Categoria: Histórias

Nesta seção você encontra historias, contos e relatos relacionados ao mundo real e sobrenatural. Verifique a indicação de faixa etária no início de cada texto.

  • Harry Potter e os vampiros

    Harry Potter e os vampiros

    Noites atrás me peguei assistindo Harry Potter e ali naquele lance do chapéu seletor me veio a ideia para esse artigo, onde faço um paralelo entre os dois mundos.

    Assim sendo, o aprendizado de um vampiro novo se inicia quando ele é transformado. Muitos clãs, tribos e demais tipos de agrupamentos possuem derivações do ritual tradicional e é por causa disso que o aprendizado pode variar.

    No Harry Potter a criança se aproxima do chapéu, que analisa antepassados, virtudes, comportamentos, força de vontade e afins. A partir disso o chapéu indica a casa, onde o estudante de bruxaria será alocado. Depois disso, como a Rowlin nos conta há diferenças sobre como cada casa ajuda os aprendizes a se desenvolver.

    Apesar disso, em Harry Potter há um contexto em que as casas se assemelham as famosas fraternidades das universidades dos Estados Unidos. É nisso que o grupos de vampiros começam a se diferenciar.

    O Ritual

    Posto que, a base do ritual é a mesma: há a mordida, quando se suga boa parte do sangue do novato e ele fica à beira da morte. Em seguida as palavras necessárias e o acordo são feitos, é nesse ponto que alguns vampiros tradicionais ofertam a desistência ou a transformação. Porém isso é um mero detalhes, pois geralmente na beira da morte qualquer humano opta pela continuidade neste plano.

    Em seguida, começam as variantes: Há vampiros que misturam seu sangue com determinados componentes. Há outros que aguardam o penúltimo suspiro de vida no novato e ainda há aqueles que atribuem propriedades mágicas ao sangue, que o neófito terá de beber.

    Ainda falando de variantes, após a absorção do que lhe é ofertado, a transformação se inicia. A ruptura com a humanidade ocorre e há nesse ponto uma morte propriamente dita. Sim, é algo dolorido, como se os órgãos internos levassem socos ou fossem apertados, o coração bate freneticamente, a cabeça junto e há a impressão de que pode ocorrer uma hemorragia que fará o corpo de alguma forma explodir. Nesse ponto muitos desmaiam!

    Também, há clãs que são gentis com seus neófitos e o abrigam em quartos, com camas confortáveis e preparam um desjejum para quando ele acordar. No entanto, já vi grupos que enterram seus aprendizes e estes quando despertam precisam sair da terra ou de túmulos como os zumbis dos filmes de terror.

    Novas práticas

    Além disso, outro procedimento que tem ganhado força, inclusive por causa dos jovens rebeldes é a transformação em massa, onde os neófitos são largados em sítios ou casas afastadas dos grandes centros e os despertos precisam se virar. Até que numa bela noite o mestre apareça e exige uma espécie de idolatria forçada.

    Tudo isso, ocorre na primeira noite após a transformação. Depois vem o primeiro mês, o primeiro ano, década e centenário. Cujas datas são comemorativas e alguns grupos mais tradicionais homenageiam seus membros. Cabendo há alguns deles a mudança de patente ou status e novas responsabilidades para com seus colegas de clã. Obviamente, tais honrarias ocorrem apenas nos grupos mais organizados, que é onde os vampiros duram mais, digamos assim. Sem esse apoio dos semelhantes é difícil ter segurança, sem falar da parte psicológica e isso vem muito da mente humana, que não foi preparada para viver mais de um século, quem dirá vários e alguns simplesmente desistem.

  • Status quo vampiro: final

    Status quo vampiro: final

    Saindo da reunião com um dos mandachuvas da Ordem, eu falei algo qualquer com o Julian e fui para uma torre de vigia. Se não me engano é uma das mais altas e que possui uma vista bacana da região. Fiquei lá sentado na janela pensando com meus botões, desbravei algumas notícias, troquei uma ideia com o povo do Twitter… Até que senti alguém vindo e lá estava a Lili.

    – Hey, como me achou aqui?

    – Moro aqui há anos e conheço vários esconderijos… Mas um vampiro alto e metidinho a galã quase não chama atenção também, né? Aliás, você arrancou suspiros de umas vagabun… digo, vampiras da Ordem, sabia?

    – Ah cara, nem vem com essa se fosse pra eu me perder numas curvas…

    Ela me interrompeu, veio por trás, me deu um abraço com força. Depois colocou a cabeça no meu ombro e sussurrou perto do meu ouvido: “Te quero”.

    Eu sabia que ia dar merda ficar sozinho com ela, mas a carne é fraca e provavelmente a ruiva lá se pegando com o merda do Jonathan, fez a vampira lembrar que nem tudo são espadas, ou pelo menos que existem outros tipos de “espadas” =X

    Algum tempo depois eu estava colocando minha calça e ela estava lá ainda nua deitada em cima das suas roupas e de umas caixas. A visão era ótima, não canso de falar pra ela que seu corpo é perfeito, mas o momento era delicado:

    – Putz Lili a gente não devia ter feito isso, cara. E se os sombrosos estivessem por perto?

    – Ai relaxa e aproveita o momento, tava com saudades de dar uns pegas contigo!

    Enquanto falava, ela se sentou e acendeu um cigarro. Ficou ali me olhando com cara de “quero mais”. Até pensei em “relaxar” como ela disse, mas nosso passado e presente me impedem de ampliar o relacionamento. Ou como eu lhe digo e pode soar um pouco cafajeste à la Franz: “A gente se pega mas não se apega”.

    O plano em execução

    Enfim, intimidades a parte. Combinei com a vampira que a emboscada precisava de um tempo pra acontecer, ou que se o cusão lá estava muito a fim dela mesmo, isso ajudaria a pôr nosso plano em prática.

    Mais algumas noites se passaram, foi um saco a ver dando em cima do vampiro. Foi um tédio ainda maior o ver respondendo as investidas dela, até que numa bela noite o caos começou. E é do caos nós gostamos!

    O sol havia se posto a pouco, o laranja ainda se misturava com o roxo e o preto da noite e todos que estavam na ala leste ouviram os gritos da ruiva. Sangue quente e olhos negros, mais os dedos na cara do safado:

    – Eu não acredito Jonathan seu filho da puta, me trair com aquela piranha da Lilian!

    Coloquei apenas a calça, Julian o short e fomos em direção a briga. Outros se juntaram a nós e obviamente Lilian, no qual tive de segurar pra não acabar com a infeliz ali mesmo.

    Tudo ocorreu muito rápido e em instantes a famosa sombra começou a se manifestar e o silêncio vinha ao nosso encontro. Situação que já esperávamos e que terminou rápido com um tiro certeiro na testa da infeliz.

    – Porra Trevor, deixava eu arrancar a cabeça dela caralho! – Gritou a Lilian.

    Momento trágico, que beirou a comédia se não fosse a consequência dos nossos atos. Jonathan, foi rápido e segurou como pode a sua amante e se concentrou com a cabeça baixa tocando a cabeça ensanguentada da ruiva. Em seguida, para a surpresa de alguns, seus olhos também se enegreceram e ele começou a proferir algumas palavras enquanto olhava diretamente para nós.

    Bastou um piscar de olhos e lá estávamos nós em meio ao silêncio. Nenhum pio, nenhum som, nenhum ruído… As coisas também começaram a passar em câmera lenta, mas ainda foi possível ver Kate e Amelia se aproximarem do casal sombroso, provavelmente com a intensão de ajuda-los.

    A arma secreta

    Enquanto Lilian criava o caos, contatamos Rudolf, aquele mesmo Regrado que meses antes havia nos demando essa missão. Explicamos os ocorridos na África, depois o envolvimento de alguns membros da Ordem.

