg, cujo um de seus objetivos é a proteção da sociedade diante tantos seres sobrenaturais a solta mundo a fora. Inclusive, há quem diga que eles possuem relações próximas com a igreja católica ou com outros grupos, como aquele fundado por Christian Rosenkreuz, mas isso não vem ao caso agora.

    – Pow maninho tu não perde essa mania de usar os pulmões como um reles humano?

    Disse-me Franz assim que desembarcamos no porto de Londres e depois de eu mencionar que o cheiro do lugar me era repleto de lembranças.

    Para nossa alegria não tardou e ao longe era possível sentir a presença de nosso amigo. Ele trajava um manto vermelho escuro, que cobria todo o seu corpo e o capuz deixava apenas sua barba à mostra.  Para ser bem honesto a chegada de Hadrian me lembrou de algum filme noir. Onde o cara anda em câmera lenta, tendo ao redor de si um ambiente com poucas luzes e terrivelmente sombrio, em função da tradicional neblina da região.

    Déjà vu a parte, Hadrian se mostrou feliz em nos ver. Seu semblante transmitia cansaço, mas apesar disso estava bastante animado com nossa chegada. Tanto que estava com um taxi pronto para nos levar há um dos pubs mais badalados da cidade.

    Nesta noite colocamos os papos em dia, Hadrian nos contou de sua estadia Londrina e do quanto estava com saudades do Brasil. Eu aproveitei para ouvir todas as suas histórias e Franz garantiu as boas-vindas ao conquistar algumas garotas para o “after” no hotel.

    Por falar em hotel, fui acordado com alguns empurrões. Não foi um susto, mas assim que abri os olhos percebi que estava seminu e sentado na poltrona ao lado da cama. Para a minha alegria eu não estava sonhando e quem me trazia de volta ao mundo dos acordados era aquela beldade de bumbum empinado, chamada Claire…

  • A bruxa sumiu – Parte final (e-book)

    A bruxa sumiu – Parte final (e-book)

    Sequestros são crimes delicados, que geralmente levam tempo e precisam de muita paciência por parte dos investigadores. Tudo isso fica ainda pior quando a vítima é uma Bruxa, envolvida com seitas satânicas e os investigadores são vampiros centenários, em busca de aventuras para suas noites rotineiras. Envolva-se nesta nova saga repleta de mistérios, seres sobrenaturais e muito sangue, no qual eu Ferdinand tento desvendar este crime juntos de meus irmãos vampiros.

    Clique nos links abaixo para fazer download deste conto completo ou leia no Scribd (computador, tablet ou celular):

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  • A magia e os vampiros – pt7

    A magia e os vampiros – pt7

    Barulhos de todos os tipos atingiam meus sentidos aguçados. Pedaços de madeiras, telhas, pregos, louças… Todos caiam sobre mim e alguns inclusive machucavam a ponto de fazer sangrar minha pele, que naquele instante estava mais grossa e recoberta por longos pelos, devido à transformação bestial. Durante esta metamorfose os pensamentos se tornam vagos e dispersos, como se estivéssemos em um sonho controlável, mas extremamente focado naquilo que queríamos antes de nos transformar.

    Meu objetivo era única e exclusivamente aniquilar aqueles dois peludos safados, que haviam nos sequestrado e atacado. Todavia, uma briga que envolva lupinos e magos nunca é algo linear e que siga uma sequencia lógica. Tanto que ao ser atingido pelos primeiros raios de sol, não aconteceu nada comigo, foi ali que alguns pensamentos relacionados aos ilusionistas vieram a minha mente.

    Escombros por todos os lados, mais tremores e de repente somos envoltos por uma densa e escura névoa negra, que silenciou absolutamente tudo, estabilizou os tremores e também bloqueou minha visão por completo. Naquele instante eu não sabia se ainda estava transformado ou se já havia voltado a minha forma humana, mas naquele momento eu descido ser menos agressivo e iniciei o ritual para transformação em névoa. Afinal, nesta forma eu pelo menos não seria atingido por armas físicas.

