Categoria: Histórias

Nesta seção você encontra historias, contos e relatos relacionados ao mundo real e sobrenatural. Verifique a indicação de faixa etária no início de cada texto.

  • Sonho de verão, numa noite quente…

    Sonho de verão, numa noite quente…

    Estava escuro, já passava das 10 da noite, seu coração batia, o vento cantava e as folhas dançavam na linda noite de verão, aquela linda brisa quente batia em sua saia vermelha, fazendo o doce embalo, do ir e vir. “Já é tarde, estou atrasada!” pensou a bela dama de olhar aconchegante, começou a correr, carregava em seus braços, os livros que pegara emprestado de seu amado, Sebastian… Olhou o relógio, os ponteiros marcavam 10h30min da noite, já não precisava mais correr, encontrou seu par:
    – Por que estava correndo? Aconteceu alguma coisa? – Ele perguntou lhe preocupado.
    – Tive um mau pressentimento, senti que devia chegar logo… – ela disse, deu lhe um sorriso, ele retribuiu e abraçou-a; dali saíram em encontro ao romantismo, uma noite quente cuja poesia e o doce aroma do amor lhes presenteariam mais uma vez, por estarem na bela campainha da noite amiga…
    – Como esta guria pode ser tão linda?  – Ele pensou
    – Corri, porque não quero te perder, demorei muito para te encontrar… – Ela pensou, sentia-se sortuda…
    E assim esse casal magico andava em direção ao lugar especial, que nem eu mesmo sei! Pois esse local é secreto, onde só eles podem ter acesso, onde só os seres que amam podem encontrar, quem sabe um dia a gente não encontre também né!?
    E assim eu sonhei…

    Por Verônica Antonio

  • Que se iniciem os jogos!!!

    Que se iniciem os jogos!!!

    No final de tarde de um dia qualquer eu resolvi iniciar a competição para escolha de minha próxima cria. Bem na verdade, eu estava com insônia e por não ter mais o que fazer, estava ali o momento ideal para pensar em como eu provaria a lealdade de meus pupilos.

    Obviamente, a lealdade é adquiriria depois da transformação, mas tendo em vista minha transformação conturbada, eu coloquei na cabeça que a escolha de minhas crias deve ser sempre espontânea. Afinal, imagine-se tendo de optar por viver longos e duros anos nestas terras e ainda mais ao meu lado.

    No início, eu até pensei em fazer algo coletivo, chamar todos para algum lugar e nele executar testes macabros ao estilo Héctor ou Doutor. Porém, meu estilo sempre foi outro e tratar cada um deles individualmente e dentro de suas zonas de conforto, com muitos jogos mentais e conversas foi a melhor escolha.

    Lembro que Sebastian na verdade não teve uma escolha justa, ou ele se transformava ou Georg “faria sua cabeça” com uso de algum poder. Sendo assim, eu queria que tudo fosse perfeito desta vez.

    Primeira semana de volta ao Brasil e Willian foi o primeiro a ser analisado, agora com outros olhos. Fui até a sua cidade e o chamei para uma reunião, onde previamente eu já havia imaginado um belo trabalho a ser executado por sua hábil e brilhante mente.

    – Pois então meu querido, tenho um trabalhinho diferente do habitual. O que tu conheces dos assuntos explosivos, bombas e afins?

    – Ahh o básico que todo físico/químico aprende na facul. Precisas de algo de qual tamanho?

    – Se eu falar a palavra revolução o que me dizes?

    – Diria injustiça, loucura… Conte-me mais Ferdinand…

    Resumidamente este foi nosso papo inicial, onde disponibilizei fundos, contatos e tudo o mais pra que ele pudesse desenvolver alguns artefatos. Sim, diga que sou louco e pense o que for há meu respeito mancebo, afinal, sou um vampiro e isso por si só já é motivo suficiente para desvincular o teu senso de realidade deturpado de minhas rotinas, desejos e objetivos…

  • Preciso de uma nova cria

    Preciso de uma nova cria

    Como vocês sabem tirei umas férias prolongadas pela Europa no final do ano passado, onde inclusive tive o privilégio de desfrutar bons e ótimos momentos com minha doce Eleonor, sua filha adotiva, Franz e H2.

    Para que vocês matem a curiosidade vou contar um pouco de como anda nossa atual situação de “vida”, se é que posso chamar nossa existência desta forma. Atualmente Eleonor atingiu o que eu chamo de ponto alto da vida de mãe. Para ela, a pequena “G” é mais do que uma simples pessoinha em fase de crescimento e todos que veem as duas juntas percebem o afeto e o amor existente entre elas. Lembro que Stephanie era uma boa mãe, mas Eleonor está “saindo melhor que a encomenda”.

    Ambas fazem compras juntas, passeiam por muitos lugares, obviamente a noite, Eleonor dedica uma parte do dia para lhe transmitir suas experiências e a garotinha além disso possui duas outras professoras Ghoul. A pequena parece ter se acostumado com o nosso mundo, mas confesso temer a noite em que ela irá enfrentar os hormônios da adolescência e provavelmente nos trará problemas… (acabei de bater algumas vezes na mesa de madeira para tentar atrair mais sorte)

    Franz é outro que anda para cima e para baixo com “sua cria”, o H2. Claro, que a relação entre os dois é muito diferente desta vivenciada por Eleonor e a pequena “G”. Todavia, é sempre muito engraçado ver Franz tentando ensinar algo para o seu brutamontes. H2 era um “caçador de recompensas”, já havia estudado para ser padre e pelo que sabemos, beira os 70 anos. Seu corpo é forte, definido e ele deve ter a minha altura, algo entre 1,90 e 1,95. O grande detalhe é que ele conseguiu ao longo de suas andanças mundo a fora, diversos rituais poderosos relacionados à cura e regeneração. Cousas, que lhe renderam mesmo depois de tanto tempo a aparência de uns 30 e poucos anos.

