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  • Numa noite qualquer…

    Numa noite qualquer…

    Numa noite qualquer, daquelas que o tédio se sobressai, resolvi dar uma de minhas voltas sobre a luz da lua, e para não parecer poético demais, sobre a luz dos postes também… Era madrugada, e enquanto grande parte dos humanos se encontrava em sonos pesados lá estava eu, caçando confusão e bons pescocinhos para morder.

    A verdade é que me encontrava em uma daquelas fases “revolts” onde o desejo de arrancar a cabeça de alguém se torna mais forte. E sim, me sinto muuuuuito mais legal assim. Lorenzo que era um pouco devagar para me acompanhar, sabiamente preferiu ficar em casa. Naquela noite, não sai apenas para uma caminhada noturna. Eu queria fazer o mal. “-Mas Becky, você é uma vampira tão querida e gentil com todos, não acredito que faça maldades por ai.” Pois é, assim como muitos não acreditam em vampiros e nós estamos aqui! E… Não, meus queridinhos, vampiros não são bonzinhos, não brilham e não se alimentam de bichinhos na floresta. Essa piada já está velha, não está?E nós vampiras, nem de perto somos donzelas em perigo… Nós somos o perigo! (Imaginem minha risada sarcástica, enquanto escrevo isso!)

    Usava o habitual para a noite. Um vestido de veludo preto, botas over-the-knee e uma jaquetinha de couro bordô, a dica de usar vermelho para disfarçar o sangue é super válida! Meus cabelos soltos ao vento faziam movimentos em onda enquanto eu curtia um som da banda Oomph, Yes, my favorite band!. Dirigindo meu conversível novo em alta velocidade pelas amplas avenidas da cidade. Ao mesmo tempo, pensava em algumas questões, como sempre, meus pensamentos não param sequer um instante e viajam em ideias como um turbilhão. Mas, o momento não era propicio para isso e sim, eu deveria procurar me divertir um pouco, depois de tanto tempo cuidando de Lorenzo, de meus negócios e de problemas alheios nas quais eu não deveria me importar realmente.

    Parei o conversível em uma esquina qualquer, próximo a um dos meus lugares favoritos. Era noite de show, alguma banda cover pelo que percebi ao entrar. Havia uma grande quantidade de pessoas, no entanto, não havia sentido a presença de nenhum ser sobrenatural por lá. Enrolei, observando o lugar com uma bebida em mãos, que mal toquei nos lábios.

    – Quem será minha vitima esta noite… – falei baixinho.

    No entanto, acabei me misturando aos humanos que dançavam freneticamente, alguns podres de bêbados tinham o prazer de sentir o ardor de minha mordida discreta, seguida da tradicional “lambida” para cicatrização. Bem alimentada e após me divertir fazendo alguns humanos de marionetes, para treinar meus poderes de manipulação decidi que era hora de voltar. Mas eu não estava satisfeita… Ainda… Tudo estava muito tedioso de certa forma.

    Quando chegava onde havia estacionado meu carro, percebi uma movimentação estranha, uma mulher que provavelmente saia da festa, atravessava a rua caminhando apressada e logo quase correndo. Estava sendo seguida, ou melhor, perseguida por dois caras. Resolvi segui-los sorrateiramente para ver até onde tudo aquilo chegaria, essas situações parecem tão comuns em nosso caminho…  Destino? Acaso? Ou sempre atraímos confusão? Naquele momento eu desejava saber me transformar em névoa, ou mudar de forma, como Ferdinand, mas tinha meu “jeitinho” para não ser vista. Vi nos pensamentos dos caras, imagens obscenas, desejos sórdidos sobre aquela pobre coitada, que por que raios estavam na rua durante a madrugada, sozinha? As mulheres deveriam ter essa liberdade, mas não, elas não têm.  Mas, aquela era a minha chance de fazer o mal que tanto desejava para aquela noite, mesmo que ajudando uma senhorita em apuros.

    Os caras a encurralaram em uma esquina, jogando-a na escuridão de um beco, parecia até uma abordagem típica dos filmes. Fiquei assistindo eles tentando fazê-la ficar quieta, até deixá-los ouvir o barulho de meu salto naquela rua esburacada dos infernos, sabem bem como é andar de salto em um lugar desses, isso é difícil até para mim. Olharam para trás, viram apenas meu vulto desaparecer. Olharam para o lado, e sentiram o vento de minha passada rápida sobre suas costas. A mulher respirava ofegante, pensando em uma forma de escapar e ao mesmo tempo com medo do que estava acontecendo.  Esperei alguns segundos, quando os malditos se voltaram para a garota puxei os dois pela gola de suas camisas afastando-os e jogando-os em um monte de lixo.

    -Vá embora agora garota. A madrugada não é feita para moças indefesas… Vá!- Falei com os olhos cheios de malicia enquanto sem perder tempo, ela corria.

    Voltei-me para os caras ainda tontos, mas que se erguiam do chão:

    -Hey gostosões do bairro! Venham mexer com alguém da laia de vocês! – Falei me divertindo.

    Os caras investiram contra mim nervosos. Estufei o peito “como se ganhasse fôlego” e fui direto para o ataque, enquanto segurava um deles pelo pescoço preso à parede, mordia o outro até o sangue acabar em todo seu corpo. A beira de perder a consciência, aquele a quem segurava em minhas mãos, perdeu bons pedaços de seu corpo nojento, apenas pelo meu prazer de ver o sangue escorrer e, para poder lambê-lo em seguida. Não houve muito barulho, nem bagunça, só uma sujeirinha, na qual dei um jeito depois.  Mas, em certo ponto senti que perdia o controle e vi suas vidas se acabarem em minhas mãos de um jeito doentio. Passei alguns minutos observando meu feito, deixei-os ali, próximos as latas de lixo, virei às costas e voltei para casa sem olhar para trás….

    Numa outra noite qualquer…

    -Hey Becky, viu essa noticia? “Dois homens são brutalmente assassinados no bairro… Policia conclui que ação foi vingança do tráfico…”

    É, digamos que foi… Refleti sobre a palavra “vingança”. De quem? Do que, afinal?

  • GONE

    GONE

    -Hey! Wake up sleepbeauty! ( Bom dia bela adormecida!)

    -What the fuck Steve? (Mas que porra Steve!)

    -Come on! It’s late! Get your ass from the bed!( Ah fala sério! Está tarde! Sai dessa cama!)

    -No! ( Não!)

    -Don’t be a fucking kid! Get up man! ( Não seja uma criança! Levanta!)

    -Why? (por que?)

    -Let’s get out! Have some ride Lili!( Vamos sair Lili! Vamos andar de moto!)

    -Oh for fucks sakes! ( Ah minha puta que pariu!)

    -Comeeeeeee Liliiiiiiii!!! (vamossssss Liliiiiiii!!!)