    Alguns minutos se passaram, eu achava que já havia me transformado e me locomovi sempre à frente, pois na minha cabeça em algum momento aquela nuvem negra iria ter fim. Perdi mais algum tempo nesta movimentação em câmera lenta, até que em fim e gradualmente voltei a ouvir alguns sons. Seguidos por raios de sol, que também não me machucaram e finalmente encontrei uma clareira em meio aquele lúgubre caos. Minha transformação em névoa não havia funcionado e ainda na forma bestial eu procurei pelos outros.

    Como faz pouco tempo que isto ocorreu eu ainda me sinto empolgado ao contar, o fato de que Hadrian deu uma bela surra nos dois peludos. Ele estava com o olhar diferente, parecia mais ofensivo e seus olhos estavam escuros tais quais as nuvens negras ao seu redor. Eram elas, aliás, que haviam bloqueado minha visão anteriormente, mas o que eu achei mais interessante e aterrorizador deste seu poder era o fato dele conseguir manipular graciosamente as sombras. Eu possuía conhecimento deste poder e já havia sido atacado por detentores deste dom antes, mas no caso de Hadrian era diferente, como se ele tivesse uma espécie de armadura de sombras ao redor de todo seu corpo. Algo espesso, denso ou palpável como cinzas de alguma cousa que fora queimada.

    E foi bonito ver os dois apanhando, sendo jogados de um lado para o outro, até que finalmente o velho foi o primeiro a cair inerte e esgotado, como o pobre do Sebastian anteriormente. Situação, aliás, que comprometera seus feitiços e desfez o lugar onde estávamos. O barraco, os raios de sol e até mesmo o campo ao nosso redor eram na verdade um galpão maior, típico de algumas fábricas abandonadas daquela região. Ainda era noite e o poder de ilusão deles era tão forte que fomos enganados por Claire desde o momento em que ela nos encontrou.

    Na sequência Claire baixou a guarda, tão logo percebera que seu pai havia sucumbido diante Hadrian. Ela na verdade parou tudo o que fazia e foi desesperadamente ao encontro do velho. Eu que ainda estava na forma de lobo gigante fui desfazendo minha transformação e percebi que Hadrian fazia o mesmo. Não vi Sebastian de inicio, mas ao procurar melhorar por ele, o vi sentado no chão e encostado a uma parede se recuperando.

    Feitiços desfeitos, olhei para Hadrian, que me sinalizou com a cabeça e nos aproximamos com cuidado dos dois peludos. O velho estava ofegante e com muitas escoriações, parecia que a famosa regeneração lupina não estava funcionando nele.

    – Ele usou todas as suas energias nesse teatro, era nossa segunda opção caso o Hadrian não quisesse ir pacificamente conosco. – Nos disse Claire, visivelmente abalada e prestes a chorar.

    – “Cof cof cof…” Estão vendo por que “cof”… Hadrian precisa ir conosco…

    Nesse momento Hadrian se aproximou do velho e interrompeu sua tosse ensanguentada com mais um de seus feitiços. Ele pôs a mão direita no peito do velho, murmurou algumas cousas em uma língua desconhecida para mim, depois mordeu um de seus dedos e despejou algumas gotas de seu próprio sangue na boca do moribundo. Este deu mais algumas tossidas, mas aparentava se recuperar mais rapidamente. O mago fez o mesmo com Sebastian e na sequencia veio a mim perguntando se também queria um gole, mas sorrindo recusei a proposta indecorosa.

    Sei que vai parecer estranho para alguns de vocês, mas depois de tudo isso e de quase nos matarmos, finalmente aconteceu uma conversa decente. Onde Hadrian pôde expor suas intenções e manifestar o seu direito de ir e vir como e quando quisesse. Na verdade ele acertou de viajar com os dois para conhecer a tal Labraid Lámh Dhearg e nós voltamos as nossas rotinas,  tendo como sempre mais uma história para vos contar…

  • Lobisomens chilenos na década de 30

    Lobisomens chilenos na década de 30

    No início da década de 1930, o Chile enfrentava o uma grande reviravolta política e social. Alguns chamaram aquele período de anarquia, porém nada mais era do que uma espécie de retomada do poder pelo povo, onde os militares entraram em acordo e deixaram aos poucos o comando do país nas mãos dos políticos ditos democratas.

