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  • Servidão – pt2

    Servidão – pt2

    A alguns quilômetros do cemitério, em uma pequena cidade vizinha, o vampiro de origem egípcia Abdulah se encontrava deitado calmamente em sua cama, fumando um narguilé. Ao seu lado, dormia Maria de Assunção, sua esposa, os cabelos castanhos claros estendidos sobre o travesseiro, uma de suas mãos apoiada no peito de Abdulah, quê a acariciava de tempos em tempos…

    —Abdul… —sussurrou a moça, não mais quê um suspiro. O homem tragou um pouco mais do narguilé e o soltou em baforadas lentas, a fumaça lhe escapando dos lábios em pequenos círculos.

    —Sim? — Respondeu finalmente, os lânguidos olhos cor de mel admirando o corpo da esposa, uma ponta de desejo se formando em seu peito.

    — Por que não estás a dormir?—Maria se aproximou um pouco mais, deitando parte do corpo no peito de Abdulah, onde antes se encontrava sua mão. Tentou Puxar de leve o narguilé do mais velho, quê preguiçosamente puxou o corpo da moça para si, num abraço possessivo.

    —Tu me fez falta, mulher. —Comentou Abdul, um sorriso predador nos lábios.

    —É mesmo? Mas se fostes tu que me mandaste para a Europa, de forma a conciliar teus irmãos… —Maria sorriu, beijando de leve a face do esposo, ao mesmo tempo em que traçava círculos lentos no pescoço do mais velho, solene carícia. —Madame Scylla ligou, eu imagino… ou vai ligar, dependendo da hora.

    —Já ligou querida. Tenho de vê-la o mais rápido possível, ainda esta noite.

    Maria encostou os lábios no pescoço do egípcio, que soltou um leve suspiro, esticando o corpo, dando-lhe mais espaço.

    —Pois eu vou com você.  — Maria sorriu entre os beijos, os dedos se prendendo nos fios negros de Abdulah, que emitiu um som leve, parecido com o ronronar de um gato.

    —Não, não dessa vez. Tu ainda estás cansada da missão que eu vos encarreguei na Europa. Fique e descanse. —Respondeu-lhe o marido, ao mesmo tempo em que a beijava nos lábios, calculando lentamente quanto tempo teria para saborear a esposa, seu desejo contido a algumas semanas…

    —Mestre. Meu lugar é ao seu lado, e aonde tu fores eu irei, lhe servir de escudo… —Queixou-se a moça, interrompendo o beijo. Abdul a abraçou, ao mesmo tempo em que tentava se acalmar e não perder o controle.

    —Tu não és mais minha serva, Maria, tu bem o sabes…

    —Não, Abdulah. Eu sou ambos, tua serva e tua esposa. —Declarou firmemente Maria, os olhos verdes firmes a encarar o mais velho, que cerrou os lábios, irritado.

    Em menos de um segundo havia largado de todo o narguilé e puxado a moça para cima de si, fazendo pressão em uma certa área, os olhos cor de mel ficando um pouco vermelhos, os dentes a mostra:

    —Minha esposa, e minha serva? Tu existes solenemente para me servir? Pois bem, minha querida… — Cravou os dentes no pescoço da moça, que soltou um gemido, misto de dor e prazer.

    —Sirva-me da melhor forma que tu o podes fazer, e sacia os meus desejos…

    Mais tarde, Abdulah se encontrava na porta de casa, se preparando para sair. Ouviu passos leves atrás de si, e sorrindo preguiçosamente virou-se em direção a esposa:

    —Pensei que eu houvesse te cansado o bastante, de forma que tu não pudesses te mexer por algum tempo. Mas parece que me enganei.

    Maria, enrolada em um cardigã preto de seda, que deixava pouco a imaginação, curvou se no chão, a cabeça baixa, como fizera há tantos séculos atrás, ao jurar lhe sua lealdade:

    —Pois eu lhe disse mestre… Eu sou teu escudo, e aonde tu fores eu irei.

    Abdulah sentiu uma leve dor no peito. Esperava que um dia, Maria entendesse o quanto ela lhe era cara, amada. Que pudesse, principalmente, esquecer a forma como o egípcio a tratara no início, não mais que uma empregada a lhe servir na enorme casa que possuía, em Lisboa. Enquanto este dia não chegava, porém…

    —Me dê uma ordem, e ela será seguida. — sussurrou lhe Maria, os dentes a mostra, se preparando para a transformação.

    Abdulah passou as mãos pelo cabelo, incomodado. Com voz de comando, porém sibilou:

    —Te transformes em um corvo. Quero que fique junto a mim, durante a reunião com Madame Scylla, e que não faças um pio sequer. Nós discutiremos o que tu pensas a respeito da reunião depois, quando voltarmos.

    Maria se despiu do cardigã, ainda curvada, e se transformou em um corvo, pousando firmemente no braço de Abdulah.

    —Sim, mestre. — respondeu a moça mentalmente, os olhos negros a espreita, se preparando para o que viria a seguir…

  • Bruxaria (magia moderna)

    Bruxaria (magia moderna)

    Neste tempo que “fiquei de molho” em função da transformação de minha doce Pepe, Aproveitei para por em dia minhas leituras e escrevi mais algumas páginas de meu livro, que vai sair no primeiro semestre do ano que vem.  Sim, depois de muito tempo enfim essa trilogia vai deixar de ser apenas um projeto e isso é tudo o que posso falar, ao menos por agora.

    Pois bem, dediquei boa parte do meu tempo livre para me aprofundar na bruxaria contemporânea, ou como eu prefiro chamar: magia moderna.  Seus ritos, procedimentos e  adaptações as práticas tradicionais. Confesso que eu esperava mais criatividade ou pelo menos que este assunto estivesse mais na ótica dos povos de hoje, mas no geral foram poucas as adaptações ritualísticas desde aquelas retratadas nos primórdios do sec. XIX.

    Sou um mero entusiasta deste assunto e não é do meu interesse que isto se pareça com compendium, mas nesta onda atual de compartilhamentos, julgo importante quaisquer menções, mesmo que mínimas, sobre um assunto tão fantástico. Noites atrás, por exemplo, nós publicamos um breve rito sobre amor na página do Facebook e foi uma das publicações mais acessadas.

    Delongas a parte, pedi para Hadrian produzir um texto em parceria comigo e segue abaixo boa parte do que conversamos nas últimas noites…

    Meu primeiro contato com magia ocorreu há longos anos e desde então minha visão sobre o mundo teve diversas alterações. Passei a acreditar na energia, experimentei-a em suas mais diversas formas e inclusive fiquei de joelhos ao perceber, que apenas uma centelha dela pode arruinar diversos caminhos. Portanto, para que compreendas parte do que digo é necessário, antes de tudo, que entendas um simples conceito: não existe bem ou mal, existe energia e as consequências de sua aplicação, estas aliás, que podem ressoar eternamente.