    -Okay okay… Let me put my pants on… (Ta ta! Deixa eu colocar as minhas calças…)

    —-

    Porque? Nada nesse mundo tem sentido,minha cabeça estava a mil, me sentia inútil e de mãos atadas, o frio da noite pesou em meu corpo e a tristeza hoje é a minha compainha… Com o Steven em meus braços, o sangue quente dele escorrendo por minhas mãos e pernas ali estava eu, sentada no chão com ele, meu amigo antes forte agora estava frágil, eu sentia a vida dele indo embora e eu não podia fazer nada e em meu desespero, a tentativa em vão de te-lo de volta, falei baixinho em sua orelha – Steve please wake up, please, please… Don’t leave me… Just don’t… – Senti algo que há muito tempo não sentia, lágrimas, vermelhas descendo por meu rosto. Eu estava  dando Adeus para um ser que eu amei profundamente, onde o nosso laço era uma dos mais fortes que tive na vida, eu estou dando tchau para o Steve, que teve sua vida roubada da forma desumana-  Don’t go… I’ll miss you my friend, please stay with me Steve… – Em vão e logo a vida deixou o corpo do meu grande amigo, com ele em meus braços eu dei o meu último adeus – Good bye my friend, my the woolf spirit leeds you for the high moutains… I’ll be with you in my heart..

    —-

    Pela perspectiva do Daniel.

    Faz tempo que eu não vejo meus dois grande amigos, acho que não há nenhuma mal em ir visita-los sem avisar, afinal Steven estava morando com a Lilian depois que ela voltou de viagem e é sempre muito bom estar ao lados deles, a companhia deles me faz bem.

    Na primeira oportunidade peguei um jatinho particular e fui ao encontro deles, após algumas poucas horas de viagem cheguei na casa da Lili, percebi que as luzes estavam apagadas, mas como tenho a cópia da chave eu entrei, deixei minhas malas no que era dito como meu quarto e fui para a cozinha, provavelmente aqueles dois estavam por ai metidos em alguma farra, então me dei o prazer de tomar um O+ guardado com uma pitada de Jack antes de sair dali a procura  dos meus “uma noite e nada mais” amigos.

    Ao chegar na garagem percebi que haviam ido de moto, então não me resta opção a não ser dirigir o bebê possuído da Lilian, chamado carinhosamente por ela de “The Black Demon”. Voltei até a cozinha e peguei as chaves do Mustang, na metade do caminho resolvi ligar para Lilian, mas ela não atendeu, liguei para o Steve e ele não atendeu. Algo estava errado, liguei novamente e nada…  Depois de algum tempo andando pela estrada, parei o carro no acostamento, sai e tentei localizar eles, silêncio, e nada, até que ouço algo distante, parecia um grito…. Mais alguns segundos e pude sentir de onde vinham e em meu interior eu sabia de quem eram, voltei ao carro e dirigi o mais rápido possível, parei próximo ao que parecia uma estrada de terra, sai novamente do carro e corri o mais depressa que pude, foi então quando me aproximei que vi o que meu coração a muito tempo adormecido não queria ver, lá deitado no colo da Lilian e agora sem vida estava Steven, ele partiu deste mundo, gravemente ferido, Lilian estava banhada de sangue dele e o que eu pude perceber ela também estava ferida, havia um corte profundo em suas costas, mas sendo uma vampira a recuperação dela viria rapidamente, mas infelizmente Steven não teria a mesma sorte.

    -Lili! – Me ajoelhei em frente a vampira que tinha lágrimas vermelhas escorrendo pelo rosto pálido, ela virou o rosto para me ver – Eu estou morta? É você mesmo Dani?- as lágrimas corriam nos olhos dela, o sentimento de culpa e tristeza misturados nos lindos olhos verdes tomados pela vermelhidão, meu coração gelado estava em mil pedaços – Não meu amor não, eu estou aqui com você… – Eu a abracei e toquei o rosto de Steven, o que aconteceu ali era algo para depois, agora deveríamos enterrar o nosso amigo com honras e na terra dele.

    —-

    Visão da Lilian.

    Era aqui, em meio aos Vidoeiros junto aos amigos e descendentes do Steven que iriamos nos despedir dele uma última vez. Meu amigo lobo, tinha partido e eu falhei em defende-lo, ao ouvir as palavras do xamã deles uma lágrima solitária desceu por meu rosto – Não devemos nos despedir com tristeza, a despedida por mais dura tem que ser exaltada! Steven morreu em batalha, morreu lutando, morreu como um guerreiro! Guerreiro nosso! Que o grande lobo o guie, que o guarde e que na dimensão dos sábios lobos o nosso Steven corra livre, que sua forma natural fique solta pela eternidade e quando ele olhar para nós aqui neste lado, que ele se orgulhe de quem nos tornamos! Steven esse não é um adeus eterno, é apenas um até logo… Nos vemos em breve, que as estrelas lhe façam bom caminho! – as palavras do xamã atingiram o mais profundo da minha alma, pois se há uma outra dimensão eu provavelmente não vou para lá e não vou ter mais o prazer de abraçar ele de novo…

    Ao me aproximar do caixão entalhado com imagens dos lobos, dei um último beijo na testa dele e olhei seu rosto agora sereno, distante – Eu vou sentir a sua falta… – E foi assim que eu o vi uma última vez, não consegui ficar para ver ele ser enterrado pois não queria lembrar dele indo para aquele lugar, quero lembrar dele ao meu lado, sorrindo e me chamando de chata por inúmeras vezes…

    Caminhei de volta para o meu carro, abraçada com Daniel, caminhamos em silencio, Daniel me conhece melhor do que ninguém e sabe que agora eu precisava mais do que nunca ficar em silêncio. Ao chegar em minha casa fui até o quarto do Steven, comecei a arrumar as coisas dele, colocar dentro do armário até que achei o celular dele, ele odiava aquilo, sempre esquecia de levar consigo e nunca deixava com som, ele tinha mania de deixar no silencioso.

    Passei por algumas fotos vagas da natureza que ele tirava durante o dia, para me mandar até que um vídeo dele tentando tirar uma selfie que na verdade estava se filmando, mechamou a atenção. Ali estava ele sorrindo enquanto tentava tirar uma foto – Como é que funciona esse negócio? – em meio as risadas dele eu me senti melhor e guardei aquele vídeo para mim, uma eterna recordação daquele sorriso que um dia encheu a minha casa de alegria.

    Fui até o Daniel, sentei ao lado dele no sofá e coloquei minha cabeça em seu ombro, ele colocou um braço em volta de mim – Dani, eu cansei… Acho que está na hora de parar um pouco.. – Ele me olhou confuso, não entendeu muito bem o que eu queria dizer – Dani está na hora de retornar  para os muros da Ordem, preciso descansar por algum tempo indefinido… – Agora ele entendeu e sua feição mudou, pareceu mais triste ainda, mas mesmo assim consentiu com a cabeça – Então que seja minha amada vampira… Vou ligar para o Trevor e pedir que os preparativos adequados sejam feitos e antes de tudo Lili avise o Ferdinand, ele gostaria de saber, afinal vocês são amigos. Ele merece sua consideração. – E com isso Daniel se retirou, eu com o celular na mão digitei um e-mail para Ferdinand, sentiria falta dele e de todos do clã, mas preciso para algum tempo, me retirar deste mundo antes que a escuridão tome conta do que ainda resta da minha alma.

