Categoria: Histórias

Nesta seção você encontra historias, contos e relatos relacionados ao mundo real e sobrenatural. Verifique a indicação de faixa etária no início de cada texto.

  • A Vingança de Rebecca – Parte II

    A Vingança de Rebecca – Parte II

    Eu acabei recordando o tempo em que era apaixonada pelo único professor de Francês que tive na adolescência, sempre tinha apenas professoras, até descobrir que ele era um psicopata, mas isso é outra longa história… E naquele momento, eu ainda não conseguia acreditar no que meus olhos estavam vendo. Observei o que acontecia por alguns minutos, pensando no que faria em seguida, de que forma reagiria quando percebessem minha presença.

    Recostei-me na porta e olhando para minhas unhas, falei com desdém:

    – Meu querido Senhor, por que não me chamou para a festa? Vejo que realmente é insaciável, depois da noite que tivemos…

    Ele não se surpreendeu quando o encontrei com duas vadias na cama do meu quarto, que eu nem sei de onde vieram. Eu sei que no mundo de alguns vampiros essas coisas pareciam comuns, mas ele sabia que aquilo naquele momento me provocaria e até me machucaria, e era exatamente esse o propósito. Então, reagi de uma forma que nem eu mesma imaginava.  Aproximei-me das duas garotas. Estava decidida a não deixá-lo conseguir o que queria. Eu não reagiria feito uma moça iludida. Então, o provoquei como se estivesse gostando de senti-las me tocando, querendo participar da tal “festinha”. O surpreendi quando fiz parecer que até beijaria uma delas. Foi quando comecei a gargalhar nervosamente, mas de maneira estranha, digamos, demoníaca. Passei as mãos sobre os cabelos delas, e olhei bem o rosto de cada uma. Também eram jovens, bonitas. Olhei para Sr. Erner. O que será que ele pensava ou via em mim naquele momento? Queria também poder saber o que havia em sua mente. Desci minhas mãos até o pescoço das duas e sufocando-as senti que perdia o controle. Minhas unhas compridas apertaram ambas com tamanha fúria que acabei cortando a garganta de ambas. Seus corpos caíram como sacos no chão esvaindo-se…

    Silêncio. Suor. Sangue nas mãos. De onde havia surgido tanta força? Ele olhava para mim sarcasticamente, mas estava nervoso.

    Eu havia matado pela primeira vez.

  • A Vingança de Rebecca – Parte I

    A Vingança de Rebecca – Parte I

    Ao revirar e relatar meu passado, muitas lembranças vieram à tona. Tenho tentado contar tudo de maneira mais fiel e resumida possivel, mas claro que, muitos acontecimentos se seguiram, e, ainda trarei muitos relatos sobre os longos e confusos anos que vivi junto a Sr. Erner, um ser totalmente frio e manipulador.  Mesmo que eu tenha o amado de certa forma, eu sentia algo muito maior: ódio. Então, avançando um pouco no tempo, relatarei como consegui minha vingança, me libertando das garras calculistas e doentes de Thomas Erner.

    Por longos minutos, fiquei observando-o. Dormia de olhos abertos. Era estranho. Mas, por outro lado, seu corpo me chamava muito à atenção. Era forte. Mesmo dormindo daquela forma horripilante, seu rosto possuía traços bem marcados, tinha a aparência jovem, mas era excêntrico. Nariz fino, olhos escuros. Cabelos ondulados. Mantinha a expressão sempre séria. Era ríspido e… Sedutor. Lembrei do ocorrido nas últimas horas e imaginei novas situações. Havia sido uma noite incrível, realmente.  Ainda conseguia sentir suas mãos pesadas sobre meu corpo. Por um momento ri ao ver a situação do quarto. Mas, dentro de mim, ainda havia uma tempestade de emoções e oscilações de sentimentos. Senti-me orgulhosa por ter conseguido vencer meus medos, e desafiado aquele a quem eu temia e… Obtido êxito. Além disso, já não me reconhecia em alguns momentos. Eu estava diferente. Em meus pensamentos planejava coisas terríveis que não eram do meu feitio. Sentia amor e atração por aquela criatura, mas ao mesmo tempo, desejava a ele as piores e mais insanas dores e sofrimentos, eu queria vingança, esquecendo-me de que talvez ele estivesse vendo todos esses planos da minha mente. Vesti-me, recolhi os manuscritos e diários que havia deixado cair no chão. Ele continuava dormindo. Desci até a sala. E passei horas lendo e relendo todos os documentos…

    Em certo ponto, o silêncio e a calmaria pareceram-me estranhos demais. Para mim quando tudo estava quieto era porque algo aconteceria. Caminhei até um espelho, meu rosto pálido, olhos fundos e escuros. Quem eu era naquele instante? Perdida em meus pensamentos sobre o que havia vivido até aquela noite, ouvi barulhos estranhos de gemido. Parei e prestei atenção no som. Como sempre, minha curiosidade era imensa. Caminhei em direção ao tal barulho.

