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  • O retorno do Doutor – Pt 1

    O retorno do Doutor – Pt 1

    Um calafrio percorreu a espinha do delegado Carlos Eduardo Guimarães quando ele, em pessoa, deixou a delegacia e se deslocou até o local onde, duas horas antes, vizinhos fizeram uma denúncia de mau cheiro. Quando o investigador, de maneira informal, comentou que estava indo até o bairro João Paulo, área nobre da cidade de Florianópolis, atender uma denúncia que, provavelmente resultaria em um cachorro, ou gato morto em uma tubulação de ar condicionado, algo simplesmente ligou o sinal de alerta do experiente delegado. Quase cinco anos atrás, quando Cadu, como os amigos o chamavam, era um investigador da Polícia Civil, a cidade também vivia um período de calmaria, e como agora, nesse início do ano de dois mil e treze, uma denúncia aparentemente boba fez com que a calmaria se transformasse em uma tempestade de sangue, morte e medo. Naquela época Cadu investigou uma série de assassinatos brutais que, simplesmente cessou antes que ele pudesse capturar o assassino. O assassino, sem identidade, alcunha, nome, se transformou em uma lenda urbana em Florianópolis, e como todas as lendas, logo foi substituída por outras.

    Quando a porta da luxuosa casa foi arrombada, o cheiro de carne podre fez com que dois ou três jovens policiais recuassem, controlando o asco e a ânsia de vômito. Assim que a porta foi aberta, Cadu teve certeza de que, mais uma vez, ele perderia muitas noites de sono devido aos pesadelos terríveis que lhe açoitariam como a chibata de um carrasco. É, ele precisaria visitar a psicóloga gostosa que o departamento de polícia civil de Florianópolis contratara no mês passado…

    ——–

    Hirma, Alessandra, Helena… Durante toda sua vida, e sua não-vida, o Doutor estivera a mercê dos encantos que sentia pelas mulheres. Mesmo hoje, uma criatura morta-viva saída de um pesadelo, começava a sentir falta de um novo encanto feminino. Quatro anos se passaram desde que o Doutor deixara Florianópolis, a cidade que cheirava magia – e podridão, segundo ele – para acompanhar Helena em uma viagem pela Europa. Juntos, as duas criaturas deixaram uma longa trilha de corpos por praticamente todos os países da comunidade europeia. Fora a lua de mel de Otto e Helena, mas ao final dos quatro anos, Otto simplesmente olhou para o lado e cansou-se daquela brincadeira, Helena matava sem qualquer requinte, pouco ligava para os ensinamentos que a dor proporciona, enfim, ao final de quatro anos, Otto von Bastian cansou-se daquela cadela vulgar e decidiu voltar a ser quem ele era, O Doutor.

    De volta, o vampiro sentia-se deprimido, sozinho, ele jamais fora uma criatura solitária, apesar de suas práticas não-ortodoxas – mesmo para uma criatura da noite – ao longo de seus quase cem anos como vampiro, O Doutor não conseguia lembrar de uma solidão e tédio tão avassaladores quanto aquele que sentia.

    Dezembro já passava de sua metade, aproximava-se de uma data que o Doutor simplesmente era apaixonado, o Natal. No Natal as pessoas ficavam mais tranquilas, mais bondosas, como se todos os pecados cometidos ao longo do ano tivessem sua absolvição garantida no infame “espírito natalino”… Era também a época que as pessoas ficavam mais despreocupadas, esquecendo-se que algo terrível sempre os espreita das sombras. Sentado tranquilamente embaixo de um banco da praça quinze de novembro, o Doutor folheava o jornal do dia anterior, a noite já era avançada, e a praça agora era o território de viciados em crack, prostitutas de baixíssimo nível, e mendigos. De alguns, o Doutor sentia genuína pena, de outros genuíno nojo, especialmente por aquelas mulheres sujas que vendiam seu corpo a bêbados, drogados e maníacos sexuais. Observando uma jovem viciada, o Doutor sorriu para si mesmo lembrando do Natal de 1975, quando ele, em visita na cidade de Atlanta, presentear um adolescente vítima de bullying com uma motosserra. O Doutor observara o adolescente por dias, vasculhara a sua mente, até chegar em seus desejos mais sombrios, a partir daí foi fácil, um presente e uma sugestão mental para ele fazer aquilo que sentia vontade. E na noite de Natal, com toda a família reunida, o jovem finalmente libertou-se de sua dor. O Doutor pensou em como estaria Gregory, seu pupilo, que naquela noite de libertação virara capa dos principais jornais dos Estados Unidos, após chacinar toda sua família, fazendo-a em pedaços obscenos de carne retalhada. O Doutor permitira que Gregory passasse cinco anos no corredor da morte, e na noite de sua execução, ao invés da injeção letal, O Doutor deu-lhe seu mais precioso presente: sua maldição.

    De fato, o natal o inspirava tanto, que ele decidiu que era chegada a hora de espantar aquela depressão que insistia em se abater sobre ele. Levantou-se, espanou as folhas da figueira que caíram sobre seu chapéu, e com o sorriso característico nos lábios, pôs-se a assobiar sua melodia favorita. A garota viciada, enchendo-se de coragem, aproximou-se da sinistra e quase caricata figura que deixava a praça.

    – E aí tio, tem um trocado? – Questionou a moça.

    O Doutor parou seu assobio de maneira tão súbita que a menina achou que ele lhe daria um soco, ou algo parecido. Mas, diferente do que imaginara, o homem virou-se para ela ainda sorridente.

    – O que você pretende fazer com esse trocado, criança? – Respondeu o Doutor com uma pergunta.

    – Ah tio, sabe como é…

    – Não, minha querida, não sei, me conte? O que você faria se eu ao invés de lhe dar trocados lhe desse isso? – Questionou o Doutor tirando duas notas de cem reais do bolso e deliciando-se com o olhar desesperado da jovem.

    – Nossa, dá pra comprar um monte de pedra com isso aí, tio! – Disse a jovem, quase não conseguindo se conter, sua vontade era agarrar as notas e correr o mais rápido que pudesse. Mas algo no aspecto incomum daquele homem lhe dizia que se fizesse isso ela dificilmente conseguiria dar mais do que dois passos. O homem tinha uma aparência bizarra e fascinante ao mesmo tempo, sua pele era extremamente pálida, não era um homem bonito, mas a inteligência exalava dele como perfume, não era alto, pouco mais de um metro e setenta e cinco, estava um pouco acima do peso, mas longe de ser obeso, mas era, com toda certeza o sorriso que ele tinha nos lábios que deixava a jovem viciada inquieta e fascinada: era um sorriso quase que lupino, o sorriso de alguém cujo raciocínio já estava segundos a frente de qualquer outra pessoa.

    – Sim, um monte de pedra! E eu aposto que você faria qualquer coisa para que eu lhe desse esse dinheiro não é mesmo? – Perguntou o Doutor.

    – Tu quer trepar? Vamos ali do lado, posso te fazer um boquete… – Disse a jovem, pouco mais que uma criança, ansiosa para ganhar seu prêmio e correr para o primeiro traficante que encontrasse. Ela chegava a um ponto tão degradante de seu vício que pouco se importava em abrir as pernas ou fazer sexo oral em um desconhecido, tudo que importava era que o desconhecido tinha duas garoupas azuis que fariam da noite daquela jovem uma imensa viagem. O Doutor se deliciava quando os viciados chegavam a esse ponto, eram como cães ansiosos por fazer os truques que seus donos mandam, apenas para ganharem suas recompensas. Durante sua carreira como psiquiatra ele conviveu com vários viciados, e todas as vezes o Doutor aprendera um bocado testando os limites daquelas mentes destroçadas por substâncias ilícitas.

    – Não minha jovem, não quero trepar, nem um boquete, e uma menininha como você não deveria usar desse linguajar, não fica bem para você! Ao invés de sexo, vamos fazer um jogo, ao final dele, se você cumprir todas as provas eu lhe darei o dinheiro, que tal?

    – Pode ser… – Concluiu a jovem, desesperada mas achando tudo aquilo estranho.

    – Bem, caminhe comigo. Qual o seu nome, criança? – Disse o Doutor, dando o braço para que a garota o segurasse. Depositou sua mão gélida sobre a mão magra da menina, que sentiu um calafrio percorrer sua espinha.

    – Ju… Julia…

    – Julia é um nome recatado demais! Não é o nome de uma jovem que estaria na rua a essa hora não é mesmo? Não! Hoje você se chamará… Vejamos… Hirma! – Disse o Doutor, rindo de si mesmo pela idéia genial de chamar uma prostituta viciada pelo nome de sua mãe.

    – Hirma??

    – Sim, criança, Hirma! É o nome de minha querida mãe, ela era uma mulher difícil, minha saudosa Hirma. E ela era assim, uma coisinha desesperada, como você. Então aí está sua primeira tarefa, Hirma, vê aquele homem no chão? O mendigo? Pegue a garrafa que está do lado dele e estoure-a na cabeça dele! – Disse o Doutor em um tom tão casual que era como se ele pedisse pra jovem lhe comprar um café, ou atravessar a rua…

    – Mas… – Abriu a boca a jovem.

    – Sem mas, Hirma, você não quer seu trocadinho? Pense em quanta pedra você poderá fumar, sem abrir as pernas hein?

    – Tá… eu faço.