    Quando o magista faz a consagração, abre o círculo e pratica algumas evocações ou invocações em seu altar. Ele deve ter em mente que isso lhe gerará alguma espécie de reação. Sabe a lei de ação e reação? Este é um conceito muito simples e que deveria ser à base do aprendizado dos estudantes.  Este é o ponto no qual eu queria chegar nesta dissertação, pois foi o que mais me surpreendeu na magia moderna.

    Vejo atualmente muitos aprendizes praticando a velha arte da forma errada, pensando apenas no momento e esquecendo-se do futuro de seus atos. A magia não é uma brincadeira de crianças, tanto que antigamente muitos adeptos somente podiam estudá-las mediantes diversas provas de proficiência. Hoje em dia a internet rompeu esta barreira, permitindo o acesso a rituais, feitiços e práticas até então guardados a sete chaves. Algo fabuloso, mas extremamente perigoso.

    Portanto, esta foi minha dica para os iniciantes. Estou trabalhando outros textos com o Hadrian e a nossa ideia é trazer mais destes assuntos aqui para o site. Inclusive falarei numa próxima parte sobre a preparação do altar, do ritual de consagração e de como tais procedimentos podem ajudar na concentração para as invocações e evocações.

  • Girls night out – A missão – Lilian – Pt5

    Girls night out – A missão – Lilian – Pt5

    Que lugar é esse? Pensei comigo. Eu ainda estava tonta por causa de algum tipo de magia pesada e pela pancada que  havia levado na nuca, mas aos poucos  consegui lembrar do que havia acontecido. Estávamos sentadas num bar a beira da estrada, apenas observando o movimento no lugar, pois seria um dos locais de encontro dos capangas do tal mago que procurávamos.

    Passados alguns minutos, o lugar começou a ficar com um cheiro estranho, uma sensação de podridão,  indicando que algo pesado estava acontecendo naquele lugar. Puder sentir uma presença diferente, não era um vampiro ou lobisomem, mas sim um humano. Um humano com alguns dons bem notáveis. Olhei para Becky e Pepe, ambas pareciam retraídas com a tal presença, como se tivessem sido petrificadas. Vendo que tudo poderia ir por água abaixo e que talvez fossemos sequestradas ou atacadas não pensei duas vezes e mandei uma mensagem no Whatssap do Trevor : “Plano de ajuda ao Ferdinand indo para o buraco. Acione  o clã dele e os nossos da Ordem. Caso aconteça algo comigo, faça de tudo para salvar as meninas dele! Tentarei resistir ao máximo. Use o rastreador do meu celular para nos achar. Sorry Dad… I love you… :/”

    Assim que consegui mandar a mensagem, senti que a minha katana ainda estava escondida pelo feitiço do espelho. Olhei em volta mais uma vez, e contei quantos possíveis homens teria que enfrentar. Além da espada, todas nós estávamos armadas, não queríamos dar sorte para o azar, eu então coloquei minha mão disfarçadamente dentro da minha jaqueta de couro e segurei uma Colt Phython, e em meu cinto eu havia escondido algumas facas de arremesso. Antes de entrarmos lá também dei a Becky uma arma Colt Trooper e outra arma para Pepe, uma Desert Eagle.50.

    Mas de nada adiantou toda essa artilharia pesada, uma força maior e portadora de poderes mentais, entrou no lugar e baixou nossa guarda, em questão de segundos tudo foi para o ralo.  Senti uma mão tocar meu ombro e sussurrar algo do tipo “Seus poderes de luta não irão funcionar aqui. Melhor soltar essa bela Colt e nos seguir, se não suas amiguinhas morrem.”

    Quando olhei na direção da Pepe e da Becky, vi que estavam no chão, sendo amarradas, e que Pepe tentou resistir e levou alguns chutes no rosto. Aquilo me fez perder o controle, minha primeira reação ao ver as duas daquele jeito foi pegar e estourar os miolos daquele brutamontes e depois atirei em mais dois, antes de finalmente ser pega e poder ver o rosto do tal mago.

    – Olha o que temos aqui! Uma serva da famosa Ordem Vermelha… Senhores contemplem esse belo ser. Eles são treinados para matar de forma politizada. Como viram é melhor ficar com olhos bem abertos para essa bela donzela.

    Quanta arrogância para uma pessoa só! Um homem de estatura mediana, longos cabelos ruivos, olhos negros, parecia até o próprio Satã. Como ele sabia da Ordem?

    Minha cabeça girava, com perguntas e com a dor da pancada no estomago, e foi quando tentei me soltar, mais uma vez para salvar as meninas, levei uma pancada na nuca e tudo ficou escuro,  meu corpo cedeu a dor, caindo como uma pedra no chão.

    Quando finalmente voltei ao normal depois de seguidas pancadas e algum tipo de feitiço que nos deixou ali congeladas como pedras por o que parecia um bom tempo, pude me sentar e olhar ao redor, vi que estávamos em algum tipo de porão, ótimo lugar para manter alguém de refém. Procurei pelo meu celular, mas ele havia sido levado, junto das outras armas, inclusive a minha katana, óbvio que aquele cara estranho percebeu a presença dela e a retirou de mim. Chamei bem baixinho Becky e ela respondeu com uma voz muito fraca, mas consciente. Logo em seguida chamei a Pepe e não obtive resposta, o desespero bateu no meu peito, tentei de todos os jeitos me soltar, em um ataque de fúria consegui romper as cordas que prendiam minhas mãos e então pude soltar minhas pernas e ajudar a Becky a se livrar das amarras.

    Quando cheguei perto da Pepe a vi encolhida em um canto,  deitadinha, ainda presa, aquilo me deu um remorso, soltei ela e então a segurei em meu colo, o rosto dela ainda estava machucado dos muitos chutes que ela levou, se ainda conseguisse chorar como uma humana, com certeza eu estaria chorando naquele exato momento. Limpei o sangue dela com minha blusa, mais uma vez a chamei “Pepezita, acorda querida, acorda!”, milhares de pensamentos passaram por mim, um deles era , “Como o Ferdinand reagiria se a mais nova cria dele sofresse o pior?”, tive a certeza que ele ficaria sem rumo, afinal a Pepe era a menina dos olhos dele.

    Becky sentou ao nosso lado, e começou a fazer leves carinhos na cabeça da Pepe, eu ainda a segurava como se fosse um cristal pronto para quebrar. Mais uma vez chamei Pepe e para meu alivio ela finalmente respondeu “ Lili, Becky, meu corpo dói muito.”

    Lógico que doía, ela tentou de todas as formas nos proteger, foi forte, e acabou levando a pior. Eu claro que queria me vingar, e Becky compartilhava da mesma vontade de vingança.