    Ao abrir a porta do quarto, senti-me perplexa e enojada…

  • Sensitiva, a história de Aidê – pt1

    Sensitiva, a história de Aidê – pt1

    “Tu estás ao centro, Alfredo de um lado e eu do outro. Estamos amarrados a três cadeiras presas ao chão e há muita fumaça, tem fogo em algum lugar… Tem alguém chegando… ”

    Era início do século XX e eu havia perdido completamente a noção dos dias e das noites. Confesso, tive diversas experiências inusitadas ao longo das quatro décadas que vivi no Rio de Janeiro. Porém, havia situações onde eu mal lembrava onde havia dormido ou muito menos aonde acordava.

    Foi numas destas idas e vindas que conheci Aidê. Filha de um ex-escravo com uma espanhola. Cuja combinação não seria outra se não alguém de traços marcantes e temperamento quente.

    Lembro-me de ter sentido alguma cousa me empurrando e ao abrir os olhos entendi que alguém me cutucava com uma vassoura. ”Tá vivo” ela perguntou. “Claro que não” respondi prontamente. Fato que a fez soltar uma gargalhada gostosa, daquelas que até assustam de tão espontânea. Cheguei a recuar e ao perceber minha reação ela se fechou, disse um tímido “desculpe” e voltou a varrer em outro canto.

    – Hey, sabes que horas são minha querida?

    – São quase duas da tarde sinhô.

    – Ah raios! Tens certeza que é tão cedo ainda?

    Ela me olhou estranho e ainda estava digerindo o fato de ter me encontrado usando apenas uma calça e ao chão do quarto de alimentos.

    – Calma,  é que trabalho a noite e durmo de dia…

    Tentei disfarçar, mas ela não ficou muito convencida. Ela inclusive se aproximou e soltou:

    – Desculpe-me o comentário sinhô, mas tu precisas de um bom banho e de um bom prato de feijão com arroz. Bebeu tanto, que tá até pálido… Deixa que eu vou ali no quarto ver se o patrão já acordou e trago uma camisa.

    Sem que eu pudesse dizer que não precisava ela largou a vassoura e foi-se correndo para outro cômodo. Foi neste momento que me lembrei da noite anterior e que eu estava na casa de um conhecido, chamado Alfredo. Na verdade era um ghoul de Eleonor e que havia me convidado para uma “festinha” na noite anterior. “Coitado, devia achar que eu a traria para que tirasse uma casquinha” Foi o meu pensamento.

    Depois de alguns minutos ouvi uma movimentação pelo lugar e surgia a minha frente uma garota loira usando apenas as calçolas. Ela protegia os seios com uma das mãos e na outra trazia o que pareciam ser seus outros pertences. Quando me viu ela sorriu e disse preocupada: “Meus pais vão me matar Fê”. Depois colocou um tipo de vestido e foi-se para outra parte da casa.

    Logo depois estampando um sorriso de orelha a orelha vinha Aidê com uma camisa na mão.

    – Sinhô, não sei o que fizeram na noite passada, mas tá parecendo que o patrão tá morto de morte morrida.

    – Como assim?

    – Eu entrei no quarto do patrão e ele tá sentado amuado num canto. A miúda tava na cama. Tomou um belo susto quando entrei e saiu correndo.

    – Calma, que vou lá ver! Espera aqui e se ver mais alguém na casa me chama!

    Fui para o quarto e o infeliz estava sentado no chão e pelado. A respiração estava muito fraca, mas a julgar pelas garrafas de cachaça, tinha tomado um porre daqueles. Coloque-o na cama e voltei para a sala. Onde por sorte ninguém havia aberto nenhuma janela ou porta

    Aidê estava sentada numa cadeira próxima a mesa e tomava um copo d’água. Quando me viu foi logo perguntando:

    – O patrão se foi?

    – Calma ele está bem, só bebeu um pouco além da conta ontem…

    – Ai minha nossa senhora ainda bem!