    A jovem esgueirou-se, silenciosa como um camundongo, e o mendigo que estava bêbado e caído nem percebeu quando Julia apanhou a garrafa vazia de cachaça. A jovem olhou o homem por alguns segundos, por um lampejo de instante ela hesitou, em um dos raros momentos de lucidez, quando ela lembrava-se de sua casa, de sua família, do pai e da madrasta que Julia odiava, mas que, no fundo, fizera o papel de sua mãe. Por um breve instante ela hesitou, ela queria sair daquele monte de merda que sua vida se transformara, tinha dezesseis anos recém-completados, estava há seis meses na rua, e lá no fundo, tudo que Julia queria era aninhar-se no colo do pai e simplesmente chorar. Mas então ela sentiu a presença daquele homem sinistro atrás de si, imediatamente ela lembrou-se do sorriso lupino, e lembrou do dinheiro, e do que o dinheiro lhe proporcionaria. Quando deu por si, a garrafa já estava em cacos, e da cabeça do homem – agora desmaiado – o sangue jorrava em uma torrente vermelho-vivo. O Doutor olhou para o sangue extasiado, sangue de mendigo não era uma refeição digna, ainda que ele nunca entendesse as manias de alguns vampiros, sangue é sangue. Ele abaixou-se chamando a menina para perto de si. Tocou o pescoço do mendigo e disse:

    – Ele morrerá, vê esse corte? Você acertou-o em cheio Hirma!

    Julia olhou o sangue jorrando, e novamente a lucidez veio a tona, a jovem pôs-se a chorar e soluçar incontrolavelmente repetindo e implorando para que o Doutor ajudasse o homem que agonizava. Com uma tranquilidade perturbadora, o Doutor aninhou a criança nos braços, como um pai amoroso e disse:

    – Shhhhh… shhhhh… calma, criança, calma… Tudo ficará bem… vamos ajudar o pobre homem, sim?

    O Doutor colocou a menina sentada de maneira gentil, Julia olhou incrédula quando o homem tirou a fina lâmina do bisturi do bolso de seu casaco. Ela estava paralisada, aterrorizada, tudo que conseguiu fazer foi gaguejar algo incompreensível enquanto o Doutor passou a lâmina na garganta do homem, um corte fino e preciso, que abriu de uma jugular a outra fazendo o sangue jorrar farto. Em choque, Julia começou a tremer e soluçar, não demorou muito para que o sangue do homem, que agora tinha seus últimos espasmos, ensopasse Julia. O Doutor levantou-se e observou a cena, os segundos finais de uma vida, somados a flor da juventude, era algo poético e belo, e o Doutor sentiu vontade de imortalizar aquilo em uma tela. Usando seus poderes da mente, o Doutor entrou na cabeça da jovem, e deleitou-se com o que viu. Ela estava a um passo da insanidade, o que ele fizera arrancara o desejo pelo crack, substituindo por algo muito mais intenso que isso: o pavor.

    O pavor era a sua droga, como ele ficara tanto tempo longe disso? Ele se perguntou. O barulho das sirenes o tiraram de seus devaneios, mas ele ainda não acabara com Julia, por isso, tomou-a nos braços e a levou até seu carro, estacionado há algumas quadras dali. Seu trabalho com o mendigo se encerrara, mas havia muito mais guardado para aquela jovem viciada, pois o Doutor estava de volta a ativa, e ele estava mais faminto do que nunca…

  • Hadrian Shaw, o mago vampiro

    Hadrian Shaw, o mago vampiro

    Kieran me disse que eu deveria ter um diário, e nele relatar todas as minhas experiências. Disse que eu estava predestinado a mudar tudo, só não sabia se isso seria bom ou ruim… Bem, já aprendi que não ouvir seus conselhos, pode trazer consequências terríveis, vou tentar me lembrar de tudo que já vivi!

    Meu nome é Hadrian Shaw, ou pelo menos até aquele dia este foi meu nome… Nasci no ano de 1713, na pequena cidade de Luton. Passei grande parte da infância atolado nos mais variados livros… Meu pai sempre dizia que o estudo rígido, era importante, por mais estranho que fosse o tema. Os anos foram passando e tudo continuava inalterado, nossa casa vivia sempre cheia de visitas, meus pais gostavam muito de fazer jantares para receber alguns amigos. Alguns eram intrigantes, outros muito atenciosos, lembro-me bem de Kieran, em todas as visitas ele fazia questão de conversar comigo por algum tempo, interessado em meus estudos sempre me contava historias de bruxas, monstros e outras fantasias… Hoje eu sei que ele estava me testando e me preparando para o que estava por vir!

    Quando completei meu décimo aniversario alguns fenômenos estranhos passaram a ocorrer. No início eram raros, e eu cheguei a pensar ser fruto da minha imaginação, mas a frequência começou a aumentar e os outros perceberam. Lembro como se fosse ontem quando meu pai me abraçou, e com lagrimas nos olhos disse que havia chego o dia, e que eu não deveria temer nada, que logo Kieran estaria chegando e que tudo ficaria bem. A chegada de Kieran era esperada, e para minha surpresa minhas coisas estavam prontas para a viagem, cheguei a me sentir rejeitado, pois pareciam estar se livrando de um peso… Mas com o passar do tempo, e os ensinamentos de Kieran eu pude entender tudo, pude ver o que causava medo em meus pais, e tive a chance de voltar até minha família, me desculpar por meus pensamentos, e agradecer por terem me colocado no caminho.

    O treinamento…

    Eu me esforcei nos ensinamentos de Kieran, em pouco tempo me tornei seu discípulo mais brilhante, minhas habilidades e poder cresciam a cada dia. Quando cheguei aos 18 anos Kieran disse que havia chego a hora, a hora em que eu deveria escolher meu caminho… Explicou, que os maiores Magistas precisavam escolher tornar-se mestres ou viver a sombra de seus mentores, e que eu não poderia fazer esta escolha, pois ele não permitiria que seu pupilo apagasse a própria luz. E dei inicio a minha jornada pelo mundo, em busca de conhecimentos e experiências que não encontraria em Londres. Em minhas andanças deparei-me com os mais variados tipos de despertos, Wairwulf, Wampir outros Magistas e algumas outras criaturas que nem estavam nos livros… Mas foi em Berlin que encontrei algo de extremo valor, seu nome era Dana!

    Dana era uma joia rara, capaz de tirar qualquer um de seu caminho… Longos cabelos da cor do sol, olhos tão verdes que deixariam até mesmo as safiras com inveja. Porém eu não fui o único a deixar meu caminho! Sem que Dana ou mesmo eu percebêssemos, olhos famintos a observavam. Aproximei-me de Dana, e logo que nossos olhares se cruzaram ficamos congelados por segundos, que pareceram ser minutos, horas, décadas… Tentei falar algo, mas pela primeira vez em minha vida minha língua afiada me traíra, sem conseguir falar peguei em sua mão e pude notar um lindo sorriso se formando em seu rosto, e ali teve inicio uma nova fase de minha história. Porem nosso observador também tinha planos que iriam causar muito sofrimento a todos, mas por hora ele não se mostrou, devia ter notado o que eu era e decidiu agir com cuidado.

    Não demorou muito para que nos envolvêssemos, Dana e eu, ela decidiu largar tudo e me acompanhar em minhas viagens e eu expliquei a ela que tudo que ela conhecia iria mudar, e aceitou sem pensar. Estava tudo tão maravilhoso que eu com minha juventude e inexperiência não percebi que um Wampir estava nos seguindo, e esperando o melhor momento para atacar.

    O inicio da agonia…

    Falei a Dana que eu precisava sair da cidade para praticar um pouco, e que não era seguro ela me acompanhar, a deixei em uma estalagem a qual estávamos hospedados e me dirigi à floresta, em minhas praticas acabei perdendo a hora e a noite caiu. Já haviam passado das 22h quando voltei à realidade, brincar com o tempo pode ser uma pratica muito arriscada… Recolhi as minhas coisas, e apressei o passo para encontrar Dana, mas tudo que encontrei em nosso quarto foram roupas rasgadas, um pouco de sangue e a janela aberta. Minha respiração ficou acelerada, minha mente entrou no caos, pela primeira vez em muito tempo eu não sabia o que fazer. Com os olhos cheios de lagrimas clamei pelo nome de Kieran, e ele pode me ouvir… O vento soprou em meu ouvido “Wampir”, e uma segunda lufada de vento “procure o sangue no vento”. Concentrei-me por instantes, colocando a mente em ordem e pensando na mensagem enviada, e finalmente entendi, invoquei o vento e o fiz me guiar ao cheiro de sangue estranho que exala dos Wampir. O vento me guiou ao cheiro, mas chegando lá encontrei apenas Dana inconsciente, o maldito a havia transformado e fugido, até os dias de hoje não consegui descobrir a identidade do maldito Wampir.

    Estava claro que eu precisava de ajuda, eu precisava de respostas e não podia deixar Dana neste estado, juntamos nossas coisas e fomos para Londres sempre viajando a noite e eu tratava de esconder Dana durante o dia para protegê-la do sol. O pior foi a fome, ela precisava de sangue e não aceitava o fato de beber de humanos… Fomos o mais rápido possível atrás de Kieran, pois se houvesse alguma forma de reverter isso, ele seria a única pessoa que poderia me responder. Seus estudos do sangue nunca foram segredo para mim, mas confesso que nunca prenderam minha atenção. Então, depois de uma longa jornada enfim chegamos a Londres e fomos de encontro a Kieran.

