Categoria: Histórias

Nesta seção você encontra historias, contos e relatos relacionados ao mundo real e sobrenatural. Verifique a indicação de faixa etária no início de cada texto.

  • Assalto ao vampiro

    Assalto ao vampiro

    Sabe aquela noite em que você acha que não vai acontecer nada de diferente, porém em poucos minutos se vê sendo surpreendido por algo extremamente bom? Pois então meus queridos leitores, a noite de ontem foi assim. Estava eu em busca de um pouco de sangue, afinal eu preciso me alimentar pelo menos a cada duas semanas, quando sou surpreendido por minha doce e imprevisível Julie.

    A história foi um tanto quanto inusitada e mais ou menos assim:

    Decidi que eu precisava de uma boa caçada, por que fazia tempo que eu não perseguia nenhum meliante. Como eu já disse por aqui, o sangue fresco e carregado de adrenalina é sempre muito melhor, do tipo que a menor lembrança, me faz inclusive salivar. Então me arrumei, preparei um dos carros e parti para uma rua próxima a um ponto de venda e entorpecentes.

    Minutos depois eu estacionei o carro e fiquei por um tempo observando a região. Meu carro novo e limpinho obviamente chamava atenção e ao perceber que algumas pessoas ficaram observando eu tratei de sair rapidamente do lugar e me escondi em um lugar onde ainda podia vê-lo. A rua onde as drogas eram vendidas ficava a um quarteirão e dizem que não há roubos próximos destes lugares, haja vista que policia perto é sempre um problema. Todavia, eu tentei a sorte, pois sempre há um ou outro desavisado.

    Não tardou e logo alguns caras começaram a passar perto do carro, alguns até tentaram ver algo dentro, mas as películas muito escuras dificultavam a observação. Alguns minutos haviam se passado e em certo momento dois caras começaram a bater papo próximo do lugar. Além disso, para minha sorte um deles estava armado, ou aparentava estar, pois havia um volume a mais nas suas costas e logo acima da cintura.

    Eles estavam observando tudo ao redor e um deles inclusive deu uma olhada por baixo do meu carro, certamente procurando algum rastreador.” Ok, acho que tirei sorte grande!” – pensei comigo. Então tratei de por o óculos de grau, baguncei um pouco o cabelo, desarrumei a camisa para fora da calça e gargarejei um pouco de Jack Daniels, que eu levava numa whiskeira de metal no bolso. Dando a entender assim que eu poderia ser um executivo vindo de algum happy hour e possivelmente alcoolizado.

    Em seguida sem que eles percebessem eu comecei a descer a rua em direção ao carro e quando eu vi que um deles me percebeu eu comecei a interpretar uma comedida bebedeira. Inclusive desativei o alarme ao longe, para que eles percebessem que o carro era meu. Já próximo ao carro eu parei, fiz um pouco de barulho com o chaveiro e sim, um deles previsivelmente veio ao meu encontro.

    – Tá a fim de um lance do bom? Bora se envolver, tenho de tudo heim e na classe pro doutor…

    Mesmo com ele falando cada vez mais e sem parar eu continuei andando até parar a frente da porta. No entanto, percebi que o outro ia fazer algo e fiquei aguardando com a mão na maçaneta.  Até soltei um “Obrigado, não tô afim cara…”, mas junto do clique da maçaneta, o cara mais próximo a mim foi rapidamente para trás do veiculo e o outro veio com um 38 em minha direção.

    Para minha surpresa ele estava calmo, mas segurou firmemente o meu braço esquerdo dizendo na maior cara lavada: – Entra ai cara, isso é um sequestro e nós vamos dar uma voltinha. Diante de tais argumentos eu apenas deixei ser conduzido, mas confesso que tive vontade de rir, ao mesmo tempo em que pensei: “Hahahah mal sabe ele com quem está lidando, pobre mancebo…”.

    Já dentro do carro, eu apenas aguardei ansioso a sequencia dos acontecimentos. O primeiro cara se acomodou no banco do motorista e ficou revirando tudo que podia, enquanto o outro armado e junto a mim no banco traseiro, olhou rapidamente ao redor e depois nos disse: – Passa a chave para ele, em que banco o doutorsinho tem conta, nos queremos uma grana cara, se você for gente fina te liberamos em algum lugar depois…

    Naquele instante eu já estava começando a ficar com fome, mas não queria atacá-los em plena rua. Lembrei então de um banco que ficava perto de uma praça meio escura e os fiz me levar até lá. No caminho, algo em torno de 5 minutos, percebi pelo morder de lábios que o meliante da frente havia cheirado cocaína e o de trás provavelmente havia fumado maconha, haja vista o forte cheiro em suas roupas e suas pupilas dilatadas. Seriam então presas fáceis, mas aguardei até que o marginal da frente estacionasse.

    Rua deserta, com apenas alguns mendigos dormindo próximos a entrada do banco 24h e foi então que encontrei o momento que eu precisava. Num instante de descuido eu segurei numa chave de braço o cara que estava a frente e com a outra mão desarmei o que estava ao meu lado. Sim, usei minha rapidez e minha força superiores. Os dois obviamente ficaram surpresos, e o de trás ainda tentou se desvencilhar, mas o contive segurando-o fortemente pelo braço.

    Eis aquele momento em que meu companheiro aflora, as presas crescem e eu me deixo levar pelo doce, quente e avassalador poder demoníaco. Às vezes fico sem palavras para descrever o poder de se possuir e controlar totalmente a vida nas próprias mãos, e por isso vou deixar que a imaginação de vocês faça o resto, quem sabe ao encontro de algo parecido pelo qual eu sempre sinto.

    Alimentei-me com o que estava atrás ao mesmo tempo em que mantinha preso o da frente. Era um sangue amargo, daqueles do tipo venoso e muito sujo, ou seja, o meu predileto. Dane-se a contagem de segundo, naquele instante eu queria ir além e possuir aquela alma até o último pulsar de seu coração nefasto. E não tardou para que isso acontecesse… A estase da alimentação, o prazer equivalente ao orgasmo intenso… Pena que foram apenas alguns segundos e estes rompidos por uma doce surpresa…

    Ao reabrir os olhos dei de cara com Julie que nos observava atenta e sentada comportadamente ao banco do carona a frente. Ao me ver ela abriu um sorrisinho sacana e levou sua mão até minha boca, limpando um pouco do sangue de minha barba ao mesmo tempo que me disse: – Quanta fúria Fê, tudo isso era fome ou estavas apenas matando a saudade de mim com um simples lanchinho?

    Sabe quando tu ficas sem reação ou palavras? Pois então, esse foi o caso. No entanto, me permiti o gracejo, soltando o meliante ao meu lado e segurando rapidamente o pulso de Julie. Havia ficado um pouco de sangue em um de seus dedos, o que certamente rendeu uma bela e sexy lambida…

    Quanto ao cara do banco da frente? Bom, Julie também fez um belo jantar e na sequencia nos livramos deles. Sabe combustão espontânea? Então, transformar corpos humanos rapidamente em cinzas é um dos dons de minha bela morena.

    Nas últimas semanas que se passaram Julie já havia retornado e contado sobre o engano que havia ocorrido. Na verdade ela não iria sumir, ficaria apenas por um tempo tratando de alguns de seus negócios. Inclusive cabe aqui aquela dica de não se deixar levar pelas fofocas alheias…

    Ah sim, Julie criou um twitter e vai participar do blog, aguardem novidades…

  • A Julie me abandonou :/

    A Julie me abandonou :/

    Hoje é uma daquelas noites em que eu confesso perder meu chão ou parte de algumas cousas em que acredito. Era 18:15 quando um amigo me ligou para me dar uma notícia que até então não digeri muito bem: “Julie resolveu voltar para os seus antigos estudos e preferiu não se despedir.” O pior é que nem adianta eu ir atrás desse amigo, haja vista que ele deve saber menos ainda que eu…

    Já faz umas duas semanas que eu não sentia a energia da bela morena e com meu instinto aflorado, como está nestas ultimas noites, eu provavelmente já deveria esperar por isso. Confesso que o seu retorno a minha não vida foi que mexeu comigo, pois fazia algo em torno de 50 anos ou mais que nãos nos víamos.

    Julie foi a primeira vampira/mulher que se deitou em meus lençóis depois de Suellen e lhe devo muito na verdade. Agora é esse sumiço novamente. Como diz meu nobre irmão Franz eu não deveria desprender tanta atenção aos relacionamentos, mas fazer o que? Eu já tentei ser como ele e passar minhas noites entre várias mulheres, mas não consegui.

    Acho que sou aquele cara a moda antiga, que gosta de cortejar, de demonstrar carinho e de ter alguém mais próximo. Será que isto se tornou algo fora de moda atualmente?

    Podem falar o que quiser, mas acordei bem e agora estou aqui tristonho. Provavelmente ficarei por algumas noites relembrando do seu sorriso juvenil, dos seus lábios carnudos e firmes e daquele jeitinho independente, que me conquistou pela segunda vez na imortalidade.