    Ele contatou Salazar e juntos bolamos o plano, que levou a situação que expliquei anteriormente. Fato é que os “sombrosos” encheram o saco de muitos vampiros importantes além da Ordem e Rudolf preferiu vir pessoalmente.

    Após o silêncio

    Em seguida a aproximação dos quatro sombrosos, o tempo ainda estava diferente, passando em câmera lenta, mas novamente durou pouco. Um flash de luz branca iluminou e quase nos cegou. Apesar disso, dissipou os poderes dos sombrosos e fez o tempo voltar ano normal.

    Era Rudolf que surgiu, como Gandalf, o branco, em O Senhor dos Anéis: As Duas Torres. Sua presença iluminou e nos forçou a prestar atenção nele. Um poder que eu já havia presenciado com o barão, meu mestre e que poucos vampiros possuem.

    Ele havia nos falado que provavelmente usaria tal poder e na sequência de seus atos foi extremamente rápido, a ponto de somente os sobrenaturais poderem acompanhar seus atos.

    Uma estaca no coração de Jonathan e as cabeças das vampiras caindo ao chão, seguidas de seus corpos. Senti que Julian salivou, querendo fazer seu ritual profano com as almas das infelizes, mas por sorte ele se conteve. Se não seria mais um virando sabão.

    Um até logo?

    Ainda naquela noite incineramos os corpos das sombrosas e Rudolf combinou com Salazar o destino de Jonathan. Fiquei sabendo que ele seria mantido aprisionado pelos regrados, que ainda iriam interrogá-lo para ver se havia mais deles espalhados em outros clãs proeminentes.

    – Não acredito que ele escondeu isso de mim por tanto tempo. Filho da puta desgraçado!!! – Comentou Lilian desolada.

    Vi sua angústia e tentei trazer o lado bom:

    – Nem sei o que te falar, sempre achei ele um merda, mas pelo menos a gente arrancou a erva daninha do teu clã. Quem sabe o Salazar consegue mais uma promoção pra ti?

    – Não sei Fê, acho que vou tirar umas férias daqui.

    – Quer passar um tempo lá no Brasil? Não garanto que a gente se aguente por muito tempo, mas pelo menos a fazenda é um lugar afastado e seguro. Tem as piadas do Franz, a Pepe, tá meio louca por lá com o meu afastamento, mas ela curte trocar uma ideia contigo…

    – Vou pensar Fe, a gente se fala daqui umas noites.

    Enquanto eu falava eu fiz um carinho breve em sua nuca. Depois segurei seu pescoço e a puxei pra perto do meu rosto. Dei-lhe um selinho nos lábios e falei um breve “Até logo” olhando em seus olhos. Rapidamente ela olhou para baixo e ficou muda. Entendi que precisava daquele momento sozinha e fui-me.

    Julian já estava afoito para vazar dali e naquela mesma noite fomos juntos para seu refúgio na Inglaterra. Fomos recebidos por Megs, que estava doida para saber das novidades da nossa empreitada.

  • O retorno – pt5

    O retorno – pt5

    “A Catarina/Kate é um deles, mas acho que não tá sozinha”

    Aquelas palavras ecoavam na minha mente como um disco arranhado. Kate apesar de ser uma das “antigas”, porém, pela óbvia falta de controle emocional, a vampira não possuía um cargo alto na Ordem e esse detalhe por si só deveria ligar todos meus sinais de alerta.

    Enquanto lia a mensagem do Ferdinand, ainda na sala elegante de Salazar, que agora se servia de uma taça de sangue enquanto sentava-se em sua pomposa cadeira ao me observar. Eu tentei ligar os pontos, de quem seriam os possíveis colegas dessa loucura coletiva que estavam à procura de uma supremacia antiquada, junto com a Kate.

    Alguns nomes óbvios vieram a mente, mas alí observando o antigo vampiro tomar os goles de sangue com os olhos compenetrados em mim, tive que parar os pensamentos sobre este caso. Segui até a mesa ficando em pé na frente de Salazar, que escondia um sorriso malicioso por detrás dos longos cabelos negros.

    -Sinceramente, minha cara. Achas que um vampiro antigo e sábio, tentaria reerguer uma supremacia falida? – os dedos ágeis do vampiro faziam uma sincronia de leves batidas na grandiosa mesa de carvalho. Ao fixar os meus olhos nos dele, senti que o próprio, estava dois passos à frente de todos nós, nesses casos absurdos de assassinatos dentro das muralhas da Ordem.

    -Acredito que tais atitudes como estas poderiam apenas vir de egocêntricos vampiros com sede de poder… Jovens e ignorantes, se me permite a colocação.

    Senti meu corpo atento a todos movimentos do vampiro, que num instante estava sentado e noutro com uma agilidade fora do normal, estava de pé ao meu lado e falou baixinho no meu ouvido, como se fosse soltar a mais indecente proposta.

    -Sei de quem desconfia, não vá diretamente até um pequeno pedaço de uma grande armação. Pense Lilian, pense… Afinal, quando aprovei você para liderança, esperava que usasse mais a cabeça do que a espada… Nem tudo se vence na força, os grandes líderes ganharam grandes batalhas com estratégias, muitas vezes, sentados em seus cavalos sem mover um braço de luta.

    Uma estratégia

    O toque suave dos longos dedos do vampiro na minha testa, foi como um sinal do que eu deveria fazer. Eu sai do escritório de Salazar e caminhei por entre os corredores da Ordem, observei cada canto de treino, administrativo, pátio com os grupinhos formados batendo papo e foi quando me virei para a saída dos locais no qual treinávamos tiro, dei de cara com ninguém mais, ninguém menos do que Kate e Amelia. Ambas me olhavam com receio, mas nenhuma tinha a essência do assassino.

    Fiz um sinal para que parassem de andar e fui até elas, caminhando com as mãos para trás e analisando o que tinha a minha frente. Dei o sorriso mais amigável e gentil que pude ao cumprimentar as vampiras, que agora pareciam mais relaxadas e eu mais astuta.

    -Kate, vejo que se acalmou depois do teu estopim…

    Olhos negros foram e voltaram da vampira e bingo, uma foi achada, mas ainda sabia se conter.

    -Lilian, mais uma vez peço desculpas por meu comportamento inadequado.

    Ela estava esperta e eu observava Amelia ainda calada, mas me observando ao seu lado.

    -Deixei passar, afinal não é nada agradável perder alguém que amamos.

    Ambas me olhavam com ar de dúvida e suspeita, eu apenas assenti e fui embora até a sala de armas, fingindo da melhor maneira que eu não desconfiava de nada. Porém, o que me chamou a maior atenção foram os ruídos vindos de uma das salas de armamento. Fui me aproximando sorrateiramente, quando o aroma de amadeirado e citrino entrou por minhas narinas. Cada vez mais peto da fonte e lá estava um casal fazendo um bom e refrescante sexo.

    O aroma do assassino e outro aroma se juntaram e quando percebi eu reconhecia o outro aroma, masculino e com toda certeza sangue. No fundo sempre achei que Jonathan pendia para o lado obscuro da força, mas, não ao ponto de matar da própria espécie.

    Pensei um milhão de vezes em invadir o lugar e render a amante assassina de Jonathan só que algo me impediu quando ouvi meu nome saindo dos lábios do vampiro em um estupor de orgasmo e a então amante dele entrar em uma crise existencial.

    -Lilian? Você está aqui comigo e aquela vampira que te vem à cabeça?

    Sim a voz era definitivamente a dela, da ruiva que vi com Jonathan logo que eu voltei para a Ordem. Apesar de “cansada” estava com o aroma e Jonathan no meio do fogo cruzado? Ele estava ou não ajudando nos assassinatos?