    Cabe aqui um parágrafo sobre minha cria, Sebastian, que continua cuidando de muitos dos nossos negócios, mas que no momento dedica todo o seu tempo a um novo amor. Quem sou eu para impedi-lo de aproveitar cada momento com sua nova garota? Portanto, deixei-o livre por uns tempos.

    Em função da ausência de Sebastian eu resolvi abrir uma espécie de concorrência para uma nova cria, sendo os principais candidatos três de meus Ghouls mais ativos. Como vocês sabem Ghols são pessoas que possuem uma união de sangue muito forte com um determinado vampiro e se tornam na verdade dependentes dele. O sangue do vampiro gera um tipo de vício no individuo e se este não for consumido de tempos em tempos pode trazer sérias consequências. Dentre elas loucura, paranoia e todos os outros tipos de problemas que tu possas imaginar.

    Pois bem, vamos aos candidatos que sofrerão nas minhas mãos nas próximas noites: inicialmente há o Willian, estudante de física, 21 anos e Geek. Na verdade ele completamente viciado em novas tecnologias e tem me servido muito bem no quesito informações e tendências.

    Além deste há a Penélope, aliás, acho que é este o seu pseudônimo atual. Uma jovem de classe baixa, mas muito esforçada e que depois de ganhar seu primeiro computador aos 10 anos, virou uma Hacker de “mãos cheias”. A história dela já foi contada por aqui se não me engano no ano passado neste conto.

    Por último e não menos importante, há a Débora. Ahhhhh a pequena Deb (suspiros), loirinha com cara de sapeca e que mesmo aos 26 me parece uma adolescente do tipo Lolita. Ela na verdade foi por algum tempo um afair, mas que no passar dos anos se mostrou extremamente útil nos assuntos relacionados ao popular “jeitinho brasileiro”. Já perdi as contas das informações, negócios e “aquisição de favores” que ela me permitiu adquirir com maior facilidade… Num mundo como este é fundamental ter alguém que saiba mentir tão bem quando a melhor das atrizes. Ainda mais sendo tão bonita, gostosa e sexy como ela.

    Nas próximas noites mantê-los-eis informados sobre as provas que cada um terá de enfrentar para se torna um VAMPIRO. Aguardem!

  • Diários do Barão – Escravidão e impunidade em 1819

    Diários do Barão – Escravidão e impunidade em 1819

    Sempre que vou para fazenda, gosto de ficar por um tempo observando as cousas que juntamos ao longo de todos estes anos. Por vezes, juntamos muitos cacos como pedras ou botões, elementos que possuem sentidos apenas para quem vivenciou, mas por outro lado em algumas situações conseguimos guardar muitos tesouros. Por falar em tesouros, hoje eu me dediquei a traduzir mais uma parte de um dos diários do barão, meu tio e metre.

    É um material de extrema riqueza cultural, científica e que, além disso, nos mostra como era o mundo nas várias épocas em que ele “viveu”. Grande parte do material foi codificado e escrito num alemão germânico gótico, com muitas palavras específicas aos lugares que ele frequentou e, portanto de difícil tradução. Sebastian, quando não está ocupado, se diverte com esse material, inclusive competimos às vezes no sentido de quem consegue traduzir e digitalizar mais rapidamente tais linhas ricas e tortuosas.

    Sem mais delongas, contar-vos-ei hoje uma passagem no ano de 1819, quando Georg esteve por terras brasileiras em busca das riquezas do novo mundo. Bem na verdade ele queria desbravar a América do Sul em prol de suas pesquisas naturalistas e biológicas. Fato que lhe rendeu algumas menções honrosas, mas também muitos problemas como este a seguir.

    01/02/1819

    De manhã, tudo estava preparado para a partida e com o final da semana de chuva torrencial, que torturou-nos por duas longas semanas, seria oportuno cavalgarmos ao menos 7 léguas neste dia. Deviam ser 8h30 quando o capitão-mor, senhor Joaquim, bateu a minha porta e comunicou uma notícia inesperada e chocante sobre a morte de meu escravo Pedro.

    Pedro era um Kaoma com idade beirando os 18 e poucos. Comprei-o quando tinha 8 anos. Ensinei-lhe diversas técnicas de coleta de material para minhas pesquisas, inclusive era meu melhor ajudante. Tinha sempre muito apreço e jeitoso no trato com tudo que fazia. Prometi-o inclusive ao voltar de nossas andanças, que compraria uma mulher e quem sabe poderia se tornar meu Ghoul como homem livre.

    Avisei Martines e parti inconsolado para o centro da vila. Lá estava o esguio, seu corpo gelado não transmitia nenhum sinal vital e a poça se sangue indicava sua morte prematura. Soube que havia conversado timidamente com alguns senhores antes do infortúnio. Porém depois a última conversa havia sido com dois escravos pertencentes ao senhor Jefferson Antunes de Azevedo e Noronha.

    Para mim e para a expedição fora uma grande perda. Pedro era um escravo de valores, executava com habilidade, prazer e boa vontade seus ofícios. Sua diligência permitia minha concentração no material científico e com as pesquisas. Só o condutor deste mundo para saber por ele foi tirado de nossa convivência tão precoce.

    Com isso fiquei impedido de recompensá-lo… Que Deus esteja contigo, querido Pedro!

    02/02/1819

    Noutra noite dirigi-me novamente ao centro do vilarejo. O Juiz, o escrivão e o cirurgião fizeram-lhe um “visum repertum”, onde estava escrito que o pequeno corte (que aliás havia passado desapercebido por mim noutra noite), fora a causada morte de Pedro. Por ali ele perdera todo o seu sangue em menos de 1 minuto.