    Com o intuito de acamá-la me aproximei e coloquei uma das mãos sobre seu ombro. Foi quando inesperadamente ela se arrepiou inteira e baixou a cabeça por alguns instantes como se estivesse sentindo algo. Cerca de uns 5 segundos depois ela balançou a cabeça, empurrou rapidamente a cadeira para trás e se levantou. Fixamente ela me observou por alguns instantes e disse antes de desmaiar:

    “Tu estás ao centro, Alfredo de um lado e eu do outro. Estamos amarrados a três cadeiras presas ao chão e há muita fumaça, tem fogo em algum lugar… Tem alguém chegando… ”

  • A magia e os vampiros – pt10

    A magia e os vampiros – pt10

    Chegamos a Berlin na noite do dia seguinte e fomos diretamente a um dos hotéis que temos “conta”. Infelizmente, Claire não nos acompanhou, mas sinceramente acho até que foi bom, pois certamente eu me perderia em suas curvas ou ao menos passaria muito tempo tentando fazer isso…

    Berlin e suas noites agitadas e cheias de atores, escritor, cantores, pintores… A diversidade cultural anda tão em alta na cidade, que chego a me imaginar voltando a morar por lá. Porém é realmente uma pena que algumas ruas, cujo passar dos anos não as altera, ainda me tragam tantas lembranças de um tempo que não volta mais.

    Memórias a parte Franz já chegou no espírito de festa (só para variar) e queria ir para algum lugar onde houvessem “garotas fáceis”, mas o convenci que seria interessante irmos primeiro ao refúgio do vampiro líder da cidade, aliás, amigo meu e que vou chamar por aqui de DW.

    Certas cousas nunca saem de moda para os vampiros e ainda é costume levar um presente quando se visita o refúgio de algum “conhecido”. Como havíamos chegado a pouco, obviamente não tive tempo de comprar nada. Porém Hadrian deum boa ideia e me convenceu a presenteá-lo com uma de minhas pistolas. Como eu sempre viajo com minhas pistolas nas maletas, havia ali um belo presente. Ainda mais por que elas são modelos especiais feitas sob medida em uma das fábricas em que sou sócio.

    – Ferdinand seu filho da… Por que não me avisou que vinham? Certamente teria preparado a casa…

    – Imagina cara e olha aqui… Acho que vai gostar do “brinquedinho” que te trouxe desta vez.

    – hahaha Não tivesse tempo de me comprar nada e vai me dar uma de tuas pistolas é safadão? Mas fica tranquilo fiquei “secando” da outra vez que visse aqui.

    – .50 adaptada para .40, o chassi é feito com uma liga experimental mais leve, tem um sistema antitravamento e mais alguns detalhes que eu vou deixar tu experimentar na prática…

    – Como eu te disse fiquei “secando” e muito elas… Mas vamos lá, que bons ventos o trazem aqui, ainda mais com esse safadão do teu irmão. Vem cá seu puto me da um abraço. Tô com saudades das festinhas ali na Kurfurstenstrasse… E tu não sei quem és, mas se é amigos desses dois está em casa, cara!

    Certamente, vocês já devem ter ouvido falar que os alemães são um pouco frios, mas DW já havia viajado tanto e feito tantas festas conosco que “viramos da família”. Berlin, aliás, é uma cidade onde sempre fomos bem-vindos, ainda mais depois que os muros caíram e a liberdade voltou à cidade. Turismo e recepção a parte eu não sabia o que meu amigo faria naquela noite, portanto resolvi ir direto ao assunto principal.

    – Não sei o que tens para fazer hoje à noite, mas passamos aqui para dar um oi rápido e perguntar sobre algo que estamos procurando pelo país. Já ouviu falar do projeto “Amadeos”?

    Nesse instante a expressão dele mudou um pouco, ele inclusive olhou para os lados e se aproximou de mim.

    – Não pude deixar de fazer um “draminha”. Cara, não sei de praticamente nada disso hahahaha… Mas é bem provável que vocês encontrem algo no Wash’s. É um “strip bar” novo na cidade, onde inclusive preciso ir qualquer dia desses para demarcar território. Parece que estão fechando alguns negócios importantes por lá ultimamente.

    DW é aquele tipo de sujeito cheio de histórias, que as conta de uma forma agradável e sempre te deixa com vontade de conversar mais. Porém, como adoro novidades e o Franz estava ansioso por uma noitada com os irmãos, dei uma “breve cortada” no papo e fui junto dos outros para a tal “Wash’s”. Onde antes mesmo de entrar senti a presença de outros dois vampiros desconhecidos.

  • A magia e os vampiros – pt9

    A magia e os vampiros – pt9

    Claire vestia um casaco bege, seus longos cabelos louros estavam presos num coque alto, a calça de lycra preta de sempre deixava seu bumbum daquele jeito e nos pés simples sapatilhas de dia a dia. Os grandes óculos transmitiam um ar sexy e sua cara pálida e cansada indicavam que ela também não havia descansado muito nos últimos dias.

    – Seguinte, coloca logo tuas roupas por que a noite vai ser longa.

