Tag: vampiros

  • O mistério do lobisomem – pt5

    O mistério do lobisomem – pt5

    – Levanta logo Fê, o sol já se foi a tempos!

    – Ahh pega leve lobinha, ontem foi pesado.

    – Antes de ontem tu quer dizer né? Já passa da meia noite

    – Puta que pariu… Eu tô atrasado… marquei a às 22 com  Pepe e o Hadrian.

    Coloquei a primeira camiseta que vi pela frente, a mesma bota, calça e fui de moto. Cortei alguns sinais, peguei uns atalhos e lá estavam os dois no canto marcado da praça.

    -Poww Fê, três horas depois do combinado??? Assim não tenho como te defender. – Falou Pepe indignada.

    – Tô de férias, lembra? Mas desculpa meus queridos, trouxeram os ingredientes que faltavam?

    – Boa noite, tudo bem com você? Eu tô ótima, obrigado por perguntar, você é o legitimo cavalheiro, quando quer…

    – Tá com saudades filha ou é ciúmes?

    – Aff…

    Hadrian que até então não havia dito nada, me entregou uma bolsa de academia e disse:

    – Isso foi tudo o que encontramos. Tá bem difícil achar esse tipo de coisa hoje em dia.

    Conferi o interior da bolsa com cuidado e faltava algo muito importante…

    – E o sangue?

    Pepe interrompeu Hadrian…

    – Olha, tu sabe muito bem que não atacamos crianças, então sangue de virgem tá foda de achar!

    – Eu posso dar um jeito nisso se algumas regras puderem ser quebradas. – Ironizou Hadrian.

    – Relax man, eu dou um jeito. Tô devendo essa pra vocês, semana que vem voltamos as nossas atividades!

    Os olhos de Pepe vibraram com minhas palavras. Então, sem mais delongas me despedi e voltei para a casa de Claire.

    Consegui, quase tudo só preciso de um pouco de sangue.

    – Isso não deve ser problema para um vampiro? – Ironizou ela…

    – Não, o problema é achar um virgem que não seja criança.

    – Boa sorte, aliás com tantas câmeras, smartphones e gadgets. Deve ser difícil caçar nas cidades.

    – Sempre foi lobinha, por isso que os centros de doação tem se multiplicado… Aliás descobri um aqui perto, sabe a lavanderia do vizinho?

    – Não acredito, eles parecem tão normais!

    – Pois é…

    É lá fui eu com uma trouxa de roupas pra lavar em uma das mãos.

    – Tô precisando lavar algumas roupas com o “serviço especial” de vocês.

    A atendente me deu um ticket para as roupas e um cartão NFC. Depois apontou uma porta. Aproximei o cartão da fechadura, que se destravou e liberou minha passagem escada a baixo.

    Ambiente claustrofóbico, com paredes de tijolos a vista e iluminação com poucas lâmpadas incandescentes.

    Havia uma sala de estar com meia dúzia de pessoas lendo revistas velhas ou mexendo nos celulares. Aproximei e soltei:

    – Algum virgem?

    Dois caras gargalharam, uma garota estou uma bola de chiclete e os outros pareciam não ter ouvido. Tentei novamente com o tom de voz mais alto:

    – PODE SER UMA VIRGEM TAMBÉM!

    Os caras riram mais ainda e quando estava prestes a ir embora uma das garotas se levantou e foi pra cabine mais próxima. Ela devia ter uns 16 anos, usava fone de ouvido onde tocava algo eletrônico e tinha cara de  indiana. Entendi que se encaixava no perfil e fui atrás.

    – Seguinte eu tô aqui pela grana fácil do sangue, mas ando tão emputecida com a vida, que se o senhor pagar bem a gente negocia.

    – Relaxa eu te pago bem mas tô aqui pelo sangue. Só preciso saber se é virgem mesmo.

    – Sim, eu sou de uma família onde as moças precisam casar virgem… Tem algumas seringas descartáveis ali na bacia, ou prefere me morder? Só peço que não morda no pescoço, por favor.

    – Relaxa, pode ser com a seringa mesmo. Pago $1000 por 300ml.

    – Por 300ml eu quero $3000, sou virgem lembra?

    – Ok realmente tá difícil achar gente com teu perfil…

    Não conversamos sobre mais nada ao longo da Seção. Fiz o recolhimento, paguei e fui pra “casa”.

    – Super discretos na lavanderia – Comentei com Claire.

    – E conseguiu o que queria?

    – Sim, espero eu…

    – Antigamente devia ser muito fácil conseguir sangue, todos só rituais antigos usam. – Falou ela irritada.

    – Sim, sim. Sem falar que era fácil esconder corpos.

    – Nossa, que desapego com a humanidade.

    – Ah claro, falou a wairwulff que nunca comeu carne humana (risos)

    – Pior que nunca comi mesmo! – Disse ela com toda firmeza possível no tom de voz.

    – Não acredito, mas ok. Se quiser algumas receitas, peço para o Carlos mandar…

    – Idiota!!!

    Depois disso ela foi pentear macacos e tratei de me preparar para o ritual de purificação, que antecede o ritual principal.

  • Ano novo, um vampiro novo?

    Ano novo, um vampiro novo?

    Depois de um ano inteiro de férias, não posso dizer que sou um vampiro novo. Apesar disso, fica claro que o mundo mudou desde que iniciei este site 10 anos atrás. Pois é, faz muito tempo… Alguns seguidores daquela época ainda mantem contato comigo. Outros vindos das redes sociais apenas apareceram aqui para matar a curiosidade. No fundo, apesar dos contratempos, sou muito feliz pelo acontecimentos gerados em função de meus relatos virtuais.

    Ao longo do ano de 2017 eu experimentei o mundo. Deixei de lado inclusive o trabalho, o clã e isso foi caótico para alguns. Sebastian, minha cria mais antiga teve de largar os estudos acadêmicos ao lado de sua esposa Claudia. Ambos tiveram de se dedicar a administração dos negócios mais burocráticos. Tendo inclusive de usar por alguns momentos o famigerado terno e gravata, algo completamente diferente daquilo que utiliza quando está na fazenda.

