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  • As desilusões de um vampiro – Parte 2

    As desilusões de um vampiro – Parte 2

    Muitos que vivem, merecem a morte. E alguns que morrem, merecem viver! Você pode dar-lhes vida? A morte pode transformar a não vida em destino e mesmo assim vai haver uma luz para você nos lugares escuros, quando todas as outras luzes se apagarem.

    Ps: Esta história não segue uma cronologia e sim a teoria a ser explicada.

    1614 – Muralhas da Ordem

    Dúvidas me seguem por todos os lados. Devo continuar nesta jornada? Eu vejo mudanças. Mudanças que me assombram e me seguem nos sonhos, nos pensamentos e até o fundo da alma, se é que possuo alguma depois de me tornar uma figura tão sombria.

    Eu tenho consciência de que sou um vampiro, mas nunca imaginei chegar a esse ponto. Que poder é esse que surgiu em mim? Cage tinha razão, ele sabia de alguma forma que eu conseguiria obter tal façanha. Não fui o único, Daniel e Michael também conseguiram.

    Estamos os três surpresos e confusos. Temos em nossas mãos a nossa força e também a nossa ruina.

    Mas paro e penso, de que adianta temer o que já está feito? Tenho que arcar com isso de qualquer forma. Entre as sombras e o fim das noites, até que as estrelas brilhem sobre as nuvens, não deixarei tal poder me tomar. Serei forte e cada dia que treinar, irei evoluir e ampliar o controle e por fim não ser controlado pela vontade crescente de um assassino e serei sim o domador da fera que dentro do meu ser ruge e estremece meus sentidos.

    Quando alcançar tal nível de controle, ficarei satisfeito , lutarei ao lado dos meus companheiros e farei tudo para me tornar mestre. E quem sabe um dia treinar um ser tão destruído como eu, no começo de minha não vida e torna-lo tão forte e sábio quanto eu.

     1950 – Mansão Vermelha

    Como deixar que, machuquem um ser indefeso? Pobre menina, onde a inocência a enganou? Desde que acordei e conheci Pierre, meu monstro interior floresce de ódio e ira, estou cheio de vontades e uma delas é acertar um machado no meio do sorriso forçado desde infeliz.  Cage nada faz, diz que a fortuna de Pierre ajuda a manter a Ordem em “bons panos”. Confesso que tenho vontade de mandar meu alto mestre Cage colocar os “panos” citados em um lugar escuro e profundo de seu corpo.

    Já eu procuro meios de punir Pierre, mas nada posso fazer. Quero arrancar aquela pobre criatura do desespero. Descubro que ela não é a primeira, muitas foram torturadas por aquele sádico. E os altos mestres não impediram. Simplesmente fecharam os olhos e esqueciam da palavra que carregávamos.

    Pierre em sua loucura se achou apaixonado pela humana que ali estava amarrada. Não vi o rosto dela, mas sinto que é inocente,  frágil e está com medo. Pobrezinha.

    Tento recorrer a todos os sábios, procuro achar uma punição e nada. Quando fiquei sem esperanças, recebo ordens para ir até Cage e ao chegar na ‘ sala dos senhores’, vejo que tramavam algo contra Pierre e eu obviamente concordei em ajudar. Todos estavam cansados da atitudes impulsivas e grotescas dele. Tais feitos infantis poderiam colocar todos nós em perigo e nos expor sem necessidade. Vou chama-lo, Cage quer conversar com o sádico e eu quero conhecer a vitima.

    Salão Águia de Sangue

    Lilian, um belo nome para uma dama simplesmente linda. Mesmo machucada, sua beleza me encanta ferozmente. A voz já frágil, demonstrando medo, ela sabia que ele iria machuca-la mais e eu nada podia fazer por hora. Sei que ele vai engana-la falando que vai ceder a imortalidade como uma forma de punição e depois vai deixa-la jogada em um canto para morrer. Só que eu tenho uma carta na manga, assim que ele sair e terminar a “ falsa transformação”, darei meu sangue a ela, sendo assim,  tornando muito mais gratificante criar a arma mais poderosa contra aquele maldito. O famoso Carma iria bater na porta dele daqui algumas décadas.

    Agora ele será expulso e vamos dizer que ele fugiu. Mentira, mas uma mentira necessária por hora.  Mal sabe ele que não vamos deixar ela para morrer, como as outras… Não, não… Eu vou pessoalmente treinar o pior pesadelo da existência dele. Lilian saberá a verdade no tempo certo e ninguém vai ficar no caminho dela. E eu vou estar aqui para aplaudir teu sofrimento Pierre.

    Att: Trevor W.S

  • Mais algumas lembranças de Becky – Parte II

    Mais algumas lembranças de Becky – Parte II

    Há algumas semanas atrás, eu fiz uma pequena viagem.  Fui verificar um problema em uma das minhas contas bancárias que possuo na Inglaterra, pelo que me constava, determinada quantia em dinheiro havia sumido.

    Eu e minha mania de agir por impulso me fizeram esquecer de avisar alguém de que eu estaria lá, e por um instante meu sexto sentido me fez imaginar que havia algo errado. Enviei apenas uma mensagem para Ferdinand avisando que estaria fora por uns três dias, e que qualquer coisa entrava em contato. Marquei um jantar com o gerente do banco, que era meu “amigo”, e me dava uma forcinha para driblar os problemas burocráticos dos bancos em troca de pequenos favores. Segundo ele, uma garota havia convencido um dos atendentes, e se passado por mim para retirar a quantia. Eu já estava sem paciência:

    – Eu nunca retiro qualquer quantia no banco pessoalmente. Sempre que necessário acesso a conta e faço as transferências pela internet. Essa pessoa podia se passar por mim para um dos seus funcionários. Mas ninguém tem autorização a acessar minha conta a não ser com sua presença, e como esse alguém teria os meus dados?

    -Hey, Sra. Erner. Está querendo dizer que eu…

    -Por enquanto não estou querendo dizer nada. Mas, quero questionar seu funcionário pessoalmente amanhã.

    A conversa acabou por ali. Voltei ao hotel, e passei o resto da noite e do outro dia pensando no que aquilo significaria. A questão não era o dinheiro e sim quem estava por trás disso. Por um segundo, gelei ao pensar que… Não, não, isso seria impossível.