    Após alguns minutos de silencio, Becky levantou-se e começou a vasculhar o lugar em busca de alguma saída, enquanto eu ajudava Pepe levantar do chão e ficar em pé. Becky achou a saída e conseguimos ouvir alguns homens do lado de fora patrulhando o local. Era noite para nossa sorte, mas estávamos sem armas, com a Pepe ainda bem machucada e a minha espada desaparecida, se ao menos eu a tivesse, tudo seria menos complicado.

    – Lili, você tem algum plano? Por que eu sinceramente não sei nem por onde começar.

    – Eu não sei Becky, meus planos nesta situação, são todos planos suicidas. Estamos desarmadas, rodeadas do que parece ser um pequeno exercito particular ali fora e a Pepe está muito machucada.

    – Se quisermos sair daqui, temos que tentar algo, certo?

    – Mas o que?

    – Se eu conseguisse chegar até a parte superior, poderia confundir alguns dos seguranças e você poderia tentar abrir passagem de alguma forma, levando a Pepe para fora e eu as seguiria.

    – É uma opção muito boa. Mas eu precisaria da minha espada para isso e para nossa sorte, consigo senti-la na sala ao lado.

    – Então vamos melhorar o plano, deixamos a Pepe escondida aqui enquanto subimos, pegamos tua espada e abrimos passagem. Eu volto para pegar a Pepe e a levo para fora e volto para te ajudar.

    – Não precisa Becky, assim que pegar a Pepe, dê o fora daqui! Não olhe para trás e nem tente voltar. Corra até o encontro do Ferdinand, ele provavelmente está a caminho daqui junto do meu mestre  e do clã de vocês. Mandei uma mensagem para Trevor antes de sermos capturadas. Talvez os caras daqui estejam esperando por eles também.

    – Lili eu não vou deixar você aqui! De jeito nenhum!

    – Você vai e vai levar a Pepe com você. Assim que encontrar com eles, tenho total certeza que virão ajudar.

    – Lili não…

    – Becky vai dar tudo certo!

    Era um plano um tanto suicida, mas era nossa única opção. Becky escondeu Pepe embaixo de uma mesa com o que parecia ser um lençol mofado e então se encontrou comigo na porta que poderia nos trazer nossa total liberdade ou a nossa ruina.

    – Preparada Becky?

    – Sim e você?

    – Também.

    Com um chute abrimos a porta e Becky se escondeu rapidamente atrás do que parecia ser um grande armário, dando inicio a manipulação mental nos seguranças, eu corri em direção a minha katana, ela estava nas mãos de um dos idiotas comandados pelo ruivo. Voltei até Becky e pedi que ela pegasse a Pepe, ela rapidamente foi e tive que enfrentar alguns homens, degolando, cortando braços, pernas e tudo que podia para abrir passagem para as duas. Becky ajudava Pepe correr enquanto eu abria passagem, senti que os poderes de manipulação da Becky estavam acabando e então empurrei as duas para o que parecia ser a porta de saída daquela casa e atrai os outros em minha direção. Vi que Becky correu alguns metros de distancia do lugar junto de Pepe e em um movimento eu senti uma fisgada na perna e então cai, pude ouvir Becky gritando meu nome, olhei na direção dela e apenas consegui dizer “ Corre! “, algumas lágrimas de sangue escorreram o rosto da Becky e da Pepe, mas elas obedeceram e saíram dali. Senti meus braços serem amarrados mais uma vez, mas aquilo não me incomodou, afinal tinha ajudado duas pessoas no qual eu criei um grande carinho e que demonstravam o mesmo afeto por mim, o mesmo afeto que eu apenas senti da minha falecida mãe e do Trevor, antes de conhecer o clã do Ferdinand.

    Pude sentir a presença do ruivo de novo, o mesmo cheiro podre junto dele.

    – Deixem as outras irem rapazes. Eu quero fisgar o grande Ferdinand e de brinde parece que teremos a presença dele e de mais dois vampiros antigos. Consigo sentir a presença do teu mestre querida e também de outro poderoso vampiro. Talvez consiga completar minha coleção de relíquias!

    – Você não vai conseguir nada. No fim de tudo isso eu vou assistir a sua cabeça sendo arrancada e colocada em uma mesa com um peso de merda para livros.

    – Veremos querida… Veremos! Além das amarras, calem a boca dela, toda essa falação está me dando nos nervos!

    Fui então jogada no porão novamente, agora eu apenas torcia para ser salva de alguma forma, sabia que Trevor e Ferdinand viriam, só não tinha certeza se seria a tempo. Mas mesmo que eu não os visse mais, uma sensação de dever cumprido  por ter ajudado alguém que me aceitou do jeito que eu sou com tanto afeto, já eram suficientes para mim.

  • Girls night out – A missão– Pt4

    Girls night out – A missão– Pt4

    Primeiro eu gostaria de informar que a Pepe está sob efeito recente da transformação e é normal ela querer “puxar meu saco”. Todavia, boa parte do que ela disse pode ter vindo mesmo de seus pensamentos mais profundos e intensos. Questão que me é vista com muito carinho também.

    Como minhas queridas vampiras novatas no clã, detalharam em seus relatos anteriores, nos reunimos para um breve bate papo na forma de luau e a beira de um lago na fazenda. No qual festejamos nossas alianças e especifiquei minha vontade de estreitar nossos laços na sociedade vampiresca. Afinal, como todos bem sabem a união faz a força.

    Negócios vampirescos não são feitos apenas na base da palavra ou com contratos de papel e quase sempre se baseiam também na troca de favores. Portanto, para alguns de vocês já deve estar claro o que eu lhes pedi, mas vamos por partes e ao melhor estilo “tio Jack”.

    “Pois então minhas belas senhoritas. É sempre um prazer estar junto de vocês e preciso fazer uma pausa nesta noite de festa. Como bem sabeis nosso clã foi prejudicado recentemente por um  pilantra, que ludibriou uma de minhas Ghouls e afanou certas informações sobre uma de nossas empresa. Tal ser desprovido de inteligência, certamente não sabe onde se meteu e já que ele não utiliza sua cabeça por completo, eu desejo-a para utilizar como peso de papel.  Como eu não quero que isso se torne uma disputa entre todas vocês, eu vou premiá-las de uma mesma forma e independente de quem der o golpe final no fdp. Obviamente, além do presente, que ainda vou pensar, o clã da Lilian vai ter um favor em aberto conosco. O que proporcionará, imagino eu, um maior estreitamento de nossa amizade.”

    Diante tal pronunciamento Lilian disse que precisava da permissão de seu mestre para agir em tal empreitada, mas se mostrou muito empolgada pelo fato de poder por em prática seus estudos e treinamentos. Becky e Pepe sentiram-se felizes com a oportunidade de demostrar serviço para o clã e aquilo melhorou meu ânimo. Até então atordoado pela situação que a maldita loira havia proporcionado com sua traição.

