Categoria: Histórias

Nesta seção você encontra historias, contos e relatos relacionados ao mundo real e sobrenatural. Verifique a indicação de faixa etária no início de cada texto.

  • Espirito: uma saga – pt1

    Espirito: uma saga – pt1

    Tempos atrás eu estava com o Carlos, meu irmão Lobisomem. O interessante desse papo é que em nossas andanças, rituais e experiências ao longo de 2020 e 2021 eu conheci um espírito inquieto. Seu nome é indizível em línguas humanas, mas o apelidei de Ari.

    Digo que Ari é um espirito inquieto, pois ainda tem apego ao seu corpo humano e está há alguns passos da ascensão evolutiva. Tal ascensão pode ocorrer quando ele resolver o que deixou pendente em sua última passagem pelo plano terrestre ou quando realizar algo de valor para outros seres.

    Conheci Ari em umas das seções em que Carlos e seus chegados nos levaram até o mundo Umbral. O Local onde alguns espíritos circulam, geralmente em busca de penitência ou por estarem perdidas. Tais almas podem ser pacíficas, agressivas ou estarem num estado parecido com uma espécie de paralisia. Estas últimas geralmente ficam nesse estado quando ainda não aprenderam como se movimentar no Umbral ou por se esquecerem que ainda existem depois de longos anos e séculos em tal ambiente.

    Ari também pode por alguns segundos influenciar o mundo terreno, nos famosos assobios, brisas que movimentam cortinas, objetos derrubados ao chão ou na forma de sombras rápidas que por vezes assustam as pessoas na penumbra do luar. Além disso, alguns sensitivos podem receber seus espíritos e lhes permitem a possessão de seus corpos por alguns instantes.

    Onde quero chegar com tal espírito?

    Pois bem noites atrás eu estava circulando por um lugar de gosto duvidoso, estava atrás de alimento e quando estava atracado em um pescoço delicioso, apareceu alguém do meu lado. Este alguém estava possuído por Ari, que gentilmente tocou em meu ombro e disse com a voz tranquila: “Acho algo neste lugar… Algo… quando passei aqui… Acho… Morri aqui… Falamos disso… Fer-di-nand!”.

    Surpreso, parei o que estava fazendo e soltei aquele pescoço gentilmente ao chão. Ponderei por dois ou três segundos e me veio à mente o papo de outrora com o Ari que comentei acima. Soltei:

    – Lugar ruim para se morrer meu amigo! Fui eu?

    A pessoa possuída pelo espírito deu uma viradinha com a cabeça, dando a impressão que me observava e disse:

    – Talvez! Ajuda?!

    Peguei-me de forma tensa e pensativa à medida que a possessão terminava e alguém à minha frente voltava a si, como se acordasse de um sonho louco.

    Desfeitos os desencontros, voltei para a estrada. No caminho mandei algumas mensagens e Carlos foi o primeiro a responder: “Karma, mano… Quem sabe alguns espíritos precisam ter algumas contas acertadas!”. Tal resposta me deixou meio puto de início, ponderei e minha humanidade falou mais alto. Chegando em casa tentei lembrar das mortes mais recentes ou daquelas que mais impactaram minha existência nos últimos anos.

    Passei o resto da noite naquilo… Pepe tentou chamar minha atenção algumas vezes e não consegui dar bola… Fui atrás de dados sobre pessoas encontradas mortas no local onde eu estava.

  • Pico do Diabo

    Pico do Diabo

    Certa vez estive em lugar chamado Pico do Diabo. Até onde eu sei ele não tem nada demais “Magicamente”, a não ser que fica uns 600 metros acima do nível do mar. Estive lá, ou melhor, fui até lá transformado em névoa. Fiz isso a pedido do meu mestre, que tinha a intenção de me incentivar a aprimorar tal transformação.

    Ao longo do percurso foram muitos os desafios e não foi na primeira vez que consegui chegar até o topo. Lembro que na primeira vez eu fui até um trecho da subida e em determinado ponto me senti fraco, como se eu não conseguisse me movimentar mais. Como se algo dificultasse meu deslocamento ou me segurasse.