    Meu querido amigo Ferdinand,

    Sei que andas ocupado por isso deixo aqui algumas palavras e espero que as guarde.

    Não sei até quando vou ficar longe, mas devo me retirar por algum tempo, ficarei na Ordem e não sei quando retorno, por isso deixo aqui o meu muito obrigada por todo esse tempo e esse companheirismo. Você é um grande amigo, um vampiro excelente e sim és um homem excepcional. Sentireri sua falta e de todos do clã, em especial a Beck, Franz e Hector.

    Espero te rever em breve.

    De um beijo em todos por mim.

    Att: Lilian King

    Seeya soon my friend.”

    “Say something, I’m giving up on you

    I’ll be the one if you want me to

    Anywhere I would have followed you

    Say something, I’m giving up on you

    And I

    Am feeling so small

    It was over my head

    I know nothing at all

    And I

    Will stumble and fall

    I’m still learning to love

    Just starting to crawl”

  • O mistério do lobisomem – pt4

    O mistério do lobisomem – pt4

    Já leu a parte anterior?

    Cheguei com a Lobisomem numa casa de chás, ervas, produtos naturais e demais materiais relacionados a flora e fauna. Estava na cara que o lugar pertencia a uma bruxa. “Pelo menos eles estão conseguindo se misturar com os humanos” – Pensei comigo.

    – Olá boa noite, infelizmente já estamos fechando – Informou uma garota, meio gótica na faixa dos 20.

    – Boa noite, precisamos falar com a Madame… – Falou Claire, indo direto ao ponto.

    – Ela não fica mais aqui, senhora.

    – Ok, entendo e onde podemos encontrá-la? – Falei eu me intrometendo.

    A garota cerrou os lábios, como se estivesse analisando a situação mentalmente e falou retraída:

    – Não sei se…

    – Recuperamos alguns itens que foram roubados dela, fica tranquila que ela vai querer nos receber – Falou Claire, interrompendo os pensamentos da aspirante.

    Os seus ombros relaxaram e seus lábios, até então tensos, se aliviaram. Exibindo um belo sorriso, apesar de sua origem inglesa.

    – Ah se for por isso, acho que ela vai querer mesmo falar com vocês. Tomem. Esse cartão tem o endereço e o celular dela.

    Claire de imediato se virou e voltou par ao carro, eu dei uma piscadinha e soltei um simples: “Thak’s milady!”. Claire estava tão empolgada que ela mesma assumiu o volante e já estava com o carro ligado quando fechei a porta.

    – Eu sei onde fica esse lugar, entra anda!

    – ok ok, pode ir. Vou ligar lá para ver se está em casa… Droga deu caixa postal!

    – Fuck!

    Prosseguimos sem muito papo até o local. Lugar afastado do centro, repleto de árvores e casas residenciais. Não senti nenhuma presença sobrenatural e todas as luzes estavam apagadas no endereço indicado pelo cartão. Olhamos ao redor, não havia nenhuma câmera e decidimos pular a pequena mureta. Alguns gatos rondavam o local e aproveitei para usar meus poderes com um deles:

    “Hey gato, você mesmo, pode se comunicar comigo?”

    “Comida… Estou com fome!”

    “Desculpe não tenho comida, você não tem nenhum rato para caçar?”

    “Minha amiga sempre me alimentava”

    “Sua amiga se chama Madame…”

    “Sim”

    “Sabe onde ela está?”

    “Dentro de casa morta”

    Deixei o gato falando sozinho e percebi que Claire tentava abrir a porta, quando cheguei dando um chute. Ela se assustou, mas ignorei e fui logo entrando. Alguns insetos e vermes pelo chão. E lá estava o corpo da bruxa em decomposição e próximo de uma escada.

    – Nossa que nojo, não consigo ficar aqui o cheiro é perturbador…

    Achei estranho uma lobisomem reclamar do cheiro de carne podre, mas cada um com seus defeitos. Tratei de dar uma rápida olhada no lugar. Nada mais aparentava estar fora do lugar e tudo o que me restava era olhar o corpo.

    Fiquei alguns instantes observando, quando fui abruptamente interrompido por Claire, que estava com um lenço no rosto e disse:

    – Corre, a polícia tá vindo… Foi uma armação!!!

    Tive de agir rápido, empurrei o corpo com o pé e a mão que estava abaixo do corpo ficou a mostra. Exibindo algo que brilhou aos meus olhos. Uma pequena abotoadura de camisa. Dessas que estão fora de moda, mas que alguns caras ainda insistem em usar. E para nossa sorte esta era especial, no formato de uma cabeça de lobo.

    Claire colocou o colar e agiu muito rápido para pegar o carro. Percebendo que ela estava a salvo a segui em forma de névoa, até um cruzamento onde ela teve de parei e consegui alcança-la.

    – Ia me deixar lá, baby? – Falei ironizando e um pouco puto.

    – Ah para como se tu não soubesses onde eu vivo.

    Odeio ficar nas mãos de uma lobisomem mulher ¬¬

  • Lilian à Reunião – Final 2 de 2

    Lilian à Reunião – Final 2 de 2

    “Me experimente, beba minha alma
    Me mostre todas as coisas que eu não deveria saber
    Quando há uma nova lua em ascensão
    Eu morreria por você, meu amor, meu amor
    Eu mentiria por você, meu amor, meu amor (Me faz querer morrer)
    Eu roubaria para você, meu amor, meu amor
    Eu morreria por você, meu amor, meu amor
    Nós queimaremos na luz”

    E aqui eu estava de novo, entre a cruz e a espada, a vida e a morte, de frente para o Ceifador dos vampiros em pessoa, Gabriel, o regrado de quem Steven me falou. Vampiro no mínimo assustador, lindo, ele era de tirar o fôlego, mas a presença medonha dele me deixava duas vezes mais atenta. Como combinado ele me deixaria dar o fim em Pierre, desde que ele participe e leve com ele a prova de que Pierre estava morto.

    Pierre não estava mais no local em que costumava, ele era esperto, sabia que nós iriámos rastrear seus passos até lá, o que ele não esperava era que Gabriel sabia de todos os possíveis esconderijos, apenas esperava o momento certo para atacar. Fiquei me perguntando o que Pierre havia feito para que os regrados viessem atrás dele, perguntei para Gabriel , ” Vou te resumir Lilian… Pierre teve uma ‘esposa’ por vinte anos e em um belo dia ele decidiu que era hora de trocar de parceira e ao invés de simplesmente terminar tudo com um simples acabou, ele resolveu que seria legal matar sua parceira, cortar em pedaços e enterrar… O detalhe era que ele havia transformado ela em vampira e como sabe nós não toleramos que matem vampiros…”. Pqp eu pensava que ele era louco, mas não retardado! Porra ele matou e fez picadinho? Estava no Master Chef esta porra? Pra sair picotando a ex? Ainda bem que eu me livrei deste doente!