    Franz, meu “irmão mais velho” também assumiu diversas funções que até então eram dedicadas somente a mim e precisou largar a cabana do mato. A cabana do mato não foi na verdade a principal coisa que teve de abdicar e quando teve de deixar algumas festas de lado em prol do clã a coisa ficou feia. Até guardei alguns áudios dele me xingando para a posteridade. H2 está sempre junto dele e seu relacionamento é bastante conturbado. Franz reclama com frequência, que nunca mais transformará “um velho” em vampiro.

    Lilian e Rebecca no final de 2016 já haviam tomado seus próprios rumos com seus companheiros. Naquela época eu confesso que havia ficado um tanto quanto enciumado por elas estarem mais distantes. Só que o cotidiano vampiresco funciona dessa forma, a vida eterna proporciona um mundo conectado e realmente são muitos lugares, indivíduos e grupos para se conhecer.

    Frederick, pelo o que sei desde a última vez que ele entrou em contato está numa jornada pessoal muito parecida com a minha. Não sei detalhes, mas é provável que esteja com seu amante por algum canto do velho mundo ou talvez pelo oriente?

    Hadrian, Pepe e Claire são os sobrenaturais no qual mais tenho contato neste momento. Passamos por alguns momentos especiais ao longo do ano. Fatos que serão apresentados por aqui nos próximos meses.

    Por hoje é isso e ótimo 2018 a todos!

  • Vampiros, sexta-feira 13 e pseudo bruxas

    Vampiros, sexta-feira 13 e pseudo bruxas

    Há tantos fatos sobre vampiros que não fazem sentido, que as vezes nem mesmo eu consigo usar palavras para explicar. Por que alguns vampiros suam de verdade e lacrimejamento e outros sangram? Por que certos vampiros tem poderes mentais, enquanto outros têm habilidades com o corpo, ou ainda alguns exercem influência sobre os elementos da natureza? E o que tem haver isso com sexta-feira 13…

    Cara, se estais aqui em busca de explicações sobre o porque disso tudo, desculpa, sorry… NÃO SEI.

    Sério, tenho minhas habilidades, domino-as até certo ponto e não sei de onde vem ou para onde vão. Por vezes me sinto abençoado, em alguns momentos me sinto um pequeno Deus. Só que também há momento mas em que me sinto um anticristo, amaldiçoado, demoníaco ou maldito.

    Ao meu ver, saber o porquê das coisas é importante, pois gera algo chamado “liberdade”. Sim, acredito que ao jogar certos dons aos deuses, ou pelo menos aquilo que é difícil de lidar ou entender. Nos permite a liberdade de agir, a liberdade para tentar ou praticar aquela tal tentativa e erro.

    Noites atrás eu estava naquele lugar que mencionei no post. Onde levei uma pseudo bruxa para o meu quarto de hotel. Fizemos aquilo que nossos corpos quiseram e depois troquei uma ideia com ela. Eu já tinha percebido que ela era apenas um “cosplay de bruxa”, mas resolvi levar o lance dela um pouco mais para frente por diversão.

    Foi quando entramos nesse papo de Deus(a), sobrenaturais e afins, aliás foi onde consebi essa ideia de “liberdade pelos Deuses”.

    A garota não conseguiu ir muito longe nas suas explicações acerca dos “seus poderes”. Juro, ela acredita piamente ser abençoada e detentora de poderes psíquicos.

    • Pensa em algo e deixa eu adivinhar.
    • Tô pensando…
    • Vocês tá pensando em nós!
    • Cara, tô pensando no que vou fazer amanhã…

    Na verdade eu estava pensando em como mandar ela embora mais rápido.

    E tu querido(a) leitor tens alguma explicação para a existência de vampiros, sexta-feira 13 e bruxas?

  • A Carta: prévia do futuro livro “Erner”

    A Carta: prévia do futuro livro “Erner”

    Alguns meses depois e o conteúdo daquela carta ainda me intrigava. Nada estava explícito, mas, nas entrelinhas daquelas palavras vindas de uma época distante, eu poderia prever o que diziam. Em certas horas do dia, naqueles na qual consigo tirar um tempo para o descanso, algo que me tem sido raro, me vejo sobre as velhas lembranças que de tempos em tempos batem à porta.

    É fato que todo e qualquer vestígio sobre minha verdadeira origem, família e suas histórias, deveriam confortar meu coração de pedra, o coração que não bate e não sente… Será que não o sente? Tais descobertas deveriam sanar angustias vindas da busca pela verdade, e dúvidas como, quem eu era? De onde vim? Como eram aqueles que me deram a vida? Mas, à medida que tudo se tornava mais claro, um horror maior se revelava. À medida que buscava algum sentido, mas perdido tudo se encontrava.

    Percebo que todos esses questionamentos que perturbam minha mente, perturbam a qualquer um que já tenha sentido a necessidade de se conhecer melhor. Toda a confusão de sentimentos também, afinal, por que nos abandonaram ou por que nos tiraram de nossas famílias? É tolice achar que isso são coisas meramente humanas. É tolice achar que somos assim, tão superiores ao ponto de não nos importarmos com absolutamente nada. Mas, ao mesmo tempo, humano algum se deparou com certas situações, como nós, vampiros. O que posso afirmar, é que somos criaturas capazes de suportar muitas perdas, desilusões e tristezas, séculos a fora, porque aprendemos a vestir essa armadura. E ainda estamos aqui, buscando sobreviver a cada noite e buscando superar as adversidades, como se fossemos os mais afortunados da Terra. E no fim, o somos. Ao menos aos olhos meramente humanos…

    São muitos os momentos que me vejo refletindo sobre essas questões, mas aprendi com as surras da “vida” e da sobrevivência que nós vampiros somos como somos, por essa ser a nossa natureza. Transformamos-nos nisso, querendo ou não. Mas, essas palavras na carta, que tudo indica serem as palavras de minha mãe, e que agora transcrevo de uma forma mais clara me trouxeram uma humanidade que muitas vezes tento ignorar.