    Noutras vezes aconteceu o mesmo e percebi depois de um tempo que o vento seria um inimigo, bem como minha força mental, ou seja, eu deveria estar num dia “de boas”. Outro ponto é a vitalidade ou reserva de sangue. É como se eu precisasse estar com a alimentação em dia, pois há um grande gasto energético em tal empreitada.

    Consegui atingir o cume em algumas tentativas posteriores. Meu sucesso só veio num momento em que percebi os pontos descritos anteriormente. Além de contar com a sorte de ter pouco vento em alguns momentos do percurso.

    Gosto destas práticas, pois além de servirem para aumentar meus poderes, me fazer evoluir como ser. Esse foi meu contexto de existência enquanto vivi na velha Desterro e um pouco antes de ir para a Europa.

    Outra questão que me vem a memória sobre aqueles dias é o fato de que eu era muito apegado ao meu mestre. Tais sentimentos se confundem, em virtude dos séculos que se passaram, com os sentimentos ligados à minha família mortal. Tanto que é difícil dizer sobre quem são mais importantes, de um lado meu mestre Wampir e do outro meus pais mortais.

    Sentimentos, divagações e lembranças a parte… tudo isso veio à tona depois que retomei os treinamentos juntos de Pepe. Ela é minha segunda cria e eu já deveria estar acostumado com tais rotinas. Engana-se quem pensa assim, pois Sebastian foi criado junto de mim, como um irmão e muitos de seus treinamentos foram feitos por Georg, Franz ou Joseph.

    Com a Pepe estou fatidicamente me posicionando como professor. Situação lógica em função do fato de que eu lhe transformei e de que ela precisa aprender. No entanto, o bacana desse processo é que eu me sinto confortável para lhe passar tudo o que já vi em todos esses anos. Sabe, a manha do jogo…

  • Reuniões sociais com vampiros

    Reuniões sociais com vampiros

    Entre um ensinamento e outro, dedicado à minha cria. Chegou o momento que havia comentado com Franz, no qual precisamos fazer as famosas reuniões sociais com os demais Wampir ao redor mundo. Jatinho pronto e partimos para encontrar os hermanos vampiros argentinos, na tradicional Buenos Aires.

    – Será que o Gastón, vai ficar com aquelas frescuras de sempre – Comentei com Franz

    – Ah para ele é super querido, sempre tem uns “petiscos” na chegada…

    – Sabia que tu irias falar das meninas dele (risos) devia ter trazido a Pepe!?

    – Ah não deixa as crias se virar um pouco lá, com o Gastón é papo de alta classe!

    – Sei a alta classe que tu almejas (risos).

    Depois de algumas horas de voo chegamos há um aeroporto pequeno e privado. Um motorista nos aguardava uma Mercedes, bem simpático e na sua versão AMG. Sem mais delongas chegamos num prédio requintado. Repleto de janelas espelhas e com um pé direito generoso em recepção.

    No check-in solicitaram apenas os nomes e ao perceber quem somos a garota nos cumprimentou e indicou o elevador uma sala, lateral aos 4 elevadores que haviam por ali. Entramos pelo corredor e depois de dois patamares de escada descemos a uma nova recepção. Outra recepcionista nos atendeu, registrou nossos nomes reais e pelo sistema chamou um elevador com as portas pretas.

    Tal elevador não possuía comandos, mas tive a percepção que descemos mais de 10 andares no subsolo. Quando a porta se abriu fomos recepcionados por duas garotas lindas e de biquíni…

    – Sai pra lá que a ruiva é minha – Falou Franz com seu jeito mais moleque.

    Dei uma risada leve, posicionei o braço esquerdo no qual a outra garota (loira) segurou e seguimos pelo interior do lugar.

    Gosto dessas reuniões em festas

    Novamente, um espaço amplo com pé direito alto, climatizado em pelo menos 25 graus com uma piscina, bar e algumas poltronas. Todos estavam num clima festivo praiano, inclusive pelas roupas.

    As garotas nos indicaram um canto mais ao fundo, onde havia uma mesa, algumas poltronas mais confortáveis e um cara com chapéu panamá e uma camisa florida. Ao passar pela multidão, cerda de uns 100, percebi vários olhares de vampiros e ghouls. Alguns inclusive intimidadores, mas nada fora do normal.

    – Bienvenidos chicos, gracias por venir!