    – Poxa depois de tanto tempo nenhum beijinho de boas-vindas? Confesso que estava com saudades dessa tua braveza…

    Nesse momento eu juro que senti um sorrisinho de leve, mas ela continuou no mesmo tom seco de sempre:

    – Anda logo tu foi último a acordar e os outros já devem estar nos esperando lá na recepção!

    Como não resisto a uma bravinha, continuei meu cortejo:

    – Ah mas que privilégio ter-te aqui me acordando!

    E depois dela pseudo sorrir novamente, ouvi apenas um “Anda!” dito por ela antes de sair do quarto. Sabe-se lá o que ela queria tão cedo e as primeiras horas da noite, mas parecia importante e decidi me arrumar rápido. Ao chegar à recepção todos me aguardavam e apenas Franz se manifestou com uma piadinha telepática: “Ela foi logo chegando e perguntando por ti, comeu?” Respondi com minha cara de indignado e apenas levantando uma de minhas sobrancelhas. Claire, que não percebeu nossa comunicação visual foi logo falando:

    – Já que estão todos prontos podemos ir para o QG, certo sr. Hadrian?

    Hadrian apenas consentiu com a cabeça e com um furgão dirigido pelo próprio mago/vampiro fomos para o centro da capital. Cerca de 40 minutos mais tarde nós chegamos a um prédio comercial comum e onde todas as luzes estavam apagadas.

    Na recepção havia um velho lendo um jornal e que apenas observou nossa entrada. No elevador descemos cerca de cinco andares. Depois caminhamos por alguns corredores, passamos por algumas salas de escritório e em fim chegamos a uma última porta que nos levou a um lugar grande. Neste espaço havia muita iluminação e diversos indivíduos.  Logo de inicio percebi que era o tal quartel General que eles haviam comentado anteriormente.

    – Bem-vindos ao atual QG da mão vermelha, me esperem próximos daquela mesa, vou pegar alguns materiais e volto rapidinho.

    Não resisti e novamente dei aquela secada naquele hipnotizante e mágico traseiro empinado…

    – Hey para de babar, se não vou ter de ir ali pegar um balde – Comentou meu querido irmão.

    Hadrian estava empolgado e não esperou Claire. Foi logo nos contanto tudo o que estavam planejando. Um experimento envolvendo a mistura entre os genes dos vampiros e diversos animais de hoje e de antigamente estava sendo feito em algum lugar da Alemanha.

    Preciso dizer por que precisavam de nossa ajuda nesta missão?

  • A magia e os vampiros – pt8

    A magia e os vampiros – pt8

    Tempos atrás contei aqui a história de quando alguns integrantes da “Labraid Lámh Dhearg” vieram atrás de Hadrian. (ver A magia e os vampiros) Onde inicialmente eles quiseram levá-lo a força, e por fim depois de terem quase sucumbido aos poderem do jovem mago/vampiro, decidiram “pegar leve” e fazer tudo amigavelmente.

    Ao longo da história tivemos conhecimento de muitas sociedades, grupos ou reuniões secretas com objetivos variados. Muitas delas foram ou são na verdade apenas confrarias de cavalheiros reunidos em prol do bem mútuo, porém algumas delas são realmente em prol de algo além da realidade cotidiana.

    Como é o caso da Labraid Lámh Dhearg, cujo um de seus objetivos é a proteção da sociedade diante tantos seres sobrenaturais a solta mundo a fora. Inclusive, há quem diga que eles possuem relações próximas com a igreja católica ou com outros grupos, como aquele fundado por Christian Rosenkreuz, mas isso não vem ao caso agora.

    – Pow maninho tu não perde essa mania de usar os pulmões como um reles humano?

    Disse-me Franz assim que desembarcamos no porto de Londres e depois de eu mencionar que o cheiro do lugar me era repleto de lembranças.

    Para nossa alegria não tardou e ao longe era possível sentir a presença de nosso amigo. Ele trajava um manto vermelho escuro, que cobria todo o seu corpo e o capuz deixava apenas sua barba à mostra.  Para ser bem honesto a chegada de Hadrian me lembrou de algum filme noir. Onde o cara anda em câmera lenta, tendo ao redor de si um ambiente com poucas luzes e terrivelmente sombrio, em função da tradicional neblina da região.

    Déjà vu a parte, Hadrian se mostrou feliz em nos ver. Seu semblante transmitia cansaço, mas apesar disso estava bastante animado com nossa chegada. Tanto que estava com um taxi pronto para nos levar há um dos pubs mais badalados da cidade.

    Nesta noite colocamos os papos em dia, Hadrian nos contou de sua estadia Londrina e do quanto estava com saudades do Brasil. Eu aproveitei para ouvir todas as suas histórias e Franz garantiu as boas-vindas ao conquistar algumas garotas para o “after” no hotel.