    Poucas horas depois, o gerente do banco me ligou e disse que inesperadamente o dinheiro estava novamente em minha conta. Combinamos de nos encontrar e pensei comigo mesma que certamente estavam me fazendo de palhaça. Queriam me atrair para a Inglaterra e eu mordi a isca, imaginando que resolveria apenas um problema corriqueiro. Senti que algo aconteceria. E eu teria que tirar aquela história a limpo. Mas, no momento, não teria como alguém ir me ajudar. Liguei para Ferdinand, expliquei a situação e pedi se ele liberava a Pepe para fazer uma pequena pesquisa para mim. Não demorou muitas horas para ela entrar em contato comigo e me dar um nome …

    “Sophie”.

  • Mais algumas lembranças de Becky- Parte I

    Mais algumas lembranças de Becky- Parte I

    Já que me pediram detalhes, vou contar-lhes mais de minhas lembranças junto a alguns acontecimentos.

    “Eu estava caminhando por uma estrada escura, tudo estava muito estranho e ao mesmo tempo muito real. Eu conseguia até mesmo sentir o cheiro das árvores. Ao longo do caminho avistei um menininho de olhos negros, imaginei o que ele estaria fazendo ali, àquela hora. Aproximei-me e o questionei se estaria perdido. Ele olhou-me nos olhos e logo se transformava em um homem com feições demoníacas, agarrou-me pelo braço. Eu tentei livrar-me dele, mas ele dizia que logo viria me buscar…”

    – Rebeeecaaa, o que pensa que está fazendo? Pensa que não vejo os seus passos nesta casa? Quer voltar para o porão?

    Ele e sua voz mansa e ao mesmo tempo assustadora me faziam paralisar.

    -Minha doce e ingênua menina, além de tudo é tola. Se sair nesse horário o sol lhe fará cinzas.

    -Não sou tão ingênua assim- Falei me aproximando – Nem ao menos tola.

    Meus dedos caminharam por seu peito e subiram até seu queixo, em seguida, roçaram seus lábios fazendo com que suas presas aflorassem. Ele semicerrou os olhos que ardiam como fogo. Olhava-me com ódio e furor por eu conseguir tê-lo em minhas mãos nesses momentos. Com um movimento violento, agarrou-me pela cintura me fazendo sentar em cima da mesa. Suas mãos apertavam meu pescoço enquanto me beijava, sentindo o pouco sangue que havia em minhas veias. Esperei que ele me mordesse, mas suas mãos desceram e com força rasgavam o vestido que eu usava. Era incrível, mas ainda sentia-me arrepiar. Mas, algo além disso me fazia perder o controle, eu queria… Mordê-lo.

    Em um movimento rápido, puxei seus cabelos e sem tempo para pensar senti minhas presas cravarem em seu pescoço. Senti uma dor terrível em minha cabeça enquanto bebia seu sangue. Pude ver algumas das memórias de Erner.

    Foram frações de segundos, até um golpe violento me atingir e me jogar contra a parede.

    -Sua vadia insolente! Jamais uma cria deve atacar o seu mestre como ataca a um humano! Eu devia matar você.

    Limpei minha boca. Se pudesse chorar as lágrimas rolariam. Em seguida apanhei muito. Eu havia feito algo terrível, mas sabia que não era minha culpa e Erner também sabia disso, mas gostava de castigar-me. Porém, aquela foi à única vez que vi as memórias de alguém dessa maneira, e eu soube por meio disso que antes de mim, houve outra vítima nas garras de meu sádico mestre.  Pois depois daquela noite, mantive um nome gravado em minha mente por muitos anos.

  • As desilusões de um Vampiro.

    As desilusões de um Vampiro.

    Esta história foi traduzida através de um diário e será contada em partes. Quem o possui nos permitiu a exibição de tais acontecimentos escritos.

    “Do plano invisível e em todos os tempos, os Espíritos abnegados acompanharam a Humanidade em seus dias de martírio e glorificação, lutando sempre pela paz e pelo bem de todas as criaturas.”

    1608 – Florença – Itália

    Faz um ano que as perdi. Um ano que não vejo o olhar alegre e inocente de minha pequena Giulia e o lindo sorriso de minha amada Genevive. A nossa casa está escura, silenciosa, vazia, assim como meu ser.

    Florença não tem mais o antigo brilho, as festividades já não me agradam, o vinho não tem gosto e o pão não combina mais com o sabor do queijo. O sabor da vida me abandonou assim como minhas adoradas filha e esposa.

    A podridão da cidade me agrada, é suja, doentia, podre, me perco em orgias sem cabimento, saio sem destino por uma cidade que aos meus olhos não tem mais luz. Assim como o declínio dos Medici e os sinais evidentes da decadência do governo de Florença, eu vivia a minha própria decadência.

    Porque o Senhor Deus, todo misericordioso, tiraste o que havia de mais importante em minha vida? Não era hora, não era o momento, minha pequena não havia idade para falecer. Eu não estava preparado para perder o calor do corpo de Genevive, do toque suave de suas delicadas mãos. Qual tua misericórdia Deus? Leva-las assim? De que valeu tal desagrado a mim? Foi importante deixar que essa doença as levasse?

    Não acredito mais em ti! As palavras do testamento não me fazem sentido…

    Onde está o milagre? Onde está a vitória dos oprimidos? Eu não os vejo! Vejo mentiras, vejo um povo iludido, com a teoria da aclamada salvação divina.

    A ironia tem sido minha companheira junto a mágoa. Quero morrer, mas a covardia do suicídio me segue. Não tenho a coragem, e a bebida não proporciona tal acontecimento. Que eu morra, que me matem, que tirem esse sofrimento, pois de mais nada vale viver.

    1610 – Muralhas da Ordem

    Fui transformado na existência do medo, aos meus quarenta e dois anos, me sinto no vigor de uma criança. Agora sou um ser das trevas, algo que Genevive sentia medo, apesar de nunca ter visto algum ser como eu em vida.

    Esse lugar que agora estou é sombrio e aconchegante ao mesmo tempo, rodeado de seres das sombras. Estou apenas seis meses em treinamento, mas meu mestre insiste que eu possua algum dom diferente e devo seguir o treinamento emocional e espiritual mais profundo.