    Meus aliados

    Mandei mensagem para Ferdinand que prontamente me respondeu. Contei tudo que estava ouvindo para ele, mas fui interrompida por passos nervosos vindo em direção a saída e meu ato mais rápido foi correr dali, trombando novamente com Salazar que, assim como eu, havia ouvido tudo. A ruiva vinha a passos largos seguida de Jonathan. Eu agora estava envolvida pela longa capa negra de Salazar, ambos entrelaçados como um casal em uma pilastra escura, sendo totalmente ignorados pelos pombinhos.

    Quando percebemos que os dois estavam a uma boa distância de nos ouvir, Salazar pediu que chamasse Ferdinand, Julian e Trevor para o seu escritório. Quando finalmente estávamos todos lá, contei com detalhes o que ouvi e o que senti, tirando algumas gargalhadas do polido vampiro Julian, um olhar de repreensão de Trevor e a cara de desaprovação de Ferdinand que balançava a cabeça em negação.

    Julian em seu estupor de risadas achou que seria sábio dar uma de suas tiradas com “Então vamos descobri os mistérios por conta de uma briga de casal?”. Ao que tudo indica sim. Tentamos bolar um plano mas somente um plano era o certeiro e Ferdinand, mais que todos ali, descordava fortemente.

    -Não, eu não concordo. Não precisamos usar a Lilian de isca! Podemos muito bem encurralar os dois e usar eles de isca para pegar todo resto dos filhos da puta!

    Sinceramente, achei que ele iria aceitar de boas, mas com a postura ereta que inclusive parecia lhe deixar mais alto e os braços cruzados como sinal de negação. Ferdinand não aprovou de jeito nenhum a ideia em que eu deveria seduzir o Jonathan e armar uma cilada para a ruiva de nome Marie e sua gangue de retardados.

    Salazar caminhou pela sala e ao fixar o olhar na janela parecia ponderar alguns pensamentos, quando finalmente botou todas as cartas na mesa.

    -Caro Ferdinand, Jonathan é um dos vampiros mais antigos e preparados para combate dentro da Ordem. Acha mesmo que conseguira medir na força do braço com ele ou pega-lo de surpresa em uma hora desvantajosa?

    Salazar tinha toda razão. Jonathan era um excelente espadachim e ainda arqueiro, poderia muito bem driblar muitos de nós, se estivesse realmente ao lado desses tarados pela supremacia falida. Olhei para Ferdinand que retribuiu um olhar de “Fica quieta”, porém não era apenas minha vida que estava em jogo e sim de vários outros de nós que não tinham culpa de absolutamente nada.

    Olhei para os três vampiros e com um suspiro eu já havia decidido tudo em minha mente. Ferdinand parecia ler meus pensamentos pois foi logo vindo em minha direção, segurando gentilmente meus braços.

    -Você não precisa fazer isso… Vamos dar um jeito.

    -Fê, Salazar tem razão e não é como se eu fosse transar com o Jonathan e sim ser uma mera distração para ele e para a amante dele.

    Derrotado o vampiro que eu tanto gosto tirou as mãos de mim e se sentou na cadeira ao lado e com a mão esquerda coçou a barba do queixo. Parecia ponderar tudo que poderia dar certo ou errado.

    -Sim Salazar, Jonathan seria uma briga boa e que talvez eu não tenho a tempos… Que assim seja… mas vou fazer plantão por perto com o Julian! Na primeira merda arranco-lhe a cabeça…

    Ao ouvir tais palavras, Julian apenas lambeu os lábios e fez uma cara de psicopata. Olhei para o Trevor que levantou as sobrancelhas e fez uma cara de “ok”.

  • Status quo vampiro: uma lista Pt6

    Status quo vampiro: uma lista Pt6

    Recebi a mensagem de Lilian, com a lista de possíveis vampiras suspeitas. Não entendi direito as suas motivações, apenas o fato de que o perfume de uma delas era o mesmo da cena do último crime. Bom, quem sou eu para falar de aromas, haja vista que por vezes eu reativo tal sentido na expectativa de vislumbrar algum odor novo depois de séculos nesse plano. 

    – Sabe, mesmo depois de tantos anos como vampiro algumas coisas ainda me encantam! Esse poder das sombras, por exemplo, queria aprender isso. Seria bem útil em alguns momentos. 

    – Na! Isso é bullshit, Ferdinand. Tá louco? Os caras que dominam esse tipo de magia são cheios de problemas… Dizem que gera um vício, teus olhos ficam escuros do nada as vezes e parece que você fica meio possuído ou em transe por causa dessa merda… 

    Interrompi Julian. 

    – Tá ai cara… os olhos, é como vamos pegar esses putos lá no quartel da Lilian! 

    No caminho de volta, Julian comentou sobre mais alguns efeitos colaterais dos cultuadores das sombras e isso foi vital para que investigássemos a lista enviada pela Lili. 

    De volta no quartel, o clima era o mesmo de sempre. Alguns vampiros nas entradas e torres fazendo vigia, outros em espaços pequenos ou roda de papo e fazendo trabalhos corriqueiros, como manutenção predial ou organização de armas e munição. 

    É bacana do ponto de vista organizacional ver outro clã funcionando. Ainda mais um grupo antigo e que se mantem a custas de projetos militares, como o deles. Não que as fontes de renda do meu clã sejam muito diferentes, fato é que ver tantos vampiros reunidos em prol de algo me deixou motivado. Quem sabe tenha chegado o momento do meu clã se expandir?

    A primeira da lista

    – Essa aqui, acho que ela se dizia namorada do falecido. Vamos ver o que ela anda fazendo. 

    Julian estava empolgado com uma lista de vampiras para observarmos, era o mais perto de um rumo depois dos pilantras que enfrentamos na África. Nesse sentido, perguntamos pela tal Catarina ou Kate, como alguns a chamavam e descobrimos que ela estava treinando. 

    No estande de tiro, ela estava com uma pistola parecida com as que carrego comigo e nos aproximamos “de boas”. 

    – Hey, bom gosto, parece irmã dessa minha aqui… 

    – Posso? – Comentou ela curiosa. 

    Ela olhou de um lado e de outro, aí destravou e descarregou o pente inteiro no alvo. Em seguida ela me devolveu dizendo: 

    – A mira ta um pouco pra direita, o gatilho ta um pouco leve pro meu gosto, mas a modificação de calibre resolve bem dependendo da munição e do alvo. 

    – Ainda não tive tempo pra ajustar depois de uma viagem la pra África… 

    – Sei senhor, vocês enfrentaram alguns sombrosos por lá, não é? 

    – Yay, do mesmo grupo que mataram teu namorado! – Intromete-se grosseiramente Julian. 

    Ela ficou um tempo olhando para sua arma, então a levantou mirou noutro alvo e também atirou com todas as balas no pente. Em seguida, ela ajustou o cano, colocou no coldre e foi embora dizendo: 

    – Vocês deviam ter liquidado eles por lá! Com licença que eu tenho algumas coisas para fazer. 

    Logo em seguida comentei baixinho: 

    – Viu algo? 

    – Yay, na hora que eu deixei ela puta, deu pra ver um pouco de sombra nos olhos delas. 

    – Será que tá sozinha? 

    – Provavelmente não. 

    Mandei uma mensagem pra Lili: 

    “A primeira da lista : Catarina/Kate é um deles, mas acho que não tá sozinha!” 