    Resolvi então investigar, logo depois soube que Pedro esteve na rua com as vendedoras, depois chegaram dois negros, depois mais dois. Sendo um portador de uma faca e o quarto uma clava. O tal da faca era marido de uma negra chamada Joaquina, no qual Pedro havia conversado. Relatei tudo à polícia e aguardarei para ver o que será feito.

    Infelizmente, o Brasil é hoje uma terra de ninguém onde nem direito de propriedade nem justiça são protegidos ou funcionam. A administração é caótica e todos os funcionários públicos que rodeiam o imperador, transpiram qualquer forma de organização. Cabe aqui uma dica aos meus conterrâneos Europeus:

    Fiquem onde estão e bebam o seu sangue que lhe és tido por merecimento, ele terá melhor sabor do que este produzido com risco eminente.

    Voltando a falar de meu Pedro, esta manha ele foi levado a igreja onde providenciar-lhe-ei  um enterro digno. Não era o que certamente eu lhe faria se estive em minhas propriedade, porém ser-lhe-á mais digno que sua morte, o qual terei eu mesmo de fazer justiça.

  • A magia e os vampiros – pt7

    A magia e os vampiros – pt7

    Barulhos de todos os tipos atingiam meus sentidos aguçados. Pedaços de madeiras, telhas, pregos, louças… Todos caiam sobre mim e alguns inclusive machucavam a ponto de fazer sangrar minha pele, que naquele instante estava mais grossa e recoberta por longos pelos, devido à transformação bestial. Durante esta metamorfose os pensamentos se tornam vagos e dispersos, como se estivéssemos em um sonho controlável, mas extremamente focado naquilo que queríamos antes de nos transformar.

    Meu objetivo era única e exclusivamente aniquilar aqueles dois peludos safados, que haviam nos sequestrado e atacado. Todavia, uma briga que envolva lupinos e magos nunca é algo linear e que siga uma sequencia lógica. Tanto que ao ser atingido pelos primeiros raios de sol, não aconteceu nada comigo, foi ali que alguns pensamentos relacionados aos ilusionistas vieram a minha mente.

    Escombros por todos os lados, mais tremores e de repente somos envoltos por uma densa e escura névoa negra, que silenciou absolutamente tudo, estabilizou os tremores e também bloqueou minha visão por completo. Naquele instante eu não sabia se ainda estava transformado ou se já havia voltado a minha forma humana, mas naquele momento eu descido ser menos agressivo e iniciei o ritual para transformação em névoa. Afinal, nesta forma eu pelo menos não seria atingido por armas físicas.

    Alguns minutos se passaram, eu achava que já havia me transformado e me locomovi sempre à frente, pois na minha cabeça em algum momento aquela nuvem negra iria ter fim. Perdi mais algum tempo nesta movimentação em câmera lenta, até que em fim e gradualmente voltei a ouvir alguns sons. Seguidos por raios de sol, que também não me machucaram e finalmente encontrei uma clareira em meio aquele lúgubre caos. Minha transformação em névoa não havia funcionado e ainda na forma bestial eu procurei pelos outros.

    Como faz pouco tempo que isto ocorreu eu ainda me sinto empolgado ao contar, o fato de que Hadrian deu uma bela surra nos dois peludos. Ele estava com o olhar diferente, parecia mais ofensivo e seus olhos estavam escuros tais quais as nuvens negras ao seu redor. Eram elas, aliás, que haviam bloqueado minha visão anteriormente, mas o que eu achei mais interessante e aterrorizador deste seu poder era o fato dele conseguir manipular graciosamente as sombras. Eu possuía conhecimento deste poder e já havia sido atacado por detentores deste dom antes, mas no caso de Hadrian era diferente, como se ele tivesse uma espécie de armadura de sombras ao redor de todo seu corpo. Algo espesso, denso ou palpável como cinzas de alguma cousa que fora queimada.

    E foi bonito ver os dois apanhando, sendo jogados de um lado para o outro, até que finalmente o velho foi o primeiro a cair inerte e esgotado, como o pobre do Sebastian anteriormente. Situação, aliás, que comprometera seus feitiços e desfez o lugar onde estávamos. O barraco, os raios de sol e até mesmo o campo ao nosso redor eram na verdade um galpão maior, típico de algumas fábricas abandonadas daquela região. Ainda era noite e o poder de ilusão deles era tão forte que fomos enganados por Claire desde o momento em que ela nos encontrou.

    Na sequência Claire baixou a guarda, tão logo percebera que seu pai havia sucumbido diante Hadrian. Ela na verdade parou tudo o que fazia e foi desesperadamente ao encontro do velho. Eu que ainda estava na forma de lobo gigante fui desfazendo minha transformação e percebi que Hadrian fazia o mesmo. Não vi Sebastian de inicio, mas ao procurar melhorar por ele, o vi sentado no chão e encostado a uma parede se recuperando.

    Feitiços desfeitos, olhei para Hadrian, que me sinalizou com a cabeça e nos aproximamos com cuidado dos dois peludos. O velho estava ofegante e com muitas escoriações, parecia que a famosa regeneração lupina não estava funcionando nele.

    – Ele usou todas as suas energias nesse teatro, era nossa segunda opção caso o Hadrian não quisesse ir pacificamente conosco. – Nos disse Claire, visivelmente abalada e prestes a chorar.

    – “Cof cof cof…” Estão vendo por que “cof”… Hadrian precisa ir conosco…

    Nesse momento Hadrian se aproximou do velho e interrompeu sua tosse ensanguentada com mais um de seus feitiços. Ele pôs a mão direita no peito do velho, murmurou algumas cousas em uma língua desconhecida para mim, depois mordeu um de seus dedos e despejou algumas gotas de seu próprio sangue na boca do moribundo. Este deu mais algumas tossidas, mas aparentava se recuperar mais rapidamente. O mago fez o mesmo com Sebastian e na sequencia veio a mim perguntando se também queria um gole, mas sorrindo recusei a proposta indecorosa.