    Por falar em hotel, fui acordado com alguns empurrões. Não foi um susto, mas assim que abri os olhos percebi que estava seminu e sentado na poltrona ao lado da cama. Para a minha alegria eu não estava sonhando e quem me trazia de volta ao mundo dos acordados era aquela beldade de bumbum empinado, chamada Claire…

  • Hoje a noite não tem luar

    Hoje a noite não tem luar

    “O corpo será submetido ao exame de DNA, mas familiares confirmaram que os pertences encontrados junto à vítima como roupas, óculos e relógio são compatíveis com os que eram utilizados pelo diretor…”

    Algum tempo havia se passado e corpo do homem apresentava boa recuperação, certamente o sangue de Frederick estava agilizando o processo de cura e em breve seria possível vê-lo movimentar os membros superiores novamente. Ao menos é o que devia estar passando na cabeça do infeliz?

    Frederick despertou de seu sono diurno, colocou uma roupa menos social que a da noite anterior e acendeu a lareira. Na sequência deu alguns chutes no infeliz, que entre um resmungo e outro voltou a realidade.

    – Vamos! Acorda seu pilantra, hoje a noite vai ser longa! Já consegues mexer os braços?

    Percebendo que ele havia se recuperado suficientemente, colocou uma corda em seu pescoço, tal qual quem amarra um cachorro e o fez andar agachado até o lado de fora. Local onde começou uma nova série de trabalhos doutrinadores, no qual certamente muitos de vocês ficarão horrorizados. Inclusive não recomendo a leitura dos parágrafos a seguir para quem possui estômago fraco.

    Frederick amarrou o homem a um ipê que possuía flores amarelas e típicas daquela região. Arrancou o que ainda restava das calças do infeliz e usou um galho seco para penetrar com força o anus do indivíduo. Repetiu o movimento até que fosse possível ver o sangue fluindo e mudando a cor do tapete de flores aos seus pés.

    – Eu estava pensando em comer o teu rabo, mas confesso que sempre quis praticar o empalhamento e para te ser bem sincero acabo de entender o prazer desse tipo de prática… Tanto que até vou te deixar descansar por mais um tempo em casa e vou à caça, o sangue que tu desperdiçaste me deixou com fome.

    Ao voltarem para casa Frederick deu um pouco do seu plasma ao individuou, o imobilizou novamente a um dos pilares e saiu para jantar. Ao retornar, depois de ter encontrado meia dúzia de capivaras, o vampiro vislumbrou o homem acordado e aquilo o deixou curioso. Será que seu sangue havia recuperado a vitalidade completa do prisioneiro?

    – Vejo que te recuperou rápido e tua persistência garantirá um bônus!

    O Sanguessuga se aproximou, arrumou o corpo do homem de tal forma que seu pênis ficasse para cima e o masturbou com as mãos até que seu membro ficasse ereto. Ao perceber que ele demonstrava certo prazer, pegou rapidamente uma faca de um dos bolsos e cortou seus testículos com apenas três cortes. Por alguns instantes ele observou as duas bolinhas em suas mãos, como se fossem alguma espécie de troféu e sem dó nem piedade fez o próprio homem comê-los.

    Após o ato inescrupuloso Frederick pegou um pedaço de lenha com brasa da lareira e cauterizou o que ainda restava do saco escrotal do sujeito.

    – Soube que tu traias tua mulher com aquela vadia enterrado em meu quintal e muitas outras, inclusive algumas residentes desesperadas por emprego. Bom, espero que tenhas entendido que traição não é algo concebível no meu vocabulário?

    Preguiça, gula, luxúria… Será que Frederick se inspirou nos tais sete pecados para esta doutrinação?

  • Brincando com a comida

    Brincando com a comida

    – É uma pena que ela não tenha entendido a situação e quem sabe agora, no plano a qual sua alma estiver, consiga perceber melhor os seus erros. Talvez Deus tenha piedade de sua alma ou quem sabe o Diabo no qual ela acreditava lhe dê bons conselhos.

    A esta altura dos acontecimentos o fumo do cachimbo de Frederick acabara e ele apenas o largou sobre a mesinha ao lado. Na sequencia aproximou-se novamente dos prisioneiros, fato que bastou para o homem se estremecer por completo. Percebendo a tremedeira do infeliz o vampiro riu-se por dentro e proferiu em claro e bom tom:

    – Honre tuas calças, tua mãe nunca te disse isso? Calma, por hora só quero limpar a sujeira que esta vadia proporcionou ao meu recanto!

    Então com a maior calma de todas, o sanguessuga libertou as amarras que ainda prendiam o corpo da mulher. Colocou o pedaço de carne surrado em seus ombros e levou para fora. Minutos mais tarde e bastante sujo de terra, ele voltou para a cabana e limpou todo o sangue com um esfregão, panos e água proveniente de um poço nos fundos do esconderijo.