    A transformação de Pepe havia sugado minhas energias de uma forma diferente aquela em que ocorrera com Sebastian. Ainda preciso consultar algum vampiro mais antigo para saber se fiz tudo certo, mas acredito que foi apenas uma fadiga ou stress. O importante é que aproveitei nossa festinha para voltar a frente do clã e dos negócios.

    Inclusive, estou com planos para novos investimentos e viagens. Quem sabe esteja novamente na hora de cair na estrada e conhecer novos lugares ou seres. Este ano eu resolvi me isolar do mundo, mas por que fazer isso se posso ir para todos os lados? Por que se prender em algo tendo a eternidade pela frente? Não sei as respostas para prevenir a rotina e a acomodação. Sei apenas, que eu não sirvo para ficar tanto tempo no mesmo lugar ou criar raízes como muitos preferem.

    Na noite seguinte a festa fui informado por um Ghoul que as garotas saíram cedo. Pepe inclusive havia me deixado um bilhete, que só vi depois de um belo banho quente, dizendo que me mandaria “sinais de fumaça” a cada noite e cada descoberta. Restou-me apenas seguir com os planos e desejar que o inimigo fosse apenas um cabeça oca qualquer.

    Três noites depois recebi a primeira mensagem de Pepe. Era uma gravação de voz no whatsapp cuja voz provavelmente era do meu novo inimigo:

    “Foi uma decepção enorme o fato de nenhuma cria do Exmo. Sr. Wulffdert ter vindo ao meu encontro. Por causa de tal infortúnio esclarecerei minha intenção: Manterei estas três pupilas intactas, até que vós resolveis vir buscá-las… Cuidado, posso ficar impaciente tão logo a lua nova se aproxime!”

    Liguei imediatamente para Franz e Eleonor…

  • Servidão – pt1

    Servidão – pt1

    A The March Hare enviou-me mais algumas histórias do vampiro Ernst, no qual compartilho com vocês abaixo:

    Servidão – Parte 1

    O cemitério de Bom Descanso era um dos mais requisitados em todo o País. Suas lápides eram todas iguais e seguiam um padrão clássico, onde todas as cruzes, santos e vasos contidos alí deveriam ser da cor branca, de modo a trazer mais paz para os seus poucos visitantes. Stephen Ernst não se encontrava nem um pouco em paz. Enterrado a alguns palmos abaixo do chão, Ernst gritava a plenos pulmões, esperando que algum conhecido imortal o ouvisse ou, (mais provavelmente) sentisse a sua fraca presença dentro daquele caixão.

    – Alguém me escute e me tire daqui! – Exclamou Ernst, o corpo dolorido devido ao longo tempo deitado na mesma posição.

    Rapaz orgulhoso, não implorava nem em uma situação tão delicada como aquela. Pensando em ninguém mais do que em seu mestre e em como o mesmo o deveria estar procurando, Ernst mal sentiu a presença de um imortal parado em cima do seu caixão, a vários metros acima do solo.

    – Me deixe sair! – Gritou Ernst, o som de sua voz a lhe machucar os ouvidos, o apertado caixão lhe proporcionando uma desagradável sensação de claustrofobia.

    “Acalme-se, criança.” Sussurrou-lhe mentalmente o estranho que se encontrava em cima de sua lápide. “Eu te tiro daí, se permaneceres quieto…”

    – Mestre! Abençoado seja! – Respondeu-lhe Ernst, os olhos cheios de lágrimas, o medo já começando a lhe tomar a razão.

    “Criança Ingrata! Não podes nem cumprir uma simples ordem, logo tu, que me implorou por uma chance de se mostrar digno do presente que eu vos dei? Eu deveria deixá-lo aí, preso por toda a eternidade!”

    Ygor Pietro se afastou da lápide e fingiu se encaminhar para a saída quando ouviu Ernst chorar, a voz baixa e subserviente que lhe dava tanto prazer:

    – Por favor, mestre, eu lhe imploro. Tires-me daqui, e eu prometo que farei o possível para pagar pelos meus erros!

    Ygor sorriu. Os alvos dentes à mostra, no rosto uma expressão mista de desdém e compaixão por aquela cria que havia apenas causado tumulto, mas que lhe era tão cara, tão amada.

    “Pois bem, Ernst. Por ser um homem benevolente, vou tirá-lo daí e levá-lo de volta para casa, para junto de seus irmãos…”.

    Ernst não teve tempo de responder, tendo uma sensação quente de paz, ao mesmo tempo em que sua consciência ia se apagando e caindo em um sono induzido, outra característica de seu mestre…

  • Girls night out – Pepe – Pt3

    Girls night out – Pepe – Pt3

    Desde que me tornei uma sanguessuga há meses atrás, minha vida virou do avesso. Claro, que não foi um avesso de forma ruim por completo, mas no sentido de que tive de mudar praticamente tudo o que fazia antes. O Fê já contou sobre minha transformação em: Transformação em vampiro, porém hoje eu resolvi dedicar uma parte de meu tempo livre para contar a minha impressão de tudo isso.

    Passados os dramas iniciais de minha transformação, eu precisei dedicar um tempo para me adequar à nova realidade. Tanto que resolvi abolir as roupas de pirralha revoltada e quase todos os meus piercings, salvo alguns estratégico, e adotei algo mais 30 anos, executiva e linda. Para ser honesta eu ainda tenho 23 e estava prestes a completar 24 e esse estililinho, que deixa alguns fulanos de queixo caído por onde passo, vai ajudar n os meus deveres. Aliás o Franz ficou de queixo caidinho quando me viu (risos).

    “Divando” a parte, eu troquei uma vida de infortúnios, onde eu não tinha uma família e vivia as custas de meus “freelas on-line” para algo mais honesto e em tempo integral. Digo honestos por que até agora não precisei invadir a conta de ninguém ou ficar produzindo Bitcoins feito uma loka em servidores zumbi. Como o FÊ já lhes disse eu curto essa coisas on-line. Tive minha primeira máquina em 99, quando doaram algumas peças usadas da AMD para o orfanato que eu vivia. Era a porcaria de um AMD Duron 1200 algo tosco para hoje em dia, mas foi aquilo que me ensinou tudo o que sei hoje.

    Ok, deixando meu lado nerd de lado, eu preciso dizer que passei por um aperto gigante ao ser transformada. Diz o Fê que não, mas eu acho que ele bebeu quase todo o meu sangue antes de me dar parte do dele. Enfim, foi bizarro cara! Morrer e voltar dessa forma é punk em muito sentidos doidos. Primeiro veio aquela vontade de beber ou comer algo e que não passava. Depois vieram as ânsias e até vomitei algumas vezes, por que aquela droga de sangue de vaca que me deram era insuportável.

    Depois da alimentação veio a adaptação com os novos sentidos aguçados. Adorei poder ouvir os cochichos, ver as coisas de uma forma mais nítida e poder sentir os cheiros ou as coisa na pele mais facilmente. Claro que passar perto de algum esgoto é horrível, mas não respiramos e isso é algo ainda inédito para mim. Isso e a falta de um coração batendo é algo difícil de explicar. Você sente muita falta dessas coisas quando vai dormir e é muito ruim estar sozinha sem esses barulhos tão banais do mundo humano. Cara, como foi difícil dormir nos primeiros dias.