    Sei que vai parecer estranho para alguns de vocês, mas depois de tudo isso e de quase nos matarmos, finalmente aconteceu uma conversa decente. Onde Hadrian pôde expor suas intenções e manifestar o seu direito de ir e vir como e quando quisesse. Na verdade ele acertou de viajar com os dois para conhecer a tal Labraid Lámh Dhearg e nós voltamos as nossas rotinas,  tendo como sempre mais uma história para vos contar…

  • A magia e os vampiros – pt6

    A magia e os vampiros – pt6

    Todos os vampiros que conheço e sem exceções, temem a famigerada morte final. Alguns por que se imaginam sofrendo a punição de algum Deus, outros por acharem que não há nada depois deste plano e muitos, tal qual eu, pelo aconchegante apego aos familiares, amigos e todas as memórias geradas nesta “vida”. Esse assunto é sempre muito polêmico e nos proporciona diversos pensamentos, ainda mais na situação que havia se formado ao meu redor naquele início de dia.

    Eu não sabia por quanto tempo poderia conter Claire entre minhas costas e a parede, mas certamente foi tempo suficiente para as ações de meus irmãos. Logo a minha frente Sebastian tentou imobilizar o grande Lobisomem com algumas técnicas de jiu-jitsu brasileiro. Seria uma bela briga caso o oponente fosse humano, mas tendo em vista a força do peludo a realidade foi outra. O Wampir foi jogado de um lado para o outro, como uma trouxa de roupas suja, na verdade até conseguiu se esquivar de algumas garradas, mas também levou várias mordidas e terminou jogado num canto, praticamente inconsciente e com o braço esquerdo quebrado.

    Naquela hora tudo começou a passar em câmera lenta aos meus olhos e talvez por isso pude prestar atenção na aura amarelo/avermelhada ao redor de Hadrian. O grande vampiro que até então nos parecia calmo e inofensivo, passou a esbanjar um ar literalmente radiante e imponente. Seus olhos fechados me deram a entender que ele estava concentrando seu poder para algo, e quando menos esperava, um súbito terremoto atingiu com força as estruturas do barraco. Várias cousas caíram das prateleiras e muitas delas em cima de nós. Inclusive algumas telhas foram arremessadas ao chão e abriram espaço para os malditos raios de sol.

    Entenderam por que falei de vida e morte no primeiro parágrafo? Pois era exatamente no que eu comecei a pensar naquele momento e qual seria meu plano de ação antes de virar churrasquinho…

    Mesmo naquela situação, consegui me soltar, porém ocorreu o mesmo com Claire e tanto ela como seu pai partiram de supetão para cima de Hadrian. Fora um momento péssimo e por mais que eu quisesse ajudá-lo, Sebastian era minha prioridade. Tratei então de garantir nossa sobrevivência e em meio a tudo aquilo não me restava outra opção, além da famosa “saída a francesa” e comecei a  pensar em como fugir ou se esconder  pelo menos do maldito sol.

    Outros momentos tensos viriam pela frente, especialmente quando uma parede do lugar foi inteira a baixo. Mais sol, mais tremores e por sorte parte do chão abaixo do piso do barraco ficou exposto, exibindo o que eu chamo de “maravilhosa terra”. Estava ali o meu plano de fuga, mas o que faria com Sebastian, sendo meu poder limitado a mim e no máximo a roupa do corpo, junto de mais alguns pertences pequenos? Porém, esta pergunta ficará sem resposta, haja vista a sequência dos fatos proporcionados por Hadrian.

    O terremoto cessou assim que o velho e sua filha começaram a atacar brutalmente o mago-vampiro. Foram tantos socos, chutes e garradas, que era possível ver o suor voando pelos ares junto de alguns pelos fedidos. Naquele momento Claire também havia se transformado, fato que me fez imaginar um “tudo ou nada”, mas que por sorte também foi deixado de lado devido as circunstâncias.

    Hadrian parecia ter assumido alguma forma astral, não física, mas é difícil explicar o fato de seu corpo ainda estava lá, rígido como a mais dura pedra e recebendo sem pestanejar, todos os golpes deferidos pelos dois brutamontes. Tudo parecia interminável, quando Sebastian saltou do meu lado diretamente para cima do velho peludo. De início uma “trocação” franca de socos, algo sujo e sem técnica, mas que teve efeito ao redefinir o foco dos lobisomens. Sinceramente, não sei como Sebastian conseguiu se recuperar tão rapidamente, mas estava ali minha deixa para também iniciar minha transformação…

    Mordi meus lábios inferiores, cuspi um pouco de sangue nas mãos e esfreguei no rosto. Sei que isso vai parecer nojento, mas faz parte da minha técnica para agilizar o processo. (Onde cada um faz da sua forma e numa noite destas eu prometo explicar o porquê disto. Lembrem-me por favor!) Desta vez a transformação levou menos de um minuto, tempo suficiente para analisar o perímetro e derrubar Claire com uma garrada certeira em seu pescoço.

    Por mais que Sebastian tivesse ressurgido das cinzas e aparentemente recomposto, na verdade ele ainda estava fraco e minha preocupação havia se tornado outra. Como provavelmente ele havia gasto muita energia para se “regenerar”, sua reserva estava quase no fim, momento no qual o demônio fica mais a flor da pele do Wampir. Situação extremamente indesejada por todos nós, no qual agimos no automático, podendo inclusive ferir quem estiver do nosso lado.

    Todavia, Sebastian levou um golpe tão grande que tive a impressão por alguns segundos de ter perdido minha cria… Novamente a trouxa de roupas sujas foi jogada contra uma parede, que se estremeceu e por sorte não tombou. Neste instante éramos três bestas colossais, babando, exalando todo o tipo odores e grunhidos selvagens.