    ” März,1906…

    A ti escrevo com angústia. A ti escrevo para alertar sobre um mártir prestes a assombrar nossos destinos. Encontro-me de mãos atadas por minha própria injúria e fraqueza. Mas, tenho esperanças de que me sejas possivel salvar nossas almas condenadas pelo demônio. Um demônio tão terrível quanto o próprio Satanás. Digo-lhe, querido, que caí em uma armadilha e quase deixei meu amor verdadeiro por ti, se esvair como vento entre os dedos da mão. Deixei-me seduzir pela ilusão, nas entrelinhas de uma frieza crua e calculista, diante de uma face inexpressiva, como uma distância exaustiva. Um muro. Uma tranca sem chaves. Era como um delírio. Era como hipnose. Mas, finalmente acordei. E acordei pelo ser que carrego em meu ventre, e pelo amor que tenho a ti. Mas, a ti escrevo com angústia. Os olhos marejados de sangue, o corpo açoitado pela dor. Precisamos protegê-la, e livrar-lhe desse destino terrível. Peço-lhe que me perdoe, mesmo sabendo que esse é um pedido incabível, depois de todos os males que causei a vós.  Com grande pesar, Ass. Ely….”

  • Pelos esgotos da cidade

    Pelos esgotos da cidade

    Ser quem eu sou me permite ir além dos lugares comuns à sociedade dita: normal. Afinal o mundo não se restringe a superfície, aos shoppings ou locais encontrados no Google maps. Vocês sabem que os vampiros, bruxas e lobisomens vivem à margem da sociedade. Mas afinal de contas o que significa isso?

    Quando vulgarizaram o termo marginal, incluíram em tal conceito, não apenas os bandidos, mas também todas as criaturas e inclusive Humanos que vivem escondidos. Haja vista que nem todos se adaptam com facilidade aos costumes, ao passar dos anos e toda aquela rotina que vemos na tv e internet.

    Muitos amigos ou conhecidos vivem marginalizados, no sentido de estarem longe disso que falei até aqui. Inclusive, alguns deles fizeram parte de uma de minhas últimas aventuras.

    Certa vez falei sobre alguns vampiros que vivem entre esgotos e linhas de metrô abandonadas e foi por estes caminhos que andei. Obviamente, eu estava atrás de pistas, os quais não posso revelar no meio desta investigação. Puta que pariu como odeio esses lugares!

    Começar, que esperei a troca de turno dos vigias do trem e consegui entrar pulando a catraca do metrô. Aliás, não fui o único, vários garotos espertos fizeram o mesmo. Peguei uma linha, fiz baldeação por outra é lá estava numa estação chave. A entrada ficava por uma entrada/saída de ar pelo teto.

    Caminho apertado e resolvi me transformar em névoa, confesso sou meio claustrofóbico. Circulei por um tempo e lá estava o lugar onde o esgoto separava os aventureiros dos demais frequentadores. Se não fosse a forma de névoa eu precisaria de muita agilidade para passar por entre as entradas altas ou paredes praticamente sem apoio.

    • Oswaldo, seu filho da puta. Na próxima é tu que vai ao meu encontro.
    • hahahah chega aí viadinho.
    • Porra cara. Tá foda vir aqui.
    • Relaxa, tudo o que tue pediu tá aqui nesse pendrive.
    • Ainda bem, se não tu ia comigo lá pra cima…
    • Cara, não saio daqui a dois anos, nem sei mais por onde sai.
    • Tu precisa parar com essa dieta de ratos
    • Com o tempo, tu se acostuma, parecem pequenos filhotes humanos!

    Silêncio.

    • Hahha zuera, parecem filhotes de cachorro.
    • Tá cara, foi bom te ver. Tudo aqui, né?
    • Vai na manha.
    • Valeu!

    Sai o mais rápido que me fosse possível daquela merda…

     

  • Que roupa um vampiro usa?

    Que roupa um vampiro usa?

    Não sei até que parte do meu livro vocês leram, mas está lá em vários lugares a informação de que eu já tive uma fábrica de roupa. Na verdade, as fábricas eram do clã, naquelas idas e vindas em Berlin de mil oitocentos e alguma coisa.

    Época boa, no qual eu aprendi de fato como administrar uma empresa e ainda por cima aprendi algumas coisas sobre vestimentas e moda. Falar de moda não é o meu forte e talvez cabece as minhas queridas Lilian ou Becky tal post. Todavia, acho justo que uma opinião masculina acerca de tal tema, também apareça por aqui.

    Já falei umas duas vezes em artigos antigos sobre as preferências dos vampiros sobre a cor vermelha e vale lembrar que isso ainda prevalece. Por que o vermelho? Simples, pelo fato de poder ocultar manchas ou respingos provenientes de nossa alimentação.

    Não é que os vampiros só usem isso, eu mesmo adoro usar cores diferenciadas. Preto ou até branco as vezes me agrada, como também azul royal ou verde musgo.

    Sobre as vestimentas… ahh como eu gosto de estar “vivo” nesta época. Pois, diferentemente de outras, hoje é possível usar qualquer tipo de vestimenta. Os excêntrico podem variar os cortes, as costuras, os formatos ou adereços e ainda assim serão aceitos. Diferente de décadas atrás onde um chapéu e uma bengala eram vistos como objetos obrigatórios e necessários a ostentação cotidiana. Ok, hoje ainda são muitos que ostentam algumas marcas de roupas ou smartphones caros. Só que antes era diferente, um simples corte ou tecido mais elaborado podiam separar ricos de relés operários.

    Não se podia, por exemplo, usar cores muito vivas, para não ser taxado de cigano ou artista de circo/teatro. As calças eram de corte reto e as camisas desconfortáveis. Os casacos não era macios e os sapatos, quanta sofrência.

    Contemporaneamente, eu uso jeans, camiseta e tênis. Foda-se! Sério, não me imagino mais usando aquelas camisas vitorianas cheias de babados e frufrus. Vez ou outra coisa é claro que eu preciso andar com roupas sociais e felizmente hoje existem tecidos leves, frescos e elásticos.

    Portanto, não adianta procurar vampiros noite adentro e naquele estereótipo de filme mudo. Adaptar-se é fundamental para a sobrevivência, tanto nos hábitos, quanto na fala e sempre pelas roupas.

  • Uma nova jornada: Parte Final – Presentes e Despedidas

    Uma nova jornada: Parte Final – Presentes e Despedidas

    -Está pronta, Becky?

    – Calma, falta só o batom!!!

    – Que demora em se arrumar!

    – Não faça cara feia, Loren… – Falei saindo do banheiro – Pronto, chato! Vamos?