    Como nós sabemos essas mudanças entre regimentos nunca são tranquilas e para meu azar foi justamente numa época em que eu resolvi tirar umas férias por lá. O interesse era simples, o Chile daquela época possuía muitos atrativos, principalmente a possibilidade de contato com uma antiga tribo de Lobisomens de origem Inca.

    Então, aproveitei o momento em que nossa fazenda já estava completamente estruturada e funcionando sozinha, para viajar junto de Sebastian e mais alguns Ghouls. Lembro-me que até comprei um caminhão Ford daqueles AA na tentativa de levar nossas bagagens, porém boa parte do caminho acabou sendo de barco.

    Foram muitos os detalhes, as histórias e tudo mais que precedeu nossa chegada até tal tribo e na verdade isso por si só já renderia bons contos, mas foi o acaso que realmente trouxe Carlos ao nosso convívio. O jovem lobisomem que já apareceu por aqui em outros contos, estava de passagem pelo minúsculo porto de Pisagua e coincidentemente ao mesmo tempo em que fazíamos uma parada por lá.

    De inicio aquela velha simpatia (grosseira, desconfiada e petulante) dos lupinos, porém depois das devidas apresentação, onde especifiquei minha linhagem, conseguimos acesso há matilha. Esta, aliás, na época se concentrava em uma região conhecida atualmente como parque nacional Volcán Isluga. Certamente, muitos de vocês só entenderão essa minha ligação com os peludos depois do lançamento do meu livro 1, mas digamos que nossa proximidade é familiar.

    Cerca de 150km do mar e depois de um longo caminho de paisagens por vezes desértica ou com pedras escuras provenientes da última erupção do vulcão em 1913, chegamos a tal lugar. Dificilmente algum outro Wampir acompanhado de mais quatro indivíduos teria acesso, porém a descendência do Barão sempre me abriu muitas portas ou pernas…

    Completamente diferente do Brasil, aquela região não possuía árvores maiores de 2m, era fria, extremamente alta aos pés do Andes e se não bastasse, eles ainda viviam em casas feitas de barro, pedra e palha. Imaginem vocês que até mesmo Sebastian, que nunca foi de reclamar, estava indignado pelo lugar que eu havia o levado.

    De inicio mais hostilidade e petulância até que novamente minha linhagem entrou em questão fazendo até mesmo o ancião nos pedir desculpas pelo tratamento selvagem inicial. Cabe aqui uma explicação nunca antes dita por mim, de acordo com algumas lendas, vampiros e lobisomens tiveram uma origem coirmã. Sendo assim, as linhagens mais antigas como a minha, transmitem maior credibilidade e confiança entre ambos os grupos.

    Enfim, passamos quatro noites entre eles, tivemos oportunidade de participar de um ritual de fertilidade, mas esse tempo acabou sendo muito curto para que adquiríssemos os conhecimentos que almejávamos. Fomos descobertos por um grupo de caçadores fortemente armados.

    Ataque furtivo, exatamente no final do dia enquanto ainda acordávamos. No entanto, por sorte algumas medidas haviam sido tomadas, como se fundir a terra durante o dia e deixar os ghouls de vigília. Fatores que garantiram nossa proteção até que o sol fosse embora por completo.

    Nesta época eu ainda possuía muito controle sobre minha forma digamos bestial, porém em situações deste tipo, digamos que ela surgia mais facilmente. Muito se fala sobre a selvageria dos lobisomens nos filmes ou livros, mas presenciar uma briga junto de qualquer grupo deles, é algo que certamente faria qualquer um ter seu estômago revirado do avesso.

    Partes humanas voavam pelo ar, junto do rubro plasma, que se intercalava ao cheiro de pólvora queimada. Gritos de mulheres e crianças se intercalavam aos gemidos e golpes secos de socos, garras e tudo mais que pudesse ser quebrado. Uma eternidade havia passado no tempo de alguns minutos até que um longo e gutural uivo ecoou por toda a região. Silenciando desta forma toda aquela evasiva e desnecessária matança.