    Essa transformação em vampiro foi puramente por pena, sinto que fui transformado para me libertar das amarras da depressão. Ao andar a noite me deparei com um ser obscuro, estava bêbado e completamente vazio depois de uma festa erótica de um lorde excêntrico. Eis que me veio esse ser da escuridão e me tirou dos laços da humanidade, sem pedir, sem pena, me levou ao outro lado da vida, um lado que antes eu temia e agora adoro mais que o sangue de uma inocente virgem.

    Apenas espero que esse treino espiritual ofereça algo estupendo, duvido muito, mas devo dar a chance, afinal quem sou eu para duvidar de algo?

    Agora vou me deitar e apreciar a escuridão do meu quarto e as lembranças boas que algum dia tive quando humano. As vezes acho que esse acontecimento na minha vida tenha sido algum tipo de maldição divina, e outras vezes penso o contrário, Deus em sua ironia me deu uma segunda chance, essa no qual muito estranha e controversa.

    Att: Trevor W.S

  • Lembranças de ano novo – Becky

    Lembranças de ano novo – Becky

    Como vocês sabem eu estive de “férias” no final do ano e além disso, resolvi dar uma “esticadinha” na minha ausência do site e redes sociais para me dedicar aos livros. No entanto, hoje me sobrou um tempo e estou respondendo os mais 200 e-mails entre outros contatos de vocês.  Um desses contatos foi feito pela Becky, que me mandou uma de suas lembranças de final de ano. Desculpe pelo atraso na publicação, minha querida!

    —###—

    Alguns dias atrás, Ferdinand nos pediu para contarmos alguma história de natal ou fim de ano para que ele pudesse compartilhar aqui no site. Como era de se esperar, eu não iria deixar de participar, então, vou contar-lhes uma lembrança minha também.

    Todos os anos, desde minha infância, eu recebia presentes não só de meus avôs, mas de alguém na qual eu não conhecia e que se dizia um parente distante e amigo. Com o tempo e à medida que fui crescendo, os presentes passaram a mudar, alguns vinham acompanhados de pequenos bilhetes ou cartas. Porém, no natal do ano de, não me lembro mais exatamente à data, mas creio que foi em meados de 1900 e lá vai… Enfim, alguns anos antes de minha transformação em que eu já era mais do que uma adolescente, não recebi presente nenhum. Recebi apenas um bilhete:

    “-Hoje entregarei seu presente pessoalmente, minha doce menina.”

    Aquilo me deixou extremamente empolgada e feliz, pois finalmente eu iria conhecer o tal “amigo secreto”. Passei o dia em frente ao espelho, me arrumando. Esperei ansiosamente por horas e horas, passou-se o dia, passou-se a ceia de natal e nada… E então, eu desisti de esperar aquela visita e sim, fui dormir.

    No meio da noite, senti que alguém passava as mãos sobre meus cabelos. Não, meus queridos, não era o tal Papai Noel, era um homem alto, forte, de lindos olhos negros e cabelos enrolados. E ao invés do saco vermelho de presentes, ele tinha… Bom deixa pra lá!

    Dos meus cabelos, suas mãos deslizaram sobre meu rosto e se perdeu sobre meu corpo jovem. Nos beijamos longamente e passamos algumas horas juntos sem dizermos uma palavra. Foi uma noite louca e muito curta. Quando em certo momento, ouvi que alguém abria a porta e em um salto… acordei…

    -Rebecca, está na hora de levantar menina!

    Era minha vó. Foi um sonho, pensei, inconformada.

    Anos depois, li relatos sobre essa noite nos diários de Sr. Erner.

    Ps.: Feliz Natal e Próspero Ano Novo à Todos, Meus queridinhos ^^

  • Servidão – pt3

    Servidão – pt3

    Após estacionar o carro em uma rua mais ou menos movimentada, Abdullah  se dirigiu a casa de Madame Scylla, junto com o seu corvo, que o seguia de perto, escondido por entre às árvores.

    Parando em frente a um casarão antigo, de caráter histórico, Abdullah bateu na porta com os nós dos dedos, levemente, sem fazer muito barulho.
    —Sim?

    O árabe se endireitou e, antes de entrar no casarão, estendeu o braço, de forma a receber o peso do corvo.
    —Madame Scylla se encontra, eu presumo?—Sussurrou Abdullah para o pequeno homem que atendeu a porta, um dos lacaios de madame.
    —Sim. O senhor deve ser Abdullah, não? Me siga por favor.

    Abdullah foi guiado escadaria acima até um salão de aparência modesta, com um conjunto de sofás de cor creme, onde estavam empilhados vários travesseiros de aparência macia.
    —Madame pediu para que o senhor se sentisse a vontade enquanto a espera.

    —Tudo bem.—Respondeu Abdullah, enquanto jogava algumas almofadas no chão de forma confortável para sentar em cima.
    —Não consigo me acostumar com esses costumes ocidentais…Madame Scylla não vai se incomodar se eu fumar, certo?—Perguntou, mais para puxar conversa enquanto já acendia um cigarro.

    O corvo passou a sobrevoar a saleta, a procura de um bom lugar para vigiar o cômodo inteiro. Abdullah, ao notar o nervosismo do animal, sorriu com o canto da boca:
    —Acalme-se. Não vai demorar. Madame Scylla não tem como costume deixar seus convidados esperando.

    —Certamente que não, meu caro amigo.—Uma voz de mulher veio da Janela, que se encontrava semi-aberta.—Ainda mais com um assunto tão urgente.—Madame Scylla encostou o corpo na cortina, os olhos azuis a analisar Abdullah, que continuou sentado.

    —Como vais, Maria?— sussurrou a mulher em direção ao corvo, que apenas moveu a cabeça para o lado, sem interesse.

    —Peço perdão pela familiaridade com que eu tratei suas almofadas, querida. Mas sabes como é, esses sofás são desconfortáveis demais e limitam meus movimentos.

    Madame Scylla riu baixinho, antes de se sentar em uma das poltronas:
    —Já se foi a época do conforto, não concorda, meu amigo? Eu mesma tenho tido certa dificuldade em encontrar móveis que me agradam…está tudo tão colorido, tão…ridículo.—A grega fez um gesto de desdém com a mão, sem desviar os olhos do árabe, que sorria.—Mais importante, porém: houve uma drástica mudança de planos.

    Abdullah levantou uma das sombrancelhas, intrigado, e relaxou mais o corpo entre as almofadas.
    —Deixe-me adivinhar: Ygor Pietro não quer saber de negociação nenhuma, e ao invés disso, se prepara para um conflito bélico entre os clãs?

