Tag: metamorfo

  • Vampiros e Lobisomens…

    Vampiros e Lobisomens…

    Confesso que ao me deparar pela primeira vez com um Wairwulff transformado eu me senti apavorado. Obviamente um ser com quase 2,5m de altura, forte, com feições animalescas e com cara de mal, não se vê a todo instante, não é mesmo?

    Dietrish surgiu num momento extremamente especial de minha vida. Logo após minha transformação Georg precisou cuidar de seus muitos negócios e me deixou aos cuidados deste seu amigo. Hoje pensando bem eu me arrependo por não ter aproveitado mais tudo o que aquele velho metamorfo podia ter me ensinado. Ao menos eu tenho plenas convicções de que ele deu o seu máximo e foi o melhor professor que eu podia ter tido.

    Sim, minhas eufóricas leitoras meu primeiro professor foi um lobisomem! Sei que no início de minhas postagens aqui no blog/site eu tive um período de revolta com relação aos peludos, mas tudo tem uma explicação. Quando voltei de meu sono, os pensamentos ainda estavam confusos. Imagine um sono de quase 50 anos, tive rever muitas cousas nos meus pensamentos nesse tempo todo.

    Enfim, este post é mais um daqueles artigos explicativos e com detalhes sobre este tipo de ser. Tais quais os vampiros, os lobisomens também possuem um origem que se perdeu no tempo e com a evolução. Ferdinand, onde surgiram os vampiros? Perguntam-me sempre os novatos e eu respondo: Caro mancebo tal quais os humanos nós também não termos certeza sobre a origem da vida ou da não vida. Há quem diga que forma os Deuses, há a ideia alienígena e há a ideia evolucionária. Existem muitas lendas relacionadas a história da origem da vida e isso, como vocês sabem, está em muitos livros encontrados ao redor do globo inteiro.

    Peludo, Wairwulff, Werewolf ou ainda Lobisomem são em sua essência humanos que possuem o dom da metamorfose ou transformação em humanoides. Antes de tudo eu preciso deixar algo claro sobre estes seres, as lendas atuais sempre comentam do homem-lobo, mas na verdade isso é apenas um grupo ou clã destes indivíduos.

    Dietrich Dimitri Hollstoff, por exemplo, depois de transformado virava uma espécie de pantera negra humanoide. Apesar de aterrorizante para os desavisados que o vissem de supetão, era um ser muito bonito. Por falar em aterrorizante, eu já comentei por aqui em outras ocasiões sobre a dieta dos peludos… Carne. É neste aspecto que os lobisomens deixam de ser “peludinhos fofinho” (sim, eu já ouvi esta expressão) e transformam-se em bestas pavorosas, afinal a carne predileta de sua dieta é a humana.

    A lenda mais interessante que já ouvi falar sobre os Wairwulff nos conta que eles foram criados para defender a mãe terra ou Gaia dos humanos, que tanto exploram e destroem as riquezas naturais do planeta. Porém, a Deusa não contava que a dieta de seus “queridinhos” seria modificada ao longo da evolução e o lado negro dos lupinos surgiu quando o primeiro experimentou carne humana fresca… Dizem que eles se viciaram a ponto de quase entrarem em extinção por conta disto.

    Outro ponto que acho interessante sobre os peludos é o fato de que eles possuem no geral uma ligação maior com os outros mundos, planos paralelos ou como queiram chamar. Quando escrevi a saga do Totem desaparecido, tentei transmitir um pouco desse mundo para vocês e é preciso deixar claro que somente alguns deles possuem esta ligação ou poder. Muitos outros são como nós e aprenderam a manipular os elementais ou o próprio corpo ao longo da evolução.

    Vampiros e Lobisomens são inimigos Ferdinand? Sim e não caro mancebo… É uma história longa e que teve inicio em outra lenda. Uma história que inclusive mistura os dois seres dando origem a uma linhagem especial, os chamados “sanguinis puri” ou  sangue puro. No qual Georg, Franz e eu somos representantes, por isso podemos nos metamorfosear similarmente aos Wairwulffs…

  • O totem desaparecido – Parte 5

    O totem desaparecido – Parte 5

    – Anda Ferdinand levanta, não podemos ficar aqui a céu aberto… – Dizia a voz preocupada de Carlos enquanto eu recuperava a consciência. Tudo bem que eu não sou acostumado a tais práticas, só que cabe aqui uma explicação sobre a viagem astral. Uma cousa é tu entrar pela “porta da frente”, outra é fazer o que fizemos e praticamente invadir o ponto de encontro de outro clã.