  • O retorno – pt4

    O retorno – pt4

    Confesso que estes dias repletos de egos feridos e assassinatos sem sentido tem me deixado mais nervosa do que o comum, afinal sou uma vampira relativamente calma e brincalhona (apenas não pise no meu calo se ainda quiser ter a cabeça pendurada no pescoço) que foi desafiada, e tem tido sua paciência testada por quase todos ao meu redor neste período de tempo.

    Enfim, testando os limites do bom senso é o que o pessoal tem feito…

    Mas vamos ao que interessa e ao que eu descobri. Logo após o Jonathan vir encher o saco de todos e a Kate vir chorar como uma maníaca, esquecendo a posição dela, eu me peguei vasculhando o local mais uma vez, antes do ritual de cremação do pobre coitado que havia sido assassinado e me peguei surpresa com algo que descobri.

    Lembram-se que em um dos meus relatos eu falei que tenho a mania de guardar “aromas” das pessoas? Principalmente daqueles que são mais importantes para mim? Descrevi neste site, entre as minhas histórias o aroma do Ferdinand e do Trevor, agora eu também sabia descrever o aroma cítrico com toques de sangue do carismático Julian (pelo menos comigo ele é um amor, conversamos em inglês e fazemos brincadeiras tolas um com o sotaque do outro e etc…) e seu jeitão inglês polido com ressalvas.

    No local onde o vampiro estava ainda para ser recolhido e suas entranhas abertas, o cheiro fétido dele misturou-se com outro que não tinha nada a ver com mortos e sim com os bem “vivos”. Caminhei alguns metros longe do corpo e senti o cheiro já fraco de um perfume que tinha amadeirado, mas também citrinos… Algo feminino?

    Dei mais alguns passos e quando finalmente ia chegar mais próxima alguém colocou a mão em meu ombro e eu me virei brevemente dando de cara com um dos vampiros mais antigos da Ordem, até mesmo mais antigo que Jonathan, que eu não via há alguns anos, Salazar sua óbvia presença assustadora que apesar de ser um vampiro realmente atraente, com cabelos negros até o ombro, rosto definido e olhos no tom de âmbar, ainda conseguia ser intimidador. O cheiro de Salazar? Sangue com mais sangue e limão… Nada comparado ao que eu havia sentido há pouco.

    Com muita calma me dirigi a aquele vampiro que trocava poucas palavras comigo, sempre evitando longas conversas. A presença dele era de pura tensão e nova para mim, já que nem sempre o via aos arredores.

    -Salazar, há que devo a honra do seu susto? Ultimamente tenho recebido vários.

    Um leve sorriso aparecia nos lábios do antigo e poderoso vampiro. Com uma de suas sobrancelhas erguidas este respondeu me puxando delicadamente para longe do caminho que eu seguia.

    -Vejo que continua com suas devolutivas ácidas Lilian. Tantos anos e apesar de muitas mudanças, sua língua continua afiada.

    Enquanto caminhava tranquilamente para longe do corpo mutilado do jovem vampiro e agora de braços dados com um vampiro que deve ter conhecido Tutancâmon na adolescência, percebi que ele queria me falar algo longe de orelhas curiosas, o que foi quase impossível já que passamos por muitos vampiros atônitos ao nos ver caminhando “unidos” daquela forma.

    Quando percebi que iriámos entrar no escritório dele senti o cheiro de Jonathan e Trevor nos aguardando lá dentro. Ao vê-los percebi olhares preocupados e surpresos da forma como cheguei acompanhada de Salazar como se fôssemos melhores amigos.

    Sentei na cadeira mais próxima de Trevor e esperei o que sairia daquilo tudo. Salazar deu o ponto inicial.

    -Meus caros é mais que óbvio que o agir não vem apenas de um ser e sim de vários e todos concentrados na nossa antiga morada, a Ordem. Tomei a liberdade para falar com aliados de outros clãs antigos, alguns Regrados e todos chegaram à conclusão de que a Ordem é o foco principal, já que somos uns dos mais antigos clãs de pé e operante.

    Jonathan não parava de olhar entre Salazar e eu com um olhar de desconfiança no qual eu apenas ignorei e segui a par daquela conversa. Trevor agora falava sobre os tempos em que aqueles vampiros lunáticos usaram a Ordem para supremacia e como depois se espalhou para outros clãs e suas fortalezas pela região, alegando que aquilo era um ato desesperado de retomar formas arcaicas e antigas de poder.

    Eu ao ouvir aquilo percebi que algo estava fora de contexto nas minhas buscas… Tenho buscado vampiros antigos e homens, em nenhum momento procurei entre as vampiras do clã… Temos poucas que são antigas como Salazar ou Jonathan, mas, mesmo assim, poderiam tentar de alguma forma trazer a velha supremacia de volta através desses assassinatos e ameaças, afinal o aroma que senti próximo ao corpo me lembrava perfume de mulher.

    Naquele momento achei que o mais sábio a se fazer seria guardar esta informação apenas para mim e de alguma forma mergulhar entre as vampiras da Ordem, ouvir conversas, buscar atitudes e o mais importante, aquele aroma que seria a chave para clarear as pistas do que estava acontecendo.

    Ao final da conversa com os três senhores vampiros, no qual fiquei calada quase o tempo todo ouvindo e sendo observada por Jonathan, me levantei na esperança de poder sair dali, porém em vão, o outro vampirão antigo queria uma conversa a sós comigo.

    -Lilian, você permaneça onde está, precisamos conversar algo muito importante, eu e você.

    Eu apenas assenti com a cabeça e permaneci sentada enviando uma breve mensagem para o Ferdinand e outra para o Julian com as mesmas palavras, enquanto eu torcia por dentro para minha conversa cara a cara com Salazar fosse detalhes dessa confusão toda.

    “Procurem entre as mulheres do clã… No local do assassinato senti o cheiro de perfume que tinha amadeirado com citrino… Talvez não sejam os antigos e sim as antigas. Vou passar o nome das principais e vocês devem ir atrás delas enquanto eu estou ocupada…”

    Não deu nem um minuto e tive a resposta de Ferdinand.

    “Ok, aguardo os nomes… Ocupada?”

    Prevejo um Ferdinand curioso…

    “Nada demais… Um papo amigável com um vampiro mais antigo que o Jonathan, chamado de Salazar. Estou bem, quando terminar vou atrás de vocês. Deixo os nomes:

    Amelia

    Elizabeth

    Catarina.

    Até depois.“

    Que os jogos comecem…

  • Divagando sobre a minha semana

    Divagando sobre a minha semana

    E os dias e noites seguiram por aqui, em meio ao clã da Lili. Até a gravação desse VampiroCast não havia nada de novo em relação aos assassinatos, apenas algumas suspeitas que se converteram em nada. Então aproveitei para me dedicar aos negócios, afinal o mundo não para e as fábricas e demais negócios continuam rodando.

    Confesso que deixei a Pepe sozinha e a novata não soube lidar com os pedidos, as demandas e tudo mais que o mundo dos negócios pode necessitar. Eu mesmo as vezes me sinto meio perdido, haja vista os e-mails, as ligações… Enfim, alguém precisa ficar de olho se há problemas que precisam ser resolvidos, se existem ociosos que precisam produzir mais ou quem sabe se há problemas técnicos e pessoais que precisam ser resolvidos.

    Nesse sentido eu divago em meus pensamentos se controlo um clã de vampiros ou se meu ritmo de existência está mais relacionado aos negócios. Esses dias no Twitter alguém comentou que os vampiros são briguentos… Eu ri… mas acho que isso condiz muito mais com uma espécie de fuga, para as responsabilidades que adquirimos ao longo da rotina.

    Brigar por hobbie? Ué o filme Clube da Luta deixou isso bem claro, já assistiram? Está certo que eles foram para um lado mais filosófico e teve na verdade um grande plot twist no fim, sem dar spoilers, mas a verdade é que o projeto deles envolvia sair da rotina e descer o soco nos amiguinhos.