    Scylla não demonstrou surpresa nenhuma com a pergunta, e apenas sorriu.
    —Não. Receio que você está um pouco desatualizado, meu querido. Ernst, por favor, não fique parado aí na janela, entre e fique a vontade…eu prometo quê, da minha parte, eu não mordo.

    Ernst se esquivou das cortinas e adentrou a sala, a cabeça baixa, ainda se sentindo fraco. Abdullah endireitou o corpo e fixou o olhar no rapaz, quê estremeceu.

    —Não se preocupe. Ele não irá lhe fazer mal. Por favor, sente-se sim? Ainda não estás totalmente recuperado dos últimos eventos,não é mesmo?

    —Obrigado, Madame Scylla.—sussurrou Ernst, deixando-se jogar na poltrona.

    —Pois então, meu caro,é como eu disse…mudança de planos.
    Solicita, Maria pousou de leve o corpo na beira da poltrona onde Ernst se encontrava, soltando um som amigável.

    —Não sinta pena, Maria.—Disse-lhe Abdullah, os olhos fixos no rapaz.—Ele ainda nos explicou o quê pretende ao vir aqui, voluntariamente, mesmo sabendo quê Madame Scylla queria a sua cabeça em uma bandeja de prata pelo o quê ele fez a Thomas.—Tragou um pouco mais do cigarro, voltando a relaxar o corpo. Soltou a fumaça de forma lenta e deliberada, como era de seu agrado.—Quanto a você, Sr.Ernst…Digamos quê o senhor tem muito a quê nos contar.

  • Boas festas para quem?

    Boas festas para quem?

    No final de 2014, precisamente no dia 23 de dezembro, Saturno saiu do signo de Escorpião e ingressou no signo de sagitário às 14h32m (horário de Brasília). O ciclo que durou cerca de dois anos trouxe diversos obstáculos à vida de muitos, porém o que torna este ciclo relevante ao mundo vampiresco é o fato de que um vampiro antigo pode ter voltado de sua hibernação.

    Por causa deste boato, passei o final de ano preocupado, aliás, essa preocupação foi a conversa principal com todos aqueles que souberam da possibilidade de tal acontecimento. Claro que não seria uma questão de Cristo ou do seu maior antagonista estarem voltado ao plano terreno, mas sempre que um dos antigos acorda todos os olhares se voltam para o Matusalém.

    O vampiro antigo em si não é maior problema. A causa maior das nossas dores de cabeça são sempre  os possíveis caçadores ou megalomaníacos, que se estapearão para obter os segredos, o sangue ou qualquer migalha, que seja deixada pelo caminho do ancião vampiresco.

    Longe de mim querer alarmar minhas queridas leitoras, mesmo por que há 99% de chance que nenhum humano fique sabendo da realidade deste assunto. Além disso, tudo foi esclarecido ainda antes do réveillon, quando recebi de uma fonte e absolutamente confiável, o que realmente aconteceu naquelas noites anteriores ao Natal cristão.

    Um famoso Coven de bruxas italianas se reuniu para comemorar o final de ano e as mudanças astrológicas da época. Comemorar é a palavra mais adequada que achei para representar a orgia e feitiçaria destas reuniões. Não é atoa que remetem a elas as primeiras menções ao termo Bacanal, ou simplesmente festas de Baco, o Deus romano das festas e do vinho.

    Diz a história que alguns vampiros foram convidados por engano para tal confraternização e ao serem barrados na entrada do lugar rolou o maior barraco. Acontece que barraco envolvendo seres sobrenaturais, é literalmente cousa de outro mundo. Obviamente, os vampiros banidos da festa quiseram se vingar e proporcionaram uma pequena vingança as bruxinhas sapecas.

    A dupla composta por um vampiro detentor de poderes mentais e  outro com talento para as ilusões, pensou rápido. Bolaram um plano em menos de 10 minutos e voltaram ao local. Passando-se por bruxas eles entrar facilmente no lugar e começaram a praticar suas maldades e traquinagens.

    – Soube que a festa não vai durar muito tempo, o local foi descoberto. – Fofocou um deles.

    – Uma bruxinha loirinha bonitinha me contou que por causa desta conjunção astral um vampiro antigo vai sair de sua hibernação aqui pertinho. – Sussurrou o outro vampiro.

    E diante estes e outros boatos a festa foi arruinada. Skype para cá, SMS para lá e tantos foram os contatos e whatsapps que a história espalhou-se rapidamente pelo mundo da noite. Medidas foram tomadas por parte dos vampiros, que controlam as regras de nossa sociedade. Lobisomens se reuniram, magos e bruxas temeram e alguns até profetizaram o final dos tempos em nossas redes de informações.

    Influências desse mundo moderno e conectado? Pode ser, mas que o que tiro disso é aquela velha história de que se três ou mais pessoas acreditam em algo, até a maior das mentiras pode virar realidade. Ainda bem que no fim foi tudo uma grande brincadeira de mal gosto e que venha 2015 com ótimas histórias para todos nós!!!

  • Lembranças de ano novo – Lilian

    Lembranças de ano novo – Lilian

    Esta semana meu querido Ferdinand requisitou que eu contasse alguma história minha de fim de ano e eu claro, adorei o pedido. Bom, vamos lá, teve um ano novo que decidimos fazer um inimigo secreto, mas o meu acabou tornando-se amigo secreto ou melhor amigo “colorido”secreto. Nas trocas de presentes, eu tirei o Tkusumi e brinquei com ele dando um kit para fazer sushis, e logo depois descobri que Trevor me tirou e acabou me dando um mapa da fortaleza da Ordem, com um X marcando onde era o quarto dele. Eu tonta, tapada não tinha percebido a cantada evidente, esperei um tempo e fui. Quando cheguei lá o quarto parecia um altar de tanta vela espalhada, a primeira coisa que me veio a cabeça foi “ tem algum culto que eu tenho que participar?”. Enfim, chamei por ele, e segui onde estava à voz, ele estava sentado em uma cadeira de couro, com aquele jeitão másculo de camisa preta e suspensório, lendo um livro. Eu perguntei das velas e a única resposta foi, “ É pra te enxergar melhor na escuridão”.

