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  • A bruxa sumiu – pt8

    A bruxa sumiu – pt8

    Dificilmente, eu me comovo diante alguma causa, mas o que aconteceu com Helen mexeu muito com minha cabeça. Esqueça que tivemos alguns momentos mais íntimos, o que entrou em jogo depois de ver seu corpo inerte e desfigurado, foi o meu lado mais sombrio e nefasto. Um lado que nunca deveria assumir o controle de meu corpo e que certamente deixaria horrorizada minha mais nova cria.

    “Se eles querem um demônio eles terão… Pepe também ficaria chocada ao ver a casa bagunçada, por o que há de pior nos lupinos? Era muito para sua cabeça de vampira recente, será que ela daria conta do que estava acontecendo?” – Pensei comigo. Sei que ela já havia caçado junto de Franz, portanto vivenciado seus primeiros encontros com a morte humana.

    – Fê como está diante disso, te acalma. Você me disse que estava “saindo” com ela e isso não pode tirar o foco da situação. Lembra? Você mesmo disse que não podemos nos envolver emocionalmente com os investigados…

    “Essa é minha garota!” Para a minha alegria ela ficou mais preocupada com a minha reação e deixou de lado o fato de ter visto um corpo humano desfigurado, sujo de sangue coagulado e assassinado por uma besta descontrolada.

    – Todo esse sangue e essa situação são tranquilos para ti, minha querida? Quanto a mim estou bem, mas confesso que também quero fazer o sangue deles fluir…

    – Eu me alimentei antes de vir, talvez seja por isso rs… Hey olha ali, tem alguns cabelos na mão dela. Devem ser do tal lobisomem que a atacou.

    – E o que sugeres, vamos dar uma de “CSI” e procurar pelo DNA no banco de dados da polícia?

    – Claro Fê, tu não ouviu o Eliot falando outro dia, que está com acesso ao banco de dados e aos testes de DNA daquela universidade…

    Senti-me um velho naquele momento, daqueles que inclusive veem os programas dois anos depois do lançamento e dublados na TV aberta. Porém, tudo bem. Um dos motivos de eu ter transformado a Pepe era este: ter alguém jovem, deste século e com os pensamentos atualizados para me ajudar.

    Voltamos para o hotel e Pepe levou as amostras para Eliot. Na noite seguinte recebo uma ligação da recepção e era Hector, que havia chego para a captura de nossa primeira “entrevista”. Então sem me demorar arrumei uma mochila com alguns utensílios, munição extra de prata e algumas especiais com água benta. Além disso, separei num local de fácil acesso dois ou três ingredientes para anti-feitiços.

    Hector disse que estava com sua velha cimitarra de prata no carro e se “garantia” apenas com ela. Fato que agilizou nossa saída e cerca de duas horas depois chegamos perto da casa do tal “membro sênior”. Uma casa normal de subúrbio e próxima de outras, o que limitaria muito nossas ações.

    Logo na entrada percebi uma magia de proteção muito fraca e para se precaver virei névoa para dar uma vasculhada no lugar. O cidadão estava na sala assistindo tv, era algum programa de esportes e estava sozinho. Naquele lugar a magia de proteção parecia um pouco mais forte, talvez por sua presença e quando resolvi dar meia volta para avisar Hector, ele surgiu ao lado do homem no sofá.  Deve ter utilizado alguma magia de silêncio misturada com algo para invisibilidade, mas o importante é que “o cara ficou com o cú na mão”, como disse meu parceiro.

    – Se gritar feito mulherzinha ou chamar atenção dos vizinhos eu arranco tua cabeça com as mãos. O que tu sabes sobre a Helen, que foi morta ontem… Desembucha ai seu pervertido!

    Hector falou isso quando desfiz minha transformação e quando apareci junto deles os tal homem se desesperou. Tentou se levantar, tentou gritar, mas dei-lhe um tapa corretivo com as costas da mão, que inclusive o jogou de volta para o sofá.

    – Tu não ouviste? Desembucha ai o que tu sabes da Helen!!!

    Fui incisivo e vendo que não estávamos para brincadeira ele engoliu a saliva e nos disse gaguejando:

    – Não se-ei do vo-ce-cês ta-ão fala-lando…

    Nesse instante foi a vez de Hector deixar de lado a elegância e socar o estômago do infeliz. Naquele momento, ele gemeu e se contraiu para frente. Depois parou e ficou mudo como se estivesse apagado com as mãos ao rosto. Hector puxou-lhe para cima pelos cabelos e para nosso azar ele havia consumido algum veneno que estava dentro de um anel e tirou sua própria vida.

    Vasculhamos o lugar, encontramos algumas fotos em seu Tablet e para o azar deles obtivemos acesso ao grupo do Whatsapp, que por sinal compartilhava muitas fotos de pornografia, incluindo a infantil. O nojo e a revolta tomaram conta de mim naquele instante…

  • A bruxa sumiu – pt7

    A bruxa sumiu – pt7

    – Quando percebi que ia dar merda me escondi em baixo da mesa. Pow cara cê sabe que é foda ali, nego com metranca e tal, atirando pra tudo o que é lado, pirei, saca? Acho que pegaram a véia, botaram no saco e a gente pá. Fiquei ali até pararem de atirar, a mina lá… “Helen” chorando… A tia dela levou umas porrada e comigo foi o tal do terrorismo psicológico…

    Imagine uma pessoa tensa e cheia de poréns? Depois que ele me confidenciou tal momento, até era possível ver em seus olhos o porquê de seu ser tão complexado. Por que Helen era tão carente e por que sua tia estava praticamente louca. A tortura mental talvez seja uma das piores formas de terrorismo.