    Internet, livros, escritos, blog, facebook e twitter. Por hoje tudo perdeu a cor, tudo vai me lembrar das nossas últimas brincadeiras e traquinagens… Acho que vou dar uma volta para espairecer, quem sabe eu esbarre em algo que mude meus pensamentos, ou não…

  • Justiça?

    Justiça?

    Continuando o caso policial: Sacrifícios diabólicos…

    Desta vez não foram encontradas marcas na criança, e se não fossem as marcas de esganadura em seu frágil pescoço, muitos diriam que ela estava apenas  dormindo o sono dos inocentes. Meu ex-cunhado estava puto da vida e quando me ligou para informar de mais esta morte, ele também me perguntou se eu podia prever novamente onde que o próximo assassinato poderia acontecer. Me senti inútil dizendo que havíamos dado sorte neste, todavia, ele não se desanimou e foi a fundo na vida dos pais macabros da criança morta.

    Confesso que esse tipo de situação, além de revoltante por envolver frágeis almas infantis, também instiga a minha eterna disposição ao aprendizado do ocultismo, ou como alguns chamam, magismo. Desde quando eu praticava alguns rituais com Suellen, a descoberta por novos rituais e feitiços atiça minha alma demoníaca e eu não poderia deixar de lado este caso. Qual era o feitiço que bloqueou minha entrada no quarto daquele casal? Por que a filhinha deles fora assassinada logo depois que eu a vi? Tantas perguntas e praticamente nenhuma resposta concisa…

    Duas noites haviam se passado e nenhuma novidade de qualquer parte. Julie estava ocupada, Franz também tinha algo por fazer e só restava minha cria Sebastian. Eu não podia ir sozinho, no entanto levar alguém sem experiência de briga como minha cria podia piorar as coisas. Apesar disso relutei e liguei para o meu querido professor nerd.

    – Boa noite professor, afim de uma boa briga hoje?

    – Herr di Vittore…

    – Hahaha fazia tempo que tu não me chamavas assim, mas e ai vamos dar uma de Indiana Jones esta noite?

    – Você sabe que prefiro “viajar” nos meus livros, a fazer algo pessoalmente. Porém, diga no que posso lhe ajudar meu senhor, você é meu mestre e lhe devo minha alma.

    Detesto quando Sebastian faz esse terror psicológico, mas às vezes eu sinto que preciso tirar um pouco a poeira de seus músculos…

    – Estás no lugar de sempre? Passo ai em 5 minutos, tudo bem?

    – ok ok herr di Vittore…

    Como eu já esperava, ele não demonstrou a mínima vontade para sair de sua rotina. Porém, como eu disse antes, eu precisava de alguém e nessas horas o negócio é por o manual de regras vampirescas embaixo do braço e ir atrás de quem pode te ajudar. Mesmo que seja preciso forçar um pouco a barra, como eu quase sempre faço com o preguiçoso Sebastian. Então para economizar tempo fui de moto e cerca de uns 6 minutos depois eu estava no estacionamento de uma das bibliotecas da cidade.

    Sendo a ligação entre senhor e cria algo extremamente poderoso, eu praticamente senti a presença de Sebastian logo que tirei o capacete e olhei melhor ao meu redor. Alguns passos depois e lá estava ele com seus óculos sem grau, sua camisa xadrez, barba por fazer e tudo mais que o pudesse disfarçar em meio aqueles acadêmicos.

    Cumprimentamos-nos rapidamente e depois de alguns minutos o convenci de ir para algum lugar, a fim de vermos as possibilidades com relação ao caso. Então, fui para casa, troquei de roupas, peguei o carro e cerca de 30 minutos depois estávamos voltando a casa onde toda esta investigação, ao menos para mim, havia iniciado.

    Antes mesmo de chegar ao local, vários carros da policia passaram por nós e como nunca fui de duvidar de minha intuição resolvi ligar para o delegado. Como o telefone tocou várias vezes e eu não tinha o contato de sua delegacia, eu apenas resolvi continuar nossa incursão. Já próximos do lugar, havia uma barreira policial e sim, os carros que passaram por nós faziam um cerco na tal casa, que visitamos outrora.

    Estacionei o carro a poucos metros do lugar, mas o meu telefone tocou em quanto pensávamos no que fazer. Era o irmão de Beth, contando que o tal pai da garota havia confessado o crime. Ele não resistiu e depois de ver as fotos de sua filhinha morta, disse que se arrependeu do que havia feito e que aquilo precisava parar. Dedurando em seguida todo o restante do grupo (culto).

    Confesso que para mim o crime contra crianças é algo imperdoável e eu queria muito por minhas presas no pescoço daquele infeliz. Me diga leitor, que justiça será feita apenas pondo tal assassino atrás das grades? Se ao menos esses marginais vagabundos trabalhassem ou fizessem algo de útil a sociedade… Humanos brasileiros e suas leis idiotas…

  • Caso policial: Sacrifícios diabólicos

    Caso policial: Sacrifícios diabólicos

    Na semana passada meu ex-cunhado, o delegado e irmão de Beth, me ligou contando sobre um novo caso. Sempre que vejo seu nome na tela do meu smartphone, meu lado investigativo se expande e inevitavelmente eu abro um “sorrisão”. Então de imediato atendi e deixei que ele falasse, pois nossa última ação juntos não havia sido muito boa.

    – Ferdinand, preciso da sua ajuda em um caso extra oficial… Tais aqui perto? Acho melhor falar contigo pessoalmente…

    O papo foi rápido, ele não tocou em assuntos passados, mas assim que me resumiu parte da ação, eu larguei tudo o que fazia e fui ao seu encontro. 20 minutos depois e lá estava eu encontrando o delgado no pub. Cumprimentamos-nos, fizemos aquela troca de palavras básicas: “Oi, como está, quanto tempo, tudo bem…” e depois de alguns minutos ele me apresentou uma pasta com fotos. Uma simples ação que bastou para que meu demônio começasse a dar o ar da graça. Nas imagens várias meninas mortas com idade aproximada de uns 5 anos e com indício de tortura. O pior é que não eram torturaras daquelas normais, mas sim algo que certamente envolvia o mundo sobrenatural.

    – Muitas delas foram marcadas com ferro quente e o que nossa inteligência descobriu é que estas marcações seguem uma continuidade. São na verdade letras gregas, que inclusive nos fizeram chegar à palavra “Typhon”, que significa algo como “A personificação de satanás”.

    Somente por ouvir tal nome meu corpo se estremeceu. Ainda mais depois de tudo o que houve com Eleonor e aqueles malditos seguidores das trevas. Dizem que atraímos certas coisas somente por pensar e lá estava eu, novamente envolto em mistérios relacionados a um bando de babacas, que curtem falsos ídolos diabólicos.

    Resumindo, eu peguei o máximo de informações que ele possuía e chamei Julie. A curiosa morena, não hesitou e depois de algumas horas apareceu num dos meus apartamentos. Trocamos aquelas deliciosas caricias e já perto do amanhecer lhe apresentei o caso das meninas torturadas.

    Ela ficou chocada com as fotos e ao ouvir o nome “Typhon”, também sentiu seu corpo se estremecer. Esta palavra, aliás, é muito abrangente e digamos que o corpo dela se arrepiou por inteiro em meus lençóis ceda… Então, depois das primeiras avaliações Julie ligou o notebook e fez alguns contatos e pesquisas, chegando inclusive há alguns suspeitos. Estes, aliás, próximos daqueles que o delegado havia me passado.

    Perto do meio dia decidimos descansar um pouco e na noite seguinte fizemos as primeiras buscas. Fomos de carro, pois não sabíamos o que iríamos encontrar e com um veículo blindado, afinal com segurança não se brinca. Dirigi por mais ou menos uma hora até uma cidade do interior e para nossa sorte, não havia nenhuma alma viva circulando por aquelas ruas geladas. Julie era minha navegadora e se deparar com uma rua ela me disse para ir mais devagar. Perguntei o que era e ela me disse que havia sentido alguma presença.

    Depois de ouvir sua descrição eu parei o carro próximo a um terreno baldio e lhe perguntei se dava para sentir de onde vinham tais sensações. Foi quando ela fechou os olhos por um instante e depois os reabriu, apontando de imediato para uma casinha modesta de dois pavimentos ao nosso lado. Por mais que nesses momentos meu demônio sempre me sugira entrar quebrando tudo, eu preferi abrir um pouco o vidro do carro para em forma de névoa.

    Esta forma de névoa em que eu me transformo é invisível aos olhos humanos e o máximo que um filho de adão pode sentir, é uma brisa um pouco mais quente, caso eu passe por perto de seus corpos. Geralmente é o meu melhor disfarce, salvo às vezes em que não estou lidando com algum sobrenatural, que possivelmente poderia me sentir ou ver…

    Adentrei a casa pela janela do banheiro e entre uma fresta ou outra eu chegue até um dos quartos. Um adolescente dormia e aparentemente não apresentava nenhum perigo. Sai então em busca de mais indivíduos e achei outro quarto onde estava uma menina naquela faixa dos 5 anos e que também não me transmitiu nada de estranho.