    Chegamos então ao local, foi então que Gabriel nos repassou mais algumas coisas, ” Pierre acha que é algum tipo de Deus e transformou alguns vampiros ao longos destes anos. Ele é o chefe do clã, esperem por ataques surpresas de alguns vampiros e Steven venha apenas no meu sinal, se você se transformar antes, todos vão reconhecer sua presença apenas pelo cheiro!”, olhei para Steven em busca da reposta de onde estava o Daniel, “Ele vem! fique tranquila!”

    Daniel não estava mais na casa do Steven quando acordei, ele havia saido antes, me deixando aflita e querendo socar a cabeça dele em uma parede, mas como eu conheço ele bem sei que estava tramando algo. Como planejado entramos pelo pequeno edificio, apenas três andares nos separavam da loucura que seria a seguir… Dito e feito, quando chegamos no terceiro andar, entramos em uma sala , o local com as paredes vermelhas, móveis de tons escuros, e nos sofás haviam quatro vampiros, três sendo homens e uma mulher, essa deveria ser a nova esposa dele ou o futuro picadinho, não sei bem ao certo…

    Sentados como se nos esperassem os vampiros pareciam tranquilos e até receptivos, mas nenhum sinal de Pierre, conhecendo bem ele, eu sabia que ele iria fazer uma entrada teatral, “E você não está errada minha doce Lilian! Adoro entradas teatrais!”. Esse imbecil ainda conseguia ler mentes e eu consegui travar a minha e ele percebeu, vindo de um longo corredor, lá estava ele, décadas depois, vestido no seu melhor terno, e com aquele ar de grandeza, Pierre vinha em minha direção sem medo algum. Quando ficou frente a frente comigo, tão próximo que quase encostou o peito no meu, ele era um pouco mais alto que eu, “Lili você ficou ainda melhor como vampira, adorei esse seu look minha querida… Não fique com cíumes  Madeline, mas essa mulher me deixa complemente instigado!”, ” Se você encostar um dedo em mim eu juro que eu quebro seu braço!”, ” Não é mais aquela flor delicada de antes né minha cara, agora você tem garras e sabe como usa-las!”, “Pierre não me tente!”, “Sabe Lili, quando eu estava com outras mulheres eu ficava imaginando que era você!”, ” Pierre toda vez que eu estava matando algum cretino eu fantasiava que era você!”.

    Uma coisa eu sabia fazer, atingir o ego masculino! E não eu não tenho dó! Pierre agora se afastava e ficava perto dos seus súditos, enquanto nós três ainda permaneciamos no mesmo lugar. “Pierre você sabe o que fez, não pode se esconder mais meu caro…”, Gabriel falava com calma como se tudo aquilo fosse algo completamente normal, “Meu caro desconhecido, eu e Lilian temos nossas desavenças, mas nada que uma boa conversa a sós não resolva!”, “Lilian? Não meu caro, eu apenas vim aqui de comum acordo com ela. Minha vinda é pelo assassinato da tua ex parceira, Joanna! Lembra dela? Aquela que você matou e fez em pedaços?”, nada no rosto do Pierre era de satisfação, agora o medo transparecia ” Deixe-me apresentar, sou Gabriel, um dos regrados e vim até aqui exclusivamente por você! A minha sorte é que encontrei Lilian!”.

    Como era de se esperar, Pierre se escondeu atrás do seus filhos e eu apenas fique de olho, ” Meu querido, somos cinco e vocês três!”, “Na realidade… Somos dez e vocês cinco!”, “Onde estão os outros maravilhosos  guerreiros?”… Silencio e nada de ninguém aparecer, o grupo de Pierre estava confiante até que passos para todos os lados e um uivo ao longe vinham em nossa direção. Daniel seu fdp eu sabia que não ia deixar nada barato, quando menos espero lá estava meu irmão, meu melhor amigo e dois regrados e quando me dei por conta lá estava ele, Trevor seguido de Michael, “Trevor foi você que me entregou? Você sabe o que fez!”, “Eu sei o que fiz e sei que errei também Pierre… Mas não posso ficar aqui e não ter mais sua confiança Lili…”, eu conhecia ele, sabia quando falava a verdade apenas de olhar nos olhos do meu amado vampiro, apenas sussurrei ‘eu sei’.

    O que posso dizer da batalha foi que ela foi rápida, eu e Daniel perseguimos Pierre e não deixamos que ele fugisse, já Trevor e Michael juntos dos outros procederam em destruir os outros vampiros com a ordem de Gabriel o regrado. Quando finalmente os outros estavam sem vida, Daniel me ajudou a pegar Pierre, ” Como você se sente seu bosta? Imobilizado do jeito que fez com a Lilian?”, não tinha o que discutir, Pierre não iria conseguir  sair dos braços fortes de Daniel.

    Gabriel deu a ordem final para que Pierre fosse aniquilado, “Lilian termine e me entregue a cabeça dele, essa será a prova de que mais um desertor foi morto!”. Antes que eu finalmente terminasse com tudo, precisava perguntar o que há muitos anos venho guardando pra mim, “Por que Pierre? Por que eu?”, ” Lilian não me mate! Por favor!”, “Vou lhe tratar com a mesma cortesia que teve comigo, quando eu era apenas uma menina frágil e inocente! Você tirou tudo de mim! Tudo! Não me deixou ao menos me despedir da minha mãe, dos meus amigos, DA MINHA VIDA!”, um soco no rosto dele que dei de raiva, ” Eu não merecia! Mas já que o fez…” , quebrei-lhe as pernas,” Apenas te agradeço por um detalhe, neste estado que eu estou consigo ir atrás de canalhas como você!”, e agora os braços, as mesmas coisas medonhas que me fez agora estava sofrendo.

    Ele pedia misericórdia, Gabriel me olhava insinuando que o fizesse, Daniel e Trevor fizeram o sinal e então me agachei e sussurrei no ouvido de Pierre “Você foi apenas o primeiro… Seja vampiro, lobisomen, humano o que for, se tentar fuder comigo eu vou atrás nem que seja no inferno, pra acabar com a raça! Você está servindo de exemplo meu querido!” e foi isso, com um golpe eu acabei ali o meu capítulo com Pierre, enquanto ali mesmo iniciava um novo capitulo da minha ‘ não vida’, este no qual eu prometi a mim mesma, não confiar e nem deixar barato para ninguém que tentar de alguma forma me prejudicar, como disse, nenhum pescocinho está ileso das minhas maldades ou da minha revolta… Um passo em falso e pode ser o seu último! Todos temos várias faces e a minha pior foi ativada como se fosse algo natural, algo que estava batendo dentro de mim para ser livre e então o dia chegou.