    Para ser sincero eu estava muito puto com o tal grupo, estava a fim de ir lá liberar meu demônio de verdade, dar uns tiros, gritar, fazer o sangue fluir… Se há algo que odeio é opressão, seja ela na forma que for. Todavia, eles possuíam poder de fogo, possíveis ligações com um demônio e vontade de fazer merda, muita merda.

    Ferdinand e agora, vais chamar o exército? Claro mancebo, vou formar a liga da justiça ou dos vingadores e ir para lá feito um americano de filme ¬¬

    Conversei com Hector, expliquei o que estava ocorrendo e montamos um plano de ação. “Um de cada vez”, disse ele no que parecia mais uma caçada serial killer, do que a resolução de um crime. No entanto, o que importa realmente é resolver um crime ou impedir que os criminosos façam novas vitimas?

    Liguei para Helen e ela me confirmou a mesma história. Fiquei de passar em sua casa, mas naquele instante com parte do negócio resolvido eu estava receoso por me envolver mais. Já disse que detesto mulheres carentes, mas ainda havia aquele pé atrás. Ou ela era boa demais ou tramava algo… Mandei Pepe vir ao meu encontro e deixei tudo planejado com Hector para irmos atrás de um dos membros. Ao todo descobrimos 11 membros oficiais e o lado serial Killer de Hector entraria em ação na noite seguinte.

    – Estou perto, vai ficar em casa hoje à noite? – Perguntei a Helen por sms.

    Ela me respondeu alguns segundos depois – Sim, quer acabar comigo de novo esta noite? – Tal resposta era muito tentadora e respondi que chegaria em até uma hora. Eu até chegaria em 10 minutos no seu refugio, porém, tendo em vista meu receio resolvi deixar o carro um pouco afastado e fui para o lugar à surdina em forma de névoa.

    Ao chegar no lugar havia uma caminhonete nova, que até onde eu sabia não pertencia a Helen e pressenti a presença de alguém sobrenatural  e estranho pelas redondezas. “Tenho certeza que senti algum peludo passar por aqui” pensei comigo.  Instantes depois em meio à mata que ficava perto da casa e do carro um quarto sujeito entrou na história. Um homem na faixa dos 60 anos e muito bem vestido de terno e gravata.

    Voltei a minha forma humana e fiquei os observando com minha audição e visão aguçados. Ambos estavam felizes, Helen estava diferente, talvez um pouco mais confiante que o normal e o sujeito estava feliz.

    – Esse problema está chegando ao fim meu amor, logo mais você vai poder sair pelo mundo novamente e quem sabe eles queiram que você assuma a liderança aqui na cidade. Apesar de tudo o vampirinho está ajudando…

    Depois de tais palavras ela apenas consentiu com a cabeça e deu um longo abraço no misterioso homem, que lhe correspondeu da mesma forma com muito carinho, embarcou no carro e foi embora. Depois que ele partiu ainda havia a presença lupina na região e isso me preocupou mais que tudo.

    Decidi dar mais uma volta na forma de névoa e depois de um tempo voltei para o carro. Helen estava sendo vigiada ou aquilo podia ser uma emboscada para mim. Resolvi então me precaver e lhe mandei uma sms dizendo que iria atrasar, mas que iria para mesmo que fosse ao final da noite. Prontamente, ela me respondeu dizendo-se triste, mas que estava com saudades e era para eu ir assim que possível.

    Peguei Pepe no aeroporto, expliquei a situação e a levei junto para caso houvesse algum perigo iminente ou surpresa. Avisei Helen, que estava chegando e estranhamente ela não me respondeu. Não percebi nenhuma presença estranha ao chegar a sua casa e ao adentrar uma nefasta surpresa.

    O corpo da bruxa estava com muitos ferimentos sobre a cama do porão. Ela vestia uma daqueles lingeries sexys e estava à beira da morte. Mal consegui sentir sua pulsação e tudo o que ela me disse antes de partir foi: “Por favor… Salve… Mmmm… Mãe…”.

  • A bruxa sumiu – pt6

    A bruxa sumiu – pt6

    “O termo amor livre tem sido utilizado desde o século XIX para descrever o movimento social que rejeita o casamento e despreza estereótipos e que acredita no amor sem posse, controle ou nome. O amor livre surgiu enquadrado no seio do movimento anarquista, em conjunto com a rejeição da interferência do Estado e da Igreja na vida e nas relações pessoais. Alguns defensores do amor livre consideravam que tanto os homens como as mulheres tinham direito ao prazer sexual, o que na era vitoriana era profundamente radical.”