    Só me restava o que seria o quarto dos pais e lá fui eu, porém para minha surpresa me deparei com uma espécie de barreira mágica, que impediu minha entrada. Obviamente aquilo me deixou curioso, mas me contive e sai novamente da casa para tentar a janela. Para meu azar o tempo estava fechando, alguns raios insistiam em fazer muito barulho e ventos fortes começaram a dificultar minha locomoção. Mesmo assim usei toda minha força e consegui me aproximar da janela, fiquei por ali tentando achar alguma brecha entre as cortinas, quando levo um susto.

    Um homem com 40 anos aparentes e uma longa barba castanha escura abriu a janela. Ficou por alguns instantes olhando ao redor, como se estivesse procurando algo (eu) e na sequencia fechou tudo. Sua feição denotava preocupação ou raiva e de alguma forma sua imagem ficou gravada em minha memória.

    Tratei então de voltar rapidamente para o carro e lá estava Julie tremendo. Ela estava quente, algo praticamente impossível de ser ver num vampiro e depois de me ver novamente na forma humanoide, me falou para sairmos o mais rápido possível daquele lugar. Não hesitei e à medida que íamos nos afastando do lugar, Julie aparentava ficar melhor. Ela não soube dizer o que estava acontecendo, mas era claro que havia sido enfeitiçada por alguma magia de proteção.

    De volta ao meu apartamento mandei uma mensagem para o delegado, que me respondeu dizendo que iria mandar uma viatura vigiar o lugar. Em função de minha transformação e do ataque sofrido por Julie resolvemos descansar. Lembro que durante aquele dia eu não tive um sono muito agradável e inclusive fui acordado por uma ligação. Era novamente o irmão da Beth, que queria me informar mais uma morte… A menina que eu havia visto na casa durante a madrugada…

    Continua!

  • Meu bem meu mal

    Meu bem meu mal

    Há certo tempo atrás eu estava sem muito o que fazer, praticando o famoso ócio criativo e resolvi escrever algumas histórias sobre temas diversos. Esta que exponho abaixo, foge a tradicional temática das histórias de minha não vida de vampiro, porém gostaria de aproveitar meu espaço para ver a opinião de vocês a respeito. Por favor sejam críticos, tal qual sempre. Obrigado!

    Meu bem meu mal

    “Não há bem sem mal, nem prazer sem preocupações.”
    (La Fontaine)

    Sexta-feira, 09:45: Paulo, cansado, tenta ler e entender algumas linhas sobre álgebra. O calor incessante não consegue ser vencido pelo fraco ventilador que sopra no teto da sala. Os olhos piscam, as pálpebras tremem e vários pensamentos tomam conta da cabeça.
    “- Aquela maldita prova de amanhã eu não consigo entender nada.”
    Fórmulas após fórmulas, as costas do rapaz alto, começam a doer. A cadeira desconfortável e o pouco espaço para as pernas sob a mesa. Tudo é desculpa para sair e tomar um ar.

    “-Vejamos o que tenho na mochila.”
    Sim, estava lá aquela peteca, que Paulo pegara outro dia com um de seus amigos. A prova ficou de lado, os olhos pararam de piscar e a vontade de dar mais uma cheirada surgiu.
    “-Esse pozinho vai me acordar!”
    “-Era disso que eu tava precisando”.
    Livros largados, mochila nas costas, era hora de procurar um lugar para dar uma cheirada.

    A faculdade é um lugar grande, tem muitos prédios cheio de salas vazias e escuras. A noite pouca ou quase nenhuma pessoa pode ser vista. Mas nada melhor que o banheiro da Matemática, ele é grande escuro, tem aquela pia gigante e da até pra tirar um cochilo que ninguém vai perceber.

    O caminho até o banheiro é escuro, o silencio é enlouquecedor e os vigias ainda não começaram a fazer suas rondas. Paulo segue solitário, quando de repente, ouve-se barulhos de latas sendo derrubadas. Um calafrio sobe pela espinha do rapaz que levanta a cabeça na procura de alguém ou algo, até que surge a sua frente no meio do corredor um gato preto. O pequeno animal, anda em direção do rapaz, que imóvel, fica a observar o felino passar se esfregando por suas pernas, continuando seu caminho como se não tivesse encontrado ninguém. Paulo respira fundo, olha para os lados, como se procurasse alguém, sorri e continua pelos corredores.

    As velhas lâmpadas fluorecentes, piscam e o caminho fica mais sombrio, Paulo empurra uma velha porta que range. O banheiro estava do jeito que ele lembrava, úmido, pouca luz, pia grande alguns mictórios e algumas cabines com vasos sanitários.

    A mochila vai ao chão, Paulo procura pela trouxinha. Coloca um livro em cima da pia e desenrola o pó branco em cima. A carteirinha da faculdade serve para quebrar melhor as pedras e a cédula de 1 real vira um tubinho. Tudo pronto, a hora chegou. Em uma só tragada a droga se vai pelo nariz.
    “-Sempre me da vontade de espirrar”
    “-Será que essa pega rá…pi…do…”

    O mundo para por alguns minutos, silêncio, escuridão total. Ouve-se barulhos de pessoas andando, barulho de correntes sendo presas, algo esta sendo arrastado. A escuridão começa a ser interrompida por flashes das lampadas, que mostram portas batendo vultos surgem… Três estalos de dedos são ouvidos. Paulo tenta abrir os olhos, mas encontra dificuldade. As lampadas param de piscar, mas o ambiente continua sombrio. O rapaz sente sua cabeça sendo chutada e quando finalmente abre os olhos vê uma mulher lhe observando sentada na privada. A mulher tem olhos escuros, cabelos longos amarrados em uma única trança e também escuros. Traja uma calça jeans e uma camiseta vermelha, com um cachecol preto envolta do pescoço.

    Somente a cabeça de Paulo esta dentro da cabine. Seu corpo do lado de fora parece estar amarrado.
    “-Estás te sentindo preso.”
    diz a mulher em tom irônico. Assustado e tentando se soltar Paulo diz:
    “-O que esta acontecendo, onde que eu estou… me solta”.
    “-Tu não tem sido um bom garoto”.
    Ficando nervoso Paulo reage:
    “-Me tira daqui, socorro, socorro…”
    Um novo chute na cabeça o atordoa e o faz para de gritar.

    No mesmo tom calmo e irônico a mulher fala:
    ”-Não adianta gritar, ninguém vai te ouvir, tu sabe que só passam pessoas por aqui de dia…”.
    “-Eu não quero saber, me tira daqui sua vaga…”
    Com um soco na porta e com a mesma calma na voz a mulher fala:
    “-O que eu preciso fazer pra tu ficar quieto? Tu não ta em condições de exigir nada! Eu vou falar e quero te ver bem quietinho entendeu?”
    Paulo fica em silêncio.
    “-Como eu ia dizendo tu não tem sido um bom garoto, reprovou em diversas matérias, tens desrespeitado a tua mãe, tch tch tch…tadinha dela, trabalha dia e noite pra te manter só estudando e tu maltrata a coitadinha. Tu sabe o que ela passa todos os dias naquele escritório? E a Maria tua ex namorada, tadinha, sofre até hoje pelo trauma que tu deixou nela pelos tapas, arranhões e toda aquela merda que tu dizia pra ela. Mas fica tranquilo hoje tu vai pagar por tudo!”
    Paulo que estava até agora ouvindo, arregala os olhos e fala com tom de medo:
    “-O que você quer comigo eu nem lhe conheço, o que foi que eu te fiz cara?”
    E a mesma voz calma responde:
    “-Eu tenho diversos nomes mas pode me chamar de Adriel!”.

    Surge novamente a escuridão, um barulho de serra acompanhado de batidas e um grito de dor…
    “-Ahhhhhhhhh, para para pelo amor de Deus”.
    “-Eu ouvi a palavra Deus? Quem tu acha que é pra pedir pelo amor divino?”
    Adriel passa a mão nos cabelos de Paulo, com carinho admira a face do rapaz e da um tapa em seu rosto:
    “-Eu não quero mais ouvir tu falar em Deus, ele não existe mais pra ti. Eu vou ser o teu inferno a partir de agora. Lembra-se da primeira vez que tu cheirou cocaína? Foi bom né? Tu gostou daqueles 30 minutos de prazer inconsciente. Sabe o que aconteceu nesse tempo que tu ficou inconsciente? Tu bateu na tua namorada, espancou a tadinha até ela chorar te implorando pra parar, e tu abobado achando que ela tava gostando. Tudo bem isso vai custar um pé”

    Escuridão, serra e gritos de dor…
    “-Por favor eu te imploro, para para…”.
    -“Isso tá apenas começando meu garoto. Teve uma vez que tu fumou cocaína junto de maconha. Nossa foi ótimo, tua cabeça tinha ficado leve, a matéria da faculdade no dia tinha ido que é uma beleza, em casa tu só lembra de chegar e dormir né?” A voz de Adriel que estava calma fica forte e grave:” Quando tu chego em casa tua mãe preocupada te perguntou o que tinha acontecido. Tu grito com ela, chamo ela de vagabunda, abriu a geladeira derrubo tudo que tinha dentro, pego o gato do chão e coloco no microondas. Tu achou mesmo que aquele pobre gatinho tinha fugido e que tua casa tinha sido roubada, como tua mãe disse? Ah isso vai te custar uma perna!!!”