  • Em busca da vampira assassina. Parte 1 de 2

    Em busca da vampira assassina. Parte 1 de 2

    Reunimos o grupo pegamos um jatinho e depois de um voo tranquilo sobre a Amazônia brasileira chegamos a um cais onde um carniçal do Hector nos aguardava com um barco. Não sei dizer com precisão se já era Suriname ou se ainda estávamos no Amapá, o importante é que o barco nos deixou em uma trilha de onde ainda teríamos uma boa caminhada de duas horas e pouco até o acampamento em uma caverna.

    Passamos o restante da noite e o dia de sábado descansando e preparando o ataque. Além de nós, cerca de 10 outros mercenários foram contratados, transformados em carniçais e receberam armamento e instruções sobre a missão.

    Nesses dias as horas passam muito rápido e logo depois que o sol se põe estamos praticamente a postos loucos para que tudo aconteça de uma vez. Mesmo eu que já passei por tantas situações parecidas fico ansioso, afim de que eu possa retornar logo ao meu refugio tranquilo e seco.

    O que falar do local? Muitas árvores, humidade extremamente alta, sensação de abafamento e os malditos mosquitos que surgem em nuvens quando menos se espera. Nesse tipo de local, meio pantanoso a única vestimenta compatível são as que cobrem boa parte do corpo. Eu sempre estou de jeans e colete a prova de balas, com essa roupa não me incomodei muito. O resto do povo também se cobriu com exceção do Carlos que vestia apenas uma calça solta tipo moletom, tênis velho e uma camiseta com duas vezes o seu tamanho.

    A estratégia foi simples, invadir, capturar fazendo fazer valer a ordem e a justiça.

    Dividimos o grupo em dois. O Franz, H2, alguns carniçais e eu fomos por trás como grupo de invasão e o restante do pessoal foi pela frente como grupo de ataque. Nem preciso dizer do por que que o Lobisomem foi pela frente junto do pirata sanguinário.

    Uma hora depois chegamos a uma velha mina de rubis abandonada, povoada apenas por algumas casas iluminadas por fracas velas. Duas caminhonetes e um caminhão preenchiam o que um dia já foi uma boa estrada. Além disso, uma fogueira grande era rodeada por alguns sujeitos diversos que emanavam uma grande força diabólica.

    Galego o que diabos, uma vampira que gosta de leilões e de coisas chic faz no meio do mato? Simples, existem alguns lugares na terra chamados de Nodo. Nestes lugares a energia é melhor e dizem os especialistas, tal qual o Carlos, que nestes locais as portas para viagens astrais ficam abertas por mais tempo.

    Então se elas ficam mais poderosas é um local pior para atacar, não? Muito pelo contrário mancebo, pois ninguém espera ser atacado num Nodo!

    Enfim, o primeiro grupo chega chutando com os dois pés. Algumas granadas iluminam a escura noite, muito tiros e muito sangue voam pelos ares. Não é sempre que um vampiro pirata se junta a um lobisomem sedento de carne humana em prol de algo, então imaginem a carnificina…

    Depois de alguns breves minutos é a nossa vez. Circulamos o local na sorrateira, fomos em direção ao que aparentava devia ser o covil da vampira. Antes de entrar jogamos uma granada de fumaça por uma das janelas e instantes depois a companheira da maldita sai correndo junto de dois caras. H2 os intercepta com alguns golpes da sua espada abençoada, mas é surpreendido por um lobo que surgiu do nada e lhe atacou pelas costas.

    Na sequencia outros dois peludos chegam e começa alí uma luta que resultou em muito sangue perdido a toa. Todos os caniçais de nosso grupo foram dizimados e sem o H2 era apenas mais uma vez Franz e eu contra tudo. Nesse momento um rápido flashback passa na minha cabeça e me lembro de nossa luta nos EUA.

    ***

    Depois de alguns anos de prática minha transformação já ocorre mais rapidamente e entre vários socos e garradas eu consigo liberar a minha fúria para cima do peludo. Nesse momento é como se eu ligasse o automático, muitos dos meus atos são pensados muito mais rápido e fica de certa forma simples deferir golpes fatais como os que dei no metamorfo.