    Antoni insistiu em fazer uma festa de despedida para nós. E confesso que estava ansiosa para voltar para minhas rotinas agitadas, sair do silêncio dos campos e voltar ao calor e agito urbano. Naquele mês, pude aproveitar muito minha estadia no clã, na qual fiz algumas amizades, adquiri aprendizados e me redescobri. Mas enfim, quando entramos no salão, todos nos receberam com entusiasmo. Foram algumas horas de boas músicas, conversas, risadas. Ao fim da festa eu e Lorenzo nos despedimos e nos recolhemos. Estava amanhecendo. Tudo já estava organizado para nossa partida, assim que anoitecesse novamente…

    – Lúcia, muito obrigada por cuidar de nós esse tempo que estivemos aqui. – Agradeci enquanto colocávamos as malas no carro.

    -Imagine minha querida, menina! – Disse aquela senhora de olhos brilhantes e meigos.

    Abracei Sophie que prometia me visitar em breve. Abracei Antoni que me puxando de canto disse-me reservadamente:

    – Espero que volte em breve. Quem sabe, para ficar…

    -Já conversamos sobre isso. – Respondi. – Quem sabe…

    – Tudo bem. Tudo há seu tempo! Tenho grande apreço por você e quero ajudá-la com Lorenzo. Hey! Quero lhe dar uma coisa que consegui um tempo atrás…Estava guardando para o momento certo.

    Era um pequeno envelope. Aceitei com gratidão sem noção do que se tratava. Tratei de abri-lo logo. Era algo que me pegou completamente de surpresa. Havia um retrato muito antigo e uma carta. Um pedaço totalmente desconhecido de minhas origens. Como ela era parecida comigo!

    – Que é ela, Antoni? – Perguntei curiosa.

    – É sua mãe, Becky. Sua mãe verdadeira. E a carta, é dela para alguém que não conseguimos identificar, me pareceu sem sentido. Leia quando tiver tempo, pode ser que descubra alguma coisa. Eu consegui isso com um amigo que me ajudava quando procurava por meu irmão e descobri o envolvimento dele com você. Foi uma das poucas informações que consegui sobre seu passado e de onde você veio. Mas, isso é mais importante para você do que para mim…

    Olhei por longos minutos para aquela imagem. Minha….Mãe… Abracei Antoni novamente sem saber o que dizer, podendo apenas agradecer e sabendo que a partir daquilo poderia encontrar mais pistas sobre minha família.

    – Obrigada! Não sei o que dizer… Enfim, vamos manter contato. Considero-lhes grandes amigos! E se eu descobrir algo, ficarei feliz em dividir a notícia com você.

    Ele sorriu. Um sorriso sincero. Fomos embora sabendo que teríamos uma longa viagem pela frente e logo minha rotina voltaria ao normal novamente. Já no avião, pensava no futuro e logo na transformação de Lorenzo, ele ainda tinha muito a aprender antes disso. Dormia abraçado a mim, eu olhava as estrelas e olhava o retrato daquela jovem tão parecida comigo. Que caminhos a levaram? Quais caminhos me levariam? Isso só o tempo poderia nos dizer. Em mim eu levava a certeza que no momento certo, todos nos veríamos outra vez. No entanto, aquele era o fim de mais uma de minhas jornadas…

  • Uma nova jornada – Parte XI: o treinamento de Lorenzo

    Uma nova jornada – Parte XI: o treinamento de Lorenzo

    -Eu estava sentindo muito a sua falta!

    Olhei-o com atenção. Estava enrolado sobre mim, cheirando meu cabelo.

    – Eu também senti a sua falta. – Falei olhando o nada. – Mas, acho que conseguimos matar um pouco a saudade…

    Levantamos. Arrumamos a bagunça que fizemos no quarto. Após um banho, estávamos prontos. Eu acompanharia o último treinamento de Lorenzo e estava ansiosa para verificar o que ele havia aprendido e o quanto havia evoluído. Ao sairmos, encontramos Sophie no caminho.

    – Eu estava indo buscar vocês. Então, hoje irá mostrar o que aprendeu à sua futura mestra?

    Lorenzo olhou-me esperançoso. Disfarçando tratei de dar uma de desentendida.

    – Vamos logo? Estou ansiosa, deixemos os assuntos burocráticos para outro momento Sophie.

    A noite seria longa e eu esperava poder aproveitar para ver o máximo que pudesse, esperando ser surpreendida.  Lorenzo mostrou habilidades em várias modalidades de luta corporal, certamente por isso estava mais forte do que a última vez que o vi. No entanto, em poucos dias o corpo de Lorenzo sofreu mudanças consideráveis, porém nada extremamente absurdo, pois ele já tinha uma boa massa corporal. Ao que tudo indica, mesmo que fosse apenas um Ghoul, permaneceria desenvolvendo e aperfeiçoando habilidades, tais como para correr, escalar, dar grandes saltos e outros.

    Com Sophie ele aprendeu o básico de inglês e alemão, o que com certeza lhe seria muito útil, mas que ele melhoraria comigo ao longo do tempo, e com certeza, aprenderia outros idiomas também. Aprendeu também alguns poucos feitiços, coisa básica que até alguns humanos conseguiriam fazer. Ainda era muito cedo para dizer quais dons e poderes Lorenzo desenvolveria além das habilidades normais, caso eu o transformasse em vampiro.  Cada treino havia sido breve e superficial devido ao tempo disponível, tanto por nós, quanto por alguns professores. Mas, quando o final da noite se aproximava, senti certo orgulho pelo esforço e empenho dele em me dar o seu melhor.

    Uma das últimas habilidades que mostrou ter aprendido eram com algumas armas de fogo. E nisso ele era realmente bom. Tinha uma percepção de distâncias e precisão incrível para acertar os alvos.

    -Becky, venha cá. Quer atirar? Quero que acerte naquele alvo. Está vendo aquele ponto minúsculo em vermelho? – Desafiou-me Lorenzo.

    – Humm vamos ver! – Respondi , indo em sua direção.- Por que não me ajuda?- Provoquei.

    Sophie observava divertindo-se, dei uma piscada para ela. Engatilhei a espingarda Calibre 12. Lorenzo encostou o corpo em minhas costas “ajudando” a me posicionar e a “segurar” a espingarda de maneira adequada, como se eu não soubesse… Senti seu cheiro e o calor de seu corpo. Pude ouvir sua respiração. Observei o alvo na mira. Lorenzo afastou o corpo. “Ahh, fica mais um pouco babe…”

    – Prontos? – Perguntei.