    Entre flashes de luz pode se ver o rosto de Paulo fazendo expressões de dor. O barulho insano da serra e os gritos de dor param quando novamente Adriel brinca com o cachecol sobre o rosto de Paulo.
    “-Cansada de se incomodar contigo a Ritinha te deu um pé na bunda, finalmente ela descobriu um cara legal e te largou. E o que tu fez? Arrumou briga com o cara, arrebentou uma cadeira nele, ele ficou meio cego de um olho por causa disso sabia? tch tch tch, acho que um braço paga essa dívida!!!
    Paulo, quase desmaiado fala:
    “- Por favor não me mata não me ma…”
    Um golpe certeiro de machado é ouvido, enquanto a mão de Adriel segura a boca do rapaz que não consegue gritar.

    “-Tudo bem te sobrou um braço”
    Adriel comenta com humor e com um sorriso no canto da boca. Paulo está ofegante, mau consegue respirar…
    “-Lembra quando teu pai morreu? Tu não te aguento e pra tentar esquecer o momento subiu o morro e foi cheirar com teus amigos. Foi a vez que tu mais cheirou não sei como não entro em coma. Seria melhor por que dai tu não teria estuprado aquela pobre menina que te ofereceram… Esses teus amigo, tu acha que aqueles merdas são teus amigos? Eles só tão contigo por que tu é engraçado pra eles, quando tu bebe ou se droga tu vira outra pessoa. Eles adoram te ver naquele estado… Bom acho que tu não vai mais precisar desse braço que te sobrou!”

    Escuridão total…silêncio…Luz do dia
    “-Acorda, acorda muleque… Esse garoto, saco, ficam vindo aqui…”
    Dor de cabeça, preguiça, Paulo sente alguém lhe chutando, abre os olhos devagar…
    “-Para para!!! O que heim, onde eu to?”
    A guarda imóvel olha para Paulo e fala:
    “-Levanta dai garoto tá pensando o que? Isso não é teu quarto não pow. Não tem casa não???”
    Paulo sem saber direito o que está acontecendo, se arruma pega sua mochila o livro em cima da pia e vai embora pelo corredor. A guarda abre um sorriso, era Adriel com roupa de vigia.

  • Eu aclamo

    Eu aclamo

    Onde está meu ego?
    Perdido entre as sensações que nego?
    Ou será que realmente, o monstro sou?
    Nunca liberto-me do pavor,
    À alguém, eu conto meu temor…
    À alguém, eu faço as preces,
    Para encontrar sentimentos alegres.

    O desejo sanguinário dentro de mim, nunca morre,
    O ódio sobre todos os humanos, apenas dorme.
    Eu que venho das profundas sombras misteriosas,
    Eu que vago em pensamentos e discórdia,
    A vida de uma criatura lamentável,
    Não sabe se existe algo,
    Que a liberte de tanta insegurança, dúvida e dor.
    Abandonada foi, pelo amor.

    Ó pai,
    Ó pai, se estás tu aí em cima,
    Se és tu dono de tanto…
    Alivia meu pranto.
    Filho do filho que gerou o pecado.
    Sou eu errático.
    Sou eu o herdeiro, que possuiu a mente inundada de perguntas,
    Sou eu o vampiro que chora por teu sorriso para mim,
    Sou eu quem lhe faz os pedidos para dormir,
    Um sono ao qual eu tenha um sonho de luz.

    Eu sou o mal e o bem…
    Eu possuo as qualidades e o desdém.
    E eu clamo a ti, um pouco de compreensão,
    Um pouco de iluminação,
    Ao caminho que sou fadado a andar.

    Ó força superior,
    Ó força superior, Livre-me do horror.
    Livre-me do calor,
    O calor dos humanos, sujos, impuros e traiçoeiros,
    Seres esses que deveriam está de joelhos,
    Perante a presença de seu criador.
    Eu sei, que ainda nutres um grande amor,
    Por esses insolentes sem escrúpulos.
    O teu perdão eu imploro, por tirar a vida desses impuros.

    Enviado por Armand Anthony.

  • Livros e seriados sobre vampiros

    Livros e seriados sobre vampiros

    Praticamente toda semana alguém me pergunta algo sobre os vampiros e outros seres sobrenaturais mais conhecidos. Drácula, Nosferatu, Condessa Bathory ou Abraham Van Helsing… Até mesmo sobre os vampiros dos seriados mais novos, como True Blood ou Vampire Diaries ou Twilight, já circularam pelos comentários deste blog.

    Antes de tudo, eu preciso informá-los que por mais que as histórias sejam realmente muito bem escritas e a ponto de quase parecerem reais. Eu disse, quase. A maioria delas na verdade saiu da cabeça de algum escritor ou entusiasta do gênero. Claro que há muitas histórias que foram baseadas em fatos reais, tais quais as minhas e é por isso que vou lhes dar uma dica simples:

    Antes de sair por ai acreditando em tudo que tu vê, que tal usar a melhor ferramenta que foi criada nos últimos anos e que revolucionou inclusive os pensamentos de todos? O Google é gratuito, fácil de usar e há nele muitas informações, que só precisam ser um pouco lapidadas. Não, eu não estou dizendo que estou chateado por ter de responder perguntas repetidamente. Afinal, meu site sempre teve o objetivo de saciar as dúvidas de vocês sobre o sobrenatural. E por isso vou dar uma de “cara legal” e falar um pouco mais sobre os nomes que mencionei acima.

    Drácula: Drácula é apenas um personagem criado pelo irlandês Bram Stoker em 1897. Se o tal Stoker se baseou em algum fulano, ou cicrano era só ele que poderia informar. Todavia, dizem às lendas que a história foi baseada nas atrocidades feitas por Vlad Dracul III, nascido na Transilvânia e Príncipe da Valáquia. Um monarca que ficou famoso no século XV, por torturar seus súditos ou prisioneiros, por meio de empalamentos ou o que mais viesse a sua cabeça sádica em tais momentos.
    Abraham Van Helsing: Também é outro personagem criado por Bram Stoker no seu romance Drácula de 1897 e ao que consta ele não foi baseado em nenhuma personalidade do mundo real ou sobrenatural. Além disso, atualmente são vistas algumas variações da história deste personagem, todavia, praticamente todas se baseiam no fato dele ser um caçador de vampiros. Particularmente, acho que é um personagem interessante e seria uma “briga boa”, caso o encontrasse pelas ruas escuras no qual tenho frequentado ultimamente.
    Nosferatu: Conde Orlok, é um personagem fictício que ficou conhecido no famoso filme mudo chamado Nosferatu, Eine Symphonie des Grauens de 1922. Embora este filme possua nomes de personagens  ou de lugares diferentes dos encontrados no Drácula, o roteiro também foi baseado nas histórias do Bram Stoker. Todavia, há sim em meio ao mundo dos vampiros reais, alguns que se assemelham em aparência ou atitudes, com o pobre coitado do Nosferatu.
    Erzsébet Báthory: Tal qual Vlad Dracul III, há também muitas lendas em torno da tal Condessa Bathory. Alguns dizem que ela era apenas uma sádica, que se banhava no sangue de virgens, outros que ela era realmente uma vampira, porém mais uma vez o tempo apagou vários registros. O que se sabe é que seu marido possuía diversas dívidas e estas só pioraram depois de sua morte. Em função disso, o Rei arrumou um jeito de prendê-la e lhe tomou tudo que possuía como forma de pagamento. Em minha opinião, a condessa foi uma grande injustiçada e tudo que foi dito sobre ela, são na verdade histórias para a corte, a fim de lhe retirar tudo que possuía para pagamentos. Pense comigo: “Vamos chamá-la de louca e lhe atribuir alguns crimes, assim podemos tomar posse de seus bens”.
    True Blood: É apenas um seriado dos E.U.A. baseado na série de livros The Southern Vampire Mysteries da americana Charlaine Harris. Quanto ao seriado eu não tenho muito que falar, se não, que achei interessante, porém foi uma pena eles terem dado tanto enfoque na sexualidade dos vampiros. Quanto aos livros, eu os julgo como bons e para ser sincero gosto desses romances onde os vampiros não são vistos como demônios ou íncubos, mas sim como ex-humanos, que lutam para manter sua humanidade ou sentimentos passados.
    Vampire Diaries: É um seriado dos E.U.A. baseada na série de livros de mesmo nome escrita por L. J. Smith. Sinceramente, dois vampiros centenários, que brigam pelo amor de uma adolescente mimada de 17 anos é algo que não entra na minha cabeça. Apesar disso, não tiro o mérito do escritor, que já vendeu milhares de cópias e sabe escrever muito bem por sinal. Alguns dos livros desta série me serviram apenas como um bom passatempo e nada mais, já o seriado é mais uma daquelas produções Hollywoodianas.
    Twilight: Para encerrar eu não poderia deixar de falar da tal série Crepúsculo, que atualmente pode ser vista em forma de livro, filme ou graphic novel. Twilight foi escrito originalmente por Stephenie Meyer, que inclusive teve por base as histórias da Charlaine Harris, mas que no fundo se baseou mesmo em um sonho tido na noite do dia 02/06/2003. Neste sonho um vampiro se apaixonava por uma garota e de acordo com a autora, tudo foi tão vívido, que ela se sentiu obrigada a descrever tal sonho em textos, que por fim geraram os livros. Minha opinião sincera? Crepúsculo, apesar de seu sucesso comercial, é apenas mais uma visão distorcida do mundo dos vampiros, com apelos romancistas adolescentes e que reproduzem mais uma vez os anseios de uma geração estagnada por ídolos. Tudo isso piora ainda mais, quando são observados nítidos conceitos comerciais, muito bem trabalhados pelos produtores de Hollywood, em todos os filmes e produtos relacionados à série.
  • As trevas

    As trevas

    Texto enviado pela Allice

    As Trevas

    As Trevas na noite,
    Triste, pura solidão.
    As Trevas na noite,
    Triste, dentro do meu coração.