    – Ferdinand tu acredita no amor livre? Nós bruxas temos muito apreço a esse tipo de conceito. Pois ninguém é dono de ninguém  e sexo é algo tão bom…

    Acho que era algo em torno de meio dia quando rolou esse papo com Helen. Tivemos uma manhã agradável envoltos nos lençóis e aquele sexo maduro tinha satisfeito as carências de ambos. Em função da transformação de Pepe eu tinha deixado minha vida pessoal de lado e Helen pelo que entendi estava a tempos sem gozar dos prazeres sexuais mundanos.

    Confesso que estava com muito sono, depois de todo o envolvimento que tivemos. Só mesmo assim eu ainda tinha uma bela pulga atrás da orelha, então deixei que ela dormisse. Lavei o rosto e me aprofundei nos livros e papeis que havia no quartinho do porão.

    Tirei algumas fotos com o celular dos materiais que achei mais interessante e isso durou praticamente a tarde inteira. Perto das 18 horas Helen acordou, percebeu que eu estava concentrado num dos livros e me provocou com uma bela felina no cio. Tivemos mais alguns momentos muito agradáveis, profanos e intensos. Durante nossas perversões ela inclusive aranhou minhas costas várias vezes, mas minha regeneração rápida tornou aquilo uma grande brincadeira, só para ela.

    Sai de lá perto das 20 horas. Ela insistiu para que eu ficasse, mas algum tempo, mas se há algo que não me apetece é mulher carente e grudenta… Voltei para o hotel e passei parte do material que havia encontrado para Eliot, cria de Hector, analisar tudo nos mínimos detalhes junto de Pepe.

    Estava tão exausto, que decidi tirar tomar um bom banho e me acabei naquela cama gigante do hotel. Próximo das 11 da manhã do dia seguinte Pepe me mandou uma sms dizendo que havia encontrado algo. Enrolei um pouco na cama, mas depois de dois tapas na cara para acordar retornei com uma ligação.

    – Fê encontrei na deep web um grupo autointitulado “Seguidores de A ”, na página deles há vídeos de rituais com invocações demoníacas, esquartejamentos humanos e muitas outras coisas bizarras. O interessante desse grupo é que eles possuem um manto encapuzado e há várias fotos dos membros posando com armas de fogo de grosso calibre.

    Tendo em vista tal descobertas meus planos sofreram grandes mudanças. Já lidei antes com grupos diabolistas, mas neste caso eles realmente possuíam ligações demoníacas e isso saia um pouco da minha alçada. Não que eu estivesse com medo, muito pelo contrário, meu lado demoníaco se excitou com a possibilidade de uma boa briga.

    Liguei para Helen, expliquei o que havia encontrado e ela me disse que os Regrados havia comentado sobre tal grupo. Todavia, não deram detalhes, apenas lhe perguntaram se ela possuía algum contato no meio deles.

    Novamente fiquei desconfiado de suas palavras e fui atrás de João. Quem sabe ele em suas loucuras, pudesse me dar alguma pista que encaixaria pelo menos algumas peças desse quebra-cabeça.

  • A bruxa sumiu – pt5

    A bruxa sumiu – pt5

    Helen possuía uma voz calma, tranquila, quase “chapada”. Sua idade, algo em torno de 30 e poucos não lhe pesava e confesso que me até me senti atraído por ela, afinal vocês sabem que tenho um fraco para bruxas loiras… Papo vai e vem, por alguns momentos eu até me perdi em mio as suas histórias ricas de detalhes, mas enfim depois de alguns minutos ela  tocou no assunto do desaparecimento de sua mãe.

    – Ferdinand, não é fácil para mim falar de mamãe, ela sempre me foi muito boa, tínhamos uma ótima relação e meu mundo virou do avesso quando ela sumiu. Na época os investigadores da policia procuraram em todos os lugares, vieram até mim com teorias loucas e até mesmo o minha casa e minhas intimidades foram reviradas por eles. Na sequencia disso eu ainda estava bastante abalada e ouve uma investigação por parte de alguns Regrados. Sabes que eles são extremamente loucos por regras e foi horrível  tudo o que eles me obrigaram a fazer. Passei uma semana inteira enclausurada numa sala escura e mal me davam água e comida. Portanto, ter de abrir essa conversa de novo contigo, depois de quase 10 anos é difícil, me entende?

    Nesse momento, o semblante dela havia se fechado, ela ainda não havia me falado nada sobre o dia fatídico, mas estava na cara que escondia algo importante…

    – Quando me lembro deles invadindo a reunião do nosso Coven, dos capuzes, dos tiros e todo aquele fogo…

    Depois dessas palavras ela desatou em lágrimas e tive pena dela e de quão ruim aquilo tudo havia acontecido para sua família. Tentei arrancar mais algumas palavras ou fatos, mas foi extremamente difícil. Comprei-lhe uma água e acabei oferecendo carona até a casa dela. Na minha cabeça eu queria apenas confortá-la e acabei dando um tiro certeiro. Ela Aceitou meu convite e fomos com meu carro para sua residência.

    Era um lugar afastado, longe do centro e bem arborizado, típico do interior e absolutamente tranquilo. Pelo que havia entendido ela morava sozinha e constatei isso ao chegarmos. Uma casinha bem amistosa, alguns gatos vieram ao nosso encontro quando chegamos e mesmo sendo tarde, próximo das 23h aceitei seu convite para entrar.