    Desta vez não vou ficar triste com quem fizer algo contra mim, me martirizar como fazia antes, ou esperar o momento certo para atacar… Não… Agora não penso duas vezes… Afinal o mundo é um lugar muito pequeno quando se é um ser das trevas e eu estou muito afim de descobrir todos a fundo, seja em Tokio, Londres, Nova York ou São Paulo, o mundo continua sendo muito pequeno.  😉

    Good night dear, let Odin gives to you sweet dreams! I’ll see you soon.

  • Lilian à Reunião – Final 1 de 2

    Lilian à Reunião – Final 1 de 2

    “Não adianta ficarmos aqui pensando no que fazer Dani!”, minha frustação era nítida, tentava achar mil e uma formas de matar Pierre, mas tinha um porém, os Regrados, sim eles, vocês já devem  ter ouvido falar neles. E como eu não quero a atenção deles voltada para a ordem, prefiro pensar em algo que não me venha dar problemas.

    “Eu não sei como podemos dar um jeito nisso…Preciso de uma luz!”, enquanto estávamos parados em um bar Country ali pelas redondezas, senti  meu celular vibrar, vi que era um número desconhecido mas atendi mesmo assim, “Alô?”, “Lilian San…”, por Odin não poderia ser ela “Senhora Mun Na?”, ” Lilian San, ouça com atenção. Ele não pode ser morto por ti…Mas tu sabes que a sombra do passado o persegue, uma sombra tão antiga que até o mais valente dos vampiros teria medo de enfrentar. Ache a sombra, peça que te conceda o poder de fazer a justiça e então criança cumpra o teu destino e acabe com o sofrimento da espera. Adeus Lilian San.”

    Desliguei o telefone surpresa pela ligação da velha Senhora Mun Na, mas não fiquei surpresa por ela ter me jogado mais uma charada. PQP a essa altura do campeonato vir me jogar mais uma  das filosofias dela? Sério?  “Então a velha amiga da Ordem decidiu lhe dar o ar da graça maninha?”, “Sim, com mais alguma charada… Mas essa eu creio que vai ser bem fácil de descobrir…”

    Deixamos o local e seguimos em  direção até a casa de um velho amigo nosso. Rodamos por alguns minutos pela via expressa, depois seguindo direção por uma estrada de terra. Quanto mais próximos da casa do nosso querido amigo redneck, mais próximos os sons de tiros ficavam, digamos que os redneck’s adoram apreciar e usar armas, caçar e nunca desperdiçam a chance de uma boa cerveja.

    E lá estava ele, sentado ao pé da fogueira, rodeado de outros da mesma comunidade que a dele, tomando uma boa cerveja e segurando seu rifle de longo alcance como se fosse um amuleto da sorte. A simples casa de campo, o cheiro de pólvora e terra molhada sempre foram característicos aqui dessa região onde Steven mora, algo bem interiorano.

    Aos nos ver chegar o mesmo veio em minha direção com os braços abertos e me envolveu em um abraço bem forte, “Quem é meio vivo sempre aparece! Lili, Lili, Lili! Cara sempre gata e  tatuada não é?! Que saudades de ti mortinha viva mais linda!”, aqueles olhos azuis eram realmente encantadores e o sotaque caipira também, os cabelos loiros bem cortados e a barba por fazer davam um charme ao adorável lobisomem, “Steve! Aqui estou! Você sabe que é um dos únicos lobisomens de quem eu sinto falta!”, sorrisos por sorrisos ele piscou em confirmação, depois viu que eu não era a única visita, “Holly fucking shit! Daniel motherfucker! No way!”, agora sim ele se animou de vez, Daniel e Steven são amigos há um bom tempo, muito antes mesmo que eu entrasse para esta vida, eles já tinham uma amizade de longa data, “Steve! Man! You Fucker!”, aperto de mãos e abraços e quando percebi já estávamos sentados a fogueira junto de alguns amigos do Steven que nem desconfiávamos o que na verdade erámos.

    Depois de algumas horas entramos para a casa de Steven e seguimos até o porão que ele muito atencioso mantinha, caso alguns de seus amigos da noite viessem para passar uma temporada, no nosso caso seria apenas um dia. Quando finalmente terminei de me arrumar em meu quarto, duas batidas na porta ecoaram e Steven entrou, sentando-se em minha cama e  parecia me analisar , “Eu sempre esqueço como você é deliciosa Lili!”, “E eu sempre esqueço como você é direto e sem filtros lobinho!”,” Então me confirma uma coisa, está solteira mesmo?”, “Porque a pergunta? Está interessado?”, “Quem não estaria?”, “Digo o mesmo de ti, sempre mostrando esses braços musculosos com essas regatas de lenhador!”, “Fala de mim? Não sou eu que fico atiçando os colegas com esse par de Big Babes que você tem!”, “Ah valeu o elogio!”, ” Mas e ai, a que devo a honra?”, “Daniel não te contou?”, “Não, se tivesse contado eu não estaria aqui!”, “Estaria sim!”, “Quem eu quero enganar? Estaria sim, afinal adoro ficar  bem perto de você!”, Steven sempre invadindo meu espaço e bancando o galã, “Você não muda nada!”, “Nem quero!”, “Enfim, digamos que eu esteja em uma empreitada para matar o Pierre…”, ” Fácil, eu sei que ele matou um vampiro e os regrados estão atrás dele… Achei que soubesse…”, “Ultimamente estou descobrindo muitas coisas…”, “Entendi… Bom se a tua dúvida é se tenho contato com algum regrado, a resposta é sim!”, “Então pode me ajudar?”, “Posso e vou! Adoraria assistir a morte daquele puto!”, “Ótimo! Muito obrigada Steven!”, “Ao teu dispor Lili!”, ” Eu posso dormir agora?”, “Pode, não quero que o calor queime seus olhinhos!”, “Larga a mão de ser besta Steven!”, ” É um dos meus dons! Boa  noite dia para você morceguinha!”.

    Agora as coisas estavam começando a seguir um rumo bacana. Mais um pouco e talvez eu conseguisse terminar essa novela.

  • Capítulo 4 do livro Ilha da Magia

    Capítulo 4 do livro Ilha da Magia

    Todo mês eu penso no que vou lhes falar sobre o capítulo que estou entregando. Afinal, são momento de minha vida/morte jogados a todos os ventos e isso sempre me emociona. Não me emociona no sentido de chorar num canto feito uma menininha birrenta, mas sim no sentido de que me vem a mente cada parte do que vocês estão prestes a ler.

    O conteúdo a seguir contém “spoilers”, não prossiga caso não tenha lido as outras partes.

    Nesse capítulo nós ainda estávamos na velha Desterro, passaram-se semanas desde a minha transformação e tive minha primeira alimentação. No qual pela primeira vez tive a vida de um humano em minhas mãos . Além disso, recebi notícias de Helga e sua carta bagunçou mais uma vez minhas ideias já deturpadas sobre o mundo e momento no qual estava.