    Um novo terremoto sacudiu tudo.

  • Frases engraçadas do site

    Frases engraçadas do site

    A Ana lá de Portugal, deu uma boa lida no site e separou as frases que achou mais engraçadas. Muitas foram ditas por mim, mas há várias escritas por vocês. Pensem nisso como uma retrospectiva deste ano. Espero que no próximo ano tenhamos vários momentos descontraídos como este. Küss e boas festas a todos!!! (Um beijo especial para a Ana)

    “Cara de boa eu estava aqui coçando o saco… Pois é vampiro também tem saco apesar de alguns acharem que não… E funciona muito bem obrigado!”

    “OMG… olha a modinha de vampiros aí de novo……”

    “Pessoal, cuidem de seus pescocinhos!”

    “…esquece essa coisa de bolsa de sangue eu quero um pescoço.”

    “E um deles meio bêbado resolver brincar de tiro ao alvo com minha pessoa.”

    “Fui, deu de blá blá blá que o estômago está roncando (como se o meu funcionasse aheuhauehauheau)”

    “Eu acredito na fé, principalmente na água benta, essa porcaria se jogada contar nós, faz um puta estrago.”

    “Cortar a cabeça: Tá isso nos mata… E deve doer…”

    “Pensando melhor eu nem sou tão ruim assim, por que tu gostarias de me matar, não é mesmo?”

    “kkkkk eu ri muitoooooooooooooooooooooooooooooooooooooo!!”

    “Cara esses ”amadores” que se dizem caçadores ¬.¬”

    “Parece até aqueles desenhos em que tem um monte de trombadinha dizendo ”eu vou fazer isso e aquilo com você.”

    “Daí desenterram a postagem, chegam os novatos e já se auto declaram vampiros. Posso contar um segredo pra vocês? Eu sou o Batman. Não contem pra ninguém, viu? SHHH!”

    “Sabe, tentar matar um vampiro? Bom, melhor não… se eu tentar é bem provável que quem acabe morta seja eu.”

    “Galego, o Maher Jabbar é meio retardado, ne n?!”

    “E tu por acaso acha que existe algum “tele-entrega de vampiro”? Cada cousa que leio por aqui…”

    “Tá afim de uma cerveja ai? Manda a minha com muito sangue…”

    “Ferdinand é um vicio eterno!!!”

    “…lembram do que eu tinha dito sobre as pessoas no Japão se vestindo estranho e tal, Imagina os vampiros… É um mais hilário que outro. Tá tá eu sei que não podem ser vistos como um bom exemplo de vampiros que se vestem normal, mas vejo por que eles estão em alta aqui.”

    “sem comentários esse doutor é realmente doentio”

    “…vou ter de arrumar um lugar para não virar churrasquinho…”

    “Cara que história é essa do vampiro na luz do sol ficar com a pele parecida com a de um diamante??? “

    “…raio ultraviolentos”

    “Olá pobres mortais!!!(parece que eu quero ser caçado falando essas cousas ne…)”

    “Toreadores??? Por que diabos eu fui tentar aproximar a minha realidade da realidade mortal dizendo que era tipo um Gangrel, agora todos vão achar que eu sou um mero NERD e jogador de RPG ¬¬”

    “Olá prazer eu sou o Galego você precisa me amar… (Galego, pare de ver séries velhas de tv¬¬)”

    “Hei droga de rato não, olha como fala”

    “faça o mais fácil não tente matá-los e fuja como uma menininha.”

    “você acha que por ter sido escolhido, o mundo da noite irá te acolher de braços abertos? Tch tch tch, pobre mancebo…”

    “Galego Productions apresenta…”

    (Na hora do título, minha imaginação travou.)”

    ”Cumé?” Então cachorro pode virar gente?!”

    ”Lá vem àqueles chatos pedirem dinheiro”

    “Por que diabos um cara de chapéu de palha, meio caipira estava me perseguindo?”;

    “Seu puto, não acredito que estou te vendo por aqui…”

    “Veio até nós na forma daquela loba loira de bumbum empinado…”

  • A magia e os vampiros – pt5

    A magia e os vampiros – pt5

    Uma longa história que se iniciou nas épocas medievais e pelo que ela nos disse dura até hoje. Mais uma daquelas sociedades secretas Ferdinand? Sim, mancebo e uma composta em sua maioria por peludos. A tal Labraid Lámh Dhearg, cuja tradução remete à “Mão vermelha” e que além de todos os interesses lupinos, também exerce poder sobre o mundo dos magistas. Veio até nós na forma daquela loba loira de bumbum empinado…

    Eu assumo que Claire, não é apenas um pedaço, mas sim o mau caminho inteiro. Cheia de atitudes, original, forte brarinha do jeito que eu gosto. Porém, Sebastian foi quem literalmente babou e despertou um interesse maior que o meu na bela senhorita. Sendo ele membro da Ordo Dracul, obviamente não faltou assunto até o “local seguro” no qual ela estava nos levando.

    Apesar de tanta conversa Claire ainda não havia falado sobre os seus reais interesses em Hadrian e tanto ele como eu, estávamos receosos sobre os planos de tal organização. Então depois de alguns minutos chegamos a um galpão no meio do nada e bem longe do centro da cidade em que estávamos. Algumas poucas lâmpadas incandescentes amareladas iluminavam o lugar e aquele nevoeiro típico do inverno em regiões litorâneas, garantiram um clima ainda mais sobrenatural a situação.

    Logo na porta um velho com cabelos longos e cinza nos aguardava. Ele vestia uma camisa xadrez vermelha, calça jeans, botas longas de couro marrom e nas mãos exibia o que parecia ser uma 12 ou similar. Sem mais delongas desembarcamos e ele foi nos falando:

    – Já era em hora, mas precisava trazer os três?