    Eu não deveria estar me envolvendo tanto com a vítima, mas havia algo a mais nela e isso excitava minha curiosidade vampiresca. Ficamos por algum tempo na sala e ela já havia desconfiado de meu lado sobrenatural. Claro que não saio dizendo para todos os ventos que sou vampiro, mas resolvi abrir o jogo com ela.

    Inicialmente ela ficou um pouco surpresa, mas depois me confidenciou que havia tido contato conosco por causa de sua mãe e até possuía um ou dois contatos no mundo dos vampiros e dos peludos. Isso abriu assunto para mais uma bela conversa que durou tempo suficiente para eu não ter mais como sair de sua casa antes do nascer do sol.

    – Pode passar o dia por aqui eu estou tão sozinha ultimamente, que um pouco de companhia irá até me fazer bem.

    “Quando a esmola é demais o santo desconfia”, não é isso que diz o ditado? Pois bem, não era minha ideia dormir na casa dela, mas resolvi dar pano para manga e deixar rolar o que tivesse que rolar. Ela bocejou a minha frente e disse:

    – Nosso papo foi tão bom, que nem vi o tempo passar. Queres que eu te apresente  oquarto de visitas ou já se apagou ao meu sofá?

    – Acho que uma cama iria fazer bem as minhas costas se não te importas…

    – Imagine, venha aqui…

    Segui-a até o quarto e estava tudo muito escuro, para minha surpresa não era um quarto mas sim uma escada que dava para um porão. Mesmo diante disso, deixei ela descer a frente e para minha surpresa havia no porão uma cama confortável, limpa e alguns livros jogados numa estante do canto.

    – Aqui é onde minha mãe costumava ficar quando me visitava. Por causa da idade ela estava com os olhos cansados e falava que aqui nesse breu se sentia mais confortável. Pode por tuas coisas no criado mudo. Eu vou tomar um banho e volto para ver se está confortável.

    Será que eu estava numa noite de sorte, será que eu deveria ser o santo desconfiado? Deixei-a ir para o banho e obviamente revirei todos os livros e coisas do lugar. Alguns deles falavam de história, outros eram apenas romances e um deles me chamou atenção. Capa de couro, folhas amareladas e algumas delas rasgadas. Dentre uma linha e outra percebi que era algum tipo de diário impresso, ou seja, a reprodução da vida de alguém. Contudo, o que me chamou muito a atenção essa uma passagem grifada:

    “…é invocado por magos ou exorcistas, pode os ensinar todas as línguas, encontrando prazer em ensinar expressões imorais, e tem o poder de fazer os espíritos da terra dançarem, assim como por inimigos em fuga usando seus animais ou abalos sísmicos.”

    Eu já havia visto essa descrição de Ágares na internet, mas ali havia mais, inclusive um ritual para invoca-lo. Algo complexo e que inclusive envolvia grande quantidade sangue humano. Mesmo com tudo o que já havia visto mundo a fora, aquilo me deixou perplexo e pensativo. Todavia, tive de parar meus pensamentos por algum tempo, Helen havia voltado e trajava uma bela lingerie preta. Percebi muitas tatuagens pequenas por todo o seu corpo torneado e mesmo com o hobby cobrindo as partes mais gostosas, percebi que não dormiria sozinho naquele dia chuvoso e frio de outono…

  • A bruxa sumiu – pt4

    A bruxa sumiu – pt4

    Quase no que parecia ser o fim de toda aquela baboseira, digo, ritual. Meu celular vibrou e ao ver que era Franz sai de imediato para atender. Obviamente, os mais fervorosos acharam um absurdo eu sair no meio da lenga lenga, digo cerimônia. Inclusive, ouvi alguns murmúrios, mas nada que me fizesse prestar tanta atenção no que estava acontecendo.

    – Acabei com tua cria, de calcinha ela é até bem gostosinha, sabia? Calma, calma, antes que me xingue, pode ficar tranquilo, pois ela está sã e salva lá na fazenda…

    – Só tu mesmo Franz, acho bom que ela esteja bem se não eu acordo “papai” e tu sabe que ele vai acordar bem puto da vida hahahaha.

    E nesse papo descontraído ele me disse que o treinamento de Pepe havia terminado, possibilitando-a agora um dos maiores dons de nosso clã, a metamorfose corpórea. Quais níveis ela havia aprendido? Eu estava tão curioso sobre a evolução de minha pequena, que larguei a investigação, subi na moto e voltei para o hotel.

    – Penélope, estou ansioso sobre teu aprendizado, conte-me tudo filha…

    – Ai Fe sabe como é o Franz, todo cheio de dedos, mas coloquei ele no lugar logo de cara e tentei aproveitar tudo o que ensinava para mim e H2. Consegui me transformar em lobo, acredita?

    Nosso papo durou por todo o restante da noite e quando dei por mim era quase dia e precisava verificar as janelas antes de tirar um cochilo. Nesta noite a investigação havia evoluído pouco e apesar da filosofias, que tentaram me empurrar goela abaixo em tal culto pseudosatanista, eu já possuía uma linha de pensamento.