    O erro…

    Contamos toda a história a Kieran, e após ouvir tudo atentamente em silencio, ele nos disse que não havia meios de reverter o que estava feito. Dana caiu em pranto e ao ver sua reação não pude aceitar as palavras de Kieran, questionei sobre sua pesquisa do sangue, que devia haver alguma forma de arrancarmos a maldição dos Wampir de Dana. Sua resposta foi fria e clara “A existência dos Wampir, assim como a nossa é obra dos deuses… E ninguém pode desfazer o toque de um deus, nem Wampir, Wairwulf, ou Magista”. Não aceitei esta resposta, e ouvi as seguintes palavras “Já fiz uma escolha por você minha criança, não posso escolher novamente. Se quer usar minhas pesquisas, vá em frente, mas se tentar desfazer a criação de um deus vai acabar morrendo”.

    Passei dias estudando a pesquisa de Kieran sobre o sangue dos despertos, e cheguei a conclusão de que poderia curar Dana modificando um ritual de purificação de água com algumas alterações para fazer isso em sangue, nossa primeira tentativa foi um fracasso… Parecia que realmente Kieran estava certo, eu não tinha poder para desfazer o que um deus fez. Foi então que tive a ideia mais idiota de todas… “Eu não precisava purificar o sangue, bastava eu tirar todo o sangue de Wampir e colocar nela sangue humano limpo”. Estava tudo certo, o ritual que iria tirar o sangue e colocar o sangue novo estava preparado, demos inicio ao processo… Estava tudo funcionando, o sangue novo estava entrando no corpo de Dana enquanto o sangue Wampir começava a sair, porém ao invés de sair do corpo dela e escoar pelo chão, algo deu errado. Ele começou a vir em minha direção e sem que eu tivesse tempo de fazer algo, aquilo começou a entrar em mimatravés de meus poros. Uma dor terrível se espalhou por todo o meu corpo era como se eu estivesse morrendo por dentro, a dor foi tanta que não pude conter um grito, e após o grito chamas brotaram de todas às partes do salão consumindo tudo inclusive o corpo de Dana, um pouco antes de restar apenas cinzas de seu corpo houve uma explosão e perdi minha consciência.

    O segundo despertar…

    Quando recobrei a consciência a primeira coisa que fiz foi percorrer a sala em busca de Dana, mas nem sinal de seu corpo… Passei a olhar a minha volta e não havia nada queimado, estava escuro, mas estranhamente eu conseguia ver perfeitamente… Minha mente encheu-se de perguntas “Onde eu estou? Que fome é essa que estou sentindo?” Caminhei até a porta e ao abri-la deparei-me com um grande salão, um lugar bem conhecido, estava no local de treinamentos de Kieran… Passei a chama-lo incessantemente, precisava de respostas, no entanto ele não apareceu. Depois de um tempo uma porta se abriu e pude ver um rosto familiar, era Kaleb um dos pupilos de Kieran eu sabia quem era ele mas algo estava errado, a ultima vez que nos encontramos ele tinha apenas 15 anos agora era um homem adulto que já ostentava seus primeiros fios de cabelos brancos. Kaleb, o que esta acontecendo? Onde esta Kieran? Ele se aproximou de mim e abriu os braços oferecendo um abraço, aguardamos por muito tempo seu despertar Hadrian, finalmente a tarefa de zelar por seu sono teve um fim, e foi uma longa tarefa de 50 anos. Fiquei horrorizado com a revelação olhei para minhas mãos e então entendi tudo, eu fora punido pelos deuses com aquilo que tentei desfazer… Kaleb, e D… e pude ver seu semblante pesaroso apenas fazendo não com a cabeça. Me leve até Kieran…

    O reencontro com Kieran foi devastador, seu olhar de tristeza mostrava o quanto ele desaprovara minhas ações, porem acabei descobrindo que também havia culpa naquele olhar. Naquele mesmo dia soube o que havia me tornado algo que até aquele momento nunca havia existido, ou era desconhecido para ele… Segundo as explicações eu continuava sendo um Magista, mas agora era também um Wampir, o estranho é que eu não conseguia mais manifestar meus poderes, e Kieran me explicou que isso ocorria pois eu precisaria aprender a controlar a minha nova essência e isso seria trabalhoso, pois até mesmo ele desconhecia como… Os anos foram se passando 1, 5, 10, 20 anos e a maioria das tentativas eram falhas, o Maximo que eu conseguia manifestar deixaria um recém desperto envergonhado, varias e varias vezes pensei em desistir e aceitar que era um Wampir e nada mais, porem Kieran nunca me permitiu isso! As coisas só começaram a finalmente mudar no ano de 1841, quando Kieran retornou de uma viagem e disse ter encontrado respostas que ajudariam a entender a controlar meus poderes. Levei mais 20 anos praticando com Kieran para finalmente conseguir dominar por completo os poderes Magistas somados ao Wampir.

    A promessa…

    Quando finalmente meu treinamento estava completo, Kieran veio até mim com um ar de preocupação. “Meu garoto, com o passar dos dias pude perceber o quão terrível pode ser a mistura dos poderes que você acidentalmente fez, estavas tão compenetrado em aprender a controlar, que nem percebeu que superou meus poderes a mais de 3 anos. Acredito que isso pode ser recriado, e por isso você precisa prometer que nunca vai revelar a ninguém isso. Se algum dia alguém descobrir você precisa fazer com que esqueça, ou deixa a existência.” Um dia o que você fez vai mudar tudo, apenas não sei ainda se para melhor ou pior. Até lá continue estudando o sangue para entender com exatidão o que ocorreu. Andei pelo mundo por mais 40 anos no ano 1900 já havia encontrado as respostas a todas as minhas perguntas… Descobri onde falhei, e descobri que Wampir, Magista ou Wairwulf não é uma doença que possa ser curada. É uma condição que pode ser no máximo controlada. Porém da mesma forma que ocorreu comigo, é possível brincar de deus e misturar as linhagens, mas os riscos são grandes. Até hoje sei da existência de um clã Wampir amigos de Kieran que conseguiram misturar a linhagem com Wairwulf, mas nunca alguém que tenha misturado às três.

    Tempo de descanso…

    Retornei a Londres e fui ao templo de Kieran, contei a ele minhas descobertas e minhas suspeitas, compartilhamos nossos estudos e então revelei a ele meu desejo… “Meu mentor e amigo, hoje entendo meus erros e meus pecados. Porem já estou vagando há muito tempo e decidi dormir para esperar um outro tempo, em que eu não seja uma ameaça tão grande para a ordem natural das coisas. Em suas mão deixo minhas descobertas, e meus sonhos. Porém darei lhe um fardo também… Farei um ritual que vai ligar nossas essências, meu despertar só será possível com a sua vontade, ou se algo lhe acontecer.” Me despedi de muitos amigos que viviam entre aquelas paredes e me entreguei ao torpor no ano de 1901.

    Sono interrompido!

    Pouco a pouco começo a recobrar a consciência… O que esta acontecendo, Kieran não clamou por meu despertar, mas sua energia está tão fraca, o que esta acontecendo? Já recobrei a consciência, mas ainda não consigo controlar meu corpo, espere velho amigo, você nunca me deixou desistir e fará isso agora?

    Só consegui recobrar o controle de meu corpo fraco desprovido de sangue depois de alguns dias da energia de Kieran já ter se dissipado por completo, tenho que descobrir que mal levou sua vida!

  • Ser humano

    Ser humano

    Este texto foi enviado pela Gabriella, que me deixou muito feliz reaparecendo por aqui. Fica bem minha querida, a vida é assim mesmo repleta de surpresas, jogos e trocas 😉

    Ser humano

    O ser humano não é digno de pena, pelo menos não aqueles que eu conheço. Machucar, magoar, ferir parece tão simples para algumas pessoas… Brincar com o sentimento das pessoas é ferir a alma sem perceber. Às vezes é sem consciência, às vezes é proposital… Quem inventou o amor achando que estaria fazendo o bem e ensinando algo bom, pelo contrario mostra a fragilidade do homem, o ponto fraco… Arranco hoje do meu peito isso que chamam de coração, que na verdade deveria ser apenas mais um órgão. Toda minha essência, todo sentimento que existia em mim morreu. Não existe mais nada dentro desse corpo, apenas osso, sangue e carne. Uma máquina ambulante, sem sentimentos, sem uma causa pra lutar, sem coração. Não é uma escolha fácil, mas no mundo de hoje onde não existe sentimento também não existe dor… Se hoje prefiro ser como um zumbi, é porque acredito que seja mais fácil sobreviver a esse mundo assim. Minha alma foi arrancada, ferida e dilacerada… Eu aceito que tenha que ser assim, pois nada acontece sem nosso consentimento, mas cansei de viver num mundo onde o amor já não tem mais importância, é mero detalhe… Aos que ainda acreditam, sinto muito…

  • O gari serial Killer – Parte 1

    O gari serial Killer – Parte 1

    Ferdinand o que tu fizestes no final do ano? Pois bem meus ávidos leitores… Segue parte do meu final de ano em meio a investigações e algunas cositas más

    Oswaldo sempre foi um cara do tipo festeiro, daqueles que sempre anda cheio de amigos e esbanjando sorrisos. O seu único problema, que inclusive pode ser visto em muitas pessoas, é aquela famosa falta de limite. Fato que inclusive lhe rendeu alguns boletins de ocorrência na adolescência. Cousas poucas eu diria: Pequenos furtos, direção perigosa e um outro mais ousado envolvendo violência doméstica contra uma de suas namoradas.