    Longe disso, eu não propago essa filosofia, acredito muito mais na liberdade de escolhas. Por isso inclusive que estou aqui, em meio a uns e outros que não gostam da minha presença, em função de alguns babacas que acreditam na supremacia vampírica acima dos demais. Algo que meu mestre sempre nos incentivou a lutar contra, pois acreditamos que deveria existira a convivência pacifica entre todos os seres.

    Aliás isso me lembra o True Blood, no qual já discutimos no site, mas relembrando trazia essa ideia dos vampiros vivendo em meio a sociedade moderna. Aliás é outro programa que teve um baita plot twist no meio do rolê e focou muito nas safadinhas, digo, fadinhas =)

    Bom, por hoje é só pessoal, vou me recolher aqui em meio a tempestade que se aproxima e espero que venha logo uma noite em que a gente resolva tudo e eu possa voltar a minha rotina. Pelo menos a Pepe vai se animar e poderá voltar a sua rotina gamer/otaku/geek…

  • Status quo vampiro: cinzas Pt5

    Status quo vampiro: cinzas Pt5

    Logo após uma recepção amistosa pela Lili e seus chegados, quando Julian e eu conseguimos voltar da África, fomos surpreendidos por mais um assassinato em série e aos mesmos moldes do anterior, cujo vampiro fora estripado e enfeitiçado, de tal forma que seu corpo não se dissolveu nem virou cinzas após sua morte final.

    – Bloody hell! Vejam as entranhas desse filho da puta, tá todos desgrenhado…

    Comentou Julian seguido por Lilian.

    – Parece igualzinho ao outro e olha ali Fe!

    – Sim Lili, já vi… Afasta um pouco aí, deixa eu tirar uma foto… Aliás Lili, o outro já foi incinerado ou enterrado?

    Ajeitei-me enquanto ficava em pé, para que eu pudesse analisar melhor o corpo e Lilian apontou para o local no qual o vampiro anterior foi cremado.

    – O pessoal fez uma cerimônia rápida e incineramos lá naquele espaço, inclusive as cinzas ficaram lá até a última chuva.

    As cinzas

    Fui até o local onde a cerimônia havia sido realizada e já não havia mais sinal do outro pobre coitado. Apesar disso, aquele novo crime estava fresco e poderíamos investigar melhor, se não fosse uma vampira obviamente perturbada que surgiu aos prantos, dizendo que o falecido era seu namorado:

    – Não acredito, não acredito… (choro longo) O que ele fez pra merecer isso dona Lilian? (mais choro)

    – Kate, a gente tá tentando resolver isso, se acalma, por favor!

    – Se acalmar? Vai se fuder, a gente precisa encontrar quem fez isso e já!

    – Vai se fuder? Primeiramente, eu sou tua superior, me respeite soldada! Segundamente, fale comigo assim de novo e eu corto você em pedacinhos antes que consiga soluçar mais uma lágrima de crocodilo sua puta!

    Sim, a vampira que antes chorava como uma maluca em cima do corpo de seu falecido amante, agora engolia as lágrimas de sague enquanto encarava sua tenente já com as mãos na espada.

    – Escuta aqui, eu estou tentando ajudar, então volta lá pro teu canto, se acalma, aliás, repensa a forma como deve falar comigo. Quando eu tiver alguma novidade te aviso.

    O mestre mala

    E foi o mesmo com mais alguns curiosos que vieram, até que Jonathan veio e isolou a área. Estranhei a forma como Lilian agiu naquele momento, afinal ela sempre arruma um jeito de deixar as situações mais leves, mas, por um instante achei que ela cometeria outro assassinato.

    – De novo? Achei que vocês já haviam resolvido isso Trevor e Lilian, qual a devolutiva que ambos têm para me passar além da óbvia falta do que fazer ao lado de seus amigos?

    Trevor tomou a frente antes que a vampira já nervosa com o acontecimento, finalmente cortasse a cabeça de mais um vampiro sem noção desavisado.

    – Comentário desnecessário Jonathan, ninguém aqui está à toa não, mas o Ferdinand e o Julian vão ajudar, afinal vamos ser honestos aqui entre nós, temos uns bons anos de experiência né, um assunto tão sério como esse não se resolve rapidamente, leva tempo.

    Jonathan agora olhava fixamente para mim, Julian e Lilian que estava menos cordial com ele do que nunca. Confesso que fiquei feliz com esse fato por si só… Trevor com sua óbvia lábia conseguiu acalmar as coisas e os vampiros curiosos foram mandados de volta a seus afazeres. Apesar disso, o velho Jonathan vomitou mais algumas de suas palavras desagradáveis.

    – Espero que a vinda dos dois ajude mesmo! Afinal para que estariam aqui? Admirar sua amiga ou perambular com você Trevor?

    Eu percebi que a gente estava sobrando e soltei:

    – Acho que está vindo uma chuva né pessoal, Julian bora pro centro? Preciso aproveitar a noite para fazer uns contatinhos.

    Saída à francesa

    Nos despedimos e mandei um whats pra Lili: “Fica de olho em tudo e todos que possam aparecer, geralmente o assassino volta à cena do crime ou pode circundá-la. Voltamos logo 🤫🤔😘”

    Rapidamente a vampirinha respondeu, obviamente puta da vida, mas com carinho, afinal devo admitir, ela não consegue ficar brava comigo.

    “Ok Fê. Melhor fora daqui mesmo para espairecer. Me desculpe pela estupidez do meu mestre, aquele grosso do caralho.”

    No carro comentei com Julian:

    – E aí percebeu algo diferente em alguém ou no corpo do infeliz?

    – Aye! Viu as pontas dos dedos dele? Estavam queimadas! Além disso, o corte na barriga foi feito de forma rápida com uma faca pequena e pouco afiada. O corte estava forçado e grosseiro.

    – Tá foi tudo feito na pressa então?!

    – Sim, coisa de uns três ou cinco minutos no máximo, na pressa, sabe?!

    Relembrei do momento que fui até as cinzas e voltei:

    – Então, na hora que eu estava lá onde estavam as cinzas e voltava para o local onde o corpo foi encontrado, eu tive uma vista panorâmica de longe. De lá deu pra ver que aquela bosta negra estava pelo ar. Enquanto eu voltava até perto de vocês eu consegui reativar meu olfato e tinha o cheiro daquela merda tenebrosa.

    – Aye, meu amigo (pausa dramática) são eles!

    – Eu não tenho muito o que fazer na cidade, só queria sair de lá pra pensar contigo e longe daquele clã.

    – Vou ligar pro Rudolf ele deve ter algum Regrado pra apoiar a gente aqui.

    – Acho que não, afinal ele pediu pra gente resolver isso, mas não custa tentar.

    Equanto isso no meu clã

    Naquela noite falei com Pepe, Franz, H2… todos bem, a exceção de minha pupila que estava com problemas para administrar algumas coisas na minha ausência.

    Na noite seguinte acordei com Lilian vindo ao meu quarto sozinha (sem o encosto do Trevor junto) e ali lembramos algumas histórias, até o momento em que fomos avisados de que a cerimônia de despedida do falecido ocorreria.

  • O retorno – pt3

    O retorno – pt3

    Depois dos ocorridos na África…

    Um encontro de egos. É assim que eu descrevo este momento. Ferdinand e seu amigo desconhecido por mim até então, chamado de Julian, estão no escritório de Jonathan contando o porquê da presença deles nas muralhas da Ordem. Três gerações de vampiros antigos frente a frente conversando enquanto eu percebo que um é mais cabeça dura que o outro, ou seja, esse papo não vai chegar a lugar algum se eu não me intrometer urgentemente. 