    Dois chutes nas costelas e três tapas na cara foram suficientes para recobrar minha consciência, a ponto de eu visualizar melhor o lugar. Percebendo que estávamos em um beco, onde uma densa e típica neblina londrina ocultava a maior parte do local e um forte perfume de Jasmim, que promoviam um clima extremamente diferente do cotidiano mundano.

    Carlos, que parecia não ter sofrido com o enjoo da viagem, ia à frente e eu um pouco cambaleante lhe seguia com afinco. Afim de logo chegar a algum lugar possivelmente seguro. Nesses ambientes não há digamos monitoramento, porém estávamos expostos a todo tipo de ocorrência, principalmente aquelas em que o subconsciente adora nos mostrar durante os sonhos.

    Enfim, depois de algum tempo encontramos o que parecia ser uma floresta as margens da cidade e foi ali que paramos para se recompor mentalmente, ao menos essa era a minha intenção. – Ferdinand, mil desculpas, não era minha intenção te trazer para essa faixa do plano espiritual, afinal dentre vários detalhes, tu não está completamente energizado para se manter por aqui… Pelo que pude perceber o local em que estamos é uma réplica de uma cidade antiga e que foi preservado de alguma forma, talvez por forças que eu provavelmente desconheça… Fique aqui até se recompor, que eu preciso saber com exatidão onde estamos. Caso algo te aconteça lembre-se que a morte é apenas o começo… – Depois de tais palavras ele simplesmente sumiu na minha frente.

    Sabe aquele momento em que tu pensas: – Onde diabos eu fui me meter? – Pois é lá estava eu imaginando por que Carlos havia me abandonado em meio aquele lugar inóspito? Por que eu estaria fraco, sendo que já havia viajado de tal forma antes e não tinha enfrentado tal fraqueza? Por que, porquê e porque, todos passaram pela minha mente.

    Entre tanto, já que eu conhecia o Wairwulf de outros carnavais e sei que ele é um tanto preocupado em excesso, eu comecei a confabular comigo mesmo. Ao meu redor a floresta parecia normal, porém ao observar melhor percebi que não havia o som típico dos insetos. A neblina permanecia densa para qualquer lugar que eu mirasse e aquele odor de Jasmim superava todos os outros cheiros, na verdade tudo tinha cheiro de Jasmim e minha respiração parecia ter voltado à época de humano.

    Não havia animais ou pessoas e o conjunto assemelhava-se muito a uma grande maquete em tamanho e proporções exatas a “realidade”.  Tendo em vista tais detalhes, não resisti e tão logo me senti mais forte, voltei à parte urbana. Para ser sincero eu não me sentia mais forte e é provável que eu estivesse apenas mais confiante.

    Deixando as descrições de lado, eu parti em meio ao desconhecido, vaguei por muitos lugares, entrei e sai de diversas casa, armazéns, porões, porém ninguém aparecia aos meus olhos. Nem mesmo as energias que sempre sinto com muita precisão indicavam qualquer ser vivo. Cansado de tentar achar respostas, sentei naquele mesmo chão no qual eu acordara e por lá fiquei por muito tempo. Ao menos eu achava que estava ali por muito tempo, até que finalmente ouço um ruído. Este foi ficando gradativamente mais alto culminando em uma espécie de zumbido estridente, tal uma britadeira se ligada ao lado do ouvido.

    O barulho era tanto, que de inicio me provocou um comedido pânico, tive vontade de sair correndo, esfreguei os olhos várias vezes, bati nos ouvidos. Todavia, ao perceber que conseguia ver nada, resolvi fechar os olhos… Concentrei-me e para minha surpresa o volume do barulhos foi diminuindo, só que nem tudo são flores, ao reabrir os olhos percebo que estou em minha forma bestial e com mais ou menos uns 20 Wairwulf a minha frente me olhando fixamente.