    Esta fúria que nos toma é tão forte que é difícil reduzir ânsia que fecha a garganta, se meu corpo respirasse certamente estaria bufando. Olho então para o lado em busca de mais inimigos e vejo o outro lupino já ao chão e o Franz frente  a frente com a Companheira da vampira.

    Por cerca de uns dois minutos em quanto volto ao normal, Franz lê a mente da bruxa e na sequencia ele lhe dá um tapa no rosto com a parte de fora da mão, com ela já ao chão ele chuta sua barriga, se aproxima de seu pescoço e lhe suga o sangue até a morte.

    Nessa hora a briga havia chegado ao seu ponto alto, éramos momentaneamente vitoriosos, no entanto todos foram acometidos por um grito que nos atordoou gravemente. Lembro-me de ver Carlos de joelhos, franz deitando em cima do corpo da vampira e ao procurar por Hector não o vejo, mas consigo me manter em pé encostando numa árvore apoiando com a cabeça enquanto levo as mão ao ouvido.

    Era a maldita bruxa vampira que surgiu de dentro da entrada da mina com mais dois peludos em forma de lobo.

    Mesmo depois do grito estridente parar ainda é difícil voltar a realidade. Não ví a hora que Hector partiu para cima da vampira, mas foi ele que a fez parar de gritar com um golpe de espada que lhe perfurou o peito. Com este golpe ela se encolheu mas teve força para desequilibrar o pirata e sair fugida mata a dentro.

    Um dos peludos a seguiu e para o azar de Hector o outro lhe desferiu vários golpes enquanto tentava se levantar.  Mesmo atordoado Carlos em forma de humanoide consegue se aproximar dos dois, e arranca o lobo de cima de Hector. Eles lutam por alguns instantes e depois de alguns granhidos Carlos finaliza a luta com uma pedrada na cabeça do lobo. Depois disso Hector levanta-se e com sua espada de prata corta a cabeça do infeliz.

    ***

    Depois de alguns instantes de atordoamento eu consigo me aproximar de Hector e Carlos e separa o que iniciaria uma briga. Procuro por Franz e não o vejo de imediato, mas algum tempo depois o vejo perto de H2. Começava ali um ritual improvisado que traria o velho caçador para o lado de quem ele perseguiu por tantos anos.

    Hoje mais calmo eu vejo que realmente seria um grande desperdício deixar para morrer um cara com tantas habilidades como ele. No entanto Franz vai ter muito trabalho barra domesticar a sua nova cria.

    Algum tempo depois do ritual, nos alimentamos com o resto de sangue que encontramos nos restos mortais dos que lá estavam. Obviamente tudo isso foi muito rápido, pois ainda tínhamos dois alvos escondidos em meio a selva.

    Carlos começou a fazer o que sabe de melhor e nos levou mata a dentro atrás dos dois…

     

  • Continuo perseguindo a vampira assassina

    Continuo perseguindo a vampira assassina

    Em meio as mudanças feitas no site no últimos dias, eu também estive passando o meu tempo me dedicando a resolução de alguns outros problemas. A não vida de um vampiro sempre é rodeada de problemas, então essa primeira frase não foi um desabafo e sim um relato.

    Nesse sentido, eu começo a ver que um problema pode gerar outro problemas. Confesso que depois de algumas idas e vindas  dos últimos dias eu acredito que quem disse isso estava completamente certo.  Então o negócio é começar a resolve-los, não é senhor Galego?

    Semana retrasada, a Beth foi cuidar da sua vida e nos distanciamos. Sinto muito a sua falta, ainda mais por que ela foi meu primeiro porto seguro depois que acordei a alguns anos atrás. Porém o tempo passa e não adianta ficar reclamando. Não é por que tenho a vida eterna que posso me dar ao luxo de me entregar a uma dorzinha de cotovelo.