    As Trevas, parece nao ter fim…
    No Quarto, Tranca, Chorando.
    Choro Eterno
    Dentro de mim!!

    Sera que algum dia me libertarei?!
    Não sei!
    Sera que um dia serei feliz?!
    Não sei!

    Só sei que a morte esta proxima,
    Agarrada em mim

    Sera que sera triste, sera que tera fim,
    As trevas dentro de mim!!!

  • Demônios e um sequestro – 3 de 3

    Demônios e um sequestro – 3 de 3

    Depois de ser “liberada da possessão” a camareira precisou receber os cuidados dos poderes mentais de Franz, que na sequencia saiu junto de H2 para fazer alguns preparativos para nossa busca. Fiquei com Julie no quarto, na expectativa de que ela acordasse de seu transe e me fornecesse mais dicas sobre o que poderíamos fazer.

    Não tardou e cerca de uns 20 min mais tarde ela reabria seus lindos olhos e antes que eu lhe dissesse qualquer cousa ela me fala: “Detesto estes momentos, ficar desacordada e sem o controle da situação, não faz meu tipo…” Certamente aquelas palavras lembraram-me de muitos momentos íntimos que tivemos, e para minha sorte ou não, ela aproveitou a situação e me puxou pelo colarinho da camisa. Na sequência me tascou um beijo daqueles que só uma possuída pelas artes das trevas se atreve a dar.

    Os “amassos” duraram mais alguns instantes, até que infelizmente reassumi o controle sobre meu demônio e coloquei uma breve pausa naquele momento profano. A linda boca carnuda de Julie mantinha constantemente um sorrisinho sacana e aquilo me deixou incomodado. Eu precisava saber mais das Wampir de meu clã e aquela pervertida não prestava nenhuma atenção no que eu falava… Tentei argumentar e pedir algumas informações, porém ao fim de uns 5 mim aquelas mãos geladas abriram o zíper de minha calça. Fora a típica situação onde os sentimentos do passado excitam o lado humano macho, que por sua vez precisa esquecer-se da matilha e agir como o alfa diante uma bela fêmea.

    Ao fim de mais ou menos uma hora, Franz e H2 retornaram e ai então finalmente pude se desvencilhar de cima daquele corpo macio e agora quente. Vestimos-nos e depois na sala, ao invés de uma, eram três me olhando com o famoso sorrisinho sacana. Confesso que nunca fui um líder nato, porém nesse tipo de situação eu prefiro manter as rédeas: …ram, ram, ram… Pigarreei e falei na sequência:

    – Bom, senhores… Sabemos o local onde Eleonor e Stephanie estão, agora o que vocês dois conseguiram para a ação de amanhã? Neste momento eu olho com a cara mais fechada que podia para h2, que percebe rapidamente a situação e responde com sua voz grave e alta de sempre.

    – Contei a Franz de um filme que eu vi, que imediatamente fez Franz se lembrar do que os senhores fizeram no Texas em meio aquela tribo indígena…

    Nesse momento Franz interrompe sua cria e nos fala:

    – Resumindo é aquela situação para se chegar atirando meu irmão. Talvez Julie possa nos dar cobertura com seus dons e tu, eu ou ambos na forma bestial, o que achas?

    Enquanto as lembranças daquele ataque de índios possuidos, vinham a minha mente. Julie se pronunciou. Fazendo enfim o que eu tanto queria, que era ouvir os pontos fracos daqueles malditos. Suas descrições foram precisas com relação a quais de nosso poderes os afetariam mais e ao fim de mais algum tempo, havíamos traçado o que eu julguei ser naquele amanhecer: o plano ideal.

    Descansamos durante todo aquele dia, Julie sozinha no quarto e nós três na sala. Franz, não pregou os olhos, pois ao final de nossa conversa sentiu algo diferente, tal qual uma espécie de premonição. Apesar disso, todos descansaram a sua maneira e partimos assim que tudo foi resolvido no loft.

     

    O início da noite surgia, e com ele a vontade de sair da garagem. O forte ronco do motor da Dodge 2500 ecoava por todo o lugar, H2 estava ao volante e a cada acelerada mais brava que ele dava, ficava mais nítida a intensa ansiedade de todos. Meu relógio de bolso que sempre está correto, informou 17h e 37m e isso foi suficiente para o tão esperado cantar de pneus. Confirmando assim nossa partida a toda velocidade para a maldita fazenda onde Eleonor e sua cria estavam presas.

    H2 havia recheado a caçamba da caminhonete com alguns de seus “brinquedinhos prediletos”. Uma Bazuca M9A1, algumas granadas estilhaçantes, fuzis e um pouco de munição, sendo estas últimas chamadas por ele de “batizadas”. Inclusive este tipo de colocação me faz lembrar uma das lendas que rondam H2, no qual alguns dizem que ele já foi padre…

    A escuridão completa e o silencio mórbido do interior só eram rompidos por nossa 2500. Muita poeira, muitos buracos e todo aquele mato a beira da estrada de chão batido, foram os primeiros a estimular nossa sede por uma boa briga. Foi a típica situação em que o coração, se estivesse vivo, saltaria ao peito em frenéticas e ritmadas batidas.

    E a adrenalina aumentou ainda mais, quando começamos a sentir ao longe a energia sobrenatural emanada, por todos aqueles que deveriam estar presentes em tal antro infernal. Neste momento pedimos a H2 que parasse a caminhonete e nos preparamos. Julie e eu fomos pelo mato no intuito de fazer algo surpresa, enquanto h2 e Franz iriam começar a festa pela porteira da frente.

    Tomei Julie em meus braços e com minha velocidade junto da força chegamos rapidamente até uma clareira, onde fizemos uma breve leitura do lugar. A área útil era muito grande e lá estavam apenas duas casas de madeira, um galpão com maquinário agrícola e alguns poucos homens armados e de vigília. Procurei pelas energias de Eleonor ou Sthephanie, no entanto, somente Eleonor vinha aos meus pensamentos e estava muito fraca.

    Comentei com Julie de me transformar em névoa para localizar mais facilmente as Wampir de meu clã. Porém ela foi incisiva me apontando: – Eleonor está no porão daquela casa! Foi quando no mesmo instante lhe dei um voto de confiança, passando nas sequência as coordenadas para Franz.

    Cerca de 3 minutos depois iniciava uma grande movimentação no lugar. A luz havia sido cortada provavelmente por h2 e alguns seguranças engatilhavam suas armas, ao mesmo tempo em que alguns outros indivíduos saíam das casas no intuito de entender o que estava acontecendo. Além disso, e para minha surpresa, entre eles estava Stephanie… A linda mulher que havia conquistado meu morto coração no início deste ano… Seus cabelos que viviam soltos agora estavam amarrados estilo rabo de cavalo, seu olhar era muito concentrado, sendo a maior mudança a sua energia, que agora era mais fraca e diferente.

    Mostrei para Julie quem era Stephanie e sua expressão ao vê-la não foi das melhores. Tanto que depois de uma breve analise ela se virou pra mim e tentou dizer algo, mas foi interrompida abruptamente pelo barulho de nossa caminhonete.

    Toda ação ou briga um pouco mais intensa, sempre geram novas sensações e esse resgate não fugiu a regra. Haja vista, que foi um daqueles do tipo que irá perambular por nossas cabeças por muito tempo…

    Ao longe era possível ver os grandes faróis da caminhonete, que vinha a toda para cima dos seguranças e em direção há uma das casas. Em cima da caçamba estava Franz no que nós chamamos de forma bestial, aquela mesma em que ficamos parecidos com um lobisomem. Ele estava com a bazuca no ombro e isso por si só já fez alguns presentes borrarem suas calças. Ainda se não bastasse uma besta empunhando um arsenal, H2 também havia feito um de seus procedimentos padrão antes de qualquer briga. Ele aumentou o som do rádio da caminhonete ao máximo e em meio às explosões provocadas por Franz era possível ouvir a agitada Highway to hell do ACDC.