    A descarga de adrenalina fora tanta que o homem simplesmente desmaiou e se pôs a roncar feito um porco na “engorda”. Aquilo obviamente surpreendeu o filósofo, que não pestanejou e usou a água com sangue podre do balde da limpeza para acordar o sujeito.

    – Vem cá, tu achas mesmo que isso aqui é algum tipo de pegadinha, brincadeira ou o que? Vai dizer que o garotinho, está cansadinho? Vamos facilitar um pouco a situação…

    Com a mesma frieza de sempre Frederick soltou o homem de suas amarras e deixou deitado ao chão. Depois se voltou para um dos armários, abriu uma das gavetas e pegou uma espécie de cassetete de madeira, no qual utilizou para surrar ambos os braços do homem. Entre gritos e gemidos, Frederick se manteve calmo e tomou cuidado para não deixar nenhum osso intacto.

    – Agora que aliviei a tesão da morte da sua ex subordinada, posso começar o verdadeiro jogo contigo. Tome… Beba tudo o que conseguir de meu sangue, isso vai permitir que te recuperes mais rápido do que imaginas.

    O homem estava fraco, as dores em seus braços estavam insuportáveis e ele estava prestes a entrar em colapso. Porém, diante a situação o sangue de Frederick falou mais alto e já as primeiras gotas que chegara a corrente sanguínea do infeliz lhe proporcionaram um alivio mágico e instantâneo.

    Bastaram alguns segundos para que o efeito fosse ampliado e enfim o homem teve forças parasse sentar. Em seguida já lhe era possível ficar consciente e assim que pode proferiu suas primeiras palavras:

    – Por que tudo isso?

    – Já ouviste falar que o amor e o ódio são sentimentos muito próximos? Resolvi por isso em pratica agora contigo, numa espécie de teste empírico. Calma que isto será apenas o início do que está por vir!

    Assim que o homem ficou são por completo Frederick o “apagou” com uma ríspida e violenta coronhada na fronte…

  • As torturas de um filósofo

    As torturas de um filósofo

    “No canto da sala e sentado a sua poltrona predileta ele pitava o tradicional Davidoff, adquirido décadas atrás em uma tradicional tabacaria de Londres. Cidade, aliás, onde adquiriu o hábito de preparar um bom Latakia para os seus momentos mais íntimos e contemplativos…”

    A noite era fria e úmida, típica da serra e da região a qual ele havia escolhido para seus experimentos, recheados de segundas, terceiras ou até mesmo quartas intenções. Nenhum conforto ou itens da era contemporânea. Todavia, alguns detalhes indicavam seu lado mais refinado e podíamos observar seu estilo, por exemplo, nos móveis. Todos foram escolhidos a dedo entre os seus pertences prediletos e inclusive há quem diga que alguns pertenceram a celebridades de outras épocas.

    As luzes das lamparinas a óleo iluminavam parte do outro canto da sala e se não fossem as roupas seria difícil dizer quem era o homem ou quem teria sido a mulher do casal. Ambos receberam as punições necessárias de Hector, em função de seus “pecados” e se Frederick não quisesse brincar mais um pouco com seus corpos, certamente suas almas já estariam em outro plano.

    – Dizem que a pureza da alma pode ser vista quando os corpos estão prestes a perecer e por isso os trouxe aqui… Vejam a fumaça que se esvai deste belo Latakia, que queima livremente em meu cachimbo. A alma dos humanos é como esta fumaça e flui livremente aqui neste ambiente controlado e sem as intemperes mundanas.  Agora vejam o que acontece se eu estalar meu dedo ou sussurrar algo próximo da base do fogo…

    Thssspaaa… Ecoou a chibata nas costas do homem, que se contraiu mais uma vez e emitiu alguma espécie de grunhido áspero de dor.

    – Ok ok vocês andam calados depois de tudo o que Hector os proporcionou…

    Nesse momento ele se aproximou da mulher e continuou seu monólogo próximo de seu ouvido esquerdo.

    – Tu achavas mesmo que passaria toda tua vida medíocre, fazendo aquelas pessoas moribundas sofrerem ainda mais no hospital por causa dos remédios adulterados, que com a maior cara lavada e de pau, tu aplicava nelas? E tu seu viado, achavas mesmo que iria conseguir comprar o silêncio de todos, diante o dinheiro que tu levavas por fora com os fornecedores e pilantragens que fazia?

    Thssspaaa… Thssspaaa… Thssspaaa… Thssspaaa… Mais duas chibatadas em cada um deles e finalmente a mulher resolveu se pronunciar com um silencioso “por-fa-vor”.

    – O que tu resmungou?