    A partir desde capítulo eu agilizei um pouco mais as falas, conversas e relatos. Espero que gostem da leitura!

    Ir para a página do livro Ilha da Magia

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    Küss,
    Ferdinand

  • Vida, morte e suicídio

    Vida, morte e suicídio

    A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso, cante, chore, dance, ria e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos.
    Charles Chaplin

    Noites atrás fui procurado por um(a) de vocês por e-mail, onde me questionaram sobre a questão do suicídio e a relação morte/vida, no qual enfrentam os vampiros. Resolvi então gravar um VampiroCast para dar minha opinião sobre o assunto (preciso melhorar meus equipamentos, desculpem a má qualidade).

    O assunto suicídio é sempre um tabu em muitas culturas, principalmente nas ocidentais, inclusive se não me engano a imprensa não divulga no Brasil, por medo de estimulá-los ainda mais. Contudo, o que você pensa sobre isso? Eu dei minha opinião vampiresca e a tua?

    PS: Já estou alimentado, obrigado pelo festim de ontem meninas…

  • Fui traído! E agora? – Final

    Fui traído! E agora? – Final

    Diante as revelações feitas por Franz, que foi a fundo na mente de Débora, ficou claro o que ela havia feito…

    Era uma noite fria e típica de junho no hemisfério sul. Débora se despediu e desligou rapidamente o Skype. Alegou que estava com muito sono e precisava descansar para acordar cedo no dia seguinte e fazer o que eu havia lhe pedido. Porém, aquilo foi uma mentira para se livrar de mim e ir para uma reunião importante com outro acionista da empresa.

    Ela havia se arrumado mais do que o normal, estava altamente sexy de saia curta, blusinha decotada, óculos, salto alto e uma liga preta estilizada por cima de sua pele macia e roseada. Os pensamentos eram nítidos em sua cabeça:

    “Preciso impressioná-los a ponto de que confiem em mim, dessa forma vou conseguir tudo o que quero.”

    15 minutos de taxi e lá estava ela entrando num restaurando badalado da cidade. Muito frequentado por empresários, figurões e até mesmo artistas da cidade. A hostess lhe indicou com facilidade a mesa onde havia três homens muito bem trajados, no qual ela mesma já havia avistado com sua visão aguçada de ghoul. Respirou fundo, ajeitou a sainha e o decote antes de cumprimentá-los.

    A mesa ela percebeu rapidamente que um deles estava cobiçando seu corpo, foram muitos os olhares para seus seu voluptuoso, tanto que os negócios renderam rapidamente.

    – Não vejo problemas em conseguir o que me pediu ainda mais se todos concordarem com o custo de seis zeros…

    Dois deles se entreolharam e consentiram para o terceiro, que desprendeu mais uma bela secada no decote da loira e falou para os demais.

    – Pois bem senhores agora que nos acordamos eu preciso definir alguns detalhes com a senhorita Débora.

    Impreterivelmente os dois homens se retiraram, momento no qual Deb percebeu de relance que o homem a sua frente despejou algo em seu copo. Ela sabia que o home a sua frente desejava o seu corpo, mas sedá-la para conseguir isso seria o cúmulo da idiotice? – Disse a si mesma.

    – Viu o que eu coloquei em teu copo? Isso serve para romper o que tens com teu “cliente”. Basta um gole e o laço será rompido. – Disse o homem, que agora havia mudado seu olhar para algo sombrio e diferente do tarado de antes.

    Débora relembrou dos últimos dias que passou comigo, ponderou por alguns instantes e fingiu que havia bebido. Voltou seu olhar para o homem e lhe disse:

    – Pronto! Agora confias em mim?

    – Sim, venha. Vamos tratar dos reais negócios pelo qual lhe procurei.

    Eles saíram do restaurante, entraram numa limusine onde ela percebeu algo de sobrenatural e andaram pela cidade por mais alguns minutos. No caminho o homem lhe confidenciou sua relação com magia e que queria vingança de mim. Pois, eu havia acabado com sua irmã, a maldita bruxa que matou meu estimado irmão Joseph: http://wp.me/p3vcNH-sQ

    Na sequencia daquela noite ela chegou a se lembrar de nosso laço, porém havia sido corrompida por promessas, falácias e aquilo que ela mais queria em sua vida eu havia lhe negado ao escolher Pepe: O maldito do poder.

    Naquela mesma noite ela foi para o refugio do tal mago e lhe proporcionou tudo o que uma puta cobraria em ouro para fazer. Ao amanhecer ela confidenciou sua real intenção de desfazer nosso laço e sem perceber foi sentenciada a ser a cadelinha daquele infeliz…

    – Nem todos merecem uma segunda chance! Ferdinand ela é toda tua…

    Dois passo a frente e arranquei sua cabeça naquele mesmo lugar. Espalhei seu sangue podre por toda a sala e nos presentes. Franz sorriu, Becky se concentrou e Pepe passou a língua nos lábios.

    – Peçam para algum Ghoul limpar isso. A próxima cabeça que vai rolar é a daquele filho da puta…

    Transformei-me em lobo e passei dois dias e uma noite meditando na floresta da fazenda.

  • Após a transformação, como é a “vida” de um vampiro?

    Após a transformação, como é a “vida” de um vampiro?

    Sempre me fazem esta pergunta: Ferdinand como é a vida ou morte depois de ser transformado em um ser da noite, vulgo vampiro? Obviamente isso é muito abrangente e dificilmente faço um detalhamento por e-mail. Salvo aquelas vezes em que simpatizo com quem me escreve.

    Em função disso e como hoje estou com muita insônia, resolvi dedicar parte do meu tempo on-line para vos falar um pouco mais da rotina de um vampiro. Seus afazeres, seus benefícios, malefícios e tudo o que mais que envolva as noites de um ser sobrenatural na atualidade.

    Logo em seguida a transformação em que a pessoa é submetida para se tornar um de nós ocorre a primeira grande mudança, no que diz respeito à alimentação. Tu vai ter de deixar de lado praticamente tudo: lasanhas, feijoadas, pão, vinho. Sangue será tudo o que precisas para sobreviver e de preferência o arterial. Todavia, como as artérias são muito finas dificilmente vais degustar tal manjar, então terá de te contentar com o sangue venoso, pouco oxigenado e menos nutritivo. Essa adaptação leva cerca de um mês, onde vai ter muita azia, ânsias de vômito, enjoos e sensação de fome a todo e qualquer instante.

    É importante frisar que a transformação dos órgãos e do próprio corpo não é imediata, ocorre em etapas e isso de certa forma é bom para a adaptação. Outra observação importante sobre a alimentação é que alguns vampiros conseguem ingerir alguns líquidos ou alimentos. Porém, são exceções e precisam de muito esforço para expelir o que tiverem digerido. Inclusive já ouvi falar de alguns que precisaram de uma bela lavagem estomacal para eliminar tais resíduos.