    O que ninguém esperava aconteceu devagar e ao longo de mais de 30 anos. A barriga sarada de Oswaldo deu lugar uma bela pança, cultivada com vários litros de cerveja e em sua cara surgiu um belo bigode, daqueles de dar inveja a qualquer galã italiano da década de 60. Sua acomodação na vida foi tanta, que nem faculdade ele fez e parou os estudos depois do médio.

    Agora pai de quatro filhos com duas mulheres diferentes, ele precisa se virar como pode e quase sempre é visto em seus vários bicos diferentes. Inclusive nos últimos meses ele foi visto trabalhando como gari, algo que os radicais interpretaram como o famoso fim do poço…

    O caminho de Oswaldo cruzou o meu no início do mês de dezembro de 2012, quando recebi alguns relatórios contendo procurados pela policia civil e havia neles um tal serial killer que me intrigou. Alguém estava matando pessoas solteiras, que moravam sozinhas, de ambos os sexos e a mesma cena do crime já havia sido presenciada por 3 vezes: Um corpo vestido, muito bem arrumado em cima de uma cama, contendo sinais de esganadura e evidências de estupro. Os locais dos crimes eram as próprias casas das vítimas e nunca foram encontrados digitais, sinais de arrombamento ou furto.

    Inicialmente fui aos locais dos crimes, que ainda estavam lacrados pela policia e fiz aquela tradicional busca investigativa. Confesso que o novo seriado “Elementary” tem inspirado minhas investigações e cada vez que vejo algo aparentemente fora do lugar, imagino uma série de acontecimentos. Mesmo com o olhar um tanto quanto aguçado, no primeiro apartamento eu não encontrei nada anormal, nem mesmo no segundo.

    Só me restou a última casa, um sobrado no subúrbio da cidade, dois andares, grades na frente e se não fosse aquela mórbida fita amarela com preto, eu diria que o lugar parecia bem convidativo. Morava ali a terceira vítima, uma mulher de 32 anos, bonita, traços sulistas e longos cabelos loiros naturais. Devia ser daquelas que certamente trabalhou em eventos quando mais nova ou que fazia muito sucesso por onde passava. A cama onde ela foi encontrada ainda mantinha a forma daquele belo corpo, deixado ali por alguém que certamente agiu de forma metódica e sem escrúpulos. Ao lado na cabeceira, marcado na página 156 estava o livro “A entrevista com o vampiro”. Tomei-o em minhas mãos frias e nesta mesma página uma frase veio aos meus pensamentos como um pedido: “-Talvez você traga alguma sanidade a este lugar…”

    Depois disso, vasculhei os dois andares e o pequeno quintal dos fundos, porém nada me parecia diferente ou fora do lugar. Confesso que estava prestes a desistir, quando por fim vasculhei uma última vez o local onde o copo havia sido encontrado. No pequeno banheiro da suíte, havia uma lixeira ao lado do vaso sanitário e quando a removi do lugar abaixo estava o ralo. Prestes a cair por um dos buracos estava um pedaço de tecido verde rasgado, contendo parte do era o brasão da cidade.

    Naquela noite voltei para casa sem nada de muito concreto, a não ser o tal tecido com o brasão e aquele sentimento de que havia uma alma me pedindo ajuda. Seria aquilo parte de algum uniforme? Seria da vítima, do agressor, de algum namorado, parente ou amigo? Havia algum espírito me ajudando ou pedindo ajuda? Intrigado, chamei Sebastian e juntos começamos uma breve busca on-line. Sebastian vasculhou os arquivos em busca de mais semelhanças entre as vítimas e fiquei vagando em busca de algo que viesse como um estalo a minha mente hiperativa.

    Ao fim daquela noite chegamos a algumas conclusões baseados nas pesquisas e em tudo que a policia havia encontrado. Os peritos haviam achado algo interessante, pequenos pelos nas genitálias de uma das vítimas, sendo a vítima totalmente depilada, concluiu-se que se tratavam possivelmente dos pelos do agressor. Um dos peritos que analisou os tais pelos ainda informou nos laudos que os pelos provavelmente vieram de um bigode, haja vista os traços de nicotina encontrados. Na época da investigação, foram procurados parentes ou amigos da vítima que possuíssem o tal bigode, mas ninguém chegou a prestar depoimento.

    Desconfiávamos então que o assassino era homem, com bigode, forte o suficiente para arrastar ou levantar um peso equivalente a 70 quilos. Todavia nos faltava ainda algo chave, qual a relação entre as três vítimas? Então na noite seguinte eu estava sozinho, concentrado com o pedaço de pano em minhas mãos, quando meus pensamentos foram interrompidos pelos barulhos das latas de lixo sendo derrubadas pelos garis. Como que por reflexo dei aquela olhada pela janela, a fim de comprovar o trabalho de limpeza e a luz de um dos postes iluminou as costas de um dos garis. Estava lá o tal brasão da cidade e o tom de verde do macacão era próximo do tecido em minhas mãos.

    Naquele instante peguei meu smartphone e acessei o Google imagens buscado alguma foto dos garis da cidade. Para minha alegria lá estava um gari dançando no carnaval e na manga de seu uniforme verde havia o mesmo símbolo do pedaço de tecido sujo em minhas mãos. Logo em seguida eu estava afoito e de imediato liguei para Sebastian que veio ao meu encontro minutos depois.

    Continua…

  • Fim do mundo?

    Fim do mundo?

    Texto escrito pelo Sebastian…

    De tempos em tempos o assunto “O fim do mundo” acaba surgindo e em pouco tempo ele acaba se tornando alvo de estudos, profecias de fontes diversas e até mesmo encontrado em registros dito confiáveis.

    Ao longo dos meus mais de 150 anos já ouvi varias informações referente a este assunto. Algumas contendo verdades escondidas em um monte de tolices e outras não passavam de boatos criados para aumentar a ilusão do povo.

    Durante toda a historia da humanidade se falou em fim do mundo, ou no fim da raça humana.

    Um dos mais famosos profetas do fim do mundo foi sem duvida Nostradamus, que em sua previsão viu que uma serie de eventos iria anteceder o dia do juízo final, no entanto, não se pode provar que algum desses eventos realmente ocorreram.
    Entre esses eventos podemos destacar:

    1 – Um eclipse do sol previsto para 11 de outubro de 1999 (fato não acontecido).

    2 – Mês 7 (julho) de 1999 como “a era do terror”, onde haverá uma grande invasão asiática do Anticristo. Haverá uma fome universal e pouca chuva (fato não acontecido).

    3 – O Surgimento de 3 anticristo que iram trazer terror e sofrimento. (alguns acreditam que tenha sido Napoleão e Adolf Hitler) no entanto não é possível provar este ponto vista, pois varias outras pessoas causaram grandes problemas a humanidade.

    Apesar da maior parte destes eventos previstos por Nostradamus não terem se concretizados muitas pessoas acreditaram que o fim do mundo iria ocorrer no ano 2000, evento este que também não ocorreu.

    No entanto, meus estudos foram mais aprofundados em relação a uma “profecia” realizada por um povo antigo e com uma cultura muito vasta.
    Não é segredo para ninguém que o povo Maia era detentor de uma tecnologia e conhecimentos formidáveis, fato este que aumentou ainda mais meu interesse por este antigo povo.

    O conhecimento do povo Maia se mostrava ainda maior na área da astronomia, conhecimento este que concedeu a eles a capacidade de prever eventos astronômicos com décadas ou até mesmo centenas de anos de antecedência e com uma precisão de minutos.

    Muitas das descobertas relacionadas a este assunto foram escritas no que os estudiosos de hoje chamam de calendários Maia. Estes calendários podem ser sincronizados e interligados, gerando assim a origem de ciclos adicionais mais extensos.

    Dentro destes calendários foi a chamada inscrição de Tortuguero, que começou com estes assuntos de fim do mundo. Os fragmentos dos textos escritos pelos maias indicavam que no fim da atual era, algo relacionado ao deus Bolon Yokte ocorreria. O texto incompleto levou a diversas interpretações, principalmente por causa desta estranha divindade, que é ligada tanto à criação quanto à destruição.

    Então vieram os presságios apocalípticos: falou-se em alinhamento do Sol com o centro da Via Láctea (que ocorreria a cada 26 mil anos), inversão dos polos magnéticos, que o planeta X (ou Nibiru) estaria em rota de colisão com a Terra, que ocorreriam tempestades solares.

    Algumas dessas informações são realmente verdadeiras e podem ser comprovadas com estudo e base cientifica.
    No entanto, mesmo sendo verdadeiras devem ser analisados todos os fatos para se chegar a uma conclusão lógica.

    1 – Alinhamento solar com o centro da Via Láctea.

    Apesar de poucos saberem (este não é um conhecimento passado para as pessoas hoje em dia, visto que era um evento ligado a religiões pagãs) o alinhamento solar com o centro da Via Láctea ocorre duas vezes ao ano e recebe o nome de Solstício, ocorrendo em dezembro e em junho. O dia e hora exatos variam de um ano para outro. E até o dia de hoje este evento não causou nenhum tipo de alteração significativa ao planeta.