    Restava agora achar a última testemunha, a filha da tal bruxa sequestrada. Pelo que consta nos relatórios ela tinha um caso com o tal Joâo e isso me preocupava, pois poderia ser tão fora da realidade quanto o pobre homem.

    “Helen, conversei com tua tia por esses dias e ela me passou teu número. Eu estou investigando os ocorridos e gostaria de falar contigo sobre o desaparecimento de tua mãe”.

    Foi à mensagem que deixei na caixa postal de seu celular. Porém dois dias e uma noite haviam se passado e ela não havia retornado, então tentei novamente e para minha surpresa fui atendido por uma bela voz  logo depois do primeiro toque.

    – Olá, desculpe não ter retornado, estava sem credito…

    Assim iniciava um papo harmonioso, onde ela me pareceu muito sã e lhe convenci a me encontrar perto de um dos teatros da cidade.

  • A bruxa sumiu – pt3

    A bruxa sumiu – pt3

    Confesso que minha curiosidade sempre aflora ao me deparar com entidades demoníacas em investigações ou histórias. Afinal, vocês sabem que eu vivo falando que tenho um lado demoníaco fato, aliás, que meus leitores antigos interpretam como mera metáfora detalhada por minha cabeça criativa.

    Todavia, não é de hoje que os demônios ou demais entidades, se fazem presentes nas histórias e desde que o homem soube de Deus, há lendas, mitos e crenças quanto aos famosos anjos ou demônios. Porém, antes que eu me perca em minhas filosofias, segue abaixo o relato de quando fui atrás da tal entidade mencionada pela velha bruxa. Saibam, que para minha surpresa havia um culto na cidade e  especificamente para aquele “anjo caído”, chamado Ágares.

    Quando se lida com esse tipo de gente é necessário abrir a mente, anotar os detalhes e deixar-se levar muitas vezes pelas lendas e sua interpretação. Como se na verdade estivéssemos num agradável bate papo entre amigos na mesa de um boteco, por exemplo…

    – Você precisa entender, que todos nós somos almas perdidas, desgarradas e abandonadas pelo criador. Lúcifer soube disso e chutou o balde, cara. Junto dele muitos outros fizeram o mesmo e criaram um novo “clube” chamado inferno. O lugar não tem nada de ruim não, muito pelo contrário, saca? Tudo foi confabulado para que nós pessoas inteligentes, não fossemos atrás dessa nova onda… Deus na verdade é um grande f.d.p.. Ele nos criou e nos abandonou. Lúcifer quer o nosso bem, cara. Só que lógico ele segue a lei da troca, saca? Tipo, se você quer algo dele, tem que dar algo pra ele também…

    E assim foi por durante boa parte da minha noite, ouvindo o satanista e seus argumentos evangélicos. Essa segunda testemunha no qual vou chamar de João Batista, não foi fácil. Sujeito maroto, daqueles tipo “dono da verdade” e que na verdade não passam de pessoas que foram extremamente doutrinadas, obviamente por alguém que com certeza sabe das reais manhas do jogo.

    Lá estava eu diante mais um João como tantos outros, que leem a bíblia e acha que Jesus realmente andou sobre as águas ou transformou tal líquido em vinho. Tive de ouvir suas teorias e ao fim de alguns minutos onde doei meu precioso tempo, finalmente surgia um nome: Arquimedes Peixoto, o líder de tal culto e provavelmente o espertinho que manipulava todos em prol de suas necessidades.

    Naquela mesma noite haveria um culto ministrado por eles e para minha sorte fui convidado por João para apreciar. De acordo com o apóstolo, eu precisaria doar apenas um pouco do meu tempo e deixar de lado tudo o que havia ouvido até então sobre o céu e inferno.

    Perto da 1h da manhã iniciava-se a missa e logo de inicio fui convidado a tomar um pouco do “suco do despertar”, servido num copo descartável de cafezinho e densamente preto. Obviamente, não o bebi e isso já deixou alguns deles de olhos sobreaviso sobre mim. Apesar disso, o rito continuou com uma música de órgão sinistra, seguida pelo desligar das luzes, acendimento das velas pretas e vermelhas e pela aparição do tal Arquimedes.

    Envolto num manto vermelho com detalhes em preto e dourado ele iniciou seu discurso, aliás, muito bem pontuado:

    – Bem-vindos a casa do verdadeiro pai, aquele que acolhe a todos sem exceção. Ele descobriu a verdade sobre a luz e quer partilhar tudo contigo. Repitam comigo: Hey Satanás, hey Satanás, hey…

  • A bruxa sumiu – pt2

    A bruxa sumiu – pt2

    Iniciei minha noite ouvindo um pouco de Heidevolk…

    “De zon wordt zwart
    In zee zinkt de aarde
    Uit de hemel vallen
    Heldere sterren
    Damp en vuur
    Dringen dooreen
    Hoog tot de hemel
    Stijgt een hete vlam”

    Marie-Arthur du Buet foi a primeira testemunha que consegui contato. Liguei falando do caso, no início ela ficou receosa, mas talvez pelo fato dela ser irmã de sangue da desaparecida, me permitiu um bate-papo num café.