    Todos estavam em suas formas animais/humanoides. Havia um metamorfo felino, um que se parecia muito com um gorila, outros se pareciam com os tradicionais lupinos. Porém, meu mundo caiu quando reconheci Carlos entre eles, que dentre vários detalhes ostentava sua bela cimitarra…

  • Carnaval, amor e surpresas

    Carnaval, amor e surpresas

    Ao contrário de meus irmãos, que preferiram os festejos brasileiros deste carnaval, eu por outro lado resolvi descansar em algum lugar junto de minha doce Julie. Como vocês já estão cansados de ouvir de mim, esta cousa de que vampiros vivem sempre sugando sangue, torturando, investigando ou afins, está longe de ser nossa realidade. Porém, às vezes um simples passeio pode trazer boas surpresas.

    Sexta-feira, pouco mais de 21 horas, o carro já estava carregado e eu estava fechando a porta da garagem, quando o telefone tocou. Número privado e depois de alguns instantes sem ninguém falar nada, eu ia desligar, quando ouço uma respiração forte do outro lado… Mais alguns instantes da respiração funda e seca em meio aos meus “alôs”, até que finalmente a linha cai. Aquilo me pareceu muito estranho, não do tipo que assusta, mas sim do tipo que nos faz imaginar um milhão de cousas. Todavia, como ninguém retornou depois de 10 minutos, arrumei o restante da bagagem e fui ao encontro de Julie.

    Durante o caminho pedi a Julie que enviasse algumas mensagens ao restante do clã e por hora todos estavam bem. A viagem durou mais ou menos 3 horas, foi tranquila e pouco depois da meia noite chegamos ao nosso destino: uma casinha no alto de um morro, em meio a uma bela e escura floresta virgem e vizinha de alguns cânions e rios.

    Adoro fazer este tipo de viagem, principalmente pelo fato de que ali seriamos apenas nós dois e o casal de caseiros. Estes que graças a um tipo de feitiço, aquele que eu aprendi com a Beth, ficariam dormindo ao menos uns dois dias e noites seguidos

    Então logo na primeira noite, depois de fazer o feitiço nos casal de caseiros, eu aproveitei para esticar um pouco as pernas na forma de lobo. O que também serviria no sentido de analise e verificação das proximidades e seus possíveis habitantes. Este passeio durou pouco mais de uma hora e a exceção de alguns gatos ou cachorros do mato, estávamos enfim sós.

    Ao voltar para casa: suado e nu. Deparei-me com Julie sentada à varanda, trajando apenas uma pequenina lingerie e fazendo aquela cena que todo macho adora apreciar: uma bela fêmea passando cremes por todo o copo. Não sei se foi a aproximação com meu demônio, enquanto passeava na forma animal, ou se foi algum feromônio liberado pelos cremes de Julie, mas eu a ataquei…

    Calma leitora, ela “curtiu” meu ataque… Sorrateiro, como um bom caçador noturno eu surgi do nada, levantei-a e apertei contra a parede. Ela sentiu minha pegada, roçou seus lábios carnudos e macios em minha barba rala e me escalou. Suas fortes coxas seguraram com força minha cintura e aquele imensurável tesão aumentava a cada pegada mais forte. Intenso, profano, um só copo, uma única alma…

    Nosso carnaval iniciava da melhor forma, porém meu sono matinal fora interrompido por alguns passos do lado de fora da casa. Abri os olhos e enquanto entendia o que se passava percebi um andar arrastado e pesado. Sim, havia também a sensação de que algum Licantropo estava por perto, mas ao mesmo tempo havia algo familiar em tal indivíduo. Obviamente eu não poderia sair, pois o sol estava forte, mas por sorte aqueles passos duraram apenas alguns segundos, fazendo-me inclusive pensar na hipótese de sonhos ou pesadelos.

    Na noite do dia seguinte comentei o ocorrido com Julie ambos fizemos buscas na região, porém nenhum vestígio de pegada ou da presença de “outros”. Nesta noite depois do passeio tomamos um belo banho juntos e tratei de por em dia algumas leituras que estavam atrasadas. Julie também leu um pouco, mas acabou  trocando os livros pela prática e fez um ou dois rituais que a há tempos queria praticar longe da civilização.