    O tiro preciso acertou o alvo em cheio. Respirei fundo distribuindo meu orgulho.

    – Tente novamente naquele lá. – Continuou.

    -Olha que vou acabar humilhando você… – Respondi.

    Lorenzo veio mais perto novamente. A espingarda não dava muito impulso, mas deixei o braço mais solto. Engatilhei, observei o alvo na mira e… Buum! Acertei novamente, claro.

    – Becky!!! Meu nariz. – Disse Lorenzo, com as mãos no rosto logo atrás de mim.

    Virei para trás já achando graça. Acertei uma cotovelada proposital em cheio em Lorenzo. Sophie caiu na gargalhada e Lorenzo meio rindo, meio reclamando resolveu acabar com os desafios.

  • Uma nova jornada – Parte X: todo sentimento é uma forma de amor?

    Uma nova jornada – Parte X: todo sentimento é uma forma de amor?

    “Pretendo descobrir

    No último momento

    Um tempo que refaz o que desfez

    Que recolhe todo sentimento

    E bota no corpo uma outra vez (…)

    (…)Prefiro, então, partir

    A tempo de poder

    A gente se desvencilhar da gente”

    “Rebecca”, “Lorenzo”, “Ah Ahmmmm…”

    Acordei devagar após um sonho bom.  Estiquei cada osso enrijecido ouvindo-os estralar. Passei as mãos do outro lado da cama e… Ninguém.

    – Olá. Descansou? Beba um pouco, mas vá devagar. – Disse Antoni quando cheguei à pequena cozinha da cabana.

    Assenti. Ah sim, a fome. Eu estava sem me alimentar há o que? Dez dias? Seria possivel? Tomei um copo de sangue com calma, degustando seu sabor e sentindo que até então tudo estava sobre controle. Após alguns minutos, senti algo queimar por dentro e uma forte náusea me atingiu.

    – Isso é normal? – Perguntei.

    – É sim. Por algumas horas. Deve se alimentar aos poucos, devagar… Mesmo naturais, é o efeito das substâncias que usamos no ritual. Além disso, foram bons dias em jejum.

    – Já vamos embora?

    Antoni me olhou de soslaio e assentiu. Arrumamos o necessário e partimos. Foram algumas horas de cavalgada e para espantar o tédio tentei observar e gravar o caminho. Pensava em quando veria meu “Loren” novamente enquanto todos seguiam em silêncio. “Queria que me ajudasse a cuidar de tudo isso aqui.” As palavras de Antoni, porém, também não saiam de minha cabeça. Seria esse meu lugar e meu real caminho?

    Como eu teria mais umas semanas para aprender coisas novas e conviver com aquele mundo um pouco diferente do que eu estava acostumada, decidi não pensar sobre o assunto e deixar as coisas acontecerem no seu tempo… Infelizmente, quando chegamos Antoni me orientou a não encontrar Lorenzo. Mas, enviei sangue suficiente para que ele pudesse beber, afinal era meu dependente. Acho que no fundo Antoni queria nos manter afastados o máximo possivel, o que me irritou, mas não me fez contestar o pedido.  Os dias e noites passaram devagar.  Passava horas do dia estudando sobre o clã, sobre procedimentos de magia, efeitos, poderes e fenômenos, energias espirituais e físicas, entre outros, na biblioteca, aprendendo seus métodos, inicialmente na teoria.

    Durante a noite, Antoni e eu realizávamos os rituais e outras práticas, além de treinos e exercícios de concentração.  Nem sempre tudo saía perfeito, mas as experiências sempre vinham com lições e conceitos importantes. Consegui aprimorar alguns detalhes nas minhas viagens astrais e dons de manipulação, sempre orientada a usá-los de maneira inteligente e quando o necessário.  Descobri que tinha um grande potencial para levitação, e para controlar meu corpo físico mesmo durante as viagens. Mas para conseguir tais feitos com perfeição, precisarei de décadas de treino! No entanto, em um dos exercícios, consegui movimentar um pouco um dos dedos das mãos, o que me encheu de entusiasmo e esperança…

    Alguém bate na porta. Eu já estava pronta para deitar e descansar um pouco.

    – Entre.- Falei.

    – Rebecca? – Era Antoni – Acho que tem alguém precisando falar com você…

    Vendo- o abrir o restante da porta, ergui o olhar, já entusiasmada. Lorenzo estava um pouco diferente. Mais forte, robusto, cheio de alegria com aquela timidez e olhar curiosos de sempre, porém muito mais seguros. Mas, sentiam minha falta. Abracei-o sentido seu cheiro doce já ativando meu desejo, não por seu sangue. Por ele.  Dei-lhe um beijo tímido quando senti um sobressalto. Parei. Olhei para Lorenzo que sorria com os olhos. Olhei para Antoni logo atrás, que esperava, disfarçando a tensão.  Enrijeci, uma pontinha de vergonha atingiu-me. Caminhei até Antoni.

    – Muito obrigada por trazê-lo, Antoni.

    Ele ergueu o olhar e sorriu com o canto dos lábios.

    – Podemos conversar apenas um instante em particular? Logo os deixarei matarem a saudade…

    Lorenzo fez sinal que esperaria. Antoni e eu fizemos uma pequena caminhada dentro do casarão. Alguns minutos em silêncio e finalmente ele falou:

    – Rebecca, são suas ultimas noites aqui. Foi muito bom ter sua companhia neste mês e poder lhe ensinar o pouco que sei. Eu realmente gostaria que ficasse, mas percebi que não posso lhe pedir isso.  Peço-lhe então que continue praticando, você tem um grande potencial.  Estarei aqui para o que precisar. Sempre.

    – Por favor, me chame de Becky. Eu lhe agradeço muito por esse mês aqui. Durante todos esses dias eu tive a oportunidade de me conhecer melhor. Deixar coisas para trás e buscar uma nova jornada. Descobri a leveza, harmonia, equilíbrio e o respeito com o que há em nosso redor. Levarei isso para sempre comigo, querido. Mas, descobri que ainda não encontrei meu lugar. Não encontrei onde meu coração frio está.  Quem sabe um dia eu descubra. – Falei e coloquei minha mão direita em seu peito.