    Naquela noite uma inquietante névoa solida pairava pela cidade, o vento não era frio e decidi ir de moto, pois como sabem me sinto mais livre nesse tipo de veículo. Minutos mais tarde cheguei ao café e não foi difícil reconhecer Marie-Arthur. Uma mulher de meia idade, cabelos mistos loiros com grisalhos, com olhar fixo e preocupado. Ela emanava tanta energia que qualquer sobrenatural poderia lhe reconhecer a quilômetros de distância.

    – Olá boa noite, posso me sentar senhorita Marie-Arthur?

    Ela não pareceu nenhum pouco surpresa por eu ter lhe reconhecido, na verdade até se movimentou pouco quando me sentei a sua frente. Iniciamos um diálogo e como esperado ela tinha poucas respostas, senti-me por diversas vezes num monólogo áspero e interrogativo que não levaria a lugar algum.

    Ah certo momento um motoboy passou ao longe e fez aqueles estouros, que parecem tiros de armas de fogo. Naquele instante Marie-Arthur irrequietou-se a cadeira, arregalou os olhos e disse aos sete ventos:

    – Vocês não vão destruir a ordem. Podem levar o corpo de minha irmã, mas nunca terão sua alma!!!

    Claro que todos ao nosso redor ficaram olhando e tive que dar uma improvisada.

    – São os remédios pessoal, desculpem! Marie-Arthur, quem levou o corpo de tua irmã e atirou em vocês?

    E mais uma vez ela falou para todos em claro e bom tom:

    – Um homem velho pálido, cavalgando um crocodilo e com um falcão em seu punho, Agares, é o seu nome neste mundo…

    Depois disso tive de encerrar a conversa com a bruxa, pois já havíamos chamado muita atenção. Despedi-me de Marie-Arthur e voltei para o hotel, onde passei o resto da noite pesquisando sobre a tal entidade demoníaca no qual ela havia me falado.

  • A bruxa sumiu – pt1

    A bruxa sumiu – pt1

    Passados os detalhes pós-transformação de minha querida Pepe e depois que minha forças voltaram a quase 100%, é justo que eu volte as minhas rotinas. Principalmente, no que diz respeito ao projeto “Escolhidos”, junto do ex-pirata Hector Santiago. Antes que me perguntem de Pepe, ela passará algumas semanas junto de Franz e H2, no que meu irmão chama de jam session, que na verdade será uma série de ensinamentos coletivos no qual ele tentará passar as nossas novas crias. Portanto está bem, sã e salva…

    Chegando no QG dos Escolhidos, me encontrei sozinho em meio a muitas investigações, as quais o próprio Hector não estava dando conta de investigar. Inclusive ele e Eliot estavam em campo, provavelmente verificando um dos casos. Tendo em vista, o amontoado de processos optei pelo clássico uni, duni, tê e para minha sorte encontrei um caso em que as forças ocultas estavam envolvidas em mais uma trama.

    Desta vez não haviam raptado artefatos mágicos, mas sim a própria anciã de um Coven de bruxas. Um grupo peculiar, no qual nome não posso revelar, mas que foi importante na época da ditadura brasileira. Dentre as provas encontradas pela própria policia no local do crime, havia muitos pelos de pantera negra e diversos objetos estavam arranhados. Além disso, algumas poças ou pequenos espirros de sangue espalhado pelo lugar foram analisados e nenhum deles levou os investigadores da policia, a quaisquer suspeitos cadastrados em seus bancos de dados.

    Ainda nos arquivos do processo haviam os depoimentos de três membros do grupo que foram encontrados feridos e desacordados no local do sequestro. De acordo com o que foi relatado pelo escrivão eles não falaram “nada como nada” e tudo o que se relacionava com o momento do sequestro estava embaralhado na mente deles.

    Instigado pelo crime arquivado e aparentemente sem solução aos olhos humanos, tratei de por as mãos a obra e pesquisei tudo o que a internet e a Deep web podiam me informar sobre o tal Coven. Liguei para alguns amigos e um deles me disseque o caso era de média importância para a sociedade bruxólica e que também já havia sido investigado por olhos sobrenaturais. Porém mesmo assim nada havia sido encontrado.

    Minha curiosidade estava afoita diante um processo interessante e não me custava nada dar uma espiadinha nos envolvidos. A cidade era grande e isso ajudaria a camuflar minhas investigações, só precisava juntar alguns equipamentos e deixar Hector de sobreaviso no caso de eventualidades.

    Carro com roupas e afins, carretinha com uma de minhas motos e hotel reservado…

  • Quero me transformar em vampiro – pt final

    Quero me transformar em vampiro – pt final

    Durante o dia foi possível ouvir os barulhos feitos pelo andar pesado e tenso de Penélope. Certamente, a insônia atormentara seus pensamentos no que seria seu último dia como uma simples humana. Mesmo depois de tudo o que eu fiz para tentar acalmar seus pensamentos, ela devia estar afoita, praticamente eufórica por tudo o que lhe aconteceria nas horas seguintes…

    Acordei um pouco mais cedo e colhi algumas das ervas ainda frescas e sob os primeiros raios de luz da lua cheia. “Uma bela noite para uma morte”, pensei comigo. “Quem sabe ao fim de tudo isso, um passeio de moto traga tranquilidade ao meu demônio”, continuei.