    Nestes locais a magia fica mais forte, conseguimos uma ligação maior com os espíritos antigos e tudo que for relacionado à ritualística é favorecido. Nesta noite e na próxima fizemos praticamente as mesmas cousas, até que novamente na manhã de segunda eu acordo no mesmo horário com os mesmos barulhos. Desta vez os passos e a sensação pareciam mais nítidos, porém novamente duram poucos segundos.

    Passei aquela manhã me enrolando na cama e a tarde desisti do sono e escrevi um pouco. À noite logo depois que o sol se pôs e antes que Julie acordasse, eu resolvi sair sozinho pela região. Deixei um bilhete na mesa da cozinha e sai. Ao abrir a porta sou surpreendido por um objeto interessante e próximo da cadeira de balanço na varanda. Era uma caixa quadrada provavelmente de madeira e revestida em couro preto, com detalhes em metal.

    Não senti nenhum tipo de perigo vindo daquele objeto, mas ao abri-lo desabei sobre meus joelhos… Muitos pensamentos vieram a minha cabeça, porém havia naquele simples objeto uma lembrança inesquecível… Minha família mortal…

  • Em busca da vampira assassina. Parte 2 de 2

    Em busca da vampira assassina. Parte 2 de 2

    Carlos começou a fazer o que sabe de melhor e nos levou mata a dentro atrás dos dois. Mesmo para nós que não somos rastreadores ficava evidente o cheiro do sangue perdido pela vadia. Os diabolistas tem um cheiro muito particular, fétido, que lembra carne podre e ácido. Tem como cheiro ser ácido? Ok…

    A cada passo que dávamos ficava mais evidente na cara de todos a vontade em terminar tudo logo para cada um poder voltar as suas rotinas. Apesar de termos nos recuperado parcialmente era agora o melhor momento para acabar de vez com a maldita sanguessuga diabolista. De nós cinco apenas Hector, Carlos e eu podíamos realmente cair no pau. H2 ainda estava sofrendo os problemas da transformação e Franz havia gasto muita energia, ou seja, na hora eu pensava somente em encontrar rápido a maldita e antes que ela viesse com outra surpresa.

    Carlos, manda todos se moverem em silêncio, mas nenhum de nos conseguiu fazer isso, afinal estávamos em meio a mata na escuridão total. Mesmo com a visão aguçada que possuímos os galho, folhas secas e arbustos formavam a sintonia perfeita para nos denunciar.

    Shiiiii insistiu ele… Mas antes que consiga terminar de falar uma granada de fumaça explode ao seu lado e o impacto o derruba. O forte barulho atordoou nossos sentidos e o susto nos dispersou. Olhei perdido para os lados e segui o que parecia ser o brilho da espada de Hector. No entanto antes que pudesse me aproximar do pirata sou atacado pelo maldito peludo, que em forma de humanoide agarra minha perna e me joga contra uma árvore.

    Sinto o estalar de algumas costelas e ao tentar me segurar em algo para pegar equilíbrio levo um chute na altura do ombro. Nos engalfinhamos então pelo chão, enquanto tentava começar minha transformação, mas não consegui haja vista que é algo que precisa de certa concentração. Nessas horas em meio a socos e agarrões é difícil concentrar e somente a sobrevivência fala mais alto.

    Consigo me levantar e enquanto tento aplicar um aperto em seu pescoço no infeliz ele me surpreende com um golpe de capoeira e me joga novamente contra outra árvore. Desta vez senti alguns ossos do braço esquerdo se quebrarem. Enquanto ele vinha para cima de mim, o que provavelmente resultaria em um belo estrago, vejo Carlos segura-lo e Hector aplicar um golpe certeiro com a espada de prata em seu coração. A besta peluda engoliu um uivo seco, seus olhos ficaram imóveis e ao levar as patas a espada ele se contorceu e ficou de joelhos. O velho pirata o empurrou para trás com o pé e usando sua rapidez deferiu um golpe que separou a cabeça do corpo. A rapidez do golpe foi tanta que certamente olhos humanos veriam apenas o pirata parado na frente da besta e sua cabeça caindo ao lado.

    Enquanto Carlos e Hector me ajudavam a se levantar somos surpreendidos por uma espécie de névoa escura. A névoa retardou nossos movimentos e reduziu a praticamente zero nossa visão. Mesmo utilizando a nossa velocidade e força superiores era difícil dar passos simples e por fim percebemos que estávamos presos no maldito poder de Tenébras.