    Depois que criei um pouco mais de noção dessas coisas simples do mundo dos vampiros o Fê me mandou passar um tempo com o tio Franz (ele odeia quando eu lhe chamo assim). Todos nós temos mais ou menos a mesma idade. Perto dos 25 e isso me ajudou a se adaptar. É divertido estar junto de uma galerinha que parece o grupo da faculdade para o resto da vida.

    Isso de resto da vida eu não assimilei muito ainda e nem o fato de que posso fazer algumas coisas que antes não fazia. Como ter mais força, ser mais rápida e as malditas transformações. Estou aprendendo a me transformar em loba e isso tem me tirado do sério as vezes. Não sou paciente feito o Fê ou o Seba, então estou tentando outros métodos indicados pelo tio Franz. Num deles ele quis por que quis que eu ficasse sem roupa nenhuma, mas isso também é outra coisa que não rola ainda. Ainda mais depois de tudo o que me falam dele. Por incrível que pareça ainda tenho medo de muitas coisas ne gente. Não sou do tipo que se joga de cabeça em certas coisas, prefiro meu canto e meu tempo e como tenho muito, acho que vou aprender tudo mais devagar. Leu isso né Fê?

    Sim, eu falei muito do Fê aqui e acho que é por causa do nosso vínculo. Só que eu preciso terminar meu relato dizendo o quanto ele tem sido querido, gentil e fofo comigo. Ele praticamente me adotou. Coisa que eu mais queria em toda minha vida e somente quem foi abandonado pelos pais ou passou quase toda a vida num orfanato longe de uma família é que vai me entender. Claro que eu tive uma espécie de sorte diferenciada, mas estou curtindo cada momento desta nova fase.

    Tanto que adorei ser chamada para esta nova missão junto das novas aliadas do clã: a Lili e a Becky e seja lá o que o Fê quiser que eu faça, eu farei com todas as minhas forças.

  • Sensitiva, a história de Aidê – Final

    Sensitiva, a história de Aidê – Final

    Leia a parte anterior

    24/10/19xx – Incêndio nos jornais da cidade, Rio de Janeiro, com a revolução que implantava o Governo Provisório, em 23 de Outubro de 1930, deu origem a vários distúrbios civis na cidade, sendo alvo de incêndios os Jornais “O País”, “A Noite”, “Jornal do Brasil” e “Gazeta de Notícias”.

    Fazia mais calor que de costume no Rio de Janeiro. Uma espécie de brisa forte castigava meu corpo e provavelmente foi isso que me despertou. Ao abrir meus olhos eu ainda sentia um pouco de dor das queimaduras de sol e para o meu azar à profecia havia se concretizado.

    Aidê estava do meu lado direito. Estava aflita e tentava a todo custo se desvencilhar das cordas que nos amarravam. Alfredo estava inconsciente do outro lado e ambos apresentavam muitas marcas e sangue, provavelmente da surra que eles nos deram.

    Assim que retomei a consciência, percebi que haviam ateado fogo pelos cômodos da casa e tratei de me libertar. Soltei uma das mãos, então aproveitei a força vampiresca e arrebentei uma das madeiras da cadeira. Soltei-me e em seguida fiz o mesmo com a mulata. Alfredo ficou por último e antes que pudesse soltá-lo fomos surpreendidos pela chegada de Eleonor, junto de outro de seus Ghouls.

    Eles tiveram de quebrar uma das janelas para entrar e aquilo obviamente tirou parte de minha atenção, além de pregar um belo susto em Aidê, que segurou com todas as forças meu braço. Nesse momento peguei a sensitiva no colo e pulei com ela para fora do lugar em chamas. Em seguida surgiu atrás de nós Eleonor seguida por seu segurança que também carregava Frederico no colo.

    Passado o susto surgiu a brigada de incêndio que passou o resto da noite contendo o fogo, afinal ele poderia atingir as casas vizinhas, mas isso nos foi contado na noite posterior. Haja vista que “fugimos” o mais rápido que nos foi possível daquele maldito lugar.

    – Ferdinand, tu sabes que odeio parecer-me com tua mãe, mas tu é uma besta ignorante ou ainda estás na fase de rapazito e das safadagens? Cresça por favor! Ou vou pedir para o Franz te por no jeito.

    Aquilo foi difícil de ouvir e deu muita vontade de sair de lá feito uma criança birrenta, mas foi um dos primeiros “tapas de realidade” onde percebi toda a bosta que eu andava fazendo. Como eu disse no começo dessa história, tive uma fase rebelde sem causa e iria me dar muito mal caso continuasse daquela forma.

    Passado o perigo eu descidi levar as cousas de outra forma e para me redimir passei boa parte dos próximos meses ensinando à Aidê tudo o que eu podia lhe ensinar sobre seus poderes sensitivos. Apesar de toda sua desconfiança a cerca de meu vampirismo, nos tornamos bons amigos e foi uma pena ter de me afastar de sua vida, tão logo ela pudesse dar conta de minha eterna jovialidade.

    Anos mais tarde e um pouco antes de eu me concentrar na fazenda para minha hibernação, eu tive noticias dela. Soube que ela havia montado um negócio de adivinhação na cidade e colocado “madame” na frente de seu nome.

  • Girls night out – Becky – Pt2

    Girls night out – Becky – Pt2

    “Estou amarrada. Meu corpo todo dói e eu ainda podia sentir aquela maldita sensação. Minha visão está turva, mas posso ver a sombra de Erner caminhando em minha direção… – Minha pequena Becky…”

    Acordo assustada. Maldita insônia. Meu corpo tenso e a cabeça zonza. Eu ainda não havia me recuperado totalmente das últimas noites em busca da maldita Débora.  Levanto-me, lavo o rosto. Lá fora, o sol estaria forte naquele horário. Eu estava entediada e com aquele pesadelo, acabei por lembrar meu passado. Peguei os diários antigos de Erner e comecei a ler alguns trechos que já havia lido inúmeras vezes.

    “Alemanha, Agosto de 1932.