    Com a colheita minuciosa dos ramos e folhas mais viçosos, tratei de voltar para meu quarto. Onde fiquei por mais alguns instantes, polindo o mesmo cálice no qual Sebastian e eu havíamos bebido nossas primeiras gotas de sangue. Poderia eu ficar por mais algum tempo refletindo e relembrando o passado, mas fui interrompido por Pepe.

    – Falta muito para eu me transformar Fê? Nem dormi hoje… Toda minha vida foi repensada e estou mega ansiosa!!!

    – Acalma-te pequena, mais alguns minutinhos e Sebastian vai te chamar lá para fora.

    Juntei tudo o que precisava e depois de uns minutos fui para o quintal onde preparei o círculo, acendi cada vela e posicionei todos os elementos em seus lugares com a precisão de uma bússola. Tal qual havia escrito num dos manuscritos de meu mestre Georg. Em seguida mandei chamar Pepe e junto dela vieram todos os outros.

    – Irmãos e irmãs hoje é um momento muito especial para mim, pois como vós sabeis é com o máximo orgulho que Penélope entrará para nosso clã. Como sabeis faremos o ritual tradicional, que será seguido pela renovação de nossos laços familiares, onde cada um de vós compartilhará algumas gotas de seu precioso sangue. (pausa) Franz, nosso ancião em atividade, tratará das honras assim que minha alma se unir a de Penélope. (pausa) Portanto sem mais delonga, Penélope, aproxime-se do centro do círculo. Sebastian, o cálice com as ervas, por favor.

    Após o comunicado dei inicio ao ritual, onde as palavras certas foram ditas e fizeram o silêncio tomar conta de tudo. com o punhal consagrado cortei meu pulso esquerdo e derramei sangue suficiente para um gole. Outras palavras precisaram ser ditas para entorpecer a animalidade corpórea da alma e enfim o juízo acalentou seu corpo nu ruborizado. Sussurrei ao pé de seu ouvido direito aquilo que nunca devia ser dito… Finalmente aflorei minhas presas sem dó ou piedade e mordi com toda minha força seu pescoço pela última vez humano.

    “Este é o sangue da eterna aliança…” Beba dele todo e sinta o verdadeiro poder dos deuses!

    O corpo de Pepe morreu…

    Vi e senti todas as lembranças de Penélope como se fossem as minhas. Suas alegrias, seus sentimentos maia intensos e suas dores. Parte de minha energia vagou para seu corpo como um raio que penetra a terra. Concentrei-me para não cair e por ali fiquei de joelhos ao chão na expectativa do retorno da alma de minha nova cria ao seu corpo.

    Franz continuou o ritual…

  • Quero me transformar em vampiro – pt4

    Quero me transformar em vampiro – pt4

    Caminhei sozinho esperando uma resposta, procurei no amor carnal tudo aquilo, que sem querer encontrei oculto na posição de “pai”… Vocês já estão cansados de ler por aqui meus tormentos e explanações, porém acho válida esta forma de expressão. Afinal, é este o objetivo desse site: mostrar a realidade de um vampiro.

    Pepe comprou um guarda roupas inteiro novo e decidiu que em sua nova vida seu estilo também mudaria. Então nos últimos dias ela deixou de lado as roupas coloridas, os piercings e adotou a moda executiva. Cabelos amarrados com “coque”, óculos grandes e vários conjuntos do tipo terninho com cores sóbrias preencheram o seu closet por inteiro.

    Certamente, eu esperava que ela entrasse de cabeça em tudo, mas a ansiedade tem feito parte de seus dias. Será que tamanha vontade irá conter suas vontades de recém-criada? Várias perguntas, vários ensinamentos e adaptações divagam por sua mente. A mudança para os hábitos noturnos foram tranquilas, há tempos o sol já não fazia mais parte de sua rotina, e quem sabe realmente ela tenha nascido para ser uma vampira?

    Sim, eu mesmo tenho me feito diversas perguntas, mas assim como a professora e futura cria de Sebastian disse: “Às vezes é necessário arriscar a própria morte para vencê-la, mas quem está disposto a arriscar?”. Cláudia havia enchido todo mundo com perguntas e como eu mesmo disse para ela. “Tais muito chata mulher, acho melhor adiarmos e por hora tu não vai se transformar”. Ela ficou duas noites sem falar comigo, até que antes de ontem Sebastian nos disse que iria adiar sua jornada entre os Sanguessugas.

    Sei que optar entre a vida e a morte não é fácil, mas a possibilidade de “reset mental” dada por Franz, parecia ou a menos pior para ela. Portanto, dados os ocorridos, tratei de fazer os últimos preparativos para a transformação de minha filha e obviamente aos moldes do que foi proporcionado em meu rito de passagem por Georg.

  • O tempo e os vampiros

    O tempo e os vampiros

    Já faz um tempo que quero lhes contar algo que acho muito importante sobre minha vida vampiresca, no que diz respeito à passagem do tempo. Sempre me perguntam como é “viver” sem se preocupar com o passar dos anos e tudo o que possa envolver tal sensação. Confesso que minhas respostas variam bastante. Principalmente, no que diz respeito à “sensação do passar dos anos”.