    Na semana passada mesmo eu fui atrás de algo que incomoda muito, a resolução da morte do meu amigo e irmão Zé.  Algum tempo atrás o Franz e eu descobrimos algumas pistas do paradeiro da maldita vampira que consumiu a alma do meu irmão, uma nômade sem endereço fixo. Faz o papel da típica vampira que fica em uma região por um tempo e depois foge com o rabo entre as pernas quando começa a ter problemas. Isso obviamente tem dificultado as buscas, mesmo com vários na sua cola, afinal ela já é tida como uma ameaça a ordem.

    Então, apesar de eu estar revendo algumas coisas para o novo formato do site eu também estive em contato com alguns seres afim de continuar a busca pela assassina. Confesso que as vezes ainda me impressiono como certas coisas que nunca mudam, como o fator dinheiro. Tendo ele é sempre mais fácil conseguir o que se precisa: uma arma, um documento ou até mesmo uma vida ou uma morte.

    A ação será em breve: já tenho um nome verdadeiro, os pontos fracos, os fortes e quem vai apoiar…

    Aguardem a continuação desta novela nos próximos dias, quem tem simpatia pelos lupinos vai adorar a história!

  • Lobisomens, licans, peludos – A verdade!

    Lobisomens, licans, peludos – A verdade!

    Hoje irei me aprofundar em algo que muitos falam, mas poucos explicam de verdade. Lobisomens! Os malditos peludos, odiados pelos vampiros e por tantos outros seres como as bruxas, os humanos e até alguns Sáwel (fantasmas).

    Claro que nenhum dos grupos de seres citados acima gosta ou sabe lidar bem com seus rivais, mas os Peludos com certeza são os mais odiados. Por quê? Pelo simples fato de que eles talvez sejam os verdadeiros Heróis. É difícil para um vampiro assumir isso, mas todos os grupos com exceção dos licantropos são vistos como predadores de humanos, diferente dos peludos que são a forma de defesa encontrada pela grande mãe ou simplesmente natureza de se defender.

    Sim meus caros, Gaia também tem suas armas além dos humanos, dos verdadeiros magos, fauna e flora para se defender dos seres tidos como vindo das trevas. No entanto não adianta respirara aliviado, e sair por ai tranquilo, pois até mesmo a Grande mãe também tem defeitos e o problema começa quando houve um lupino que experimentou o que foi o manjar divino para eles, a carne humana.
    Desde então existem dois tipo de Licans os filhos de Gaia e os corrompidos. É provável que dentro de cada um desses grupos existam subdivisões, como os clans ou famílias de vampiros, mas isso é entre eles e infelizmente nunca me ofereceram esse tipo de conhecimento.

    O que são os Licantropos?
    Engana-se quem acha que os peludos são apenas meio humanos meio lobos, quem dera fosse isso, pois eles também podem ser “cruzas” entre vários outros mamíferos, sendo os mais comuns os lupinos dai o nome lobisomem ser o mais “visto”. Todavia já ouvi falar de meio humanos com boi (minotauro), meio humanos com cavalo (centauro) entre outros. Há quem diga que a combinação entre os mamíferos é infinita inclusive entre animais, afinal ainda temos muitas áreas inexploradas na terra e nos oceanos, fato que se for revelado em sua total complexidade irá com certeza assustar muita gente.
    Como ser transformado em Licantropos?
    De acordo com o que me foi contado por um deles, sim eu tenho contato com alguns, a transformação envolve a linhagem de sangue e se você teve algum na família com certeza poderá desenvolver as habilidades mediante alguns treinamentos. Fala-se muito que se o animal ou o humano for mordido por um se transformará e isso não passa de lenda urbana. Já imaginou? É a mesma coisa que falo sobre nossa transformação, o mundo acabaria pois seriam todos licantropos e faltaria alimento. Apesar que os humanos estão acabando com muita coisa então os boatos de ocorra uma guerra entre todos os seres torna-se uma realidade maior a cada dia ou noite que passa.

    Quem foi o primeiro Lican?
    Não faço a menor ideia, se alguém tiver alguma teoria apresente-a que discutimos. Todavia o xamanismo sempre possui algumas histórias e lendas interessantes sobre os Lican e seus Totens, quem sabe são eles os verdadeiros guardiães das leis de Gaia.