    Além da alimentação, outra questão importante é a luz do sol. Esqueça ela, tu nunc amais vai vê-la ou senti-la a menos, que queira torrar feito um guardanapo na fogueira. Ninguém sabe ao certo o porquê deste “defeito”. Meu mestre me contou uma história interessante sobre uma punição dos Deuses aos primeiros vampiros, mas sinceramente isso até hoje me parece um pouco mitológico demais. O que tu precisa saber se algum for transformado é que no inicio vai sentir falta do dia, do movimento da vida ativa que tinhas. À noite tudo acontece mais devagar, quase todos os humanos estão cansados, a maioria dos lugares é fechado comercialmente e tu vai ter muito sono. Há quem se adapte fácil, eu, por exemplo, levei uns dois meses para trocar de rotina. Ainda mais porque antigamente não havia Conveniência 24h.

    Como eu já disse em outras ocasiões há diversos grupos ou clãs de vampiros e todos eles são muitos específicos com relação a regras, costumes ou hábitos. Há alguns que obrigam seus membros a seguirem determinadas religiões, certas formas de alimentação ou ainda certos tipos de vestimenta e ou hábitos de higiene. Acredite, há de tudo no que diz respeito a hábitos vampirescos. Imagine um clã que logo após a transformação coloca seus membros dentro de caixões e os enterra por um ou dois meses. Isso existe! Imagine um clã onde cada membro se alimenta apenas de determinados tipos de seres, como animais ou somente crianças… Isso existe!

    Além das questões comportamentais, a maior provação no qual passará um recém-transformado é o processo interno. Aquele que ocorre dentro de sua cabeça e que irá na maioria das vezes confrontar com seus modos e atitudes anteriormente humanos. Quase todos que conheço mantiveram boa parte dos hábitos de antes. Se era médico, continuou seus trabalhos ou estudos para com o meio. Se era policial, continuou agindo em prol da lei ou da justiça. Se era um vagabundo, dificilmente depois de transformado mudou de atitude, inclusive conheço vários que se tornaram ainda mais vagabundos e safados.

    Como eu sempre digo, a transformação me foi uma obrigação. Não pedi ou tive escolhas sobre o que me tornei, porém aprendi a conviver com isso e me manter o mais humano que me é possível. Apesar de ainda preferir o sangue humano e sabendo que isso é de certa forma um canibalismo enjeito pela cultura ocidental cristã, predominante na maioria dos países que frequento. Mesmo bebendo o sangue de marginais da sociedade, há aqueles que me criticam.

    Concluindo, depois de transformados todos passamos por uma fase típica, onde nos ocorre sempre a mesmas perguntas: O que é certo ou errado, para mim, para meu clã ou para o mundo?

  • A Vingança de Rebecca – Parte II

    A Vingança de Rebecca – Parte II

    Eu acabei recordando o tempo em que era apaixonada pelo único professor de Francês que tive na adolescência, sempre tinha apenas professoras, até descobrir que ele era um psicopata, mas isso é outra longa história… E naquele momento, eu ainda não conseguia acreditar no que meus olhos estavam vendo. Observei o que acontecia por alguns minutos, pensando no que faria em seguida, de que forma reagiria quando percebessem minha presença.

    Recostei-me na porta e olhando para minhas unhas, falei com desdém:

    – Meu querido Senhor, por que não me chamou para a festa? Vejo que realmente é insaciável, depois da noite que tivemos…

    Ele não se surpreendeu quando o encontrei com duas vadias na cama do meu quarto, que eu nem sei de onde vieram. Eu sei que no mundo de alguns vampiros essas coisas pareciam comuns, mas ele sabia que aquilo naquele momento me provocaria e até me machucaria, e era exatamente esse o propósito. Então, reagi de uma forma que nem eu mesma imaginava.  Aproximei-me das duas garotas. Estava decidida a não deixá-lo conseguir o que queria. Eu não reagiria feito uma moça iludida. Então, o provoquei como se estivesse gostando de senti-las me tocando, querendo participar da tal “festinha”. O surpreendi quando fiz parecer que até beijaria uma delas. Foi quando comecei a gargalhar nervosamente, mas de maneira estranha, digamos, demoníaca. Passei as mãos sobre os cabelos delas, e olhei bem o rosto de cada uma. Também eram jovens, bonitas. Olhei para Sr. Erner. O que será que ele pensava ou via em mim naquele momento? Queria também poder saber o que havia em sua mente. Desci minhas mãos até o pescoço das duas e sufocando-as senti que perdia o controle. Minhas unhas compridas apertaram ambas com tamanha fúria que acabei cortando a garganta de ambas. Seus corpos caíram como sacos no chão esvaindo-se…

    Silêncio. Suor. Sangue nas mãos. De onde havia surgido tanta força? Ele olhava para mim sarcasticamente, mas estava nervoso.

    Eu havia matado pela primeira vez.

  • As torturas de um filósofo

    As torturas de um filósofo

    “No canto da sala e sentado a sua poltrona predileta ele pitava o tradicional Davidoff, adquirido décadas atrás em uma tradicional tabacaria de Londres. Cidade, aliás, onde adquiriu o hábito de preparar um bom Latakia para os seus momentos mais íntimos e contemplativos…”

    A noite era fria e úmida, típica da serra e da região a qual ele havia escolhido para seus experimentos, recheados de segundas, terceiras ou até mesmo quartas intenções. Nenhum conforto ou itens da era contemporânea. Todavia, alguns detalhes indicavam seu lado mais refinado e podíamos observar seu estilo, por exemplo, nos móveis. Todos foram escolhidos a dedo entre os seus pertences prediletos e inclusive há quem diga que alguns pertenceram a celebridades de outras épocas.

    As luzes das lamparinas a óleo iluminavam parte do outro canto da sala e se não fossem as roupas seria difícil dizer quem era o homem ou quem teria sido a mulher do casal. Ambos receberam as punições necessárias de Hector, em função de seus “pecados” e se Frederick não quisesse brincar mais um pouco com seus corpos, certamente suas almas já estariam em outro plano.

    – Dizem que a pureza da alma pode ser vista quando os corpos estão prestes a perecer e por isso os trouxe aqui… Vejam a fumaça que se esvai deste belo Latakia, que queima livremente em meu cachimbo. A alma dos humanos é como esta fumaça e flui livremente aqui neste ambiente controlado e sem as intemperes mundanas.  Agora vejam o que acontece se eu estalar meu dedo ou sussurrar algo próximo da base do fogo…

    Thssspaaa… Ecoou a chibata nas costas do homem, que se contraiu mais uma vez e emitiu alguma espécie de grunhido áspero de dor.

    – Ok ok vocês andam calados depois de tudo o que Hector os proporcionou…

    Nesse momento ele se aproximou da mulher e continuou seu monólogo próximo de seu ouvido esquerdo.

    – Tu achavas mesmo que passaria toda tua vida medíocre, fazendo aquelas pessoas moribundas sofrerem ainda mais no hospital por causa dos remédios adulterados, que com a maior cara lavada e de pau, tu aplicava nelas? E tu seu viado, achavas mesmo que iria conseguir comprar o silêncio de todos, diante o dinheiro que tu levavas por fora com os fornecedores e pilantragens que fazia?