    Segurando e acariciando minha mão, Antoni fechou os olhos por alguns instantes e me permitiu ver seus pensamentos. Lá pude ver o quão suas intenções eram sinceras. “Seu coração está onde está a sua felicidade. Vá e seja feliz. E um dia, se for seu destino. Volte. Eu estarei aqui.” Então, deixei-me levar por um sentimento momentâneo, porém intenso. Beijei Antoni sentindo um carinho estranho e não menos apaixonado. Foi apenas um beijo. Um carinho expressando gratidão. Um presente e talvez uma lembrança.

    Olhei-o em seus olhos. E o deixei, indo embora devagar. Ao voltar abracei Lorenzo com força. “Meu Lorenzo, ainda não me atrevo a lhe dizer. Mas, lá no fundo sei que o que sinto por você, é “mais” do que eu podia imaginar”.

  • Livro Ilha da Magia – As rotinas de um clã de vampiros

    Livro Ilha da Magia – As rotinas de um clã de vampiros

    Hoje inicia-se uma nova fase em meu livro, um momento no qual eu ainda vivia em Berlin e pela primeira vez fiquei a frente de meu clã. Uma responsabilidade imensa para um vampiro jovem e que com certeza influenciou para todo o sempre a minha existência.

    Sem mais delongas, segue abaixo os primeiros parágrafos, a primeira parte completa do capitulo pode ser lida no Wattpad.

    Muitas noites haviam se passado, o treinamento de Sebastian ia muito bem e inclusive ele já havia adquirido muitas habilidades, quando recebemos notícias de Georg e Franz. O navio que os havia levado até o Brasil retornara a Prússia trazendo algumas cartas para todos nós. Cada um de nós recebeu uma correspondência selada, inclusive Sebastian e ao que tudo indicava eram instruções e notícias para todos.

    A minha carta fora enviada por Franz que comentou em poucas palavras a viagem e a chegada ao Rio de Janeiro. Dizia que a viajem havia sido tranquila, porem as notícias vindas de Desterro não eram muito boas:

    “Acabamos de aportar no Rio de Janeiro e os Wampir daqui nos informaram que houve um aumento considerável na quantidade de rituais bruxólicos em Desterro. Ao que tudo indica tua família mortal está bem e não há necessidade de te preocupardes. Iremos para lá assim que possível somente para ter certeza que tudo está bem e para ver se conseguimos descobrir maiores detalhes de tais ritos nefastos.”

    Diante de tais palavras era impossível não ficar preocupado. No entanto o que me fez ficar preocupado de verdade foi o último parágrafo daquela carta:

    “Antes de sairmos às pressas de Berlin soubemos que existe um Wampir traidor em Berlin. Há alguém que simplesmente está sendo consumindo pelos poderes malignos e queríamos que tu fizesses uma investigação rápida. Não sabemos gênero, cor ou raça então isto será um trabalho difícil. Este é na verdade um pedido de Georg e tomes muito cuidado meu irmão. Vemos-vos em breve! Cuide de todos, pois tu podes! Lembra-te disto.”

    Ficamos por um bom tempo debatendo as notícias recebidas e o grande assunto da noite foi a questão do Wampir infiltrado. Eu de imediato pensei naquele velho rabugento do Achaïkos e foi quem desprendeu minha maior atenção nas noites em que se seguiram. Na verdade, podia ser até mesmo alguém do meu clã, ou pior ainda, Suellen….

  • Uma Amizade Improvável pt 7

    Uma Amizade Improvável pt 7

    -Então quer dizer que você é o arrombado que anda nos perseguindo? – cara de uma coisa você pode ter certeza, não tente ser filho(a) da puta comigo, eu vou descobrir e vou acabar querendo fuder com a sua vida em grande estilo! Não me importa se você é um bosta miserável ou um milionário com pinto pequeno, o que importa é que eu vou atrás de você e vou acabar com a sua vidinha medíocre de alguma forma sensacional com direito a platéia.

    A cena era a seguinte, nós com os regrados, motoqueiros sobrenaturais, membros da Ordem e aquela vontade louca de ver sangue jorrar e de preferência explodir com tudo. Do outro lado tínhamos os inimigos mais antigos da Ordem recém saídos de algum buraco da terra e com sede de vingança, sei lá eu que caralhos era essa vingança, mas era uma e eles espionaram o nosso atual comandante e eu, EU, EU, EU, uma coisa eu tinha certeza, eles não tinham algum tipo de amor a imortalidade deles, porque se me espionaram viram que uma vez que pisar no meu “calo” eu arranco até os olhos da cara, só por diversão de ver o sofrimento do idiota que se atreveu a me irritar, cortesias de ensinamentos by professor Hector! Thanks Babe! 😉

    Do outro lado o tal do Alex e aquele ar de superioridade que logo menos eu ia enfiar de volta no rabo dele de tanto chute meu que ele iria levar, tudo isso deixando aquela situação de clãs um de frente pro outro, cena clássica de guerra saca, lindo de se ver, o que era ruim de se ver era a falta do Steven que tinha se enfiado no inferno novamente e sumido da face da terra, mas tudo bem, conhecendo meu amigo/amante nas horas vagas/conselheiro e assim vai, logo ele apareceria com alguma ótima surpresa ou não né, vai saber, não sei os dias que ele fica de TPM… =x

    Trevor tinha aquela expressão muito bem conhecida dele de ” Eu vou arrancar a sua cabeça e dar para os seus amigos comerem!”, Daniel e o sorriso galã psicopata dele, Joshua com uma arma na mão e olhando como se tudo aquilo não passasse de uma festa junto de seus companheiros que pareciam muito felizes por estarem ali, afinal para nós redneck’s uma boa briga é sempre muito bem vinda é quase que um método de meditação, quase isso, mas ajuda né?! O Gabriel e os regrados com aquela expressão de paisagem morta de sempre, mas pelo menos estavam ali com o mesmo propósito que o nosso e o chefe deles era bonito de se olhar e para melhorar a situação ele parecia o próprio demônio encarnado lutando, então era uma vantagem imensa a nossa.