    Os métodos de briga de Franz, H2 e até mesmo os meus podem ser vistos por muitos como joviais ou até impensados, no entanto, sempre deram muito certo. O ataque surpresa inesperadamente pela porta de entrada, havia pego de surpresa quase todos os nossos inimigos. Tanto que logo depois que H2 jogou a caminhonete contra uma das casas surgiu em mim o momento ideal para que Julie e eu agíssemos.

    A pequena e endiabrada Wampir iniciou um de seus rituais enquanto eu também adquiria minha forma bestial. Não tardou e uma nuvem cinza quase preta tomou conta da frente da casa onde teoricamente estava Eleonor. O ritual a meu ver era parecido com o que ela havia feito anteriormente no loft, porém agora todos que estavam próximos simplesmente perdiam a consciência.

    Já em forma bestial resolvo ir em direção à nuvem/casa, porém Julie me segura e amarra uma espécie de cordão feito de plantas em meu pulso direto. Nesta forma nos ficamos muito arredios, porém me contive o máximo que pude e ainda consegui ouvir algumas palavras da bela morena: “Vá e salve tua irmã, isso te protegerá do meu ritual”. Aquelas palavras me soaram tal qual um incentivo e certamente quem tivesse me vendo, perceberia uma besta com ódio nos olhos e muita sede de sangue.

    Deste momento em diante, quando meu demônio assume parte de minhas ações eu só consigo me recordar de poucas cousas. Porém antes de entrar na nuvem e depois na casa eu me lembro de desmembrar alguns amaldiçoados e também o que mais me marcou, ver Stephanie atacando H2. Nestes momentos dificeis as escolhas precisam ser feitas em frações de segundos, o que inevitavelmente me levou para dentro da casa, unicamente com o objetivo de salvar Eleonor.

    Dentro do lugar a nuvem de Julie havia feito um belo estrago, várias pessoas estavam pelo chão, porém antes que eu pudesse me dirigir para o porão sou surpreendido por um tiro de pistola, provavelmente .40 e que atingiu meu ombro direito. O forte impacto do projétil desloca minha atenção a quem o disparou e lá estava uma mulher seminua. Como eu estava praticamente ignorando a dor e antes que ela disparasse novamente, eu utilizei toda minha velocidade para lhe imobilizar agarrando-a pelo pescoço. Ela até tentou pronunciar alguma coisa, mas minha força foi tanta que lhe quebrei o pescoço em poucos segundos.

    De acordo com Julie a maior fraqueza de um seguidor das trevas é o longo tempo que precisam para conjurar seus rituais, neste caso atacá-los de surpresa é sempre a melhor alternativa. Então depois de uma breve verificada nos cômodos do lugar, eu fui para onde julguei que seria o porão da casa. No escuro total foi possível ver Eleonor sugando o sangue de um pobre coitado, no entanto, quando me viu ela parou e me disse: “Fê?” e depois deu uma risadinha perguntando via telepatia a mesma cousa.

    Quando estamos nesta transformação não conseguimos pronunciar qualquer palavra que seja, então telepatia ou leitura mental é uma boa forma de ao menos compreender o que se passa pela cabeça do Wampir. Cultura vampiresca a parte, ela percebeu que era eu e tratamos de sair logo daquele lugar maldito.

    Estranhamente Eleonor não havia sido afetada pelo ritual de Julie, e saímos tranquilamente por onde eu havia entrado. Todavia, ao rever a situação do lado de fora fomos pegos de surpresa por algo que mexeu muito comigo. Lá estava H2 ao chão sendo socorrido por Julie, que lhe doava um pouco de seu próprio sangue, enquanto Franz ainda na forma bestial segurava Stephanie pelo pescoço. Foram pouco segundo em que eu desfazia minha transformação e vagarosamente ia na direção deles.

    Sabe quando tu queres gritar, mas como num sonho as palavras não saem? Foi assim que presenciamos Franz utilizar suas garras para adentrar o peito de Stephanie, arrancando-lhe na sequência, sem qualquer dó ou piedade, seu desfalecido coração…

    Nem eu ou Eleonor sabíamos o que estava acontecendo, mas Eleonor que estava em sua forma normal e ainda mais vendo sua cria sendo sacrificada, tratou de correr o mais rápido que fosse ao seu socorro. Naquele instante eles estavam prestes a iniciar uma briga apocalíptica, quando Julie percebeu a situação e falou em claro e bom tom: “Parem, sua alma já estava perdida…”

    Naquele momento, Franz simplesmente largou o corpo desfalecido da jovem Wampir ao chão e tratou de voltar seu próprio corpo ao estado normal. Eu sabia que o momento estava complicado e mesmo nu tratei de procurar um transporte. Entre corpos queimados ou mutilados eu encontrei um Fiat do tipo Wekeend, no qual fiz uma ligação direta e voltei até eles. Todos entraram rapidamente e tratamos de ir embora do lugar o mais rápido que fosse possível. Julie nos disse que o efeito de sua “nuvem” duraria mais alguns minutos e isso foi o tempo que precisávamos para sair da zona de contato.

    Horas depois chegamos a um lugar seguro, no qual H2 havia previamente preparado para passarmos o dia que viria pela frente. Ficamos por ali até o inicio da outra noite, quando nos reestabelecemos e voltamos finalmente para um lugar seguro. Nesta outra noite Eleonor estava muito chateada, havia sido sequestrada, torturada, perdera uma cria e eu que até então estava com ela, agora estava com Julie.

    Como se ainda não bastasse tudo isso, tivemos de escutar também em meio a nossa conversa, mais uma daquelas frases célebres de Franz: “Já que tudo foi resolvido, inclusive com nossa querida maninha, fato que deixará papai muito feliz. Podemos ir relaxar por hora em algum dos nossos puteiros, em meio aqueles belos e deliciosos sacos de sangue quente o que acham?”.

    H2 e eu rimos, Julie ignorou, já Eleonor simplesmente fechou a cara e foi para um dos quartos. O mais engraçado é que Franz realmente falava sério, partindo minutos depois com seu pupilo em busca de diversão. Fiquei mais um tempo com Julie, que também nos deixou, mas que antes de sair me incentivou a ir cuidar de Eleonor.

    Assim terminava mais uma de nossas histórias, onde mais uma vez havíamos escapado por pouco de nossos inimigos. Noites depois Eleonor decidiu ir para junto de Georg, levando consigo a filhinha de Stephanie e na expectativa de ficar talvez por algum tempo aprendendo algo novo junto de nosso mestre. Já eu estou aqui fazendo o de sempre, tirando minhas fotos, administrando nossas empresas e tentando produzir novas histórias, numa espécie de recomeço junto Julie.

  • Amor à primeira vista

    Amor à primeira vista

    Diretamente de algum lugar no mundo, eu acabo de receber por e-mail mais uma bela história da Evelyn. Sim meus caros, a bruxinha continua aprontando das suas por ai…

    Amor à primeira vista

    Evelyn conheceu Jaques quando ainda cursava a faculdade. E não foi difícil notar o interesse mútuo. Colecionador de arte e homem de sucesso no mundo dos negócios, Jaques era o alvo perfeito de Evelyn.

    Ele se casou muito jovem com a sua namorada de escola. Os dois passaram por tempos difíceis ou de pouco dinheiro, até o dia em que Jaques abriu em sociedade com um cunhado, uma pequena firma de empréstimos. Época no qual também veio o primeiro filho do casal.

    O negócio começava a prosperar e tudo ia muito bem à família. Mas um fantasma do passado voltava a assustar. A mãe da esposa de Jaques havia morrido de forma repentina há muitos anos e além disso, no ano do nascimento de sua segunda filha, seu cunhado, do qual era sócio, faleceu da mesma maneira. As circunstâncias que antecederam as duas mortes foram muito parecidas, muito ativos e aparentemente saudáveis e sendo acometidos por algo súbito.

    Caroline, a esposa de Jaques, ainda era jovem, ela nem havia completado 30 anos quando sua filha nasceu. Mesmo assim, começou a acreditar que teria o destino da mãe e do irmão. Em função disso, começou a ir a todos os tipos de médicos especialistas e sempre em busca de algo que pudesse estar errado.

    Depois do falecimento do sócio, que não tinha descendentes diretos, Jaques assumiu sozinho o negócio, que agora se transformava em um poderoso banco. E dinheiro deixou de ser uma preocupação para a família.

    Os filhos foram crescendo e Caroline entrou na pior parte de sua crise quando completou 45. Ela não quis nem comemorar a data. Passava dias no hospital fazendo intermináveis check-ups e duvidava de todo médico que não lhe prescrevia algum remédio. Ela também não aceitava ajuda, nunca concordou em ir ao psicólogo ou procurar um terapeuta. A vida de Jaques tornava-se então um verdadeiro inferno.

    Com os filhos entrando na adolescência e a esposa afundando cada vez mais na loucura hipocondríaca, Jaques decidiu por enviá-los a um internato fora do país. A caçula foi enviada a Suíça, coincidentemente, ao mesmo internato que Evelyn estudava.