    2 – Inversão dos polos magnéticos.

    Apesar de parecer pouco provável este é um dos eventos que realmente podem (vai) ocorrer, no entanto não da maneira que muitos estão pensando, a inversão de polos e movimentação das placas continentais, é um evento que ocorre de maneira muito lenta e sequencial, tempo suficiente para que a raça humana venha a causar seu próprio fim.

    3 – Colisão com o Planeta X (Nibiru)

    Este é sem duvida um de meus preferidos junto com o alinhamento solar. (Poder observar as estrelas e planetas sempre despertou um grande intere se em minha alma).

    No entanto, apesar de passar anos analisando este assunto nunca obtive nenhuma prova realmente significativa quanto a existência de um planeta em rota de colisão com a terra. Já encontrei vários planetas, entre outros corpos celestes, no entanto sei o que muitos estão pensando agora e afirmo. Mesmo com recursos pessoais limitados há varias maneiras de se obter informações privilegiadas quando se deseja.

    E nenhuma dessas informações me fizeram acreditar na existência de um planeta escondido vindo em rota de colisão com nosso planeta.
    Contudo, este assunto pode ser analisado por todos vocês e se existisse mesmo um planeta em rota de colisão com a terra, vocês não acham que ele já deveria estar ao menos visível? O fim dos tempos não se aproxima, fiquem tranquilos!

  • Encontro com o mestre

    Encontro com o mestre

    Estacionei o carro e fui em direção ao centro da praça. Este, aliás, é um belo lugar para se passear as madrugadas. Vazio, ar fresco e praticamente nenhuma alma viva, ao menos aos moldes humanos. Seria inclusive um belo lugar para se deitar a grama e ficar um tempo observando as estrelas, constelações, galáxias…

    Sentado em um banco estava um velhote muito bem vestido de terno completo, chapéu e bengala. Com uma das mãos ele segurava um Tablet e com a outra ele manuseava incansavelmente seu bigode centenário. Concentrado, obviamente ele sabia da minha presença, mas isso não me privou de ficar por um tempo lhe observando.

    160 anos haviam se passado desde que o conhecia naquela madrugada de carnaval e ele estava ainda melhor. Mais elegante e forte, parecia que os anos só o deixam melhor. Pensei comigo…

    “Nostálgico hoje meu filho?”

    Eis que surge o pensamento telepático em minha mente e ao piscar os olhos não havia mais ninguém no banco da praça. No entanto, senti a energia de meu mestre vindo de outro lado e ao olhar para trás lá estava Georg sorrindo e indo em direção ao meu carro.

    – Vamos Ferdinand, temos muito o que conversar ainda hoje!

    O Barão e seu jeito excêntrico, mas que sempre tem tudo sob o seu controle.

    Voltamos para a fazenda e Georg foi me contado da viagem de volta. Novos tempos, muita tecnologia e os tais nanochips que revolucionaram tudo que havia antes do inicio de sua hibernação nos anos 60. Seis meses acordado e muitos teriam inveja de sua interação com tudo que existe de mais avançado na atualidade. Está certo que Sebastian o ajudou muito, porém sua mente sempre fora atemporal e avant garde.

    Sebastian, Franz, Eleonor, Julie, H2, Georg e eu. Todos reunidos naquela velha sala da casa grande. Joseph estaria feliz aqui hoje à noite, pensei comigo… Fora uma noite em que meus pensamentos vagavam por todos os cantos do globo, mas que foram interrompidos mais uma vez por Georg. Ele vinha do porão trazendo consigo um cálice de prata e foi logo iniciando o tão esperado ritual.

    – Meus filhos, apesar da inestimável perda de Joseph, nosso clã aumentou nos últimos anos. H2 trouxe sua fé e Julie seu sangue. Ambos não entraram neste clã ao acaso, h2 já era observado há muitos anos por Franz e Julie… Julie é alguém que tenho muito apreço, que surgiu em nosso clã depois daquela maldita guerra e me deixou feliz, ao aceitar meu convite. Independente de todos os laços afetivos que circundam suas cabeças, Gutta cavat lapidem¹ (risos), eu quero deixar implícito antes do festim que nós somos os Wulffdert e me sinto honrado em tê-los comigo.

    Sabe aquele discurso motivacional que você precisa ouvir em determinados momentos de sua vida? Georg o estava fazendo muito bem…

    – Apesar das revoluções tecnológicas e de comunicação deste século, tudo continua muito tranquilo. Nenhuma força nos ameaça, apesar da instabilidade econômica de alguns países, não há motivo eminente para nenhuma guerra humana ou Wampir. Sendo assim, eu irei cochilar por mais alguns anos como já havíamos conversado, lembram? Tá deu de encher o saco de vocês, é assim que se fala? (risos)

    Depois desse momento mais descontraído, nos concentramos novamente e ele iniciou o ritual. Algumas palavras em latim, algumas ervas mascadas maceradas dentro do cálice e um a um fomos despejando gotas de nosso sangue dentro do cálice. Tudo foi misturado a mais ou menos um copo de sangue de Georg e Franz foi o primeiro a beber, seguido por mim e todos os outros, sendo Georg quem consumiu o último gole.

    O que dizer das reações de tal ritual? Simples. Amizade, amor, carinho, respeito e confiança. Estes sentimentos e muitos outros afloraram ainda mais entre todos os presentes. Depois de 100 anos nossos laços haviam se renovado e mais uma vez o clã se sentiu unido na presença do mestre.

    Nas semanas que se seguiram tratamos da hibernação de Georg e para minha alegria Sebastian retomou o seu lugar ao meu lado. Julie e H2 andam mais receptivos que o normal, obviamente em função do ritual e finalmente eu pude sentar novamente em meu computador para retomar meus escritos.

    A nostalgia é importante de tempos em tempo. Por causa dela aprendemos a dar valor ao que temos e isso é importante para que a sanidade de nossos espíritos se mantenha intacta. Talvez algum dia meu companheiro demônio me domine, talvez algum dia eu o expulse. Porém o que importa mesmo é o equilíbrio entre o céu e o inferno, não é mesmo?

    ¹ Essa expressão em Latim, seria o equivalente ao ditado: “Água mole, pedra dura, tanto bate até que fura.”

  • Assalto ao vampiro

    Assalto ao vampiro

    Sabe aquela noite em que você acha que não vai acontecer nada de diferente, porém em poucos minutos se vê sendo surpreendido por algo extremamente bom? Pois então meus queridos leitores, a noite de ontem foi assim. Estava eu em busca de um pouco de sangue, afinal eu preciso me alimentar pelo menos a cada duas semanas, quando sou surpreendido por minha doce e imprevisível Julie.

    A história foi um tanto quanto inusitada e mais ou menos assim:

    Decidi que eu precisava de uma boa caçada, por que fazia tempo que eu não perseguia nenhum meliante. Como eu já disse por aqui, o sangue fresco e carregado de adrenalina é sempre muito melhor, do tipo que a menor lembrança, me faz inclusive salivar. Então me arrumei, preparei um dos carros e parti para uma rua próxima a um ponto de venda e entorpecentes.

    Minutos depois eu estacionei o carro e fiquei por um tempo observando a região. Meu carro novo e limpinho obviamente chamava atenção e ao perceber que algumas pessoas ficaram observando eu tratei de sair rapidamente do lugar e me escondi em um lugar onde ainda podia vê-lo. A rua onde as drogas eram vendidas ficava a um quarteirão e dizem que não há roubos próximos destes lugares, haja vista que policia perto é sempre um problema. Todavia, eu tentei a sorte, pois sempre há um ou outro desavisado.

    Não tardou e logo alguns caras começaram a passar perto do carro, alguns até tentaram ver algo dentro, mas as películas muito escuras dificultavam a observação. Alguns minutos haviam se passado e em certo momento dois caras começaram a bater papo próximo do lugar. Além disso, para minha sorte um deles estava armado, ou aparentava estar, pois havia um volume a mais nas suas costas e logo acima da cintura.

    Eles estavam observando tudo ao redor e um deles inclusive deu uma olhada por baixo do meu carro, certamente procurando algum rastreador.” Ok, acho que tirei sorte grande!” – pensei comigo. Então tratei de por o óculos de grau, baguncei um pouco o cabelo, desarrumei a camisa para fora da calça e gargarejei um pouco de Jack Daniels, que eu levava numa whiskeira de metal no bolso. Dando a entender assim que eu poderia ser um executivo vindo de algum happy hour e possivelmente alcoolizado.

    Em seguida sem que eles percebessem eu comecei a descer a rua em direção ao carro e quando eu vi que um deles me percebeu eu comecei a interpretar uma comedida bebedeira. Inclusive desativei o alarme ao longe, para que eles percebessem que o carro era meu. Já próximo ao carro eu parei, fiz um pouco de barulho com o chaveiro e sim, um deles previsivelmente veio ao meu encontro.

    – Tá a fim de um lance do bom? Bora se envolver, tenho de tudo heim e na classe pro doutor…

    Mesmo com ele falando cada vez mais e sem parar eu continuei andando até parar a frente da porta. No entanto, percebi que o outro ia fazer algo e fiquei aguardando com a mão na maçaneta.  Até soltei um “Obrigado, não tô afim cara…”, mas junto do clique da maçaneta, o cara mais próximo a mim foi rapidamente para trás do veiculo e o outro veio com um 38 em minha direção.