    -Calma pai, era isso ou eu iria chamar muito a atenção para a o lugar.

    – Que merda, entrem então!

    Naquele instante percebemos a origem do jeito “nervoso” de Claire.

    Ao entrar vimos um lugar simples, alguns colchonetes, repleto de malas e algumas caixas de isopor. Alem disso, havia também muitas armas, inclusive algumas granadas, o que me levou a crer que eles estavam preparados para uma possível guerra.

    – Já contou a eles sobre a O.T.O.?

    – Não pai, eles estavam mais interessados em mim e na minha calça, não é mesmo Ferdinand?

    Naquele momento se eu fosse humano certamente estaria com as bochechas coradas. Então abri um sorrisão a fim de quebrar o gelo. Obviamente ninguém havia entendido a piada, além dela, então resolvi fuçar mais um pouco.

    – Ahhh, mas quer dizer então que a senhorita além de ser uma bela espadachim, também tem dons mentais?

    Apesar de meu jeito mais descontraído ela manteve o charme, talvez por estar perto do pai e apenas comentou me desdenhando.

    – Nem imaginas do que sou capaz…

    Depois disso tudo aconteceu muito rápido e tentarei não poupar os detalhes de que me recordo…. Conversamos por mais um tempo, lembro que eu comentei que estava para amanhecer dentro de alguns minutos e o senhor foi até gentil e disse que poderíamos ficar por ali até a próxima noite. Depois disso, a conversa foi para o rumo desejado e finalmente Hadrian virou o centro das atenções.

    – Imagino que minha filha tenha fugido do assunto e se o fez foi por que lhe pedi. Como vocês já devem ter percebido eu vou direto aos assuntos e é por isso que o Hadrian irá conosco hoje à noite.

    No exato momento em quem ele terminou a frase, Claire se movimentou muito rápido a ponto de meus olhos não acompanharem. Passou provavelmente por trás de mim e quando percebi estava preso por alguma espécie de corda ou fio extremamente forte. Com os braços imobilizados eu não pude fazer outra cousa se não empurrá-la para trás contra uma das paredes. Com a força do impacto uma das janelas abriu e iluminou parte da sala com vários raios de sol matinais.

    Praticamente ao mesmo tempo em quem Claire tentava me conter, o seu pai se transformou na forma diabólica Lican e incitava naquele instante uma luta épica, daquelas que certamente ficará por um bom tempo em minha memória.

  • A magia e os vampiros – pt4

    A magia e os vampiros – pt4

    Quando se está numa situação tal qual esta, não há muito que fazer se não aguardar o pior, que certamente virá da pior direção. Armas à mão, silêncio absoluto e o mínimo de luzes acessas. Seja lá o que viesse, teria de ser muito bom para enfrentar nós três e sair vivo – Pensei comigo.

    A porta foi aberta vagarosamente, deixando a mostra alguém de cabelos longos e que conforme foi adentrando, me lembrou a loira doutra noite. Por causa da penumbra foi muito difícil identifica-la de início e aquilo me deixou intrigado. Curiosidade, que foi sanada assim que ela se aproximou um pouco mais e nos sussurrou – Venham, venham logo, consegui limpar a saída, mas é provável que outros estejam vindo atrás de vocês.

    Ficamos sem reação e abismados diante tal situação completamente inesperada e inusitada. – Quem é você? – Soltei ao perceber que os outros dois não se mexeriam – Andem logo, se eu quisesse já tinha despachado vocês quando entrei. Depois se quiser aperto sua mão ou te dou um beijinho de “oi” – Disse-nos a misteriosa e irônica senhorita…

    Mochilas nas costas, malas nas mãos e saímos o mais rápido possível do lugar. A cada lâmpada acessa que iluminava o nosso caminho, eu percebia um detalhe a mais da misteriosa dama. Primeiro foi uma tatuagem tribal cobrindo um dos seus antebraços, depois foi a espada, que possuía uma lamina muito bem forjada e com diversos entalhes cravados na lâmina. – Tão bela quanto mortal – pensei comigo.

    Além disso, ela trajava uma calça de lycra preta, dessas com detalhes de escamas, coturnos bem justos e amarrados. Para te ser sincero eu perdi um tempo analisando o traseiro dela e não encontrei marcas de calcinha, mas isso é um mero detalhe… Tudo isso, era complementado por  um resistente e bem feito colete a prova de balas, coberto por um casaco de couro sintético vermelho e fosco.

    Não usava brincos, colares ou maquiagem. Apenas um anel em cada um dos anulares, representando talvez alguma espécie de compromisso com alguém. Enfim, eu poderia escrever mais alguns parágrafos  sobre ela, mas a história precisa continuar…

    Ao passar pelos outros cômodos do lugar, não havia ninguém, nem mesmo marcas de sangue e aquilo começava a soar como uma emboscada, até que em fim chegamos ao comércio, que disfarçava nosso esconderijo. Vários produtos jogados ao chão, algumas prateleiras quebradas e finalmente sangue por alguns lugares, porém nada dos corpos dos tais agressores que estavam atrás de nós.

    Logo na saída havia apenas uma caminhonete grande e foi para dentro dela que a tal loira nos “mandou” entrar rapidamente. Junto ao volante, muitos fios soltos deixavam claro que ela era roubada, mas isso são apenas detalhes, cousas que minha mente irrequieta costuma não deixar passar despercebido.

    – Aqueles malditos devem ter regenerado e fugido, devia ter cortados suas cabeças nojentas!

    – Ok, então quer dizer que você é uma mercenária e está usando todo esse charminho para nos prender e ir receber alguma recompensa, é isso madame? – Disse Sebastian.

    – Não viaja barbudinho, modéstia a parte como eu disse eu podia ter acabado com vocês naquele buraco! Meu interesse é apenas no Hadrian e se não fosse por vocês seria muito mais fácil ter levado ele de volta para um lugar seguro.