    A senhorita Rebecca, logo Sra. Erner, tem alcançado alguns progressos. Ela vem resistindo mesmo que lentamente às dores e as seções nas quais a submeto. Em seu pouco tempo como vampira tem demonstrado um bom desempenho, mas há muita coisa a ser feita. Sua mente ainda é fraca, a manipulo com facilidade. Ainda não sei se herdará meus poderes, mas preciso ter paciência, pois ainda é apenas uma tola menina e prefiro que não progrida tanto…”

    Eu lembrava-me bem, que meu tempo aos domínios daquele doente e extremamente demoníaco, havia sido duro demais. Porém, mesmo que naquela época tudo o que eu mais desejasse era ser livre, eu me esforcei para que com certa “obediência” pudesse aprender a controlar os poderes que adquirisse após ser transformada. Mas, não é tão fácil quanto parece, ainda mais quando aquele que deveria ser o seu mestre e treiná-la, só deseja torturar você e ver o seu sofrimento. É certo, como alguns de vocês sabem que um dos meus poderes é realizar a viagem astral, algo que desenvolvi sozinha após o vampirismo, mas que muitos humanos também podem e conseguem fazer. Só que uma das principais diferenças entre os vampiros e os humanos é que nossas almas já estão de certa forma, condenadas, por tanto, viajar por outras dimensões é um tanto quanto perigoso e traz suas consequências, por exemplo, perda parcial da memória, fortes dores, além do risco de minha alma não conseguir encontrar meu corpo novamente.

    Porém, o clã do qual Sr. Erner pertencia e na qual eu também deveria pertencer (mas precisei fugir), possuem poderes, que os possibilitam conseguir tudo o que desejam. Até onde sei, eles são  vampiros manipuladores. Mas, durante as décadas que passei com Sr. Erner, busquei em tentativas frustradas ser como ele era e aprender a controlar e manipular mentes, a causar dores e sensações terríveis em outros seres apenas com o pensamento, como ele fazia muitas vezes a mim. Mas, adquirir essas habilidades requer muitos anos de experiência e eu não aguentaria tanto tempo presa naquele porão. Então, após me livrar de Sr. Erner, me apossar de todos os bens que ele tinha e conseguir fugir, eu me virei bem. Porém, sem ajuda, amparo e orientação de alguém mais experiente, em muitos momentos precisei encontrar em mim mesmo formas simples para sobreviver, pois, eu era um ser diferente, descobri que era um pouco mais forte do que os humanos normais, mas quando precisava me alimentar usava artimanhas femininas e conseguia ser extremamente convincente para atrair “vitimas” ou conseguir informações necessárias.

    Já é fim de tarde, eis que meu celular toca. Deixo o meu momento “Remember” de lado. Quem seria?

    -Alô.

    -Oi Becky, está a fim de fazer algo?

    -Olá, Lilian? Eu ia mesmo te ligar. Eu, você e Pepe temos uma pequena reunião com Ferdinand esta noite.

  • Girls night out – Lilian – Pt1

    Girls night out – Lilian – Pt1

    24/05/1960 – 21h34m

    – Você acha realmente que poderá lidar com isso?

    – Come on T! Será que é tão difícil confiar em mim?

    – Não é uma questão de confiança Lili, isto é extremamente perigoso!

    – Se eu nunca treinar, como é que vou exercitar meus dons?

    – Seus dons precisam de treino emocional e físico!

    – Manusear uma katana precisa de emocional?

    – Minha cara, pare de ser ingênua e foque no necessário!

    Trevor , como sempre exigindo o máximo de mim, desde que eu me transformei em vampira. Meus primeiros dez anos nesta nova vida foram feitos por longos aprendizados, um deles era o controle sobre a sede, digamos que foi o mais difícil de lidar. Eu tive que aprender a meditar e controlar a vontade de saciar meus desejos vampíricos, aprendendo também a seguir  as regras da Ordem Vermelha ( Posso apenas dizer o primeiro nome do clã), lá me foi ensinada as técnicas de arte da luta japonesa, uma delas a minha especialidade o Kenjutsu ( Técnica da Espada) uma arte marcial clássica japonesa do combate de espadas. Eu domino oito dos mais antigos estilos do Kenjutsu, estes foram criados no século 15 e 16 na região de Kyoto e mantidos dentro da Ordem, cultivados e repassados aos mestres e seus aprendizes. Dizem que essa arte foi passada para um vampiro antigo, o merecedor do aprendizado, o mesmo foi agraciado com a dádiva de aprender com os oito monges criadores  da arte da espada, dando inicio a criação da Ordem.

    Nossos mestres tinham o dever de nos preparar para muitos tipos de combate além do principal citado a cima. Tínhamos que provar diariamente que poderíamos ser soltos no mundo após o treinamento completo. No nosso clã, você é preparado para o mundo após renascer como um ser da escuridão, sendo treinado e guiado, até que venha a certeza de que atingiu a evolução física e emocional necessária  para lidar com essa nova vida sozinho e fora das fortalezas da Ordem.

    Uma vez liberado, você é marcado para sempre com o guia espiritual do clã através do Tebori ( Tebori  é a tradicional arte de tatuar manualmente o corpo ) com a marca do Dragão Vermelho nas costas ( O Dragão Vermelho  simboliza o poder e a valentia, o heroísmo e a perseverança), eu fui treinada durante trinta anos antes de receber a grande chance de sair para o mundo e mostrar aos meus mestres que eu era merecedora da confiança deles.

    Eu aproveitei para viajar e conhecer o mundo durante cinco anos, acabei conhecendo outros tipos de artes marciais, culturas, vampiros de que ainda mantenho contato, nunca saindo do que me foi ensinado, mantive as regras e contribui para o meu crescimento como vampira.

    Após estes cincos anos, voltei ao local no qual a Ordem fica localizada, estava sentindo falta do meu mestre e grande amigo (praticamente a minha figura paterna vampírica). Uma vez que voltei ele me propôs ir morar em um pais da Latino America, lá ele tinha alguns amigos e eles ajudavam vampiros na mesma situação que eu, ou que apenas precisavam ser guiados. Ele queria que eu ajudasse, e claro que aceitei e segui Trevor  começando uma extensão da Ordem.

    2014 – 22h45m

    Era uma típica noite de segunda-feira, eu podia ouvir Dani e Trevor discutindo sobre alguma coisa relacionada aos novos membros que estavam em treinamento.

    – Dani você as vezes parece uma criança teimosa!

    – Se eu sou uma criança teimosa, você é um típico velho rabugento.

    – Eu tento lhe falar para manter as técnicas da Ordem e guiar os mais novos através deste meio! Ponto final Dani!

    Eu tentei por muitas vezes explicar que por mais que fossem “recém nascidos” ou vampiros que precisavam de algum tipo de ajuda, eles eram adultos pensantes e com opiniões. Mas vai tentar discutir isso com dois vampiros com mais de quatrocentos anos… Total perca de tempo. E eu estava totalmente entediada, precisava sair para tirar o tédio da minha cola, resolvi então pegar minha katana,( ela fica escondida através de um efeito de espelho criado por um mago conhecido por nosso clã, a espada não aparece aos olhos humanos e nem aos não humanos, ela aparece apenas quando está em uso), liguei meu carro, um Charger 1970 preto e reformado (Claro) e então resolvi conhecer uma das vampiras do clã do Ferdinand, alguém que me foi muito receptiva e simpática ao me conhecer.

    – Alô?

    – Oi Becky, está afim de fazer algo?