    Thssspaaa… Thssspaaa… Thssspaaa… Thssspaaa… Mais duas chibatadas em cada um deles e finalmente a mulher resolveu se pronunciar com um silencioso “por-fa-vor”.

    – O que tu resmungou?

    – Por-fa-vor… Por favor, para…

    – Ah mas que alegria, realmente como dizem as mulheres são mais resistentes.

    Nesse instante Frederick volta a se sentar em sua poltrona, pita mais duas vezes o cachimbo e prossegue:

    – Em que posso ser útil? Aliás qual a sua graça mesmo? É Silvia, não mesmo? Vamos lá Silvia conte-me o que está tão ansiosa para falar!

    A mulher tossiu e expeliu o sangue velho e seco que estava em sua boca. Depois se concentrou para inflar os pulmões e proferiu algumas palavras carregadas de ódio, utilizando as últimas forças que ainda lhe restava:

    – Vai pro inferno junto daqueles outros demônios, vocês são bestas que Deus colocou no meu caminho.

    Hahahahahahah gargalhou Frederick como se tivesse ouvido a melhor das piadas.

    – Então depois de tudo o que aprontasse ainda ousa pronunciar o nome de alguma divindade? Sabes o que mais me irrita nos humanos? É essa externação de culpa, essa falta de coragem para assumir os próprios erros diante aquilo tudo que faz para si ou para os próximos. Pelo visto depois de tudo o que tu passaste tu não aprendeu nada não é mesmo? Chega…

    Frederick levantou-se rapidamente, aproximou-se da mulher e com as próprias unhas rasgou de fora a fora o pescoço da infeliz, que ainda se contorceu por mais alguns instantes e faleceu jorrando sangue por toda a parede e chão a sua frente.

    O vampiro limpou suas mãos nos trapos da falecida e voltou calmamente para sua poltrona, onde pitou por mais algumas vezes o tal Davidoff. Onde provavelmente planejou friamente o destino do homem semivivo a sua frente.

  • A bruxa sumiu – pt8

    A bruxa sumiu – pt8

    Dificilmente, eu me comovo diante alguma causa, mas o que aconteceu com Helen mexeu muito com minha cabeça. Esqueça que tivemos alguns momentos mais íntimos, o que entrou em jogo depois de ver seu corpo inerte e desfigurado, foi o meu lado mais sombrio e nefasto. Um lado que nunca deveria assumir o controle de meu corpo e que certamente deixaria horrorizada minha mais nova cria.

    “Se eles querem um demônio eles terão… Pepe também ficaria chocada ao ver a casa bagunçada, por o que há de pior nos lupinos? Era muito para sua cabeça de vampira recente, será que ela daria conta do que estava acontecendo?” – Pensei comigo. Sei que ela já havia caçado junto de Franz, portanto vivenciado seus primeiros encontros com a morte humana.

    – Fê como está diante disso, te acalma. Você me disse que estava “saindo” com ela e isso não pode tirar o foco da situação. Lembra? Você mesmo disse que não podemos nos envolver emocionalmente com os investigados…

    “Essa é minha garota!” Para a minha alegria ela ficou mais preocupada com a minha reação e deixou de lado o fato de ter visto um corpo humano desfigurado, sujo de sangue coagulado e assassinado por uma besta descontrolada.

    – Todo esse sangue e essa situação são tranquilos para ti, minha querida? Quanto a mim estou bem, mas confesso que também quero fazer o sangue deles fluir…

    – Eu me alimentei antes de vir, talvez seja por isso rs… Hey olha ali, tem alguns cabelos na mão dela. Devem ser do tal lobisomem que a atacou.

    – E o que sugeres, vamos dar uma de “CSI” e procurar pelo DNA no banco de dados da polícia?

    – Claro Fê, tu não ouviu o Eliot falando outro dia, que está com acesso ao banco de dados e aos testes de DNA daquela universidade…

    Senti-me um velho naquele momento, daqueles que inclusive veem os programas dois anos depois do lançamento e dublados na TV aberta. Porém, tudo bem. Um dos motivos de eu ter transformado a Pepe era este: ter alguém jovem, deste século e com os pensamentos atualizados para me ajudar.

    Voltamos para o hotel e Pepe levou as amostras para Eliot. Na noite seguinte recebo uma ligação da recepção e era Hector, que havia chego para a captura de nossa primeira “entrevista”. Então sem me demorar arrumei uma mochila com alguns utensílios, munição extra de prata e algumas especiais com água benta. Além disso, separei num local de fácil acesso dois ou três ingredientes para anti-feitiços.

    Hector disse que estava com sua velha cimitarra de prata no carro e se “garantia” apenas com ela. Fato que agilizou nossa saída e cerca de duas horas depois chegamos perto da casa do tal “membro sênior”. Uma casa normal de subúrbio e próxima de outras, o que limitaria muito nossas ações.

    Logo na entrada percebi uma magia de proteção muito fraca e para se precaver virei névoa para dar uma vasculhada no lugar. O cidadão estava na sala assistindo tv, era algum programa de esportes e estava sozinho. Naquele lugar a magia de proteção parecia um pouco mais forte, talvez por sua presença e quando resolvi dar meia volta para avisar Hector, ele surgiu ao lado do homem no sofá.  Deve ter utilizado alguma magia de silêncio misturada com algo para invisibilidade, mas o importante é que “o cara ficou com o cú na mão”, como disse meu parceiro.

    – Se gritar feito mulherzinha ou chamar atenção dos vizinhos eu arranco tua cabeça com as mãos. O que tu sabes sobre a Helen, que foi morta ontem… Desembucha ai seu pervertido!

    Hector falou isso quando desfiz minha transformação e quando apareci junto deles os tal homem se desesperou. Tentou se levantar, tentou gritar, mas dei-lhe um tapa corretivo com as costas da mão, que inclusive o jogou de volta para o sofá.

    – Tu não ouviste? Desembucha ai o que tu sabes da Helen!!!

    Fui incisivo e vendo que não estávamos para brincadeira ele engoliu a saliva e nos disse gaguejando:

    – Não se-ei do vo-ce-cês ta-ão fala-lando…

    Nesse instante foi a vez de Hector deixar de lado a elegância e socar o estômago do infeliz. Naquele momento, ele gemeu e se contraiu para frente. Depois parou e ficou mudo como se estivesse apagado com as mãos ao rosto. Hector puxou-lhe para cima pelos cabelos e para nosso azar ele havia consumido algum veneno que estava dentro de um anel e tirou sua própria vida.

    Vasculhamos o lugar, encontramos algumas fotos em seu Tablet e para o azar deles obtivemos acesso ao grupo do Whatsapp, que por sinal compartilhava muitas fotos de pornografia, incluindo a infantil. O nojo e a revolta tomaram conta de mim naquele instante…