    Resumindo, eu já era atraída por ele e pelo visto ele por mim, e nunca tinha rolado nada além de abraços, amizade e respeito, até aquele momento… Eu não consegui nem argumentar o quanto aquilo era errado, que eu era uma mera aprendiz, ele era um mestre, só pude sentir o momento esquentando, até que nada mais importava além daquele momento. Porém a noite seguinte vem, ai você acorda e se depara com o teu mestre nú e você também e a maldita consciência volta e você solta um “Pqp”. Depois percebe que vocês cederam a tentação e chutaram o pau da barraca.

    Enfim, não posso reclamar, foi uma ótima virada de ano, e nós por muitas vezes cedemos a tentação, até que estabelecemos um limite e depois de pular algumas vezes os limites mestre/aprendiz, nós estabelecemos regras, que hoje são extremamente fáceis de se lidar, até por que o carinho é mais paternal do que romântico. Ambos tiveram e tem outros tipos de relacionamentos e isso não afeta em nada o que um sente pelo outro e também não rola ciúmes, vai rola sim, mas é raro.

    PS: Eu escrevi esse final de ano, exclusivamente por que recebi alguns e-mails perguntando se eu e o Trevor já tivemos algo mais intimo, bom ai está a resposta. Kisses and Happy New Year To You Guys!!!!

  • Servidão – Entre atos 2 e 3

    Servidão – Entre atos 2 e 3

    Ygor Pietro estava muito irritado. Não bastasse os erros de seu mais novo pupilo, o clã de Madame Scylla se recusava a aceitar um pagamento em espécie pela morte de um dos seus membros, Thomas E. Lloyd. Continuavam as negociações, mas a chance de o conflito, até o momento diplomático, tomar proporções militares era muito grande.

    -Me chamou, Pietro? -Uma voz feminina e calma veio da porta do salão em que o mesmo se encontrava sentado.

    -Sim, Emmanuelle, entre.

    Uma moça alta, perto de seus 30 anos de idade, olhos cinza e cabelos cortados rentes ao pescoço, em estilo militar, se curvou levemente em direção a Ygor Pietro.

    -Vejo que já está se preparando para o caso de as coisas saírem do controle com o teu irmão, não é mesmo Emma? -Comentou Pietro, os olhos fixos nas armas que a moça trazia presas ao quadril.

    -Você sabe como eu sou Ygor, e o que eu penso. Se eles querem guerra, então guerra é o que eles terão. -Respondeu Emmanuelle, a voz calma como sempre.

    -O que pretende fazer com aquele rapaz que nós capturamos?- Pietro começou a procurar pela ficha do rapaz, o âncora Daniel que, ao que parece, não se encontrava em juízo perfeito quando foi encontrado perambulando nas ruas, fugido da clínica.

    Emmanuelle alisou a parte superior de seu uniforme, desinteressada:

    -Klaus vai cuidar dele, senhor. Não tenho tido paciência para  com os humanos ultimamente, e receio que as minhas sessões de interrogação possam sair do controle.

    -Entendo. Mas não achas que o Klaus pode perder o controle bem mais cedo do que você, minha querida?

    Emmanuelle sorriu levemente, enquanto arrumava uma de suas armas no coldre.

    -Desculpe-me, senhor, mas acredito que Klaus já passou da época de perder o controle… eu, pelo contrário…

    -Está com sede, Emma? – Ygor se levantou e estendeu a mão para um cálice de cristal que se encontrava no canto da sala.

    -Um pouco. Não tive tempo de…

    -Muito trabalho, eu presumo? Klaus não tem lhe dado muita folga desde que tu voltou de Paris? Mas o que estás fazendo ainda de pé? Sente-se.

    Emmanuelle se sentou, como ordenado, e sorveu de um só gole o sangue frio do cálice que Ygor havia lhe estendido.

    -Então? Conte-me tudo, minha querida. Gosto de saber o que acontece no clã, principalmente quando eu estive um tempo fora…

    Os dois foram interrompidos por uma batida forte na porta, seguida pela entrada de Klaus, um homem na beira dos seus 35 anos, com um jaleco cheio de sangue, uma das mãos ensopadas com o mesmo líquido.

    -Senhorita Levours, sugiro que da próxima vez que empurrar uma de suas testemunhas para mim, certifique-se de que a mesma não vai me atacar durante as sessões. -Os olhos do homem estavam arregalados, um misto de surpresa e insanidade, os dentes a mostra.-Tu bem sabes que eu não possuo muita paciência para com essas crianças desmioladas de hoje em dia.

    Emmanuelle se levantou e sibilou, irritada:

    -O que tu fizestes seu monstro?! Não podes nem se dar ao trabalho de tirar essa roupa antes de vir falar conosco?

    Klaus fechou a porta de sí, os olhos adotando uma expressão divertida, sarcástica. Encostou-se na mesma, evitando a passagem de Emma, que roçou os dedos em uma de suas pistolas, em alerta.

    -Se bem me recordo, senhorita, eu não lhe dei o direito algum de se dirigir a mim de forma tão desrespeitosa. Aliás, me pergunto até quando essa raiva irascível vai durar, considerando que…

    -Não ouse.  -Sibilou Emmanuelle, o rosto em uma expressão de extremo incômodo.- Mantenha essa maldita boca fechada. Aquilo foi só um erro, não mais do que isso…

    Klaus começou a rir, uma risada baixa, controlada.

    -Um erro? Mas que curioso, eu jurava que na hora tu não pensavas dessa forma, considerando como a senhorita veio atrás de mim, desesperada por auxílio.

    Ygor Pietro, que ainda se encontrava na sala, se sentou novamente, entretido. Nada melhor que uma cena cômica que no final lhe revelasse a verdade a respeito daqueles dois, discutindo a sua frente.

    -Eu não sabia o que fazer homem. Mas ainda assim, penso que foi um enorme erro, e que o mesmo não vai voltar a se repetir. – Respondeu Emma, se aproximando da porta e parando na frente de Klaus. -Agora, se me der licença…

    Klaus estendeu ambas as mãos para cima, num gesto cômico de rendição:

    -Desculpe, mas estou um pouco cansado, e essa porta é tão sólida… Serve-me bem como apoio para as costas. Claro que, eu posso pensar em me afastar daqui se a senhorita se dispuser a falar a verdade.