    – Por-fa-vor… Por favor, para…

    – Ah mas que alegria, realmente como dizem as mulheres são mais resistentes.

    Nesse instante Frederick volta a se sentar em sua poltrona, pita mais duas vezes o cachimbo e prossegue:

    – Em que posso ser útil? Aliás qual a sua graça mesmo? É Silvia, não mesmo? Vamos lá Silvia conte-me o que está tão ansiosa para falar!

    A mulher tossiu e expeliu o sangue velho e seco que estava em sua boca. Depois se concentrou para inflar os pulmões e proferiu algumas palavras carregadas de ódio, utilizando as últimas forças que ainda lhe restava:

    – Vai pro inferno junto daqueles outros demônios, vocês são bestas que Deus colocou no meu caminho.

    Hahahahahahah gargalhou Frederick como se tivesse ouvido a melhor das piadas.

    – Então depois de tudo o que aprontasse ainda ousa pronunciar o nome de alguma divindade? Sabes o que mais me irrita nos humanos? É essa externação de culpa, essa falta de coragem para assumir os próprios erros diante aquilo tudo que faz para si ou para os próximos. Pelo visto depois de tudo o que tu passaste tu não aprendeu nada não é mesmo? Chega…

    Frederick levantou-se rapidamente, aproximou-se da mulher e com as próprias unhas rasgou de fora a fora o pescoço da infeliz, que ainda se contorceu por mais alguns instantes e faleceu jorrando sangue por toda a parede e chão a sua frente.

    O vampiro limpou suas mãos nos trapos da falecida e voltou calmamente para sua poltrona, onde pitou por mais algumas vezes o tal Davidoff. Onde provavelmente planejou friamente o destino do homem semivivo a sua frente.

  • Amores do Barão

    Amores do Barão

    Outro dia eu vos contei que o meu tio, o Barão e Líder do nosso clã, também possui algumas de suas histórias guardadas em diversos livros ou diários. Todavia, como ele está neste plano há muito tempo, mais do que a grande maioria de vocês poderiam imaginar, a linguagem que ele utiliza é muito arcaica. Então quando nos sobra tempo, Sebastian e eu fazemos algumas traduções destes materiais, sendo nossa maior expectativa, o fato de poder trazer parte da antiguidade para vocês. Esperamos que gostem de mais esta história, que ocorreu em 1312.

    Há mais ou menos quatro solstícios atrás, eu enfrentei o sofrimento da perda de minha companheira Adalheid.

    Durante muito tempo ela teve algum tipo de doença, que paralisou seus membros, inclusive perto do fim era difícil manter-me por perto, diante aquele corpo praticamente imóvel a cama. Foram vários os dias em claro pesquisando medicamento, rituais ou qualquer tipo de droga que pudesse ao menos lhe proporcionar uma breve melhora. Tantas noites em busca de conhecimentos fora de nosso castelo, que hoje eu me culpo por não ter passado mais tempo próximo de seu leito final.

    Sei que eu não deveria ocupar tanto do meu tempo com uma humana, ainda mais por que tínhamos muitos problemas para resolver. Nosso castelo ocupado durante o dia por Ghoulsera alvo de constantes tentativas de invasões ou saques, e nem mesmo aqueles pobres coitados, que viviam marginalizados nas plantações nos davam sossego.

    Adalheid tinha pouco mais de 23 anos e não queria passar por tudo o que passei. Insisti por várias vezes que ela poderia ser uma sanguessuga, talvez fosse a mais bela de todas, mas ela não suportava o fato de ter de se alimentar de sangue. Inclusive quando soube que eu agia de tal forma teve uma piora de seu estado mental. Ficou louca como dizem e inclusive me recriminou como um monstro pelo inverno inteiro. Diante os fatos, só me restou proteger sua constituição humana e zelar, que nada de pior pudesse lhe acontecer.

    Apesar de eu ter enfrentado longos anos desanimadores, recebi a duas luas atrás a notícia de que um aliado solicitou minha presença em suas terras.  Sabe-se lá o que ele quer de mim, mas servirá para distrair minhas noites e mudar o foco dos meus interesses.

    Nota: O velho Achaïkos Nileas não estava em Berlin nesta época e seu território compreendia a região da antiga Constantinopla, em meio à disputa de poder entre Latinos e Bizantinos.

  • A Revelação: a história de Rebecca – Final

    A Revelação: a história de Rebecca – Final

    Naquele instante, olhava para o chão e para todas aquelas folhas caídas e sentia as paredes girarem e as pernas amolecerem. Senti que aquele poderia ser meu momento final no mundo. Arrepios. Não haveria o que eu pudesse fazer ou planejar para me livrar daquele homem terrível e me livrar daquela prisão maldita. Thomas Erner, era o nome dele. Um demônio manipulador. Pensei no que faria naquele momento. Não adiantava ter medo. Não havia nada a perder. Eu precisava reagir. Precisava deixar aflorar os instintos que ele atribuiu a mim. Ele perguntou-me novamente, sem tirar os olhos do chão também:

    – Me diga senhorita Rebecca. Encontrou o que precisava? Responda-me!