    Para minha surpresa ele estava calmo, mas segurou firmemente o meu braço esquerdo dizendo na maior cara lavada: – Entra ai cara, isso é um sequestro e nós vamos dar uma voltinha. Diante de tais argumentos eu apenas deixei ser conduzido, mas confesso que tive vontade de rir, ao mesmo tempo em que pensei: “Hahahah mal sabe ele com quem está lidando, pobre mancebo…”.

    Já dentro do carro, eu apenas aguardei ansioso a sequencia dos acontecimentos. O primeiro cara se acomodou no banco do motorista e ficou revirando tudo que podia, enquanto o outro armado e junto a mim no banco traseiro, olhou rapidamente ao redor e depois nos disse: – Passa a chave para ele, em que banco o doutorsinho tem conta, nos queremos uma grana cara, se você for gente fina te liberamos em algum lugar depois…

    Naquele instante eu já estava começando a ficar com fome, mas não queria atacá-los em plena rua. Lembrei então de um banco que ficava perto de uma praça meio escura e os fiz me levar até lá. No caminho, algo em torno de 5 minutos, percebi pelo morder de lábios que o meliante da frente havia cheirado cocaína e o de trás provavelmente havia fumado maconha, haja vista o forte cheiro em suas roupas e suas pupilas dilatadas. Seriam então presas fáceis, mas aguardei até que o marginal da frente estacionasse.

    Rua deserta, com apenas alguns mendigos dormindo próximos a entrada do banco 24h e foi então que encontrei o momento que eu precisava. Num instante de descuido eu segurei numa chave de braço o cara que estava a frente e com a outra mão desarmei o que estava ao meu lado. Sim, usei minha rapidez e minha força superiores. Os dois obviamente ficaram surpresos, e o de trás ainda tentou se desvencilhar, mas o contive segurando-o fortemente pelo braço.

    Eis aquele momento em que meu companheiro aflora, as presas crescem e eu me deixo levar pelo doce, quente e avassalador poder demoníaco. Às vezes fico sem palavras para descrever o poder de se possuir e controlar totalmente a vida nas próprias mãos, e por isso vou deixar que a imaginação de vocês faça o resto, quem sabe ao encontro de algo parecido pelo qual eu sempre sinto.

    Alimentei-me com o que estava atrás ao mesmo tempo em que mantinha preso o da frente. Era um sangue amargo, daqueles do tipo venoso e muito sujo, ou seja, o meu predileto. Dane-se a contagem de segundo, naquele instante eu queria ir além e possuir aquela alma até o último pulsar de seu coração nefasto. E não tardou para que isso acontecesse… A estase da alimentação, o prazer equivalente ao orgasmo intenso… Pena que foram apenas alguns segundos e estes rompidos por uma doce surpresa…

    Ao reabrir os olhos dei de cara com Julie que nos observava atenta e sentada comportadamente ao banco do carona a frente. Ao me ver ela abriu um sorrisinho sacana e levou sua mão até minha boca, limpando um pouco do sangue de minha barba ao mesmo tempo que me disse: – Quanta fúria Fê, tudo isso era fome ou estavas apenas matando a saudade de mim com um simples lanchinho?

    Sabe quando tu ficas sem reação ou palavras? Pois então, esse foi o caso. No entanto, me permiti o gracejo, soltando o meliante ao meu lado e segurando rapidamente o pulso de Julie. Havia ficado um pouco de sangue em um de seus dedos, o que certamente rendeu uma bela e sexy lambida…

    Quanto ao cara do banco da frente? Bom, Julie também fez um belo jantar e na sequencia nos livramos deles. Sabe combustão espontânea? Então, transformar corpos humanos rapidamente em cinzas é um dos dons de minha bela morena.

    Nas últimas semanas que se passaram Julie já havia retornado e contado sobre o engano que havia ocorrido. Na verdade ela não iria sumir, ficaria apenas por um tempo tratando de alguns de seus negócios. Inclusive cabe aqui aquela dica de não se deixar levar pelas fofocas alheias…

    Ah sim, Julie criou um twitter e vai participar do blog, aguardem novidades…

  • A Julie me abandonou :/

    A Julie me abandonou :/

    Hoje é uma daquelas noites em que eu confesso perder meu chão ou parte de algumas cousas em que acredito. Era 18:15 quando um amigo me ligou para me dar uma notícia que até então não digeri muito bem: “Julie resolveu voltar para os seus antigos estudos e preferiu não se despedir.” O pior é que nem adianta eu ir atrás desse amigo, haja vista que ele deve saber menos ainda que eu…

    Já faz umas duas semanas que eu não sentia a energia da bela morena e com meu instinto aflorado, como está nestas ultimas noites, eu provavelmente já deveria esperar por isso. Confesso que o seu retorno a minha não vida foi que mexeu comigo, pois fazia algo em torno de 50 anos ou mais que nãos nos víamos.

    Julie foi a primeira vampira/mulher que se deitou em meus lençóis depois de Suellen e lhe devo muito na verdade. Agora é esse sumiço novamente. Como diz meu nobre irmão Franz eu não deveria desprender tanta atenção aos relacionamentos, mas fazer o que? Eu já tentei ser como ele e passar minhas noites entre várias mulheres, mas não consegui.

    Acho que sou aquele cara a moda antiga, que gosta de cortejar, de demonstrar carinho e de ter alguém mais próximo. Será que isto se tornou algo fora de moda atualmente?

    Podem falar o que quiser, mas acordei bem e agora estou aqui tristonho. Provavelmente ficarei por algumas noites relembrando do seu sorriso juvenil, dos seus lábios carnudos e firmes e daquele jeitinho independente, que me conquistou pela segunda vez na imortalidade.

    Internet, livros, escritos, blog, facebook e twitter. Por hoje tudo perdeu a cor, tudo vai me lembrar das nossas últimas brincadeiras e traquinagens… Acho que vou dar uma volta para espairecer, quem sabe eu esbarre em algo que mude meus pensamentos, ou não…

  • Justiça?

    Justiça?

    Continuando o caso policial: Sacrifícios diabólicos…

    Desta vez não foram encontradas marcas na criança, e se não fossem as marcas de esganadura em seu frágil pescoço, muitos diriam que ela estava apenas  dormindo o sono dos inocentes. Meu ex-cunhado estava puto da vida e quando me ligou para informar de mais esta morte, ele também me perguntou se eu podia prever novamente onde que o próximo assassinato poderia acontecer. Me senti inútil dizendo que havíamos dado sorte neste, todavia, ele não se desanimou e foi a fundo na vida dos pais macabros da criança morta.

    Confesso que esse tipo de situação, além de revoltante por envolver frágeis almas infantis, também instiga a minha eterna disposição ao aprendizado do ocultismo, ou como alguns chamam, magismo. Desde quando eu praticava alguns rituais com Suellen, a descoberta por novos rituais e feitiços atiça minha alma demoníaca e eu não poderia deixar de lado este caso. Qual era o feitiço que bloqueou minha entrada no quarto daquele casal? Por que a filhinha deles fora assassinada logo depois que eu a vi? Tantas perguntas e praticamente nenhuma resposta concisa…

    Duas noites haviam se passado e nenhuma novidade de qualquer parte. Julie estava ocupada, Franz também tinha algo por fazer e só restava minha cria Sebastian. Eu não podia ir sozinho, no entanto levar alguém sem experiência de briga como minha cria podia piorar as coisas. Apesar disso relutei e liguei para o meu querido professor nerd.

    – Boa noite professor, afim de uma boa briga hoje?

    – Herr di Vittore…

    – Hahaha fazia tempo que tu não me chamavas assim, mas e ai vamos dar uma de Indiana Jones esta noite?

    – Você sabe que prefiro “viajar” nos meus livros, a fazer algo pessoalmente. Porém, diga no que posso lhe ajudar meu senhor, você é meu mestre e lhe devo minha alma.

    Detesto quando Sebastian faz esse terror psicológico, mas às vezes eu sinto que preciso tirar um pouco a poeira de seus músculos…

    – Estás no lugar de sempre? Passo ai em 5 minutos, tudo bem?

    – ok ok herr di Vittore…

    Como eu já esperava, ele não demonstrou a mínima vontade para sair de sua rotina. Porém, como eu disse antes, eu precisava de alguém e nessas horas o negócio é por o manual de regras vampirescas embaixo do braço e ir atrás de quem pode te ajudar. Mesmo que seja preciso forçar um pouco a barra, como eu quase sempre faço com o preguiçoso Sebastian. Então para economizar tempo fui de moto e cerca de uns 6 minutos depois eu estava no estacionamento de uma das bibliotecas da cidade.

    Sendo a ligação entre senhor e cria algo extremamente poderoso, eu praticamente senti a presença de Sebastian logo que tirei o capacete e olhei melhor ao meu redor. Alguns passos depois e lá estava ele com seus óculos sem grau, sua camisa xadrez, barba por fazer e tudo mais que o pudesse disfarçar em meio aqueles acadêmicos.

    Cumprimentamos-nos rapidamente e depois de alguns minutos o convenci de ir para algum lugar, a fim de vermos as possibilidades com relação ao caso. Então, fui para casa, troquei de roupas, peguei o carro e cerca de 30 minutos depois estávamos voltando a casa onde toda esta investigação, ao menos para mim, havia iniciado.