    Emmanuelle soltou um palavrão baixo, em francês, e puxou a arma do coldre, encostando o cano da mesma na têmpora de Klaus, que apenas levantou a sobrancelha, divertindo-se ainda mais com a situação.

    -Semana da seca, pelo o que vejo?-Comentou ironicamente, ao mesmo tempo em que afastava a arma da própria têmpora, sem muita relutância.  -Há quantos dias tu não te alimentas direito, senhorita Levours?

    -Não é da tua conta, Klaus. Saia da minha frente, ou eu juro que te mato dessa vez.

    -Hm… Se bem me lembro, da última vez, tu me deixou em um estado bem lamentável… Mas que ainda assim foi até o meu quarto ver como eu me encontrava, cuidando de meus ferimentos, não é mesmo, senhorita?

    Antes que Emmanuelle pudesse responder, Klaus saiu da frente da porta, deixando-a passar.

    Alguns segundos de silêncio se estenderam enquanto Klaus retirava as luvas ensanguentadas e o avental, ficando apenas com a camiseta social branca e as calças pretas limpas.

    -Que cria mais complicada essa que tu veio a arranjar, não é mesmo, Klaus?- perguntou Ygor com um quê de divertimento na voz, enquanto o mais alto lhe apertava a mão, como de costume.

    -Nem me fale Ygor… Mas mais importante, como andam as negociações?

    Ygor Pietro suspirou, os olhos se fechando por alguns instantes:

    -Complicadas. O clã de Madame Scylla não quer negociar enquanto o assassino não estiver envolvido nas negociações. Chegou a tal ponto quê eles passaram as discussões para o nível militar, chamando Abdulah para tomar parte do problema.

    Klaus levantou os olhos das luvas que segurava, surpreso:

    -Abdulah? Tu não está falando de Abdulah, membro dos  Demônios do Oriente não é?

    -É dele mesmo que eu estou a falar, Klaus.

    -Mas então são três os clãs envolvidos até agora?-Perguntou o médico, curioso.

    -Precisamente. E eu estava para começar a discutir com Emma a respeito de que soluções tomar caso as negociações passem para o nível Bélico quando tu me aparece e estraga tudo. -Ygor criticou o mais jovem, que apenas sorriu, cansado.

    -Nós dois estamos cansados, a senhorita Levours e eu. Gostaria de passar umas férias na Bavária, com a moça, e tentar por lá mesmo resolver nossos assuntos…

    Ygor sorriu, cúmplice. Sabia bem aonde o alemão queria chegar.

    -Façamos o seguinte… Assim que essas negociações terminarem eu líbero vocês dois para uma viagem. Suponho que visitar a própria capital em missão não ajudou muito a Emma no quesito de férias…

    -Sinto dizer que não, Ygor. Emmanuelle não consegue se concentrar tanto quanto antes ao investigar os capturados, e passou a perder a paciência muito rápido, como tu podes ver agora.

    -Mas tu a provocou, não foi..-Ygor comentou, mais uma afirmação do que uma pergunta.

    -Parcialmente, sim. Mas eu estou apenas me esforçando para que ela me diga a verdade, e pare de mentir a respeito de nosso relacionamento. O problema, temo eu, é que não ando muito paciente tampouco.

    -Quando Ernst acordar, tu poderia vir até aqui me avisar, Klaus? É um favor que lhe peço.

    Klaus se levantou da cadeira, pôs as luvas de volta, e sorriu para o velho amigo, um sorriso honesto, sem brincadeiras ou piadas de mau gosto.

    -Certamente, senhor Pietro.

  • Girls night out – Final

    Girls night out – Final

    “Sete botas pisaram no telhado
    Sete léguas comeram-se assim
    Sete quedas de lava e de marfim
    Sete copos de sangue derramado
    Sete facas de fio amolado
    Sete olhos atentos encerrei
    Sete vezes eu me ajoelhei
    Na presença de um ser iluminado
    Como um cego fiquei tão ofuscado
    Ante o brilho dos olhos que olhei”

    Encontrei-me com Hadrian e Trevor, mestre de Lilian, em uma cidade estratégica e próxima de onde nossas vampiras estavam. Sujeito diferente, de traquejo eloquente e de certa forma disciplinado. Pelo que soube é um pouco mais velho que eu e suas habilidades vampirescas são muito peculiares. Seguindo a linha de possessão da alma e de todas as energias disponíveis no mundo, no qual ele e a maioria dos orientais chamam simplesmente de “Ki”.

    – Então és tu que anda arrastando as asas para cima da minha pequena menina.

    – Hahaha relaxa, minha relação com tua filha é puramente fraternal.  Afinal ela é praticamente uma das amiguinhas da minha pequena menina também.

    – Aham sei… E tu ai com essa cara de mau, tá com fome ou vai me morder?

    Hadrian não falou nada ou sequer se moveu para cumprimentar o mestre de Lilian. Visto o ocorrido, resolvi quebrar o gelo e comentei.

    – Ele tá puto com uma humana ai. Relaxa que isso passa durante a nossa missão. Por falar nisso elas mandaram mais algum sinal? Honestamente achei que elas dariam conta do tal “maguinho”.

    – Relaxa meu amigo que mulher é igual biscoito, tu come uma, mas ainda tens mais umas 20 no pacote… Pois agora, eu confio nas habilidades da Lilian, eu a treinei pessoalmente, mas acho que elas fuderam com algum detalhe crucial do plano. É bem provável que nem tenham feito um plano direito e pensando bem, cabe a nós dar um fim adequado para isso.

    – Mulheres são complicadas, mas tuas palavras me fazem muito sentido caro samurai. Respondeu então Hadrian.

    – Eu sei…  Já tive uma cota de complicações, mas eu adoro uma bela complicação. Hahaha

    Diante tal apresentação informal e um tanto incomum, revisamos os planos e partimos para os lugares onde elas poderiam estar. Não foi difícil achar o primeiro lugar em que elas foram aprisionadas e ao tocar nos corpos dos seguranças Trevor descobriu para onde elas haviam sido levadas. Não me perguntem como ele descobriu isso…

    Partimos então para o segundo lugar e lá estavam Becky e Pepe presas dentro daquela armadilha das trevas. Imediatamente Hadrian falou que conteria a magia e Trevor correu para tirá-las do raio de ação do feitiço. Eu por outro lado fiz o que comecei a tomar gosto nos últimos tempos: entreguei-me ao meu demônio.