    No dia em que Caroline completou 47 anos, ela decidiu entregar-se e disse que era hora de parar de fugir da morte, assim deitou-se na cama pela última vez. Com o passar dos meses, já no hospital em uma espécie de transe proposital, seu corpo foi definhando até seu destino final.

    Sem saber muito como explicar aos filhos o que acontecia, Jaques se fechou ainda mais em seu escritório e passava agora também as noites trabalhando. Sozinho na mansão da família, ele lia e interessava-se cada vez mais por arte, transformando-se aos poucos em um verdadeiro amante dos pintores renascentistas. Referências que inclusive o estimularam a iniciar algumas pinturas, à medida que também se afundava cada vez mais em várias garrafas de Whisky.

    Jaques conheceu Evelyn em um dos primeiros leilões de arte que foi após o falecimento de sua esposa. A imagem da jovem radiante, que escutava atentamente um velho pintor bêbado declamar sua arte, o acompanhou por muito tempo.

    – Quando a verei novamente. Pensava ele…

  • Quem é a vampira Julie Davonz

    Quem é a vampira Julie Davonz

    Londres, 1866.

    Julie Davonz, no auge de seus 21 anos de idade, era do tipo de mulher que não esperava acontecer. Sempre determinada e forte, corria atrás de seus desejos e lutava por seus ideais. Esbanjava sensualidade e um ar superior, o que muitas vezes acabava causando medo, principalmente aos homens.

    Já havia algum tempo que deixara o povoado de Brighton onde havia nascido e morava com sua mãe, para correr atrás de seus sonhos e uma nova vida na cidade grande. No entanto, como as coisas às vezes acabam não saindo como planejado, o jeito foi se virar da maneira que pode.

    Morando sozinha e vendo o último salário, fruto de seu árduo trabalho de empregada, se desfazendo rapidamente, ela resolveu procurar um novo emprego pela cidade. A busca durou certo tempo, porém nada lhe agradava, até que soube de algumas vagas em bordéis. Neste período do sec. XIX, Londres era o centro da prostituição, e que alias na verdade, tinha muito a cara dela. Tendo em vista isso e toda a disposição da moça, digamos que no primeiro lugar em que foi, ela preencheu todos os requisitos e logo em seguida foi contratada para sua ‘’grande‘’ estreia.

    A partir desta primeira casa em que trabalhou, começou a conhecer muitas pessoas, adquirindo desta forma diversos contatos por todos os cantos onde passava… Durante as noites da semana ela prestava seus serviços em famosos pontos, cafés e até nas ruas. Sendo estes prestados frequentemente para homens bem sucedidos a sua escolha, que deixavam suas pobres esposas em casa para cair na libertinagem noturna. Foi então que em mais uma de suas noites de atendimento num dos bordeis, conheceu um misterioso homem, do jeito que inclusive lhe fazia suspirar ou até mesmo arrepiar todo seu belíssimo corpo.

    Seu nome era Armando Kemena, mas apenas Arman para os mais próximos, descendente de espanhóis, por volta de se seus 30 anos de idade, com um olhar penetrante, desafiador e excitante. Barba daquelas por fazer, sempre perfumado com seu inseparável e insinuante chapéu preto e muito bem vestido. Tais quais muitos outros ele também não resistiu à sensualidade e encanto daquela linda jovem morena de cabelos lisos, curvas hipnotizantes e lábios carnudos. Tanto que depois da apresentação ele a chamou para um canto e fez algo diferente para a época, tratando-a com muita educação, lhe oferecendo bebidas, quase como se estivesse tratando-a como uma nobre.

    Ao passar de algumas horas, parecia que eles se conheciam de uma vida inteira, com gostos e pensamentos compatíveis, um dialogo extremamente descontraído e até mesmo bem íntimo. Tanto que só optaram por ir embora, quando a casa já se encontrava com todas as cadeiras reviradas, o barman guardando os últimos copos lavados e com a luz do luar penetrando as portas e janelas parcialmente trancadas.

    Foi quando que para finalizar, ou melhor, começar, que o encantador homem misterioso e como um grande cavalheiro, se ofereceu para acompanhar Julie de volta até seu frio e vazio apartamento. O prédio da moça ficava algumas quadras dali, num bairro de classe média e onde costumavam morar também alguns operários e outras prostitutas. Apesar de ficar um pouco sem jeito, Julie aceitou e eles saíram do estabelecimento rumo à escuridão gélida da noite. Ela nunca se esquecera de quão confortável estava na companhia de Arman, tanto que foram conversando por todo o trajeto, sem nenhum aspecto de cansaço, sono ou coisa do tipo. Era como se a diversão estivesse apenas iniciando.

    Para compensar o acompanhamento e ser gentil, além de querer continuar ao lado dele, Julie lhe convidou para entrar e “tomar um café”. Daquele momento em diante, tudo aconteceu perfeitamente, quando finalmente entre uma conversa um pouco mais picante, aproximaram-se e enfim sentiram o calor de seus corpos, que de imediato os levou para o quarto.

    Em uma espécie de êxtase, naquele fim de madrugada ela sentiu algo que jamais imaginava ,como se estivesse em outro mundo e ao final, em uma mistura de sensações reais e de fantasias, acabou adormecendo. Acordou somente as 3 da tarde, com o insistente miado de seu querido e amigável gato branco chamado ”Mingau”, que lhe fitava com imensos olhos azuis em cima do criado mudo. Foi aí que olhando para seu lado da cama, encontrou somente um bilhete dizendo poucas palavras que nada entendeu:

    ” Adorei esta noite, mas será melhor ficar sozinha. Espero que entenda. Voltarei na hora certa, Arman”.

    Pensando mais uma vez ter sido usada por outro espertinho qualquer, levantou-se desolada e caminhou ao banheiro, rumo a um demorado banho, quando sentiu uma forte tontura e sentou-se em meio ao corredor. Suava frio, sua pele morena parecia opaca e sem vida, e enjoos terríveis iam e viam a todo o momento.

    Então criando forças, conseguiu se levantar e entrar no banheiro. Tirou sua roupa, ergueu os cabelos para amarrar no estilo coque, passou a mão pelo pescoço e sentiu de imediato duas pequenas perfurações, uma ao lado da outra. Pensando ter sido uma picada de algum inseto, tentou entrar no banho, mas teve de correr de volta para sua cama num horripilante mal estar.

    Delirava em um estado parecido com o febril, coisas sem sentido ate então, como fleches da noite passada, com algumas cenas que ainda lembrava e outras que pareciam impossíveis de ter acontecido. Via sangue em suas bocas enquanto se amavam e os enormes caninos do seu amante enquanto a possuía. Até que sem perceber adormeceu novamente, acordando apenas às 10 da noite com um forte barulho na janela do quarto. Ainda sem entender o porquê de estar daquela forma e muito menos aquelas visões sem nexo, fechou a janela e resolveu voltar para cama.

    No entanto, no exato momento em que se virou novamente para se deitar, deu de cara com aquele charmoso e agora detestável homem ao pé se sua cama. Mais do que chocada, ela tentou  lhe perguntar como havia entrado ali, porém ele não a deixou completar a frase. Levando gentilmente a mão à boca de Julie e pedindo para que ficasse calma, pois explicaria tudo que havia acontecido e o que ainda estava para acontecer.

    Ao final de sua explicação, Julie deu uma enorme gargalhada seguida de um grito, no qual aclamou por ” SOCORRO! ”.  Neste momento como num piscar de olhos, Arman se afastou um pouco, colocou um sorriso de desdenho em sua boca e apenas lhe disse que a deixaria entender e aceitar tudo por si só. Depois se aproximou novamente, deu-lhe um leve beijo em sua testa, que inclusive a fez fechar os olhos e desapareceu novamente como num passo de mágica.

    Indignada com tudo que acabara de escutar e ver, mas sem forças para ao menos sair do quarto, deitou novamente pensando em todo aquele absurdo. Naquele instante ela sentiu medo, achando que havia se envolvido com um louco. Porém depois de alguns instantes adormeceu novamente, tendo outras visões terríveis com o mesmo contexto anterior.

    Então às 2 da manhã uma fome nunca antes sentida acordou Julie, que parecia estar ótima, como se nada tivesse acontecido anteriormente. Vestiu-se, achando ainda sua pele opaca e agora muito fria, e seguiu para a cozinha a fim de comer algo. Beliscou uma maça que logo lhe fez um mal absurdo, como se estivesse engolindo fogo. Foi então que decidiu sair para caminhar sem rumo, com o intuito de pensar ou ao menos tentar entender tudo que acabara de vivenciar.

    Foi então que ao passar pelas pessoas nas ruas, que naquela hora da noite eram em sua maioria bêbados ou prostitutas, começou a ter desejos totalmente estranhos e animalescos. Como uma selvagem, sentia cheiros, via e ouvia coisas que jamais um ser humano normal poderia. Quando novamente teve a sensação de fome tomando conta por completo de seu ser. O estranho daquele momento é que ela percebera que não queria uma comida qualquer, mas sim carne, ou melhor, o sangue da carne. Chegando em seguida há uma conclusão ainda pior: Quero sangue de humanos!