    Nesse momento eu parei de observar e falei um “Como assim?”. Hadrian também chegou a resmungar algo, mas a garota nos ignorou e continuou. – Já ouviram falar dos LLD? – Ao ouvir tais letras, foi Sebastian se coçou para responder, mas ela permaneceu cheia de si, manteve os olhos na estrada e nos contou sua história:

    – Podem me chamar de Claire, sou da Irlanda e como já deve ter reparado tenho sangue Lican correndo em minhas veias. Há muitos anos faço parte da Labraid Lámh Dhearg…

  • A magia e os vampiros – pt3

    A magia e os vampiros – pt3

    Quando pensei em ir atrás do tal sujeito sinto alguém passando muito rápido por mim, não era nenhum conhecido e naquele momento eu me senti obrigado a deixar de lado os cuidados de sempre. – Foda-se as câmeras, foda-se quem estiver vendo, vou ter de usar tudo aqui – Pensei comigo, mas antes de precisar agir feito um monstro, senti as energias de Sebastian e Hadrian.

    Em poucos segundos eles surgiram e minha intuição mandou entrar no carro o mais rápido que me fosse possível. Na sequência eles entraram também e com algumas manobras rápidas eu deixei o carro pronto para sair, porém mesmo naquela escuridão ví algo pelo retrovisor que me chamou muito a atenção. Primeiro foi o brilho de algo metálico, que ao reparar melhor vinha de uma espada, talvez uma katana. Depois foi o conjunto, algo como um sobretudo escuro e por fim aqueles cabelos loiros longos e cacheados.

    – O que foi Ferdinand, bora bora bora – Confesso que a pressa de Sebastian não me incomodava e somente criei vontade de sair dali quando ví a bela senhorita, acertando em cheio o peito do infeliz, no que provavelmente foi um golpe mortal em seus órgãos internos. Feito isso, eu queria muito ir lá bater um papo com a tal justiceira, mas a merda que os dois haviam feito no hotel era mais importante.

    – Vocês viram aquela garota lá atrás? Ninguém havia visto nada além de um cara caído ao chão, foi a resposta de ambos.  Será que eu estava tendo alguma nova visão? – Pensei comigo. Enfim, o que rolou lá em cima senhores? – Chegamos em meu quarto e encontramos aporta entreaberta, havia um sujeitinho fuçando minhas coisas e Sebastian agiu rápido segurando-o. Todavia, ele se esquivou conseguiu ir para a janela. Sebastian tentou atirar nele, mas os tiros foram em vão e ele escapou aparentemente voando. Depois disso eu consegui juntar meus itens importantes nessa mochila e voltamos para cá.

    Contei a eles o que havia ocorrido comigo e todos ficaram sem saber o que havia acontecido. Será que estavam seguindo Hadrian, será que o cara do hotel tinha alguma ligação com o mendigo e tal loira que prendeu minha atenção? Noite a dentro Hadrian nos contou de seus passos até nos encontrar e tudo levava a crer que ele realmente havia sido perseguido por alguém, mas quem?

    Nesse momento ficará perceptível para vocês o fato de que é extremamente complicado manter alguma espécie de lar… Tratei de arrumar tudo o que pude no lugar em que estávamos e fomos passar o dia no “comércio” de um(a) conhecido(a).  Nessas emergências a rede de contatos vampiresca sempre se faz muito importante. Ainda mais que estava para amanhecer em poucas horas e havia alguém atrás de nós. Mesmo conhecendo há tanto tempo aquela cidade e a praticamente todos os sobrenaturais que viviam nela, senti-me um pouco preocupado.

    Hadrian havia trousse consigo algo realmente novo para todos e infelizmente o preço deste “novo” foi um pouco caro no início. Ferdinand, vocês investigaram direito tudo e já colocas a culpa no recém-chegado? Calma mancebo, a história é mais longa do que imaginas…

    Enquanto descansávamos durante o dia, Hadrian revisou seus pertences e junto de alguns documentos numa das malas, encontrou uma espécie de selo, desenhado a mão com um pincel de cerdas finas, sobre um pedaço aparentemente de couro bovino. Disse ele, que aquele selo era uma espécie de localizador, então até que ele desfizesse a magia, era bem provável que ainda estivéssemos sendo seguidos.

    Dito e feito, pouco depois de escurecer recebemos um aviso vindo da superfície: Preparem-se estamos sendo invadidos!

  • A MAGIA E OS VAMPIROS – PT2

    A MAGIA E OS VAMPIROS – PT2

    O bate-papo entre vampiros é algo que merece uma atenção especial por minha parte. Imagine um asilo, onde todos os velhinhos estão com ótima saúde, senis e ainda com muita disposição para relembrar histórias e aventuras. Pois é mais ou menos assim que eu me sinto quando encontro amigos, ou faço novos neste meio.

    Hadrian nos trouxe novas visões do que até então tínhamos por verdade quase absoluta. A magia trabalhada por ele se aproximava muito daquelas que eu via sendo feitas por Kieran, só que de uma forma mais familiar. Era como se ele trouxesse vida a nossos corpos mortos e criatividade a nossas mentes. Poderíamos nós também adquirir tais dons?

    Eu já tinha ouvido falar de magistas que haviam sido transformados em vampiros, aliás, existem muitos clãs com esses indivíduos, porém o inglês grande, ruivo e de olhos verdes trouxe uma nova expectativa as minhas noites. Especialmente pelo fato de que ele mostrou interesse em se juntar a nós. – Vaguei por muitos lugares, conheci muita gente e o apreço que nossos mestres possuíam um pelo outro, me leva a crer que eu devo me juntar a vocês – Disse ele com sua voz grave e jeito de “bom vampiro”.