    – Vejo que seu adorado vampiro é bem perspicaz Lilian… 

    Jonatan estava obviamente incomodado com a presença de Ferdinand, o vampiro que aparentemente me atrai mais do que ele. Julian apesar de ser seco como o deserto com o Jonathan, ainda encobria sua sagacidade com educação, esta que estava por um fio.

    – Jonathan, eles precisam de um lugar para ficar e vamos analisar tudo o que eles disseram. Não te parece bem igual ao que estamos passando por aqui? 

    Ferdinand parecia bem incomodado, ainda mais quando o vampiro líder da Ordem ficou em pé e lentamente andou em minha direção. Eu que estava de pé próxima a janela ouvindo a conversa dos três seres mais teimosos do universo.

    – Vais insistir nisso, não é minha querida Lilian? 

    Um toque sutil no meu rosto e vi outro vampiro se contorcer na cadeira que estava sentado. Estranho para falar no mínimo. Apenas me afastei de Jonathan evitando que ficasse ainda mais próximo. Para nossa sorte fomos interrompidos por Trevor que caminhava com certa urgência até nós, para com óbvia alegria cumprimentar Ferdinand.

    – Mas olha só! É o cara em pessoa! 

    – Trevor, seu figura. Bom te ver, meu amigo! 

    – Grande Ferdinand, há que devemos a honra de tê-lo aqui por estes lados? E quem seria este rapaz? 

    Julian se prontificou e apresentou-se carregando seu inesquecível sotaque inglês. Em seguida estendeu a mão direita de forma amigável para Trevor, que a balançou gentilmente. Os três vampiros pareceram esquecer a minha presença e a de Jonathan, que agora estava próximo ao armário de cristais no qual retirou taças antigas e caríssimas, oferecendo sangue fresco para todos que estavam ali.

    – Pelo visto serei voto vencido e terei que aceitar teus amigos pela Ordem, não é Lilian? Então sejam bem-vindos e não façam nada do que eu não faria. 

    Todos nós tomamos daquele sangue logo após meu líder que estava mais azedo e sagaz do que nunca, tomar. Por hora as coisas pareciam mais tranquilas por assim dizer e meu dever agora era apresentar os aposentos aos nossos amigos, mas antes, Trevor queria nos ver de forma privada no Old Pub da cidade. Um local controlado pela Ordem, camuflado entre os negócios dos humanos daquela região. 

    Após alguns minutos de caminhada acompanhada por aqueles três vampiros que chamavam atenção há quilômetros de distância, chegamos na sala privada do pub e lá finalmente todo o mistério de Trevor foi colocado na mesa. 

    – Meus caros, acontecimentos bem estranhos estão ocorrendo no mundo vampírico e pelo visto estamos todos no meio do fogo cruzado. Por isso resolvi traze-los aqui e dizer-lhes o que descobri com meus cúmplices. 

    – Yay, Trevor se conseguiu alguma coisa creio que teus cúmplices estejam por perto. 

    – Acalme-se caro Julian, todos aqui somos fiéis uns aos outros, mesmo quando damos um tempinho para colocar os pensamentos e o coração em dia. 

    – Ah valeu Trevor! Tanta hora pra falar e vem e joga esse shade agora – Soltei.

    Julian obviamente percebeu e deu uma risadinha de lado, enquanto Ferdinand tentava se controlar em sua cadeira ao balançar a cabeça.

    – Mas e ai o que tens para nós? – Disse o ansioso Ferdinand.

    – Esses ataques vêm de um grupo específico de vampiros… 

    Ferdinand interrompeu:

    – A vá, conta a novidade? A gente acabou de voltar da África e pegamos um deles por lá… Vocês estão sabendo que os Regrados nos pediram ajuda e caso não saibam é por isso que estamos aqui. 

    – Sim, sim… uma supremacia caro Ferdinand… Há muitos e muitos séculos houve um grupo de vampiros que tentou dominar a Terra, mas nunca foram bem sucedidos e a história deles foi se esvaindo com o tempo e o que antes era conhecido virou uma lenda…

    Eu aqui sentada ouvindo isso e tentando de todas formas não demonstrar o quão desconfortável estava perto do Fe e continuou Trevor:

    – Eles se auto denominam The Cult (O culto), são fanáticos pela supremacia vampírica, inspirados pelo antigo grupo vampírico Eagle que ficou popularmente conhecido como uma lenda da nossa espécie.  

    – Um grupo de vampiros fanáticos? Mas porque matariam outros de sua própria espécie? – Perguntei curiosa.

    – Supremacia pura e simples, minha cara. Vampiros antigos que querem dominar os neófitos e consumir a humanidade como escravos e bolsas de sangue.  

    – Mas e matam outros vampiros por que? 

    – Domínio sobre eles, através do medo ditador igual aos antigos…

    O papo foi longe num misto de história, estratégia e troca entre amigos. Tantas informações para digerir e eu aqui entrando no meu quarto sem sentir a presença de um outro vampiro. 

    – Tens de ficar mais atenta Lili.

    Bastava um movimento com minhas espadas em mãos e certamente acertaria qualquer um, se não fosse Ferdinand que foi mais rápido e ágil do que eu. 

    – Não era mais fácil bater na porta? Eu quase te cortei Ferdinand! 

    – Sinceramente? Você não chegou nem perto para um espadachim… 

    Ele está perto, muito perto, consigo sentir seu peito no meu. As mãos fortes e ágeis do vampiro seguravam as minhas, removendo as espadas do meu toque. Rapidamente me afastei dele, esse vampiro é muito apelativo. 

    – Tá… há que devo a honra do susto? 

    – Poxa Lili, porque anda tão desconfortável na minha presença? 

    – Eu? Para, impressão sua… 

    – Mentira… Toda vez que eu me aproximo só falta você pular três metros longe, vampirinha!

    Porque ele está tão perto? Eu sinto de novo a presença que me afoga em vários sentidos, meus olhos apenas viam o azul profundo dos dele. Hipnotizada, era assim que eu estava, até Julian também entrar no meu quarto avisando que mais um vampiro foi descoberto.

    Outro assassinato e da mesma forma que o anterior…

  • Status quo vampiro: as trevas Pt4

    Status quo vampiro: as trevas Pt4

    Juntamos alguns poucos mercenários, duas caminhonetes, enchemos de munição, granadas e fomos em direção ao acampamento. Tal lugar era em meio a mata, mas os carros conseguiram nos levar até perto. Descarregamos e perto das duas da manhã estávamos silenciosos e sorrateiros perto do lugar quando senti algo diferente.

    Como descrever a sensação de que algo não estava certo? Difícil, mas foi como se alguém estivesse nos observando, quando um silêncio simplesmente vem e cala o mais irritante dos insetos noturnos.

    Ao meu lado um dos camaradas escorregou e caiu espalhando pelo chão meia dúzia de granadas. O barulho fez algo se mover por susto e tudo o que aconteceu em seguida lembrou a sujeira, o fogo, o barulho explosivo que o melhor surround pode reproduzir ao longo de algum filme do Rambo.

    – Come on!!!, Go, go go mothafuckers!!!

    Fazia tempo que eu não via um vampiro tão empolgado numa briga, Julian me lembrou muito os vários perrengues que já passei com Franz e os outros do clã… Tiros, muitos tiros… lama, terra, sangue… ahhh o sangue… brilhando carmim em meio a reluzente vivacidade das explosões.

    Porém em determinado momento o silêncio veio novamente aos ouvidos e o mais atento, nem mesmo sobrenatural ouvia nada… A paz dos sonhos surgia carregando a dor do pior dos pesadelos. Pois em seguida fomos envoltos pela mais espessa das sombras, que além da escuridão, segurou profanamente nossos movimentos corpóreos.