    Eu resolvi dar um passo para frente já com a minha fiel amiga em mãos e o líder da Devil se achou no direito de ficar bem perto de mim e abrir a boca pra falar bosta, como se o que ele já fez não tivesse sido merda o suficiente – Lilian, como está a Kate? Diga que mando lembranças! – a cara de pau dele era tanta que eu apenas sorri como se aquilo não passasse de uma piada – Pode ficar tranquilo meu caro, quando ela estiver embaixo de mim eu mando lembranças… Ou talvez apenas mostre a sua cabeça pendurada na minha parede, você seria um ótimo enfeite! – se ele tinha alguma esperança de que eu iria amarelar, toda a esperança tinha ido embora da face dele depois da minha inusitada resposta – Vejo que puxou o jeito ácido de seu mestre?! Talvez os filhos sigam os pais afinal… – eu acho que as vezes, só as vezes a minha paciência volta, mas ela volta nas horas mais desproporcionais. A minha única atitude foi dar as costas e voltar para o meio dos meus aliados e esperar o que o cara iria vomitar de besteiras pra cima da gente.

    Trevor sorriu de volta pra mim e piscou, ele tinha algo em mente e no fundo do meu coração algo iria dar errado, muito errado. Agora ao lado do Daniel esperei assim como os outros a volta, o que viria, Joshua parecia impaciente e seus companheiros também, Gabriel ainda estava na mesma posição, apenas observava o quebra-cabeça sendo montado. Olhei para trás e voltei a olhar para Alex ele tinha o olhar fixado em mim, mas quebrou o olhar e se virou para nada mais nada menos que o meu mestre – Trevor, creio que estivesse esperando a visita de Caios, mas ele meio que morreu e agora eu assumi o controle… – sério? Controle de que meu filho? Controle de drogas? De prostitutas? Porque de vampiros que não era! – Ah vah! Sério? Eu achei que você era a putinha dele que veio aqui a trabalho, talvez fazer o trabalho sujo por ele! – eu amo as respostas sarcásticas do meu adorado Trevor – Não meu caro, deixo esse papel para sua pupila ali! Mas vim aqui para pegar minha mulher de volta, acabar com você e com esses dai da Ordem, os motoqueiros caipiras e esses ai que não sei o que são… – Gabriel apenas olhou na direção do líder da Devil e sorriu, andou até ele sorrindo com as mãos em seu sobretudo, eu já falei o quanto o vampiro é gato? Enfim, quando ele chegou mais perto estendeu uma das mãos para um cumprimento “amigável” – Prazer, Gabriel, sou apenas um regrado cumprindo deveres! – não sei se era possível, mas Alex ficou mais branco do que já era, ficou estático alguns segundos, ligando os fatos até que percebeu que se ele veio pra matar vampiros e sumir sem ninguém o punir, ele estava bem equivocado, porque se ele tinha um plano bom, nós tínhamos um melhor ainda.

    -Licença, eu vim aqui pra matar alguém, vingar algumas mortes aqui na minha região, será que rola? – Joshua parecia entediado e deixou bem claro que Alex e seus capangas tinham matado na cidade dele e não sairiam dali impunes. O que me intriga é que esses imbecis vieram aqui em busca de uma vingança que foi no tempo em que Michael ainda era “novo” e Odin saia por ai trepando com geral… Tipo pra que agora? Quanta paciência pra esperar, depois vir até aqui sem o caso bem pensado, ou pelo menos com um plano B na manga. Pra que? Por que não ficou lá na sede deles bebendo sangue, lendo algum manual de ” Como não ser idiota!” Ou fazendo um tricô? Teria sido mais produtivo! Do que vir aqui perder tempo, tudo bem que tempo a gente tem de sobra, mas poxa tem coisas que dá pra contornar, mas não como temos tempo vamos lá encher o saco do inimigo que eu não vejo desde as cruzadas, enfim que alegria, aqui estamos e pra ajudar ele quer a Kate de volta, vai ter duas de volta!

    Mas como tudo pode piorar, Alex achou que seria bacana ofender o líder dos Ascendent’s, Joshua -Ninguém pediu a opinião do redneck ali! Você não tem que ir trepar com a sua irmã ou algo assim? – Nunca, nunca na sua vida insulte um redneck, ainda mais se ele for sobrenatural, se fizer isto tenha em mente que é a mesma coisa que falar ” Pode vir eu estou afim de apanhar!”, bastou o cara falar merda que o barraco estava armado com direito a aquelas cenas típicas de briga de bar em que até garrafada estava rolando, eu mesma guardei de volta a katana e cai na porrada como se não houvesse o amanhã! Era soco, xingo, chute, xingo, mordida, xingo puxada na barba, xingo, puxada no cabelo, xingo e sangue pra tudo quanto é lado, era a coisa mais humana e sem noção que eu tinha participado desde que fui transformada, porque não era aquela briga de sobrenaturais que rola poderes místicos, espadas, magia, possessão, lobisomens saindo pela culatra, não meus caros, era pancadaria da velha e boa maneira que vem ai desde os primórdios.

    Quando eu visualizei o Alex, ah me joguei pra cima do canalha, ele ia apanhar pelo que fez com a Kate. Nós dois no chão rolando igual em briga de bêbado, quando conseguimos levantar dei lhe um soco no meio da fuça e ele devolveu depois em mim, ficamos atracados um no outro com trocas de socos, meus rosto ia ficar lindo depois, só que não.

    Enquanto rolava aquela baixaria com tudo voando e aquela zoeira infernal, vi Trevor batendo em dois vampiros, Daniel cortando outros dois, Gabriel apenas com as mãos conseguiu abrir a cabeça de um como se o mesmo fosse uma lata, Joshua parecia estar possuído e batia e metia a bala nos que apareciam a sua frente. Eu consegui me soltar dos braços do Alex e quando tive a chance lhe dei um chute no meio do peito, o vampiro levantou voo e caiu a alguns metros de mim e logo ao fundo ouvi o que parecia um bando de lobisomens chegando, quando me dou por conta tinham cinco deles apenas nos observando e eu muito a lá cuzona vibe, sabia quem eram e apenas soltei – Steven, falaram que os rednecks são tudo uns merdas! O que você acha disso?- Foi pra acabar com tudo, foi lindo de ver, aqueles lobisomens arrancando braços, pernas e cabeças daquele bando de idiotas Devil’s do caralho que os parta, com o OK sorridente do Gabriel, que arrancava com os dentes a orelha de um outro vampiro inimigo.