  • Fui traído! E agora? – Final

    Fui traído! E agora? – Final

    Diante as revelações feitas por Franz, que foi a fundo na mente de Débora, ficou claro o que ela havia feito…

    Era uma noite fria e típica de junho no hemisfério sul. Débora se despediu e desligou rapidamente o Skype. Alegou que estava com muito sono e precisava descansar para acordar cedo no dia seguinte e fazer o que eu havia lhe pedido. Porém, aquilo foi uma mentira para se livrar de mim e ir para uma reunião importante com outro acionista da empresa.

    Ela havia se arrumado mais do que o normal, estava altamente sexy de saia curta, blusinha decotada, óculos, salto alto e uma liga preta estilizada por cima de sua pele macia e roseada. Os pensamentos eram nítidos em sua cabeça:

    “Preciso impressioná-los a ponto de que confiem em mim, dessa forma vou conseguir tudo o que quero.”

    15 minutos de taxi e lá estava ela entrando num restaurando badalado da cidade. Muito frequentado por empresários, figurões e até mesmo artistas da cidade. A hostess lhe indicou com facilidade a mesa onde havia três homens muito bem trajados, no qual ela mesma já havia avistado com sua visão aguçada de ghoul. Respirou fundo, ajeitou a sainha e o decote antes de cumprimentá-los.

    A mesa ela percebeu rapidamente que um deles estava cobiçando seu corpo, foram muitos os olhares para seus seu voluptuoso, tanto que os negócios renderam rapidamente.

    – Não vejo problemas em conseguir o que me pediu ainda mais se todos concordarem com o custo de seis zeros…

    Dois deles se entreolharam e consentiram para o terceiro, que desprendeu mais uma bela secada no decote da loira e falou para os demais.

    – Pois bem senhores agora que nos acordamos eu preciso definir alguns detalhes com a senhorita Débora.

    Impreterivelmente os dois homens se retiraram, momento no qual Deb percebeu de relance que o homem a sua frente despejou algo em seu copo. Ela sabia que o home a sua frente desejava o seu corpo, mas sedá-la para conseguir isso seria o cúmulo da idiotice? – Disse a si mesma.

    – Viu o que eu coloquei em teu copo? Isso serve para romper o que tens com teu “cliente”. Basta um gole e o laço será rompido. – Disse o homem, que agora havia mudado seu olhar para algo sombrio e diferente do tarado de antes.

    Débora relembrou dos últimos dias que passou comigo, ponderou por alguns instantes e fingiu que havia bebido. Voltou seu olhar para o homem e lhe disse:

    – Pronto! Agora confias em mim?

    – Sim, venha. Vamos tratar dos reais negócios pelo qual lhe procurei.

    Eles saíram do restaurante, entraram numa limusine onde ela percebeu algo de sobrenatural e andaram pela cidade por mais alguns minutos. No caminho o homem lhe confidenciou sua relação com magia e que queria vingança de mim. Pois, eu havia acabado com sua irmã, a maldita bruxa que matou meu estimado irmão Joseph: http://wp.me/p3vcNH-sQ

    Na sequencia daquela noite ela chegou a se lembrar de nosso laço, porém havia sido corrompida por promessas, falácias e aquilo que ela mais queria em sua vida eu havia lhe negado ao escolher Pepe: O maldito do poder.

    Naquela mesma noite ela foi para o refugio do tal mago e lhe proporcionou tudo o que uma puta cobraria em ouro para fazer. Ao amanhecer ela confidenciou sua real intenção de desfazer nosso laço e sem perceber foi sentenciada a ser a cadelinha daquele infeliz…

    – Nem todos merecem uma segunda chance! Ferdinand ela é toda tua…

    Dois passo a frente e arranquei sua cabeça naquele mesmo lugar. Espalhei seu sangue podre por toda a sala e nos presentes. Franz sorriu, Becky se concentrou e Pepe passou a língua nos lábios.

    – Peçam para algum Ghoul limpar isso. A próxima cabeça que vai rolar é a daquele filho da puta…

    Transformei-me em lobo e passei dois dias e uma noite meditando na floresta da fazenda.

  • Fui traído! E agora? – pt5

    Fui traído! E agora? – pt5

    Era mais ou menos duas da manhã quando ouvi barulho de carro. Na sequencia um dos funcionários da fazenda veio ao meu encontro dizendo que o “doutor Franz” havia retornado junto de muitas mulheres.

    – Uai, hoje a festa vai ser boa patrão!

    – Nem me fala Alcides, hoje a noite vai ser longa! Aliás, avise o pessoal para preparar os cavalos que hoje vamos para a casa do mato.

    – Sim sinhô!

    Franz estava ao volante, Pepe ao seu lado na frente da caminhonete e no banco de trás estavam Becky e a maldita loira safada. Ela estava visivelmente abalada, seu rosto trazia alguns hematomas e cicatrizes, o que indicava que ela resistiu o quanto pôde. Eu estava tão ansioso, que nem quis saber de como eles haviam a capturado. Porém, fiz questão de fazer uma social e dei boas vindas a todos antes de dar inicio aos trabalhos daquela noite.

    – Becky e Pepe levem essa puta lá para a sala e nos aguardem. Preciso trocar algumas ideias com meu irmão.

    Franz havia me pedido um minuto de conversa longe das outras por telepatia. Apesar de seu jeito chucro e às vezes irresponsável, ele é mais velho e sua opinião é muito importante nos negócios do clã.

    – Maninho, ela estava junto de outros cinco caras. Estavam bem armados e aparentemente eram mercenários contratados para protegê-la. Foi bacana ver as cabeças rolando e alguns tentando fugir pelas janelas da casinha de subúrbio.

    – Não deixaram provas ne?

    – Obvio, que não. Não sobrevivi quase 500 anos fazendo besteira. Bom, o que eu quero dizer é que vasculhei a cabeça dela e descobri quem foram os mandantes. Como, já havíamos descoberto eram aqueles dois da tal […].

    – Relaxa que o Hector e o Eliot vão dar um fim adequado para eles.

    – Sim sim sim, só que eu queria te falar da loira. Eu percebi lendo a cabeças dela que se arrependeu de uma forma bem sincera.

    – Tais de brincadeira ne?

    – Não, pior que não. Ela é muito gostosa para ser sacrificada…

    Interrompi-o abruptamente com uma gargalhada alta e que provavelmente foi ouvida de dentro de casa.

    – Sabes que eu sempre sigo aquela teoria do general Sun Tzu, no sentido de que vale a pena eliminar um soldado em prol da obediência dos demais. Tem muita gente nova no clã e que precisa sentir uma liderança forte vinda de mim.

    – Eu sei, eu sei, eu sei… Foi só uma opinião. As vezes eu acho que tu és o próprio filho do barão e não apenas um parente distante… Enfim, faça o que achar melhor.