    Envoltos pelas trevas

    Fundir-se com a terra? Transformar-me naquela besta descontrolada? Várias opções vinham a minha mente, incluindo a transformação em névoa ou lobo… E o tempo passou, eu já estava me sentindo sugado e fraco, até que depois de séculos ali naquela câmera lenta um intenso brilho surgiu. Trazendo junto o som de explosão, seguido pela força de impacto que nos jogou para longe e dissipou parte das trevas.

    – Fuck this shit – Xingou Julian, ao mesmo tempo que cuspia um pouco de sangue e se levantava.

    – Que porra foi essa, será que usaram “tenebrae” em nós?

    – Aye, provavelmente, mas lembrei que essa bosta se dissipa com fogo e ainda tinha uma granada.

    – Boa, olha lá… Acho que é o puto fugindo!

    Apontei, falei e sai o mais rápido que pude atrás do meliante. Iniciava ali uma perseguição que levou alguns minutos em meio a mata fechada, no qual levei vantagem por ser mais rápido.

    – Para filho da puta!!! Gritei algumas vezes e soltei todos os tipos de xingamentos, como um bom brasileiro faria.

    Derrubei-o e começamos uma luta que terminou apenas quando Julian chegou. Ele aplicou um mata leão e foi difícil conter o vampiro, que naquele instante aflorou as presas e tentou mudar de estratégia. Algo que foi em vão pois assim que me recompus peguei uma faca e enfiei com gosto em seu coração.

    – Fica quieto caralho! Esbravejei uma última vez.

    O vampiro caiu de joelhos, em seguida se deitou e ficou ali imóvel. Julian também se recompôs e começou a vasculhar os bolsos do prisioneiro.

    – Uns trocados, esse smartphone e mais nada… será que é o cara mesmo?

    – Não sei, mas a aparência ta parecida com o que contaram pra gente. Vamos levar ele lá pra perto do acampamento e ver o que ainda tá inteiro lá.

    De volta ao Acampamento

    Chegamos e a sombra das trevas ainda se misturava com a escuridão noturna. Alguns focos de incêndio, equipamentos destruídos e os gemidos dos feridos compunham aquele cenário de guerra.

    – Acabei de ler a mente desse mothafucker, tem mais dois deles aqui pela região. – A medida que Julian falava, ele começou a arrancar a faca do coração do infeliz, e praticou algo que eu não via a tempos. O nome tradicional é “anima possessionem”, mas corriqueiramente os vampiros que praticam isso chamam simplesmente de “possess”.

    Momento cultural a parte, após Julian remover a faca, o vampiro começou a reagir. Tentou se desvencilhar, mas meu amigo o segurou com todas as forças e aproximou a lâmina de sua garganta. Em seguida proferiu algumas palavras simbólicas e fez jorrar novamente o sangue do infeliz, que se debateu até ficar fraco e desmaiar novamente.

    Julian afundou mais a lâmina, seguiu com mais palavras e por fim a cabeça do desgraçado foi removida. Ele jogou a cabeça aos meus pés e bebeu rapidamente o sangue que jorrou daquele corpo, que aos poucos foi se desfazendo.

    – Cara mais de 10 anos que não assistia um de vocês fazer isso.

    – Aye, você deveria fazer isso meu amigo. Trás alívio pra alma!

    – Só se for pra alma do infeliz, ai… (eu ri) mas não te julgo… Algum lugar pra gente ir atrás dos dois que fugiram?

    – Só estavam aqui esse e um Ghoul que fugiu. Os outros estão lá na Europa, desconfio que um deles sacaneou nosso voo até aqui.

  • O retorno – pt2

    O retorno – pt2

    Sinceramente eu achei que meu retorno aqui na Ordem seria em dias mais tranquilos, sem muitos conflitos ou assuntos importantes para resolver, mas, daí me vejo sentada novamente naquele salão enorme no qual eu e mais outros vampiros e vampiras de altas patentes, discutiam um assunto nada agradável…

    Dentro dos muros daquele local milenar, alguém, não se sabe quem, havia matado um vampiro recém transformado, de forma brutal no qual o jovem transformado há alguns meses havia sido cruelmente morto com golpes no rosto e para piorar, seu abdômen havia sido aberto e agora com suas entranhas já apodrecidas, deixadas para o lado de fora formando um desenho nunca antes visto por nós que, acreditamos ser um sinal ou aviso.

    Qual o sentido desse aviso desagradável? Eu não sei, porém, iria descobrir.

    Jonathan apesar de ser a representação da mais alta elegância (chegando a dar nojo de tão elegante), parecia aflito até certo ponto. Obviamente que a aflição não se dizia a um recém transformado que foi assassinado, mas sim a respeito da ameaça aos outros integrantes que este assassino misterioso representava.

    Ajeitando seu extenso robe negro de cetim, com os cabelos platinados que desciam até as costas, o antigo vampiro sugeria que andássemos em duplas por segurança até que o infrator fosse capturado. Os capitães e generais deviam avisar suas divisões sobre a regra das duplas e exigir que a partir de hoje deveríamos portar nossas armas constantemente por precaução.

    Um detalhe importante que eu soube depois da reunião era que, o vampiro que foi assassinado estava com seu armamento e que isso não impediu nada a morte dele. Podem falar o que for, quem o matou não usou de luta corpo a corpo e sim de outro método para depois dar as pancadas no rosto e abrir-lhe daquela forma grotesca.

    Vampiros recém criados até que são fortes e ele estava treinando espadas fazia alguns meses, este fato por si só representa que ele tinha as noções básicas de defesa e ataque, além da óbvia força.

    O que de fato poderia derrubar um vampiro?

    Que artimanha era essa que tinha o dom de tirar as forças de um vampiro ou até sua consciência?

    Foi aí nesse lapso repleto de dúvidas que me lembrei que o Fê já teve o convívio com certos tipos de bruxas e que existem sim meios “mágicos” para paralisar um ser tão forte e ágil como um vampiro. Minha solução foi pedir uma direção para ele, o que não o deixou muito animado com as informações que lhe passei…

    – Espero realmente que essa tua pergunta e o que tu acabastes de me informar sejam apenas uma piadinha de muito mal gosto, Lilian.

    – Adoraria te falar que sim, é uma piada, porém não é. Preciso dessa informação Fê e sei que conhece sobre bruxas e até sobre algumas magias.

    – Sim, bons e maus tempos juntos deles… mas me preocupa muito saber que talvez tenha alguma por aí escondida, fazendo sabe-se lá o que para derrubar a assassinar vampiros. Fico pensando se isso tem relação com o trabalho que estou fazendo com o Julian?

    – Dito isso, poderia me dar alguma dica? Talvez algo que se recorde?

    – Sinceramente, tem muita coisa, porém tens que ser mais específica e me falar os detalhes de como o corpo do vampiro estava.

    Após alguns minutos descrevendo a cena, as formas em que o corpo estava, os órgãos expostos e as tripas para fora formando um desenho específico e desconhecido, de uma coisa eu tenho certeza, o vampiro ficou realmente muito preocupado.

    – Lilian, seguinte. Promete não tomar sangue vindo de nenhuma fonte além do pescoço de vítimas? De preferência vítimas que estejam há pelo menos alguns poucos quilômetros de distância das fortalezas da sua Ordem. Anda armada e com a sua dupla, que aliás quem seria?

    – Adivinha…

    – Trevor?

    – Nope…

    – Não vai me dizer que…

    – Sim o Jonathan se auto intitulou a minha dupla.

    – Esse cara não larga do pé hein?!

    – Não, pelo visto não pretender largar.