    Depois de alguns poucos minutos sinto minha energia e força diminuírem, mas antes que eu vá ao chão alguma coisa forte me puxa para cima. Confesso que senti meu corpo flutuar como se a gravidade não existisse mais como em algo surreal. Na sequencia minha visão começa a melhorar e vejo ao meu lado Carlos me carregando junto de Hector para cima de uma árvore. Impressionado com a agilidade e força de um lobisomem? Tu nem imagina do que eles são capazes…

    Ele nos soltou em cima de um grande galho, onde ao longe era possível ver a fonte da névoa: a vampira bruxa com uma tênue aura alaranjada recobrindo o seu corpo.

    Antes que pudéssemos tentar falar algo Carlos foi em direção da luz e entre saltos chegou perto de um galho que ficava logo acima da feiticeira. Ele a fitou por alguns instantes, pois percebeu que abaixo de si vinha correndo Franz e H2 em direção da bruxa.

    Os dois vampiros deferiram vários golpes, mas não conseguiram desfazer o círculo mágico, que repentinamente se expandiu e os arremessou para muito longe em meio a mata.

    Enquanto achávamos que tudo ia dar errado, consigo descer da árvore com a ajuda de Hector e rumamos em direção a bruxa que já não conseguia mais manter a escura e espessa névoa.

    Ao chegar perto da vadia ví algo que nunca havia visto em todos os meus muitos anos como vampiro. Não vou conseguir transmitir em palavras tudo que ví, mas vou tentar… Carlos saltou da árvore de onde estava em forma de lobo humanoide, isso quer dizer que ele parecia uma besta de quase três metros de altura ou seja o máximo de poder que um lobisomem poderia ter, achava eu…

    Na verdade acho que a própria encarnação do lado mais nefasto de Gaia estava a nossa frente. Certamente o simples fato de olhar para Carlos faria um humano normal entrar em colapso e o que parecia grandioso aumentaria ainda mais com os atos posteriores da fera.

    Carlos precisou de poucas passadas para ficar frente a frente com a mulher e por algum tempo se encararam. A primeira a se manifestar foi a vadia que mudou cor da aura de energia que a envolvia para uma cor vermelho carmim e se preparou para receber algum tipo de golpe. O peludo em sua vez já estava a conjurar algo até que quando sua longa calda peluda que balançava muito ficou repentinamente parada. Ele abriu então os braços, dobrou um pouco os joelhos e como um relâmpago deferiu uma centena de garradas que perfuraram várias partes da  bruxa.

    Em poucos segundos  o corpo da mulher amaldiçoada foi ao chão e entre contrações e espasmos foi possível sentir o que lhe restava de não vida se esvaindo junto do seu sangue podre, até que restassem apenas um corpo seco.

    Carlos ainda de costas para nós e muito ofegante se ajoelhou em frente aos restos da diabolista agarrando sua cabeça com as duas patas. Ele resmungou mais alguma palavras em uma língua completamente desconhecida para mim e assoprou a face desfigurada do corpo. Com o ato o que ainda restara se desmanchou em cinzas até que não existisse mais nada em frente ao lobo.

    Nos aproximamos, ele estava mais calmo e já era possível ver seu rosto humano novamente. Antes que ele se levantasse diante de mim vejo algumas lágrimas esvaíram-se de seus olhos profundos. Solto então meu braço esquerdo que já estava um pouco melhor e apoio minha mão direita em seu ombro o encarando de frente.

    O peludo limpa o rosto e me fala pausadamente algumas frases que me deram mais confiança para continuar minha jornada:

    – Sonho todos os dias com o fim dessa guerra inútil… Gaia deu hoje mais um voto de confiança para o seu plano contra as trevas… Aproveite pois acabamos de pagar a minha dívida contigo e a alma do seu amigo está livre novamente!

    Voltamos todos para casa e já estamos recuperados, mas ainda fico no meu canto pensando nas palavras de Carlos. Voltei a pesquisar nossas origens e confesso que os últimos acontecimentos deixaram-me na dúvida quanto ao meu lado bestial. Será que meu lado agressivo é realmente demoníaco como insisto em idealizar sempre?