    Por que os Lobisomens não gostam dos vampiros?
    Além do fato óbvio de que somos vistos como uma doença, não nos damos bem também por que brigamos em alguns casos pelo mesmo alimento: os Humanos. Sem contar que isso já é coisa antiga e existem muitas discussões paralelas a isso que envolvem briga por território, propriedades e o velho dinheiro. Sem contar que o sangue dos Licans nos é bem mais nutritivo que o dos humanos então também somos vistos como uma ameaça, afinal nenhum deles gosta do sabor de nossa carne morta.

    Como é a transformação de um peludo?
    Sem sombra de dúvidas o maior poder de um peludo é sua transformação e algo que sabemos são três estágios: Forma humana, forma animal e bestial. Ao contrário do que muitos pensam a transformação pode ocorrer a qualquer momento e não precisa ser em determinadas fases da Lua. Mas pelo que sei envolve algo como um ritual, não algo tradicional, mas algo simples que o Lican decore e faça rapidamente quando necessitar. Pelo que sei envolve a utilização de um amuleto, algumas palavras e o uso de muita força de vontade.

    Como se livrar de Lican?
    Corte a cabeça, ateie fogo, utilize alguma arma mágica ou faça o mais fácil não tente mata-los e fuja como uma menininha. E a prata galego? Papo, ou a que eu já tentei usar era falsificada, por que não fez o que era preciso. Na verdade essa história da prata tem um certo lado histórico e data os anos de 1700 e alguma coisa. Quem souber inglês tem um artigo interessante aqui sobre a Besta de Gévaudan.

    Como sempre quem tiver algo a acrescentar a esta e outras histórias que conto, mencione abaixo nos comentários e se for muito relevante eu adiciono aqui no texto.

  • Vadias e peludos (bruxas e lobisomens)

    Vadias e peludos (bruxas e lobisomens)

    Certa noite eu vagava em forma de névoa pela mata perto de casa e ouvi ao longe:

    Ainn deiadii deixadii dii a trop, aiiiitaaa aaanaaa, itiii orostaa gaviiina” e isto era repetido em forma de mantra dando ênfase às vogais…

    A postos fiquei ao longe, usufruindo de minha visão no escuro, até que percebo um casal, sentado no meio de um clareira. O casal estava concentrado recitando esse mantra e uma luz levemente amarelada circundava os seus corpos.

    Tá certo já tinha visto tanta coisa nessa não vida que aquilo até parecia coisa normal, mas minha curiosidade sempre foi meu maior defeito e permaneci ali em forma de névoa. Por certo momento até pensei em ficar ao lado deles, mas algo me dizia que aquilo não cheirava bem.

    O cara era moreno, parecia ser alto, tinha uma barba rala e trajava uma espécie de vestido amarrado. Já a mulher não era muito bonita, tinha feições masculinas, era magra, mas ao mesmo tempo forte, usava um top e uma sainha. Ambos tinham os braços tatuados com muitas formas tribais na cor vermelha.

    Concentrado ali na situação e nas pessoas, ouço ao longe passos… Algo parecido com algum mamífero quadrúpede, que aos poucos para e libera e claro e bom som um uivo de ensurdecer os desavisados. Se eu estive na forma humana com certeza teria ficado arrepiado.

    Quando volto minha atenção ao casal vejo o cara deitado e mulher de quatro, ela parecia fraca, mas era nítida sua transformação… Estava ela virando uma loba… Maldita peluda!!!

    A transformação de um metamorfo, não é algo muito lindo de se ver, ocorre de certo modo lento para quem vê. E parece ser dolorido, pois o ser se contorce todo. Diferente da transformação vampiresca que ocorre magicamente, sem maiores dores ou problemas.

    A loba começa a correr para longe, ao que parece em direção ao outro lobo, o do uivo. Já o cara que estava até então desmaiado começa a acordar. Ele se levanta olha em volta recolhe algumas coisas que tinha ao chão e coloca em uma mochila. Depois disso ele se ajoelha pega um punhado de terra esfrega contra o seu peito e diz “Illuminatus lupus,   Magistrae vitae“…

    Maldito bruxo… Esse foi o dia em que eu descobri que também existiam “bruxas” homem e o pior. Eles tem ligação com o mundo dos malditos peludos.