    Uma sensação de familiaridade, misturada com saudades da Eleonor me veio a cabeça… que foi interrompido pela amistosa saudação de Franz:

    – Gastón, seu filho da puta que saudades!!!

    Nos cumprimentamos. Franz e Gastón são velhos amigos e fiquei meio de canto no início, ouvindo as piadinhas, as recordações e até alguns planos futuros. Nesse último ponto consegui entrar no papo.

    – Sabem, eu gosto de ir até a praia, fechar os olhos e sentir a brisa… Lembro dos tempos de “new blood” e o mundo novo que surgiu pra mim. – Comentei meio afoito.

    – Es un sentimiento hermoso que trato de alentar, pero sabes que el mundo ha cambiado mi joven! – Lembrou Gastón.

    – Si si es una pena que ya no podamos salir desnudos por la noche, hoy hay cámaras y mirones por todas partes. – Comentou Franz gastando seu espanhol.

    Rimos.

    – Es por eso que estamos aquí para pensar en cómo podemos protegernos mejor hoy. Sabes que puedes contar con nuestras armas. Falei em tom sério e entrando nos negócios, antes que Franz viesse com mais alguma piadinha.

    E assim seguiu a noite… até o momento em que nos separamos, Franz seguiu para algum canto coma ruiva, eu dispensei a loira e continuei na festa até o último vampiro partir.

  • Aprendendo novas habilidades

    Aprendendo novas habilidades

    As habilidades de um vampiro levam algum tempo para serem aprendidas da melhor forma. A melhor forma é aquela no qual o Wampir consiga utilizar os “poderes” e não tenha efeitos colaterais. Nos níveis iniciais o vampiro utiliza alguma habilidade e após sente-se cansado. Dependendo do que é feito ou obtido pode-se sentir mais ou menos cansado ou com fome. 

    Nesse sentido é sempre prudente praticar algo antes de sair executando, haja vista que um vampiro com fome ou muito perto de seu demônio interior é algo as vezes incontrolável. Eu mesmo tenho diversas histórias por aqui onde já me meti em muitos problemas, devido muitas vezes a ações onde sai sem pensar nas consequências de meus atos. 

    Ensinado a cria 

    Fui até Pepe numa noite em que eu percebi que havia as condições necessárias para um novo aprendizado. Ela estava bem alimentada, estava com a cabeça boa, o tempo na nossa região era de céu limpo e ambos estávamos sem muito o que fazer… 

    • Sabe hoje é uma noite bacana para eu te ensinar algo novo, bora? 
    • Humm vou me sujar Fê? 
    • Relaxa, talvez a boca apenas (risos) 
    • Aff tá vou por uma roupa velha…

    O poder do sangue

    Fomos até uma parte mais isolada da fazenda onde podíamos ficar à vontade e até mesmo gritar sem se preocupar com curiosos. Levei comigo uma ânfora e lá chegando contei o que pretendia para minha pupila: 

    • Aqui tem um pouco de sangue que sobrou do Zé… Antes que pergunte essa ânfora é também presente dele e de acordo com o que ele me disse ela foi encantada por alguns vampiros antigos e preserva quase que eternamente o sangue que for colocado aqui dentro. 
    • Olha só que toppp 
    • Sim… Mas aqui não deve ter mais do que um litro, tinha mais só que usei tempos atrás. A ideia é que ao beber um pouco a gente consiga treitar as habilidades de mudança de aparência ou invisibilidade. Ambos os maiores poderes que o Joseph possuía e estava me ensinando antes de seu fim. 
    • Ai Fê, sério cara não vou beber isso. Ele era super amigo teu e tu merece mais do que qualquer um isso ai… 
    • Relaxa, eu já consegui aprender tudo o que o sangue dele podia me oferecer, o resto dos aprendizados agora é comigo. Assim sendo quero você também tenha a oportunidade de expandir tuas habilidades! 
    • Poxa que honra, vou ficar te devendo mais essa. 
    • Tá vamos deixar esse sentimentalismo de lado e vem aqui, vou tirar a tampa e você precisa tomar super rápido um golão. 