    Na noite seguinte fomos ao hotel em que ele estava hospedo para pegar suas bagagens. Uma espelunca no centro, provavelmente indicado por algum taxista maldoso que levou um por fora pela indicação. Apesar de tudo o que eu conto por aqui eu não gosto de lugares assim, sujos e cheios de mendigos ou drogados. Frequento-os apenas para me alimentar ou quando quero uma briga, então disse para eles agirem rápido.

    Mesmo naquela hora a rua estava movimentada, tive de parar o carro na entrada de uma garagem e como todo brasileiro, liguei o pisca alerta na intenção de amenizar o problema. Alguns minutos haviam se passado e paciência nunca foi minha virtude, sabe quando algo te incomoda e nem mesmo o Facebook no smartphone consegue te distrair? Lá fui eu acender um cigarro eletrônico, maldito vício que eu cultivei naqueles meses…

    Se não bastasse o lugar ruim e a espera, tive de ser incomodado por um mendigo atrás de cigarro. Faz a criatura entender que o cigarro era eletrônico e não dos normais… Eu estava quase dando o meu cigarro para ele, quando ouço três disparos vindos de dentro do hotel. Por instinto me abaixei atrás do carro, olhei para os lados e aparentemente só minha audição aguçada havia escutado os disparos.

    Dei um chega para lá no “sujismundo”, travei as portas do carro e liguei para Sebastian. No caminho até a recepção do hotel ele me atendeu e sussurrando me alertou para que os aguardasse no carro. O que diabos eles haviam feito? Cheguei a pensar em  ir ao encontro deles, mas aceitei o seu pedido e voltei para o carro. Ao voltar para a rua uma surpresa, o tal mendigo havia largado o cobertor, boné e jaqueta no chão. Extava apenas com as calças e uma regata que exibia seus braços tatuados. Ainda se não bastasse o que estava acontecendo o filho da puta estava tentando arrombar meu carro…

    “…Run, Pig, Run
    Here, I , Come
    There is no safe place
    There is no safe place
    There is no safe place to hide…”

  • A magia e os vampiros – pt1

    A magia e os vampiros – pt1

    Quase sempre eu escrevo por aqui para confidenciar meus pensamentos e angustias, relacionados ao fato de eu ser um vampiro. Para alguns, isso não é um fato aceitável e exige muito mais do que conhecimentos ou crenças, pois vai além do que lhes é ensinado em escolas ou por suas famílias tradicionais. A cultura de muitos lugares, principalmente no Brasil da atualidade, salvo alguns lugares específico, é favorável a uma educação mais lógica, desprendida de mitos, lendas e histórias.

    Sinceramente quando entrei nesse mundo on-line em meados de 2006, eu vislumbrei muitas cousas, principalmente o fato de que a internet permitiria o aumento do conhecimento geral das pessoas e uma possível aceitação do que nós somos. Todavia, o que eu vejo por ai nesses 7 anos de acessos é que houve sim o aumento do conhecimento geral, mas a questão lendas está cada vez mais apagada.

    Que papo de sociólogo é esse Ferdinand? Calma mancebo, essa introdução é para contextualizar minha última aventura junto de Hadrian e Sebastian em meio aos seres tidos como “despertos”.  “Despertos”, aliás, é um termo novo aqui no site, muito utilizado por Hadrian e de significado simples. Abrange todos nós que conhecemos a verdade por trás da penumbra da sociedade humana: Vampiros, bruxas, metamorfos …

    Enfim, essa história teve início meses atrás e logo que voltamos do enterro de meu estimado Kieram.  Lembram-se da caixa de Suellen? Pois então, cerca de duas noites depois eu recebi um telefonema de um cara até então desconhecido e que se dizia discípulo do falecido mago. No telefonema ele foi breve e disse apenas que gostaria de marcar um encontro para nos conhecermos.

    Naquela mesma noite liguei para meu pupilo (Sebastian) e ele tomou a liberdade de resolver tudo, definindo inclusive um local público e seguro. Tendo em vista, o fato de que não é sempre que nos contatam em números exclusivos aos membros do clã, tal preocupação se fez importantíssima. Naquele mesma noite ele foi ao meu encontro e combinamos algumas ações e reações para evitar imprevistos.

    22:10 estávamos no local marcado e fazia 10 minutos que o cidadão estava atrasado. Como não sou muito paciente com horários eu resolvi ir para o terraço e praticar aquela famosa “esticadinha nas pernas”. No meio das escadas eu esbarrei num sujeito  com quase meu tamanho, um pouco mais forte, feições europeias e que descia correndo. Apesar dele não emitir qualquer tipo de energia sobrenatural, os seus grandes olhos verdes e olhar penetrante me chamaram a atenção, a ponto de não reparar em sua voz grave e no rápido pedido de desculpas.

    Eu mal havia posto os pés no terraço e estava a ponto de queimar um pouco de essência de menta em meu cigarro eletrônico, quando sinto o smartphone vibrando no bolso. – Herr, nosso convidado chegou – Disse-me o afoito Sebastian. No mesmo instante voltei para o salão e lá estava o sujeito da escada…

    Durante alguns minutos ele confirmou sua ligação com Kieran, revelou momentos e situações muito íntimas do velho mago e aquilo me pareceu suficiente para que nos retirássemos para um lugar sem eventuais “ouvidos nas paredes”. Chamei Sebastian para um canto e ele também compartilhou de minha opinião, confesso que inicialmente o sentimento que vinha a minha mente era de que tínhamos diante de nós uma espécie de órfão. Alguém, que independente dos poderes, estava precisando mesmo de um ombro amigo.

    Instantes depois a conversa foi retomada num dos meus refúgios e lá veio a revelação: Estávamos diante um trunfo de Gaia, alguém que havia fugido a todas as regras e se revelou como sendo um “mago-vampiro”.