    A transformação tem me ocorrido cada vez mais rápido e a media que eu corria eu percebia os músculos crescendo, junto dos pelos e demais feições animalescas. Mirei a porta e entrei com tudo, quebrando moveis e rasgando a carne de quem aparecesse a minha frente. Espalhando sangue e vísceras por todos os lados. Parei apenas quando o tal mago criou uma luz mágica e que me cegou instantaneamente.

    Momento no qual meus aliados também chegavam ao palco da carnificina. Lilian ainda estava amarrada a uma cadeira e aparentemente xingava todos que estavam ali antes que eu entrasse.  Porém  assim que entrei ela caiu e teve de esperar alguém que lhe libertasse. Hadrian foi o primeiro a agir e foi rápido. Utilizou seu poder de levitação e estourou a cabeça da maldita bruxa contra o teto do lugar.

    Eu ainda estava na forma bestial e recuperando a visão para atacar aquele filho de uma puta,  quando Trevor rapidamente assumiu minha frente falando e batendo palmas doentiamente:

    – Parabéns seu babaca. Finalmente nos encontramos, então quer dizer que tu queria fuder com a minha filha? Você pensou realmente que sairia bem dessa? Vem cá meu querido filho de uma vaca que hoje é você que vai levar uma bela enrabada, seu maguinho de merda. Ninguém mexe com a minha pequena! Seu puto!

    Confesso que naquela situação eu queria apenas ver uma última cabeça rolando, mas comecei a rir doentiamente ao mesmo tempo em que minha transformação era  desfeita e Trevor cuidava do “big boss”. O tal mago tentou resistir, mas o vampiro parecia imune aos seus feitiços, inclusive os mentais. Tanto que ele se aproximou rapidamente do infeliz, segurou com força os seus braços e o encarou em silêncio por alguns instantes.

    – Sabe, hoje eu acordei com muita fome… E acho que acabei de achar minha refeição…

    Em seguida o corpo do mago começou a tremer e alguns poucos como eu, Hadrian e talvez Becky conseguimos ver a energia dele se esvaindo em direção a boca de Trevor. Pouco tempo depois o corpo do infeliz parceria uma múmia antiga e havíamos presenciado uma nova forma de alimentação.

    Em seguida e Becky soltou Lilian, que estava completamente transtornada. Tanto que ela não disse nada e imediatamente se dirigiu ao corpo mumificado do infeliz. Sem piedade alguma ela arrancou a cabeça dos restos mortais e veio a minha direção com aqueles lindos olhos verdes gigantes. Entregou-me dizendo:

    – Aqui está o prometido boss. Espero que ajude como um peso de mesa.

    Com um belo sorriso e o que me pareceu um piscar de olhos, ela se afastou e foi em direção de Trevor, que a recebeu com um longo abraço.

    Apagamos nossos vestígios em ambos os lugares. Pepe anexou os bens e ações do maldito ao nosso inventário e nosso clã está mais próximo do clã de Lilian. Trevor é um sujeito que lida com as cousas de um modo muito peculiar, mas confesso que estou feliz por ter seus dons ao nosso lado.

    – Ferdinand meu caro, que tal irmos até o nossa casa, lá vocês podem descansar e se recuperar. Acredito que nossa atual aliança permita a discussão de alguns negócios bastante lucrativos!

    – Claro, ótima ideia! Mesmo por que vai amanhecer em breve e eu adoro negócios lucrativos.

    – Ótimo, ótimo. Vou adorar a companhia de vocês e creio que as meninas queiram ficar juntas mais um tempo. Lili meu amorzinho, tome sua espada. Becky e Pepe. É um enorme prazer conhecer tão belos seres como vocês.

    Lilian revirou os olhos e deu uma leve risada, obviamente ela havia ficado envergonhada diante as palavras de seu mestre. Porém, apesar de alguns atos doentios eles pareciam ser “bons vampiros”. Ofereci uma carona para Pepe na garupa da moto, mas ela preferiu o conforto da Mercedes de Trevor. Aliás, todos foram com ele de carro e eu atrás comendo poeira. Estava apenas de calças rasgadas e torci para que nenhum “policial mala de interior” surgisse para acabar com o meu estase pós-batalha.

    PS: Trevor passou o dia inteiro dando em cima de Becky.

  • Girls night out – A missão – Pepe – Pt6

    Girls night out – A missão – Pepe – Pt6

    Fiquei um pouco receosa, achando que a Becky não daria conta de guiar a moto comigo na garupa, mas até que ela se virou. Claro, que não pilotou tão bem quanto o Fê e quase caímos por causa de alguns buracos.  Abstrai o medo de cair, me concentrei num celular que peguei de um dos capangas que matamos e depois liguei imediatamente para o Fê. Ele ficou feliz e bravo ao ouvir minha voz, mas me acalmou dizendo que estava junto do mestre da Lili, perto de nós e que logo tudo iria acabar.

    Seguimos eles por um tempinho até que pararam numa porteira no meio do mato e que aparentava ser  a entrada de algo maior. Esperamos eles entrarem e tivemos de dar conta de um dos seguranças que havia ficado de vigia. Novamente Becky distraiu o sujeito e eu cravei minhas presas no pescoço dele. Deixei um pouco de sangue no corpo para a Becky e depois que ela sugou o resto fomos como duas felinas sorrateiras para dentro do lugar.

    Na entrada tinha algumas arvores bem fechadas, que aos poucos foram ficando mais abertas e nos mostraram um lugar lindo. Estávamos numa sede social ou casa de campo grande e bem iluminada. A quantidade de seguranças havia dobrado e por algum tempo eu desejei apenas que o Fê chegasse e resolvesse tudo. Só que naquela hora eu me virei para Becky e vi seus olhos brilharem. Não consegui entender se ela estava excitada ou tão abalada quando eu, mas assim quem ela voltou a si ela me falou empolgada:

    – A Lili está amarrada num canto e desacordada. Tem mais alguém com o mago e tem tanto poder quanto o dele. Tem 14 criaturas ao todo por aqui e sem contar nós duas.

    – Uouu, como que você conseguiu ver tudo isso?

    – Usei um poder que ainda estou aprendendo, mas digamos eu levei meu espirito para dar uma voltinha pelo lugar e consegui essas informações.

    – Tô de cara amiga, será que consigo aprender? Brincs… O que sugere que façamos? Vamos esperar o Fê e pessoal?