  • Cheiro de peludo e minha besta…

    20:33 – O sol estava se pondo no horizonte, eu ainda podia sentir seu calor sobrenatural  incomodando o meu descanso. A droga do cheiro tinha surgido no ar. Fazia algum tempo que eu não sentia esse fedor de cachorro suado. No entanto o silêncio em volta da minha casa era constrangedor e eu sabia que alguma coisa estava acontecendo.

    Minha besta nunca me engana na verdade ela se excita com a aproximação de algo sobrenatural, perigo ou necessidade de sangue. É a velha história da emoção do predador diante algum acontecimento, que movimente a sua inércia.

    Eu já estava com as presas à mostra, meu rosto começara a rosar, pois o sangue dentro de mim estava agitado. Senti o gosto de sangue por causa das minhas presas que aumentaram a ponto de cortar o lábio inferior… Levantei sem fazer qualquer movimento brusco… Eu estava em desvantagem, estava sendo o alvo da caça, mas estava no meu domínio, esse era meu lugar e eu sabia de tudo ou de todos que passavam pela região.

    20:40  – O cheiro era diferente, eu nunca tinha sentido nessa região. Uma peluda? Coisa difícil de ver e ainda mais sozinha. Minha besta estava extasiada, quase em frenesi pela oportunidade de se libertar, mas ela não iria se libertar por qualquer coisa. Eu sempre a controlei e até o momento ela não tinha assumido o controle sobre nós.

    Fui até a porta da frente, minha besta dizia que ela estava do outro lado da casa, abri e realmente não tinha nada na frente. O cheiro, aquele cheiro forte, estava ali. Comecei a rodar a casa. Consegui andar em silêncio até sem querer pisar num maldito galho seco…

    20:50 – O cheiro aumentou de tal forma que estava insuportável, eu já não podia mais voltar para dentro. A sensação de ser caçado não é boa, mas minha besta adora, os lhos se enchem de sangue, meus dentes cortam um pouco mais os lábios e o gosto de sangue inflama minha língua de desejo. —Auuuuuuuuuuuuu— Merda! Tem mais de um…

    Barulho de pegadas… Meu telhado, porra, tem um no meu telhado. Subo no telhado com dois saltos e vejo de costas  a peluda… Cravo meus dentes no pescoço dela e levo uma patada que me joga contra algumas telhas. Caio, levanto e pulo em cima de novo, mas desta vez com as garras na barriga. Sinto a maldita gemer de dor… Ela me morde no ombro… FDP como dói, queima quase como luz do sol. Levei um chute e voei telhado a baixo. Caio em cima de algumas folhas e desloco meu ombro. Bosta…

    20:55 – Coloco meu ombro no lugar batendo contra a parede da casa. Eu sentia que já estava bem machucado, mesmo regenerando… —Vai lá volta pro teclado e mata aquela vagabunda, dizia minha besta. Eu não podia fazer isso, ia ser morto facilmente caso aparecesse mais um deles.

    Corro para casa atrás de uma pistola escondida com balas de prata…

    21:00 – Sinto o cheiro dentro de casa, o fedor de cachorro sujo era horrível… Escondo-me atrás de uma parede… Atiro duas vezes… Por sorte acertei… Ela caiu e quebrou minha mesinha de centro da sala. Respiração ofegante, gemidos e pequenos uivos… Ela começa a parecer humana.

    Fleeeee…. Uma flecha acerta meu braço que estava se regenerando… Deixo a arma cair e na seqüência outra flecha acerta minha coxa esquerda e isso me faz ficar de joelhos……….. Tudo bem agora não era mais eu que controlava nos dois!

    22:12 (noite seguinte) – Algumas seqüencias de flashes vêm a minha mente como: Beber sangue da peluda caída  me sentir mais forte e correr para fora de casa… Bebo sangue de outro peludo e acordo na casa do meu senhor na noite seguinte.