    Ergui minha cabeça. E então disse:

    – Realmente, encontrei. Mas, me diga você, Senhor Thomas Erner quando pretenderia me contar toda a verdade? Quando falaria que é um psicopata que me seguiu a minha vida inteira? Me diga, porque eu  fui predestinada a estar aqui? Quero saber por que sou tão diferente a esse ponto? Você tirou tudo de mim e não vai nem ao menos dizer-me por quê? Se sou igual a você agora, é melhor parar de me tratar como se eu fosse um de seus alvos a quem influencia e manipula.

    Ele não olhava para mim enquanto falava. Parecia realmente furioso e sua voz parecia não sair dele mesmo. Eu estava decidida a não deixá-lo me manipular, ou me fazer sentir medo. Estava disposta a inverter o jogo. Ainda não sabia ao certo como, mas sabia que era preciso.

    Ele ergueu a cabeça lentamente.

    – Você não deveria ter entrado lá! Eu havia lhe avisado.

    Seus olhos estavam vermelhos, arregalados. A porta estava aberta. Ele havia feito de propósito! Sua face desfigurada como se fosse atacar. Eu permaneci parada, encarando-o, disposta a enfrentá-lo. Não sei de onde veio minha coragem naquele momento, mas não pestanejei. Então, ele caminhou até mim enquanto seu rosto voltava ao normal. Então, me beijou vagarosamente, atirou-me na cama com violência e tudo o que eu me lembro do resto daquela noite, foi que quebramos o quarto inteiro…

    Continua, quem sabe…

  • A Revelação: A História de Rebecca – Parte III

    A Revelação: A História de Rebecca – Parte III

    Recolhi todos aqueles papéis do chão e li atentamente alguns trechos do que havia escrito neles, era uma história e tanto:

    “Alemanha, 1562. Foi o ano em que nasci. Sim, sou Thomas Erner. Cresci em um orfanato,mas  fugi e vaguei pelas ruas. Nela descobri o dom de manipular as pessoas e consegui tornar-me um homem rico, porém nada digno. Com 30 anos, e a beira da morte por uma terrível doença. Recebi uma visita de alguém desconhecido e… uma proposta na qual não me arrependo de ter aceitado. Teria vida eterna, mas uma vida sem alma, sem coração. Concebida pelo mal. Na qual a sede por sangue me consumiria, e a luz me queimaria. Escolhi viver na escuridão e com isso, adquirir ainda mais  poder. Eu morri e retornei a vida. Mas, retornei em forma de demônio. Um tipo de demônio na qual chamam de manipulador. Um ser da escuridão, capaz de controlar e manipular outros seres, um ser que anseia por sangue e sente prazer na dor e tortura alheia. Sou capaz de conseguir tudo o que quero!! Ainda mais agora, que conseguirei ainda mais e mais poder…”

    Virei algumas páginas aterrorizada, e….

    “Alemanha, 1928. Ela estava saindo do seu novo trabalho, não sei por que insiste em fazer algo que é de domínio dos homens… Sempre atrapalhada e ansiosa. Era assim desde pequena. Ao menos consegui atraí-la para perto. Hoje será a grande noite em que sua vida mudará. Eu já estava preparando-a com seus pesadelos, adorava brincar com sua mente enquanto dormia. Então, está tudo planejado. Irei trazê-la para mim…”

    Por alguns instantes, permaneci recostada na parede olhando para o nada. Encontrei o que precisava. Ali havia toda a história, todas as anotações sobre mim e sobre ele, agora sabia quem ele era. O pior era que aquele homem havia me observado a minha vida inteira. Desde meu nascimento, talvez, e descobrir algo assim era desconcertante. Cada passo, cada palavra, cada acontecimento. Tudo estava ali.  Ele era maluco, realmente. Por um momento, senti tanta raiva que meu desejo era destruir e quebrar tudo aquilo. Mas eu não podia. Eu vivi uma ilusão, conclui.

    Certamente, ele já sabia que eu estava lá e que descobri tudo. Peguei alguns diários e manuscritos e voltei para o quarto. Tentei deixar tudo como estava para que talvez ele não sentisse falta do que eu havia pegado. Mas, ao entrar no quarto… Ele já estava lá. Sentado em minha cama, olhando para baixo. Gelei. E deixei tudo cair no chão novamente…

    – Vejo que achou o que precisava não é mesmo?