    Antes mesmo de chegar ao local, vários carros da policia passaram por nós e como nunca fui de duvidar de minha intuição resolvi ligar para o delegado. Como o telefone tocou várias vezes e eu não tinha o contato de sua delegacia, eu apenas resolvi continuar nossa incursão. Já próximos do lugar, havia uma barreira policial e sim, os carros que passaram por nós faziam um cerco na tal casa, que visitamos outrora.

    Estacionei o carro a poucos metros do lugar, mas o meu telefone tocou em quanto pensávamos no que fazer. Era o irmão de Beth, contando que o tal pai da garota havia confessado o crime. Ele não resistiu e depois de ver as fotos de sua filhinha morta, disse que se arrependeu do que havia feito e que aquilo precisava parar. Dedurando em seguida todo o restante do grupo (culto).

    Confesso que para mim o crime contra crianças é algo imperdoável e eu queria muito por minhas presas no pescoço daquele infeliz. Me diga leitor, que justiça será feita apenas pondo tal assassino atrás das grades? Se ao menos esses marginais vagabundos trabalhassem ou fizessem algo de útil a sociedade… Humanos brasileiros e suas leis idiotas…

  • Caso policial: Sacrifícios diabólicos

    Caso policial: Sacrifícios diabólicos

    Na semana passada meu ex-cunhado, o delegado e irmão de Beth, me ligou contando sobre um novo caso. Sempre que vejo seu nome na tela do meu smartphone, meu lado investigativo se expande e inevitavelmente eu abro um “sorrisão”. Então de imediato atendi e deixei que ele falasse, pois nossa última ação juntos não havia sido muito boa.

    – Ferdinand, preciso da sua ajuda em um caso extra oficial… Tais aqui perto? Acho melhor falar contigo pessoalmente…

    O papo foi rápido, ele não tocou em assuntos passados, mas assim que me resumiu parte da ação, eu larguei tudo o que fazia e fui ao seu encontro. 20 minutos depois e lá estava eu encontrando o delgado no pub. Cumprimentamos-nos, fizemos aquela troca de palavras básicas: “Oi, como está, quanto tempo, tudo bem…” e depois de alguns minutos ele me apresentou uma pasta com fotos. Uma simples ação que bastou para que meu demônio começasse a dar o ar da graça. Nas imagens várias meninas mortas com idade aproximada de uns 5 anos e com indício de tortura. O pior é que não eram torturaras daquelas normais, mas sim algo que certamente envolvia o mundo sobrenatural.

    – Muitas delas foram marcadas com ferro quente e o que nossa inteligência descobriu é que estas marcações seguem uma continuidade. São na verdade letras gregas, que inclusive nos fizeram chegar à palavra “Typhon”, que significa algo como “A personificação de satanás”.

    Somente por ouvir tal nome meu corpo se estremeceu. Ainda mais depois de tudo o que houve com Eleonor e aqueles malditos seguidores das trevas. Dizem que atraímos certas coisas somente por pensar e lá estava eu, novamente envolto em mistérios relacionados a um bando de babacas, que curtem falsos ídolos diabólicos.

    Resumindo, eu peguei o máximo de informações que ele possuía e chamei Julie. A curiosa morena, não hesitou e depois de algumas horas apareceu num dos meus apartamentos. Trocamos aquelas deliciosas caricias e já perto do amanhecer lhe apresentei o caso das meninas torturadas.

    Ela ficou chocada com as fotos e ao ouvir o nome “Typhon”, também sentiu seu corpo se estremecer. Esta palavra, aliás, é muito abrangente e digamos que o corpo dela se arrepiou por inteiro em meus lençóis ceda… Então, depois das primeiras avaliações Julie ligou o notebook e fez alguns contatos e pesquisas, chegando inclusive há alguns suspeitos. Estes, aliás, próximos daqueles que o delegado havia me passado.

    Perto do meio dia decidimos descansar um pouco e na noite seguinte fizemos as primeiras buscas. Fomos de carro, pois não sabíamos o que iríamos encontrar e com um veículo blindado, afinal com segurança não se brinca. Dirigi por mais ou menos uma hora até uma cidade do interior e para nossa sorte, não havia nenhuma alma viva circulando por aquelas ruas geladas. Julie era minha navegadora e se deparar com uma rua ela me disse para ir mais devagar. Perguntei o que era e ela me disse que havia sentido alguma presença.

    Depois de ouvir sua descrição eu parei o carro próximo a um terreno baldio e lhe perguntei se dava para sentir de onde vinham tais sensações. Foi quando ela fechou os olhos por um instante e depois os reabriu, apontando de imediato para uma casinha modesta de dois pavimentos ao nosso lado. Por mais que nesses momentos meu demônio sempre me sugira entrar quebrando tudo, eu preferi abrir um pouco o vidro do carro para em forma de névoa.

    Esta forma de névoa em que eu me transformo é invisível aos olhos humanos e o máximo que um filho de adão pode sentir, é uma brisa um pouco mais quente, caso eu passe por perto de seus corpos. Geralmente é o meu melhor disfarce, salvo às vezes em que não estou lidando com algum sobrenatural, que possivelmente poderia me sentir ou ver…

    Adentrei a casa pela janela do banheiro e entre uma fresta ou outra eu chegue até um dos quartos. Um adolescente dormia e aparentemente não apresentava nenhum perigo. Sai então em busca de mais indivíduos e achei outro quarto onde estava uma menina naquela faixa dos 5 anos e que também não me transmitiu nada de estranho.

    Só me restava o que seria o quarto dos pais e lá fui eu, porém para minha surpresa me deparei com uma espécie de barreira mágica, que impediu minha entrada. Obviamente aquilo me deixou curioso, mas me contive e sai novamente da casa para tentar a janela. Para meu azar o tempo estava fechando, alguns raios insistiam em fazer muito barulho e ventos fortes começaram a dificultar minha locomoção. Mesmo assim usei toda minha força e consegui me aproximar da janela, fiquei por ali tentando achar alguma brecha entre as cortinas, quando levo um susto.

    Um homem com 40 anos aparentes e uma longa barba castanha escura abriu a janela. Ficou por alguns instantes olhando ao redor, como se estivesse procurando algo (eu) e na sequencia fechou tudo. Sua feição denotava preocupação ou raiva e de alguma forma sua imagem ficou gravada em minha memória.

    Tratei então de voltar rapidamente para o carro e lá estava Julie tremendo. Ela estava quente, algo praticamente impossível de ser ver num vampiro e depois de me ver novamente na forma humanoide, me falou para sairmos o mais rápido possível daquele lugar. Não hesitei e à medida que íamos nos afastando do lugar, Julie aparentava ficar melhor. Ela não soube dizer o que estava acontecendo, mas era claro que havia sido enfeitiçada por alguma magia de proteção.

    De volta ao meu apartamento mandei uma mensagem para o delegado, que me respondeu dizendo que iria mandar uma viatura vigiar o lugar. Em função de minha transformação e do ataque sofrido por Julie resolvemos descansar. Lembro que durante aquele dia eu não tive um sono muito agradável e inclusive fui acordado por uma ligação. Era novamente o irmão da Beth, que queria me informar mais uma morte… A menina que eu havia visto na casa durante a madrugada…

    Continua!

  • Meu bem meu mal

    Meu bem meu mal

    Há certo tempo atrás eu estava sem muito o que fazer, praticando o famoso ócio criativo e resolvi escrever algumas histórias sobre temas diversos. Esta que exponho abaixo, foge a tradicional temática das histórias de minha não vida de vampiro, porém gostaria de aproveitar meu espaço para ver a opinião de vocês a respeito. Por favor sejam críticos, tal qual sempre. Obrigado!

    Meu bem meu mal

    “Não há bem sem mal, nem prazer sem preocupações.”
    (La Fontaine)

    Sexta-feira, 09:45: Paulo, cansado, tenta ler e entender algumas linhas sobre álgebra. O calor incessante não consegue ser vencido pelo fraco ventilador que sopra no teto da sala. Os olhos piscam, as pálpebras tremem e vários pensamentos tomam conta da cabeça.
    “- Aquela maldita prova de amanhã eu não consigo entender nada.”
    Fórmulas após fórmulas, as costas do rapaz alto, começam a doer. A cadeira desconfortável e o pouco espaço para as pernas sob a mesa. Tudo é desculpa para sair e tomar um ar.

    “-Vejamos o que tenho na mochila.”
    Sim, estava lá aquela peteca, que Paulo pegara outro dia com um de seus amigos. A prova ficou de lado, os olhos pararam de piscar e a vontade de dar mais uma cheirada surgiu.
    “-Esse pozinho vai me acordar!”
    “-Era disso que eu tava precisando”.
    Livros largados, mochila nas costas, era hora de procurar um lugar para dar uma cheirada.

    A faculdade é um lugar grande, tem muitos prédios cheio de salas vazias e escuras. A noite pouca ou quase nenhuma pessoa pode ser vista. Mas nada melhor que o banheiro da Matemática, ele é grande escuro, tem aquela pia gigante e da até pra tirar um cochilo que ninguém vai perceber.