    Alex se levantou e voltou correndo em minha direção, minha reação foi única, peguei a katana e ele viu, diminuiu o ritmo e viu que agora o buraco entre eu e ele tinha ficado bem lá embaixo – Eu estava esperando pra você fazer isso, nada mais justo que lhe acompanhar! – Alex retirou o casaco e embaixo puxou a própria katana, ambos em posição de luta, no meio da bagunça, era aqui e agora que tudo seria resolvido e eu apenas o olhei e não contive a minha língua – Bring it all, Bitch!

    Tudo mudará
    Nada permanece igual
    Ninguém é perfeito
    Ah, mas todo mundo pode ser culpado
    Tudo em que você confia
    E tudo o que você pode salvar
    Vai deixar você de manhã
    E volta para encontrá-lo no dia

  • Uma nova jornada – Parte IX: a sós com Antoni

    Uma nova jornada – Parte IX: a sós com Antoni

    Quando meu primeiro ritual chegou ao fim, percebi que as horas haviam passado como se fossem segundos. Todos ajudamos a organizar as coisas para o retorno, e nos cumprimentamos ao final.  Montamos nos cavalos, preparados para ir para “casa”, mas logo, percebi que estaria amanhecendo e preocupei-me.

    – Ficaremos em uma pequena vila aqui perto onde descansaremos e partiremos ao anoitecer. – Disse Antoni. O fato de ele ler meus pensamentos constantemente estava começando a me incomodar.

    Cavalgamos por cerca de vinte minutos e então chegamos à vila com algumas pequenas cabanas. Cada responsável se dirigiu com seus grupos de aprendizes para as instalações. Ajudei Antoni a levar os cavalos para um local onde ficassem aquecidos e em segurança. Em seguida, fomos até onde ficaríamos instalados e confesso, que estava ainda mais preocupada com a ideia de ficar sozinha com ele por um dia inteiro. A cabana tinha um aspecto aconchegante, lareira, cortinas, sofás com almofadas, uma pequena adega para vinhos…

    – Se desejar pode tomar um banho. No quarto há algumas coisas suas que pedi para Lúcia separar. – Disse Antoni, prestativo.

    Realmente estava precisando de um bom banho para acalmar os ânimos. Peguei o que precisava dentro de uma mochila no quarto, e fui para o banheiro trancando a porta. Sentindo a água quente sobre meu corpo, refleti por alguns minutos sobre ideias perturbadoras que invadiam minha mente. Após o banho, Antoni que estava lendo qualquer coisa sentado numa das poltronas, olhou-me de canto e franziu o cenho,  levantou e disse que tomaria um banho também. Deitei no sofá, exausta. Acordei apenas com o barulho da porta do banheiro sendo aberta, minutos depois. Acho que cochilei naquele meio tempo.  Sem dar atenção ao barulho, permaneci ali. Logo, senti a mão de Antoni sobre meus cabelos molhados, acordando-me. Abri os olhos e então sentei no sofá. Ele estava vestindo apenas uma calça de moletom cinza mescla. Observei-o enquanto ia se sentar na poltrona novamente. Afundei no sofá fazendo cara feia, o filho da p… tinha um corpo ainda mais bonito do que Thomas.  Lembrei de Lorenzo repentinamente. “Mas que droga.”

    – O que foi?- Perguntou ao ver minha expressão.

    – Nada. Estou cansada. – “Não posso falar sobre ele estar sem camisa, estou usando um baby doll nada decente” – Pensei.

    Risos.

    – Está rindo de mim, Antoni? – Perguntei. “Leu meus pensamentos de novo?”

    – Estou. Desculpe, acho que estou sendo inconveniente.

    – Está mesmo.

    – Estou? – Perguntou provocando-me. – Precisamos conversar Rebecca, sobre coisas sérias.

    Perguntei sobre o que ele queria conversar, e obviamente era sobre o ritual e como eu estava me sentindo.  Porém, acabamos engatando uma conversa que me distraiu por um tempo, do clima tenso anterior, e então comecei a me sentir mais a vontade, descobrindo algumas afinidades com alguém que foi se mostrando atencioso e curioso, mas… Com intenções que eram deixadas no ar sempre que possivel. Em certo momento, Antoni tocou em um assunto que me deixou sensibilizada, falando sobre coisas pessoais suas, deixando algumas de suas fraquezas transparecerem.  Mas, eu estava realmente cansada e receosa de que ele pudesse investir contra mim, sem saber qual seria minha reação diante disso. Agradeci pela conversa, por me ouvir e por falar. Antes de ir para o quarto, dei-lhe um abraço fraternal. “Você é diferente dele, não me decepcione.” Pensei.  Mas, ele queria mais. Ainda abraçado a mim, disse em meu ouvido:

    – Não vá dormir ainda. Sei que está cansada. Mas, queria sua companhia por mais tempo.

    – Desculpe. Mas, é melhor assim.

    -Por quê? Você está pensando no humano?

    – Ele se chama Lorenzo. – Retruquei – Sim, estou pensando nele. Mas,também penso em você…

    -É? Mas, gosta dele?

    – Não sei Antoni. Olha, obrigada por esses dias aqui e pelo o que tem me ensinado. Você seria um ótimo mestre. Mas, tem sido um ótimo amigo também!

    – Eu gostaria de ser mais do que um mestre ou um amigo para você, Rebecca. – Falou segurando minhas mãos. – Queria que me ajudasse a cuidar de tudo isso aqui. Mas, não se preocupe. Não quero que pense nisso agora e não quero estragar a amizade que estamos começando a construir. Além disso, ainda tenho muito a lhe ensinar antes desse mês acabar.

    – Tudo bem. Peço apenas que me respeite e ficará tudo certo. Eu preciso mesmo de descanso, desculpe. – Falei indo para o quarto.

    – Tudo bem, descanse e ao anoitecer voltaremos para a fazenda.

    Deitei na cama, abraçando os travesseiros.  E confesso que todo o sono evaporou. A insônia que me atingiu fazia meus pensamentos irem longe e causarem uma confusão interna. Será que gosto de Lorenzo? Será que quero ficar com Antoni?  Será que quero ficar aqui? O que eu quero afinal? Eu sabia que não deveria ter vindo…

    Depois de longos minutos entreguei-me a um sono sem sonhos, perturbada com tantas dúvidas e sentimentos confusos que surgiam.