    Julie estava incontrolavelmente louca de “sede”. Sentia o cheiro do plasma e até mesmo podia vê-lo correndo pelo corpo de cada um que cruzava seu caminho. Impensadamente e tomada por um desejo demoníaco, ela se via perseguindo outra jovem, quando inesperadamente em uma daquelas escuras esquinas, Armand surge a sua frente e lhe diz com sua voz sexy e doce:

    ”Entendes agora minha cara? Se quiseres minha ajuda é só pedir!”

    Naquele instante Julie se desesperou e um ódio frenético tomou conta de seu ser. Não conseguia pronunciar uma palavra que fosse e tudo que conseguiu fazer foi esmurrar o peito de Arman, ao mesmo tempo em que algumas lágrimas molhavam seus belos olhos. Um choro soluçante havia tomado à moça e enquanto Arman lhe abraçava forte, os pensamentos certos, pareciam ter invadido sua mente. Agora tudo fazia sentido: já não era mais uma humana, e havia sido transformada em um Wampir. Arman viu em Julie um ser completo ou pelo menos alguém que lhe seria uma bela companhia para noites que até então o eram frias e solitárias.

    Julie precisou de aquele momento em diante acostumar-se com sua nova forma e obedecer aos ensinamentos de seu mestre e amante. A partir dali, deixou para traz tudo o que dizia respeito a sua forma humana, inclusive o contato com sua mãe.

    Com o passar dos anos o Wampir lhe ensinou tudo o que sabia e lhe era cada vez mais carinhoso e compreensivo. No entanto, a única coisa que a Wampir não conseguiu deixar para traz, era o trabalho em bordéis ou lugares do tipo.

    Tudo isso era facilitado por um estabelecimento que Arman possuía. Um cabaré dos idos de 1817, onde sempre havia boa musica e mulheres se apresentando de diversas maneiras. Claro que tudo era na verdade apenas uma fachada, onde funcionava um imenso esquema de banco de sangue para outros vampiros: os clientes entravam, e então os deslumbrantes seres da noite, que disfarçadamente se faziam presentes, seduziam e os atraiam. Tanto homens quanto mulheres, depois de atraído eram levados para algum quarto no lugar ou nas proximidades, e possuíam seu precioso sangue sugado até a última gota. Ao fim da alimentação os corpos eram ocultados por Arman ou seus seguidores, que inclusive lucravam muito com tal esquema.

    Fora inclusive em uma dessas noites que Julie conheceu Franz, o Wampir se encantou rapidamente pela Wampir novata. No entanto, apenas Ferdinand conseguiu digamos ir além da amizade com ela. Fato que até hoje provoca certas brincadeiras entre ambos…

    No entanto, o negócio de Arman não durou muito tempo, um famoso bon vivant da época fora morto em seu estabelecimento e a policia chegou até o lugar. Todos tiveram de largar tudo as pressas e na fuga Arman fora morto em uma batalha entre vampiros e demônios.

    Julie sentia-se totalmente perdida e não sabia o que fazer, quando aceitou prontamente o convite de Ferdinand para ir viver com seu clã no então novo mundo do Brasil. A ideia seria começar uma nova história e bem longe da sujeira londrina. No entanto, devido aos vários pensamentos que a perturbavam, depois de um tempo ela optou por viver sozinha, de forma independente a clãs ou seitas. Além disso, o ódio aos demônios que mataram seu mentor lhe serviu de base para que se aprimorasse em tais estudos e a fizesse se tornar um tipo de especialista nos assuntos das trevas e suas ramificações.

  • Demônios e um sequestro – 2 de 3

    Demônios e um sequestro – 2 de 3

    Liguei para Julie e a bela Wampir de lábios carnudos, me atendeu prontamente. “Quanto tempo Fê, achei que tu nunca mais me ligaria, saudades das minhas mordidinhas, seu safadinho?” Digamos que Julie sempre foi um tanto quanto direta e nunca se esqueceu dos vários momentos que já tivemos mundo a fora. Porém, naquele momento não cabiam brincadeiras e fui direto ao assunto. “Ju, deixe nossas traquinagens para outro momento, estais por perto? Preciso de tuas habilidades demoníacas, Eleonor e sua cria foram sequestradas…”

    Independente de ela ter percebido minha aflição, ou pelo simples fato de apenas querer estar próxima a mim, ela não relutou e disse que me encontraria em breve. Então na noite seguinte, perto das 23 horas estávamos Franz, H2 e eu discutindo alguns planos. Quando o interior do lugar começou a ficar escuro, as lâmpadas do ambiente não conseguiam mais iluminar e no momento em que a mais completa escuridão tomou conta de tudo, um silêncio apavorante complementou a situação.

    Todos nós já havíamos enfrentado tal ritual em momentos passados, porém desta vez o fator surpresa não estava a nosso favor. No máximo 30 segundos haviam se passado desde o início de tudo e quando eu estava prestes a tentar fazer o contra ritual. A escuridão se dissipou, surgindo imediatamente a minha frente à linda e formosa Julie. Naquele momento ainda estávamos sob o efeito do ritual, ou seja, com a visão turva e tudo que consegui fazer foi aguardar. Na sequência a Wampir me abraçar e sussurrou em meu ouvido: “Boa noite meu vampirinho gostosinho, finalmente estais solteiro e só para mim?”.

    Seus sussurros e sacanagens contadas próximas de meus ouvidos, sempre me seduziram facilmente, mas naquele instante, me controlei e a afastei carinhosamente de perto de mim, ao passo que também fui lhe dizendo “Ju minha querida, por favor acalma-te a situação é complicada, vamos resolver o sequestro de Eleonor, depois comemoraremos, quem sabe…”

    Franz e H2 foram mais diretos que eu e depois das formalidades, repassamos tudo o que havíamos previamente planejado. A primeira necessidade que tínhamos era obviamente saber do paradeiro de Eleonor e Stephanie, no entanto, Julie sabia exatamente quem nos diria isso…

    Para abrir espaço ela afastou alguns móveis da sala, depois pegou um carvão em sua mochila e rabiscou alguns dizeres pelo chão. Na sequencia, espalhou por todo o ambiente um pouco de enxofre, que estava misturado a vários outros componentes, enquanto também pronunciava algumas palavras em latim. Depois deu a cada um de nós um selo desenhado num simples pedaço de folha de caderno e nos disse para mantê-lo junto ao corpo. Só para constar Franz colocou dentro de sua cueca…

    Iniciava-se naquele instante um ritual de conjuração ou como alguns preferem chamar, demonização. Lembram-se de quando eu falo do meu demônio, que as vezes age por mim em algumas situações? Julie e alguns outros, conseguem controlar ou pelo menos se comunicar com seus “companheiros demoníacos” e era isso que ela pretendia fazer naquele momento.

    Certamente eu se eu soubesse do que iria acontecer eu teria escolhido um lugar menos visado, que um hotel para aquela reunião, mas isso são detalhes… Ficamos os quatro um de frente para o outo na intensão de fazer um pequeno círculo. Julie cortou um de seus pulsos com um punhal ritualístico e novamente pronunciou mais algumas palavras em latim. Naquele instante as luzes começaram a piscar e o ambiente começou a esquentar.

    Depois de alguns segundos algumas lâmpadas queimaram, e tudo o que era mais sensível, incluindo nossos pertences e alguns objetos mais delicados da sala ficaram com a aparência de derretido ou chamuscado. Era nítido o calor vinha do corpo da vampira, e quando ela atingiu o ápice de seu transe, ela simplesmente desmaio. Naquele instante me aproximei de Julie, seu corpo estava mais quente que o de um humano normal e só me restou colocá-la no sofá para descansar.

    Cerca de uns 5 minutos haviam se passado, o calor já havia se dissipado e estávamos na sala aguardando Julie acordar, quando alguém bateu a porta do flat. Fui atender e era uma das camareiras. Mal a ví, tentei lhe dispensar, porém ela me surpreendeu com um olhar fixo, as pupilas de seus olhos estavam muito dilatadas e ela me disse: “Não vai me convidar para entrar senhor Wampir?”

    Nesse momento eu dei uma olhada, tentei dar aquela mexida na porta, mas o pé da fulana estava segurando. Com isso e num ato impensado me senti coibido a deixar que ela entrasse. Ela caminhou lentamente entre nós, quase como se estive dentro d’água, foi até Julie, acariciou sua face, sentou-se no sofá e colocou a cabeça da Wampir sobre seu colo. Então entre mais alguns cafunés , ela iniciou uma breve conversa conosco, sempre com uma voz suave e muito encantadora.

    “Tadinha, sempre que me procura ela fica assim, tontinha, fraquinha… Vocês querem saber do paradeiro das outras não é mesmo? Pois bem eu proponho uma troca, mas adianto que minha doce Julie não poderá saber disso. Caso contrário tenho uma legião de fãs, que virá lhes puxar os pés enquanto dormem. Prestem atenção… ”

    Pacto feito e na noite seguinte partimos para uma fazenda, afim de por um ponto final nesta situação ridícula, que ocorrera com minhas queridas Eleonor e Stephanie.