    – Tô pensando, mas eu podia distrair alguns deles e tu podia entrar super-rápida e tirar a Lili.

    – Não sei amiga. E se o outro cara lá for mais punk que o mago que nos prendeu?

    – Tem essa também, bom vamos tentar ser o mais silenciosa que conseguirmos e ir acabando com eles aqui por fora então?

    – Ahh deixa aqueles três comigo, você  vai para o outro lado e nos encontramos atrás da casa.

    Mal deixei a Becky responder sim ou não e sai a toda para cima dos malditos. Pulei de um arbusto a outro e com duas passadas quebrei o pescoço do primeiro. Em seguida me escondi numa parede, depois agarrei o segundo pelas costas e antes dele gritar eu soquei sua garganta. Ele se contorceu  um pouco, mas sufocou em seguida. O terceiro viu minha aproximação, mas por sorte havia uma faca no colete do segundo e arremessei. Ela bateu numa das paredes e caiu longe do cara. Ele deu uma risada, veio até mim e começamos uma briga pelo chão. Ele era muito forte e conseguiu me prender de costa, só não contava com um contragolpe que o Franz me ensinou e me permitiu reverter a situação. Agora era ela que estava de costas para mim no chão deixando aquele belo pescoço a mostra. Foi por pouco e tudo aquilo havia me mostrado que eu precisava treinar muito mais. Não se trata apenas dos poderes, como diz o Fê.

    Encontrei Becky do lado de trás da casa e ela havia detonado mais quatro caras.

    – Só falta outros sete – Disse ela com o olhar ainda mais brilhante.

    – Ah tá fácil, e ai tem mais alguém aqui por fora?

    – Não, vem aqui, acho que conseguimos entrar pelos fundos.

    Tentamos entrar, mas tanto as janelas como as portas estavam seladas magicamente e tirando a forma espiritual acho que mais nada conseguia entrar naquele lugar. Além disso, eu marquei bobeira novamente e não percebi que alguns arbustos prenderam minhas botas ao chão. Olhei para os pés de Becky e ela também estava presa. Antes mesmo de tentarmos algo a cortina de uma das janelas foi aberta e surgia a nossa frente uma mulher velha. Seu olhos eram pretos por completo e assim que nos localizou ela olhou fixamente nos meus olhos e abriu a boca.

    Uma fumaça preta começou a sair da boca da bruxa, atravessando as frestas da janela e nos envolveu. Ficamos cegas, como se estivéssemos na escuridão completa. Tentei me mexer, mas tudo acontecia mais devagar, até que sinto um forte puxão no braço direito e que me arremessou para longe. Cai há  umas 7 ou 8 passadas largas da casa e pude ver próximo de onde eu estava um sujeito forte e com uma katana presa as costas. Ele fez o mesmo com a Becky e só depois disso percebi que ao meu lado estava Hadrian concentrado de olhos fechados e ao longe correndo em direção da casa o Fê em sua forma mais sinistra, bestial e demoníaca.

  • Girls night out – A missão – Becky – Pt5

    Girls night out – A missão – Becky – Pt5

    Corri o máximo que pude junto a Pepe, mas não estava com intenção alguma de fugir. Estava extremamente com raiva por não ter sentido a magia que nos rodeava antes de sermos capturadas. Mas, tínhamos uma missão a cumprir e faríamos isso com perfeição, mesmo com os incidentes. Além disso, a Lilian acabou ficando para trás, tentando nos ajudar e, ainda estava capturada, por tanto, não iríamos deixá-la.

    Sentamos em baixo de algumas árvores para recuperarmos o fôlego e pensarmos no que iríamos fazer. Pepe já não parecia tão machucada, se recuperava muito rapidamente e eu, era um pouco mais resistente, pois com as seções de tortura que Erner fazia a mim, meu corpo aprendeu a se regenerar mais facilmente.  Porém, aquela magia estranha vinda do tal mago parecia ter afetado nossas energias.

    – Pepe, precisamos pensar rápido no que fazer, não podemos ficar aqui paradas.

    – Eu sei Becky, mas ainda estamos fracas. Precisamos recuperar nossas energias, salvar a Lilian, que agora está lá sozinha e matar aquele maldito.

    -Matar todos aqueles malditos! Além disso, esquece que Lilian conseguiu mandar aquela mensagem para avisar o mestre dela.  Os nossos celulares foram completamente destruídos, não temos certeza se a mensagem foi realmente enviada e não podemos ficar esperando por eles, afinal, não é isso que o Fê esperava de nós quando nos mandou para cá.

    -Está mais do que certa Rebecca! Já sei o que podemos fazer… Ainda consegue confundir algumas mentes?

    Pepe era muito esperta, e teve sorte por ter como mestre, o Ferdinand. Eu havia aprendido muitas artimanhas com a necessidade de me virar sozinha. E então, partimos para a ação. Não tínhamos tempo a perder, afinal haveria poucas horas até o amanhecer. Aproximamo-nos do local, era uma casa antiga, com janelas altas e fechadas por dentro com madeiras mal pregadas. Mas, era possivel ver que havia luzes acessas. Caminhamos até os fundos da casa. Havia seguranças por todos os lados. Alguns capangas levavam Lilian cabisbaixa para dentro de uma caminhonete, ela e dois deles entraram no banco de trás, na frente, havia um na direção e um no banco do carona fortemente armado. Em outro carro, vimos mais alguns caras armados e o tal mago escoltado por todos eles.

    Pepe e eu nos aproximamos lentamente de dois caras que vigiavam mais a frente e estavam fora de vista dos demais. Com o pouco dos poderes que me restavam, confundi-os fazendo com que vissem vultos, algo que eu raramente conseguia fazer. Em um momento de distração de ambos, os pegamos pelas costas e com muita fome, bebemos todo aquele sangue sujo até não restar uma gota. Com as forças recuperadas conseguimos matar mais alguns pelo caminho, até acharmos algo que nos permitisse segui-los.

    -Para onde será que eles estão indo, Becky?

    -Para onde, eu não sei. Mas, acho que essa” troca” de esconderijo deve ter algum motivo.

    -Sabe pilotar essa moto?

    Eu olhei para Pepe, só havia pilotando uma moto em minha adolescência, o que quer dizer, há muuuuito tempo.

    – E temos outra opção, minha querida?