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Mente sã. Parte II – Olhos azuis.

A tal noite chegou e eu quando dirigia até o encontro, ficava repassando na minha cabeça o que eu iria dizer para o Fê e sinceramente eu não sei como, eu sentia um frio na barriga sem saber o que esperar da reação dele. Por mais irônico que fosse, combinamos de nos encontrar no mesmo bar que nos conhecemos pela primeira vez e aquilo por si só já me fez recordar noites não tão distantes e a ansiedade bateu me fazendo perder um pouco da coragem por um breve momento.

Meu bom e velho Dodge estacionado e eu segui para a calçada do bar com minhas botas de cowboy, calça de couro, top e as várias tatuagens cobrindo parte do meu corpo como tradicionalmente me conhecem, me aproximando daquele local, obviamente sentindo a presença do vampiro que me fazia falta no “dia-a-dia”.

Lá estava ele, sentado em um banquinho de frente para o bar e uma loira dando em cima dele, para variar. Eu me aproximei e vi que o Fê estava tentando educadamente afastar a moça que insistentemente queria ficar ali, porém logo desistiu pois percebeu que não iria dar nenhum fruto as cantadas dela. Força guerreira! Você vai achar alguém que caia nas suas cantadas de merda.

Aquela camisa xadrez vermelha e preta, jeans rasgado, coturno, as tatuagens e sim, aquele sorriso que surgiu quando me viu aproximar. Por um instante eu não sabia mais como agir e ele na sua sabedoria de séculos e com um gesto carinhoso me deu um abraço que eu não sabia que sentia tanta falta. O cheiro dele continuava o mesmo, madeira e wiskey, um pouquinho de sangue talvez?

– Cabelo preto Lili? Voltou aos velhos hábitos?

Minha reação foi sorrir e confirmar que é sempre bom tentar voltar ao original. Ele como sempre fez uma piada e sentamos em uma parte mais afastada do bar, um local quase exclusivo para aquele momento. Eu como sempre acendi um cigarro para começar a conversa.

– Vejo que continua destruindo corações Fê.

– Pode até ser Lili, mas hoje minha intenção não é destruir corações… Queria te ver e saber o porquê saísse por aí e entrou no modo OFF por tanto tempo.

Pra ser sincera naquele momento eu não sabia se eu conseguiria falar tudo mas achei que deveria começar pelo começo e ele como sempre, estava prestando atenção e com os pensamentos a mil, eu conseguia ver isso nos olhos azuis cortantes dele.

– Sabe quando você precisa desligar um pouco a mente? Colocar os pensamentos em dia e talvez se reconectar consigo mesmo?

Como se ele lesse a minha mente o vampiro levantou uma das sobrancelhas indicando que sabia que não era apenas isso. No fundo o Fê sempre suspeitou de algo que nem eu ou ele entendia ou não havia percebido, mas mesmo assim me deixou dizer o começo para de alguma forma eu criar coragem para falar além do óbvio.

– Sei sim, mas acredito que não foi só isso, não é mesmo senhorita?

– Não Fê, não foi apenas isso…

 – Lili, você pode confiar em mim e me contar o que realmente estava ou tá pegando. Eu não vou te julgar e muito menos te menosprezar. Sabes que eu jamais faria isso, ainda mais com você…

Eu não conseguia desviar meu olhar dele, era impossível, o Ferdinand tem o dom de prender a atenção e ele sabe disso. Como sabe…

Me ajeitei na cadeira tentando de alguma forma me sentir confortável pois, na verdade eu não estava. Sei que conheço ele faz algum tempo, só que nesse exato momento e depois de sumir por tanto tempo eu estava com receio, me faltavam palavras.

– Eu precisava me afastar Fê… Eu me sentia sufocada, me sentia sendo julgada por coisas que eu não tinha culpa e comecei a entender alguns sentimentos que por estes anos eu sinceramente tentei fugir e bloquear em mim…

– E você conseguiu ter sucesso em algum dos teus desafios?

Por vezes naquele instante eu pensei em mentir. Será que valia a pena adiar mais um pouco? Ferdinand tinha os olhos fixos em mim, parecia ler minha mente e sua face antes mais rígida e em dúvida sobre o que eu estava falando, agora ficava leve me fazendo criar um pingo de coragem para finalmente desabafar tudo de uma vez e tirando do peito os anos de tanta solidão proposital.

– Em alguns sim… Eu consegui me afastar das redes sociais, ajeitar tudo na Ordem, arrumar minha casa, ter um bom tempo pra mim mesma, ler alguns livros que estavam parados na estante e “respirar” um pouco mais aliviada…

– Só isso Lili? Não tem mais nada? Eu estou aqui, confie em mim…

Tem Ferdinand e eu fui me dar conta tarde demais ou talvez não. A verdade que eu não sabia é que o que era improvável, vir a ser real me derrubando com tudo no dia que vi o quanto você ama a Eleonor… Sim, por estes anos eu percebi que eu queria estar no lugar dela, me destruindo por dentro quando na minha solidão pelas noites a cavalo eu me pegava entre os “talvez” daquela realidade.

– Não Fê, não era só isso… Teve um detalhe que eu não consegui vencer, por mais que eu tentasse por todo esse tempo.

 – E qual foi?

– Esquecer você.

7 comentários

  1. Eitaaaaa eitaaaaa !!!! Bem que eu desconfiei mulher entende a outra mesmo uma sendo vampira e a outra não, mas se bem que não muda nada rsrs o sentimento é o mesmo… Lilian mulher, tô passada chocada … Se bem que nem tanto rsrs

    • É algo já cotidiano para ele. Sempre destruindo os corações alheios por aí. Rs

      • Rum, menina, quando eu trabalhava no restaurante lá em Brasília ia um policial civil lá comprar marmita, manoooo que homem era aquele as mesmas descrições do Fer. Por ai vc Ja tira, só uma comparação e uma memória aqui quase que perdida rsrs

  2. Sabia que ia rolar esse comentário “arrasando corações” kkkk

    • Ahh, mas como não querido … Pelo o que vejo e as descrições presentes, não seria de de espantar rsrs tais comentários não é mesmo ? Bom, vejamos, loiro check, olhos azuis, check, quase dois metros check, vampiro, e o que mais ? Bom, deixo para os próximos episódios rsrs

    • Tô aqui bisbilhotando o site e vendo se tem história nova Jaque o Twitter não tá me notificando rsrs mas já resolvi… Nossa faz uns dias que n venho aqui …

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