    – Tá vamos para dentro que já são duas e poucos e até chegarmos a casa do mato…

    Nesse momento foi Franz que me interrompeu.

    – Casa do mato e hoje? Ah para irmão, vamos amanhã então. As garotas e eu estamos cansados.

    – Franz, ela vai ficar mais uma noite conosco. Não quero ver as garotas ou tu se apegando mais com aquela puta! Vai ser rápido, prometo!

    – Ok, mas tu vais ficar me devendo uma boa depois dessa maninho.

    Apesar de nossa breve discussão Franz acolheu minha ideia e entramos na casa grande. As garotas estava sentadas no sofá, mudas e com olhar fixo para saber o que iriamos fazer. Deb estava cabisbaixa, seu olhar não subia além de meus joelhos e provavelmente não conseguiria me olhar nos olhos, mesmo que eu lhe obrigasse. Diante disso, comuniquei o que iriamos fazer.

    – Vocês querem trocar de roupa ou colocar algo mais confortável? Vamos pegar os cavalos e fazer uma trilha de uns 30 minutos mata adentro. Franz, provavelmente irá na forma de lobo e eu vou levar essa desgraçada noutro cavalo.

    – Tem que ser hoje? – Perguntou Becky.

    – Sim e se não tiveres nenhum motivo relevante, gostaria que fossemos hoje mesmo para lá.

    – Ok ok, sem problemas Fê.

    Pepe decidiu que trocaria de roupas e Becky decidiu fazer o mesmo. Franz foi preparar uma mochila para que eu levasse suas roupas e eu fiquei na sala com a infeliz. Evitei ao máximo qualquer contato direto com ela, mas fui surpreendido por um choroso, delicado e sincero:

    – Desculpa Fê!

    Assim como um pai que vê sua filha fazendo cara de choro e arrependida por algo de errado que tenha feito, eu fiquei calado por alguns segundos.  Decidi que não lhe proferiria nenhum pio, mas ela começou a chorar baixinho, até o ponto que começou a soluçar e se ajoelhou aos meus pés pedindo piedade de sua alma. Naquele momento eu ainda tinha muita vontade de lhe dizer algo do tipo “além do que já vos tenho anunciado, seja anátema”, mas ponderei. Relembrei de quantas “merdas” eu já havia feito mundo afora e do quanto Georg foi Benevolente.

    Mas ela, o que ela havia feito era diferente, ela havia jogado informações confidenciais, inclusive de meu clã, para espiões industriais. Ela era uma Ghoul e não deveria ter feito isso, eu pensava comigo. Foi quando Franz voltou a sala, viu a cena patética e disse com ar de desdém:

    – Ah então agora tu se arrepende?  Fomos baleados, tivemos de matar inocentes para conseguir informações tuas e agora isso. Tenha o favor… Ferdinand se quiser arranco a cabeça dela aqui mesmo e agora…

    – Calma Franz, estou pensando no que tu me disse antes, a opinião de Deb não conta em nada agora. Será que poderias fazer mais uma “leitura” para mim?

    Falei para ele por telepatia: “Descubra quem pediu as informações, veja como que o meu laço de sangue com ela foi rompido e veja se ela realmente pode ter uma segunda chance conosco”.

    Franz foi até a loira, que ainda soluçava e chorava feito uma criança e olhou fixamente para seus olhos. Fitou-os por algum tempo e até que ela parou de chorar. A esta altura da noite Pepe e Becky já haviam retornado para a sala e impacientemente aguardamos o relatório de Franz. Quando finalmente depois de alguns instantes ele se virou para nós e disse:

    – Nem todos merecem uma segunda chance…

  • Fui traído! E agora? – pt4

    Fui traído! E agora? – pt4

    Assim que cheguei, Franz logo me explicou o ocorrido e o que Ferdinand precisava que fizéssemos. Todos, inclusive eu, estavam decepcionados com as últimas noticias e loucos para pôr as mãos na causa de todo o problema. Pepe com sua experiência em adquirir informações conseguiu uma lista de alguns locais em que possivelmente poderíamos encontrar a Débora.  Assim que anoiteceu, pegamos o carro e saímos para a “caçada”.

    – Becky e Franz, a gente já rodou a cidade e nenhum sinal da loira – Resmungou Pepe em certo momento afundada no banco de trás.

    – Talvez estejamos procurando de forma errada. É obvio que ela não está nos esperando com placa de “boas vindas” num desses lugares. – Eu já estava ficando sem paciência com a situação também.

    – Pode ser que tenha razão Becky,  mas o que sugerem garotas? – Questionou Franz.

    Resolvemos nos separar. Franz foi contatar mais alguns contatos e tentar falar com Ferdinand.  Eu e Pepe resolvemos ir há alguns outros lugares da lista. Paramos em uma rua próxima a um dos locais e seguimos a pé.

    Chegamos a uma boate, havia música alta e muitos humanos. Por um instante, tive receio de Pepe não conseguir controlar a vontade de morder alguém, mas ela estava sendo bem treinada, devo admitir e comportou-se direitinho. Pegamos uma bebida e começamos a circular pelo local em busca de algo, porém, agindo como se estivéssemos “curtindo” aquela festa.

    Com minha audição aguçada consegui prestar atenção em algumas conversar ao redor.  Em uma das mesas próximas a pista de dança, percebi que dois homens aparentemente bem vestidos, falavam sobre algumas informações que haviam obtido com uma garota. A descrição batia com as mesmas definições da procurada, além de mencionaram alguns negócios semelhantes aos que Ferdinand havia comentado. Segui meus instintos e lá estava nosso “alvo” inicial.

    Geralmente tenho algumas atitudes impulsivas. Mas, eu sabia que precisava ter cautela. Levando Pepe comigo, caminhamos até a tal mesa, sentamos e então falei:

    – Com licença, desculpem interromper o assunto de vocês, senhores. Mas, eu e minha amiga estávamos observando vocês dois e… Homens de negócio são tão charmosos. Será que poderíamos conversar e dividir uma bebida?

    Pobre Pepe! Acho que ficou constrangida e com receio de eu ter nos metido em encrenca. Mas, sim, eu sabia exatamente o que estava fazendo. Os dois homens, simplesmente sorriram e caíram em minha conversa feito dois idiotas. Na saída, gentilmente e “interessadamente” nos ofereceram uma carona. Foi então, que agimos. Pepe imobilizou um dos caras, ela tinha uma força incrível, e eu me livrei do outro individuo, que provavelmente nos levaria para onde não havia informações sobre a Débora.

    Quando conseguimos contato com Ferdinand demos as notícias, e a partir daí os jogos foram simples. Experientes em lidar com esse tipo de “gentinha”, que jura não abrir a boca para nada, Franz e eu que adorávamos nos divertir e Pepe que estava aprendendo a arte da “tortura”, arrancamos informações preciosas daquele pobre coitado.

    Finalmente, estava na hora de buscar “Deb”…