    – Enfim, não toma nada que não seja direto da fonte e não se alimente de humanos das redondezas próximas, se der se afasta alguns quilômetros para se alimentar. Evita locais muito afastados e especialmente com algum tipo de neblina densa e suspeita que pareça mais com tons de fumaça. Eu vou procurar algumas informações por aqui e em breve eu vou te retornar.

    – Pode deixar eu o farei e avisarei os outros.

    – Não, para. Não avisa todos por que isso pode afastar o infrator(a), se achar confiável avisa teus chefes e explique o porquê. Peça que sejam discretos para não gerar pânico. Se for o que eu acho que é, vocês devem tomar muito cuidado. Os golpes que o vampiro recebeu no rosto foi apenas uma forma de distração pois ele já estava morto quando foi espancado…

    – Pode deixar Fê, farei o que está me pedindo.

    – Se cuida ai, logo eu te retorno. E Lili…

    – Sim?

    – Troque de dupla!

    – Ciúmes?

    – Apenas troque de dupla… –’

    Algo estava muito errado por aqui e pelo visto alguém buscava algo. Vingança talvez?

  • Agonia sobrenatural

    Agonia sobrenatural

    As mãos ressecadas com dedos tortos, que pareciam galhos de árvores disformes, tocaram seu pescoço e um forte arrepio tomou conta do corpo daquela garota. O medo e a inocência se misturavam e apertavam sua garganta, era difícil respirar e impossível emitir qualquer som.

    O aperto das cordas castigava o seu pulso e suas pupilas dilatadas indicavam o pânico por estar presa naquele local úmido, fétido e pouco iluminado. Os tremores vinham a cada toque de seu raptor, que insistia em tocá-la como um animal sedento que fareja o temor e se anima com o temor de sua vítima.

    O corpo castigado, pernas, braços e costas. Mãos, pés e pescoço… Pescoço lembrou o raptor, é ali que circula uma veia grande e nela ele pode se alimentar. Será que ela viverá depois de mais uma mordida? Pensou ele por alguns instantes, enquanto admirava o corpo já emagrecido daquela humana.

    Sua pele branca e os olhos profundos já indicava um certo stress nos músculos e no fígado. Quem sabe eu deva lhe dar água ao menos?

    Mas a dúvida durou pouco e em seguida ele continuou seu ritual profano de alimentação e sugou mais uma parte da vitalidade daquele corpo, agora desfalecido e seriamente comprometido.

    Novamente o raptor ia embora e uma pitada de alívio surgia naquela alma. Tremores e calafrios não eram nada perto da insônia e do desafio que ela tinha para tentar descansar. A noite ia-se, mais dores e a convulsão vieram ao seu encontro.

    Naquele ponto ela ouviu sirenes, que se aproximavam e iam embora de onde ela estava ao mesmo tempo que situações passadas leh vinham a mente. Inclusive um blog que ela lera sobre seres sobrenaturais.

    O que eu fiz para merecer isso? Será que é alguma punição pela curiosidade? Será que alguém vai me ajudar?

    A cabeça estava pesada, os barulhos externos, os pensamentos, as dores… Nada mais lhe afetava e sua cabeça desligou algumas funções. Apenas os pensamentos ainda lhe possibilitavam uma viagem que parecia não ter fim.

    Veio o desespero final, uma última descarga de adrenalina surgiu em seu corpo e o ar parecia encher novamente os seus pulmões. Seu corpo parecia ser movimentado por forças externas e o balanço indicava algum tipo de movimento.

    Luzes e vozes se misturavam aos odores do ambiente. Claro e escuro agora podiam ser sentidos… Como era bom poder sentir os dedos, como era bom sentir algo macio e quente. Como foi bom ter sua alma tocando novamente seu corpo, mesmo que o lugar ainda fosse o mesmo.

    Trilha sonora: Kiggler– Fugue State

  • Status quo vampiro: de volta aos trilhos Pt3

    Status quo vampiro: de volta aos trilhos Pt3

    Dei uma grande volta até que me deparei com alguns gorilas. Muitos estavam dormindo, mas um mais velho que aparentemente estava com insônia forneceu a quantidade necessária de sangue que Julian precisava para se reerguer. Caímos a diversos quilômetros do nosso destino e sobreviver naquela primeira noite em meio a floresta africana, seria o primeiro desafio.

    Por ser uma região próxima de uma zona de conflito, havia algumas tendas ou até cabanas abandonadas e numa delas montei acampamento. Tentei rever todos os possíveis buracos por onde a luz do sol pudesse penetrar e quando eles vieram, percebi que tinha sido um trabalho bem ruim… muitos raios nos atingiram ao longo daquele dia, por sorte foram apenas eles que nos atormentaram.

    – Bloody hell!!! Ainda sinto o gosto daquela merda de sangue, fazia anos que não bebia nada animal… fuck… fuck… fuck…

    – Era isso ou ficar todo torto igual a uma cobra no meio do nada, já tá conseguindo se mexer normalmente?

    – Acho que sim, as costas doem um pouco, algum osso deve ter regenerado fora do lugar e meu pé esquerdo tá torto.

    – Só isso? Do jeito que estavas não era nem pra se mexer, sorte sua que eu tive paciência em te reposicionar da melhor forma que deu…

    – Sei… mas o que me emputece mais é que algum corno mexeu no nosso avião. Cara, será que foram atrás da Megs?

    – Não sei, agora só quero saber como chegamos lá na cidade… Tem ideia de onde estamos?

    – Um pouco, sei que ela fica à direita, subindo um rio, viu algum aqui perto?

    – Acho que o teu fornecedor de sangue morava perto de um. Será que é o mesmo rio?

    – Vamos ter que tentar, ou dar sorte de achar alguma estrada e algum carro…

    – É só me avisar que pode andar e vamos nessa!

    – Let’s go!

    Procuramos um rumo

    Saímos em direção ao rio e Julian, achou que era muito pequeno comparado com o que havia visto no mapa. Decidimos então procurar alguma estrada… Rodamos por algum tempo, até que nos deparamos com um novo acampamento e ali Julian usou seus poderes mentais pra enganar um dos locais e conseguimos um carro.

    Alguns minutos ou horas depois encontramos o rio e este nos indicou o caminho até a tal cidadezinha. Lugar bastante simples, com pouco brancos e pouca iluminação. Já era tarde da noite quando chegamos e havia apenas um hotel aberto. Acordamos o recepcionista que nos recebeu com sono, mas foi super educado. Indicando inclusive locais que ainda estavam abertos para um “lanchinho”.

    Encontramos três bêbados e depois de uma rodada onde paguei mais algumas bebidas os novos “amigos” fora o banquete necessário para que ambos voltássemos a nossa melhora forma vampiresca. Já de volta ao hotel Julian conseguiu ligar para Megs, que insistiu que voltássemos o quanto antes para Inglaterra e confirmou mais de uma vez que estava bem.

    – Cara, e ai, seguimos com a missão? – Julian, perguntou pensativo.

    – Eu to bem, se você topar e a gente conseguir algumas armas eu me jogo!

    – Ahh quer saber o que é um peido pra quem tá cagado. Vamos encher aquele fudido de bala e tacar no sol.

    Pensamos por um tempo e o melhor lugar para se conseguir algumas armas seria com alguma milicia. Então fomos a um banco e depois de dois dias nos ligaram, para falar que a grana já estava disponível para retirada.

    O bom daquela parte da África é que o acesso as armas foi muito fácil, praticamente todo mundo que falamos tinha uma ou duas e elas são necessárias pra se proteger das milícias pró ISIS. Depois disso, com o plano de volta nos trilhos rumamos para o local onde. Possivelmente estava o vampiro que procurávamos.