    O caminho até o banheiro é escuro, o silencio é enlouquecedor e os vigias ainda não começaram a fazer suas rondas. Paulo segue solitário, quando de repente, ouve-se barulhos de latas sendo derrubadas. Um calafrio sobe pela espinha do rapaz que levanta a cabeça na procura de alguém ou algo, até que surge a sua frente no meio do corredor um gato preto. O pequeno animal, anda em direção do rapaz, que imóvel, fica a observar o felino passar se esfregando por suas pernas, continuando seu caminho como se não tivesse encontrado ninguém. Paulo respira fundo, olha para os lados, como se procurasse alguém, sorri e continua pelos corredores.

    As velhas lâmpadas fluorecentes, piscam e o caminho fica mais sombrio, Paulo empurra uma velha porta que range. O banheiro estava do jeito que ele lembrava, úmido, pouca luz, pia grande alguns mictórios e algumas cabines com vasos sanitários.

    A mochila vai ao chão, Paulo procura pela trouxinha. Coloca um livro em cima da pia e desenrola o pó branco em cima. A carteirinha da faculdade serve para quebrar melhor as pedras e a cédula de 1 real vira um tubinho. Tudo pronto, a hora chegou. Em uma só tragada a droga se vai pelo nariz.
    “-Sempre me da vontade de espirrar”
    “-Será que essa pega rá…pi…do…”

    O mundo para por alguns minutos, silêncio, escuridão total. Ouve-se barulhos de pessoas andando, barulho de correntes sendo presas, algo esta sendo arrastado. A escuridão começa a ser interrompida por flashes das lampadas, que mostram portas batendo vultos surgem… Três estalos de dedos são ouvidos. Paulo tenta abrir os olhos, mas encontra dificuldade. As lampadas param de piscar, mas o ambiente continua sombrio. O rapaz sente sua cabeça sendo chutada e quando finalmente abre os olhos vê uma mulher lhe observando sentada na privada. A mulher tem olhos escuros, cabelos longos amarrados em uma única trança e também escuros. Traja uma calça jeans e uma camiseta vermelha, com um cachecol preto envolta do pescoço.

    Somente a cabeça de Paulo esta dentro da cabine. Seu corpo do lado de fora parece estar amarrado.
    “-Estás te sentindo preso.”
    diz a mulher em tom irônico. Assustado e tentando se soltar Paulo diz:
    “-O que esta acontecendo, onde que eu estou… me solta”.
    “-Tu não tem sido um bom garoto”.
    Ficando nervoso Paulo reage:
    “-Me tira daqui, socorro, socorro…”
    Um novo chute na cabeça o atordoa e o faz para de gritar.

    No mesmo tom calmo e irônico a mulher fala:
    ”-Não adianta gritar, ninguém vai te ouvir, tu sabe que só passam pessoas por aqui de dia…”.
    “-Eu não quero saber, me tira daqui sua vaga…”
    Com um soco na porta e com a mesma calma na voz a mulher fala:
    “-O que eu preciso fazer pra tu ficar quieto? Tu não ta em condições de exigir nada! Eu vou falar e quero te ver bem quietinho entendeu?”
    Paulo fica em silêncio.
    “-Como eu ia dizendo tu não tem sido um bom garoto, reprovou em diversas matérias, tens desrespeitado a tua mãe, tch tch tch…tadinha dela, trabalha dia e noite pra te manter só estudando e tu maltrata a coitadinha. Tu sabe o que ela passa todos os dias naquele escritório? E a Maria tua ex namorada, tadinha, sofre até hoje pelo trauma que tu deixou nela pelos tapas, arranhões e toda aquela merda que tu dizia pra ela. Mas fica tranquilo hoje tu vai pagar por tudo!”
    Paulo que estava até agora ouvindo, arregala os olhos e fala com tom de medo:
    “-O que você quer comigo eu nem lhe conheço, o que foi que eu te fiz cara?”
    E a mesma voz calma responde:
    “-Eu tenho diversos nomes mas pode me chamar de Adriel!”.

    Surge novamente a escuridão, um barulho de serra acompanhado de batidas e um grito de dor…
    “-Ahhhhhhhhh, para para pelo amor de Deus”.
    “-Eu ouvi a palavra Deus? Quem tu acha que é pra pedir pelo amor divino?”
    Adriel passa a mão nos cabelos de Paulo, com carinho admira a face do rapaz e da um tapa em seu rosto:
    “-Eu não quero mais ouvir tu falar em Deus, ele não existe mais pra ti. Eu vou ser o teu inferno a partir de agora. Lembra-se da primeira vez que tu cheirou cocaína? Foi bom né? Tu gostou daqueles 30 minutos de prazer inconsciente. Sabe o que aconteceu nesse tempo que tu ficou inconsciente? Tu bateu na tua namorada, espancou a tadinha até ela chorar te implorando pra parar, e tu abobado achando que ela tava gostando. Tudo bem isso vai custar um pé”

    Escuridão, serra e gritos de dor…
    “-Por favor eu te imploro, para para…”.
    -“Isso tá apenas começando meu garoto. Teve uma vez que tu fumou cocaína junto de maconha. Nossa foi ótimo, tua cabeça tinha ficado leve, a matéria da faculdade no dia tinha ido que é uma beleza, em casa tu só lembra de chegar e dormir né?” A voz de Adriel que estava calma fica forte e grave:” Quando tu chego em casa tua mãe preocupada te perguntou o que tinha acontecido. Tu grito com ela, chamo ela de vagabunda, abriu a geladeira derrubo tudo que tinha dentro, pego o gato do chão e coloco no microondas. Tu achou mesmo que aquele pobre gatinho tinha fugido e que tua casa tinha sido roubada, como tua mãe disse? Ah isso vai te custar uma perna!!!”

    Entre flashes de luz pode se ver o rosto de Paulo fazendo expressões de dor. O barulho insano da serra e os gritos de dor param quando novamente Adriel brinca com o cachecol sobre o rosto de Paulo.
    “-Cansada de se incomodar contigo a Ritinha te deu um pé na bunda, finalmente ela descobriu um cara legal e te largou. E o que tu fez? Arrumou briga com o cara, arrebentou uma cadeira nele, ele ficou meio cego de um olho por causa disso sabia? tch tch tch, acho que um braço paga essa dívida!!!
    Paulo, quase desmaiado fala:
    “- Por favor não me mata não me ma…”
    Um golpe certeiro de machado é ouvido, enquanto a mão de Adriel segura a boca do rapaz que não consegue gritar.

    “-Tudo bem te sobrou um braço”
    Adriel comenta com humor e com um sorriso no canto da boca. Paulo está ofegante, mau consegue respirar…
    “-Lembra quando teu pai morreu? Tu não te aguento e pra tentar esquecer o momento subiu o morro e foi cheirar com teus amigos. Foi a vez que tu mais cheirou não sei como não entro em coma. Seria melhor por que dai tu não teria estuprado aquela pobre menina que te ofereceram… Esses teus amigo, tu acha que aqueles merdas são teus amigos? Eles só tão contigo por que tu é engraçado pra eles, quando tu bebe ou se droga tu vira outra pessoa. Eles adoram te ver naquele estado… Bom acho que tu não vai mais precisar desse braço que te sobrou!”

    Escuridão total…silêncio…Luz do dia
    “-Acorda, acorda muleque… Esse garoto, saco, ficam vindo aqui…”
    Dor de cabeça, preguiça, Paulo sente alguém lhe chutando, abre os olhos devagar…
    “-Para para!!! O que heim, onde eu to?”
    A guarda imóvel olha para Paulo e fala:
    “-Levanta dai garoto tá pensando o que? Isso não é teu quarto não pow. Não tem casa não???”
    Paulo sem saber direito o que está acontecendo, se arruma pega sua mochila o livro em cima da pia e vai embora pelo corredor. A guarda abre um sorriso, era Adriel com roupa de vigia.

  • Eu aclamo

    Eu aclamo

    Onde está meu ego?
    Perdido entre as sensações que nego?
    Ou será que realmente, o monstro sou?
    Nunca liberto-me do pavor,
    À alguém, eu conto meu temor…
    À alguém, eu faço as preces,
    Para encontrar sentimentos alegres.

    O desejo sanguinário dentro de mim, nunca morre,
    O ódio sobre todos os humanos, apenas dorme.
    Eu que venho das profundas sombras misteriosas,
    Eu que vago em pensamentos e discórdia,
    A vida de uma criatura lamentável,
    Não sabe se existe algo,
    Que a liberte de tanta insegurança, dúvida e dor.
    Abandonada foi, pelo amor.

    Ó pai,
    Ó pai, se estás tu aí em cima,
    Se és tu dono de tanto…
    Alivia meu pranto.
    Filho do filho que gerou o pecado.
    Sou eu errático.
    Sou eu o herdeiro, que possuiu a mente inundada de perguntas,
    Sou eu o vampiro que chora por teu sorriso para mim,
    Sou eu quem lhe faz os pedidos para dormir,
    Um sono ao qual eu tenha um sonho de luz.

    Eu sou o mal e o bem…
    Eu possuo as qualidades e o desdém.
    E eu clamo a ti, um pouco de compreensão,
    Um pouco de iluminação,
    Ao caminho que sou fadado a andar.

    Ó força superior,
    Ó força superior, Livre-me do horror.
    Livre-me do calor,
    O calor dos humanos, sujos, impuros e traiçoeiros,
    Seres esses que deveriam está de joelhos,
    Perante a presença de seu criador.
    Eu sei, que ainda nutres um grande amor,
    Por esses insolentes sem escrúpulos.
    O teu perdão eu imploro, por tirar a vida desses impuros.

    Enviado por Armand Anthony.