    Primeiro que fique claro que envelhecemos, mas de uma forma bem diferente da humana normal. Nossos corpos tem a habilidade de regenerar rapidamente quaisquer machucados ou traumas que por ventura possam comprometer seu funcionamento normal, mas isso não combate o envelhecimento do DNA. Não tenho a intenção de lhes mostrar dados técnicos ou médicos, mas gostaria que vocês tentassem entender esse processo.

    O envelhecimento vampiresco ocorre lentamente, talvez seja uma punição dos deuses ou o próprio fator humano biológico se deteriorando. Claro que, todo esse envelhecimento não é algo visível. Mesmo por que eu conheço vampiros que já viveram mais de 1500 anos, Georg é um deles.

    O que importa nisso tudo é que sim. Eu vejo o mundo diferente de vocês humanos. Minhas prioridades são outras, meu ritmo e rotinas são diferentes. Por vezes eu até durmo, acordo e faço algo, no entanto já passei diversos dias em claro sem que sentisse quaisquer indícios de sono. O Franz por exemplo mantém o recorde de insônia entre os vampiros da família, foram longos 74 dias sem dormir. Aliás, no 76º dia ele acordou e passou mais uma semana ou duas novamente sem dormir.

    Enfim, o que eu queria explicar para vocês é que às vezes um dos meus passatempos é sentar num banco de praça e observar a multidão passando correndo ao redor. Na minha visão vocês estão sempre correndo e isso é ruim, pois a maioria não percebe o tanto de cousas boas que há ao seu redor.

  • Quero me transformar em vampiro – Pt3

    Quero me transformar em vampiro – Pt3

    Depois de várias tentativas, finalmente consegui chamar Franz para uma reunião “familiar”, onde sua presença seria muito interessante para agraciar nossas aspirantes, com as famosas transformações vampirescas.  Bem na verdade eu não tinha planejado nenhum evento faraônico e teríamos na minha cabeça um bate papo na forma de workshop. Onde seria importante ensinar a elas um pouco mais sobre nossos poderes.

    Obviamente, não posso revelar aqui tudo o que fazemos ou deixamos de fazer, se não qualquer um que nos lê poderia criar as famosas contra mágicas. Contudo, a noite começou bem e ao melhor estilo Mandrake. Sebastian levou ambas para jantar no centro e por volta das 22h todos estavam na sala.

    Da velha vitrola saia um belo rock ‘n roll da década de sessenta e naquele clima começamos as demonstrações de “poderes”. Inicialmente Sebastian mostrou toda sua astúcia no popular silere, cujo aprimoramento foi grande nos últimos anos. Em seguida, quando já estávamos absolutamente imersos no mais puro silêncio provocado pelo poder, ele executou um inesperado e perfeito invisibĭlis.

    Na sequência com o intuito de provar a eficácia de tais poderes, divinamente orquestrados, Sebastian pregou um belo susto em Cláudia, agarrando-a por trás e fazendo uma bela trollagem sem dó nem piedade. Deu até dó da professora, que se arrepio dos pés a cabeça.

    – Não Franz, minha calcinha não é preta, nem vermelha, nem muito menos é fio dental… E quer saber não curto loiros coroas não, vai se assanhar assim com as tuas quengas seu idiota – Resmungou Pepe indignada para todos. Obviamente, revidando o que aparentemente tinha sido uma telepatia de meu irmão.

    – hahahah Franz e suas “mulheres brabinhas”. Calma garota eu estava apenas demostrando um pouco de telepatia…

    – Eu uso calcinhas grandes tipo shorinhos e coloridas, não sou mais virgem, mas faz mais de 6 meses que não transo com ninguém…

    – Ok obrigado pela confidência senhorita brabinha. Pronto pode voltar a si.

    Franz estalou os dedos e Pepe voltou a si, demostrando naquele momento mais um dos seus poderes, a possessão mental ou Animus Possession.

    -Pow mano pega leve com elas, por favor. Olha a cara de ódio da Pepe, se continuar assim ela vai querer teu sangue depois de transformada hahaha… Mas por falar em transformação, o que vocês acham disso…

    Aproveitei que ambos riam e executei minha transformação em lobo, cousa que levou mais ou menos uns 10 segundos e surpreendeu ambas. Naquele instante Claudia foi a mais empolgada  talvez pelo fato de ser bióloga. Tanto que em seguida ela se aproximou e começou a me analisar como seu eu fosse algum animal em cima de uma bancada de estudos.

    Deixei que ela pensasse e olhasse meus atributos por alguns instantes, até que avisei Sebastian por telepatia para irmos para o lado de fora da casa. Ele repetiu o que eu disse para os demais, que acataram meu pedido e se locomoveram para fora. Claro que meu ego queria mostrar mais do que apenas uma forma simples de lobo e nos segundos posteriores demostrei a todos  o meu lado mais demoníaco: homem + lobo + vampiro + demônio = “Lobisomem Vampiro”.

    Claudia desmaiou…