    Vamos a lição prática

    Dei-lhe a ânfora e ela agiu conforme solicitei. Passados alguns minutos os efeitos do sangue de Joseph começar a surgir. Algo normal quando consumimos o plasma de outro sanguessuga. Uma certa náusea incomodou sua barriga, em seguida veio um forte calor a garganta e por fim uma cefaleia breve a atormentou por alguns minutos.  

    • Está de boas agora? 
    • Acho que sim, já posso ficar de pé de novo eu acho. 
    • Tá vamos lá, quero que você feche os olhos e pense em alguém… Pensou? Tá, agora quero você se imagine ao lado dessa pessoa e usando as mesmas roupas, sabe como se fossem aqueles gêmeos que se vestem iguais… Agora aos poucos se imagine como aquela pessoa, pense no nariz… pense nos olhos, pense ema alguma expressão que ela faça, pense na boca… pense nela falando… pense que é você falando como se fosse ela, como se vocês fossem os gêmeos que se vestem igual… você é aquela pessoa! 
    • Que loucura, senti meu corpo mudando! 
    • Sim pra mim você mudou. Tô tentando lembrar o nome dessa cantora… é Billie… 
    • Billie Eilish, sério Fê, não acredito, deixa eu tirar uma selfie… Hey tô igual affffff 
    • Então esse é um dos poréns, nos espelhos e no smartphones e afins não rola essa mudança. O Zé me disse que isso é algo relacionado a aura, mudarmos energeticamente e somente a visão humana é enganada dessa forma. Mas relaxa deu certinho. Meus parabéns, garota! 
    • Vou tentar também me transformar pra você ver como é a mudança com o uso de tais habilidades… 
  • Aprendendo a ser vampiro

    Aprendendo a ser vampiro

    Faz oito anos que a minha cria mais nova, Penélope (Pepe), foi transformada em vampiro e isso abre algumas oportunidades para o avanço de suas habilidades Wampir. Digamos que a fase inicial passou e agora ela já pode se aprofundar nos aprendizados de segundo nível. Aqueles que vão exigir mais de seu corpo e mente, mas que lhe trarão diversos benefícios.

    Existem algumas fases no amadurecimento de um Wampir. Há o perigo inicial que pode durar até 10 anos, onde a adaptação aos costumes e hábitos e habilidades primárias se fazem necessárias.

    Em muitos casos os vampiros ao longo dos seus primeiros 10 anos de “não-vida” aprendem a lidar com diversos aspectos, como alimentação, sentidos aguçados e a famoso teatro. Sendo este último o mais difícil, pois é necessário aprender com disfarçar pele fria, palidez, sensibilidade ao sol, dentre outros.

    Com a Pepe não foi diferente. Apesar dela já estar acostumada com a vida noturna, ela passou um tempo aprendendo a controlar os instintos aguçados. Depois de alguns incômodos principalmente com a Audição, ela focou no controle da sede e isso durou pelo menos uns 2 anos.

    Em seguida, foi a questão da aparência, que depois de alguns anos começou a ampliar as olheiras, a pele se tornou mais clara e fina. Então vieram os primeiros passo na direção dos aprendizados de sangue.

    Trabalhando a parte física do vampiro

    Primeiramente ela praticou a velocidade e digamos que gostou do que sentiu. Vieram os passos rápidos, os movimentos acelerados ao desviar de objetos que eram arremessados na sua direção e por fim lhe ensinamos alguns golpes. Aprendidos em função da prática em diversas artes, como Kung-fu, Karatê, Muay Vai, boxe, Krav Magá…

    Tudo isso contribuiu muito para sua evolução física e mental. Por falar na psique, Franz passou um empo com ela e facilitou tudo o que se refere a mente. Apesar de não parecer, o vampiro é mestre no que diz respeito a leitura e jogos mentais.

    A pouco anos atrás em 2019 foi a vez de eu iniciá-la no trabalho de sua força física e de uns tempos para cá ela já tem feitos nas evoluções. Inclusive semana passada ela levantou uma das máquinas da fazenda, como se fosse uma cadeira. Sabe aquele tipo de coisa que fazemos sem perceber? Rimos…

    Nos próximos meses temos estamos pensando em quais habilidades a treinaremos primeiro. Queria muito que ela pudesse fazer as famosas metamorfoses, tanto em animais como lobos ou grandes felinos. Também seria bacana se ela pudesse desenvolver a transformação em nevoa ou ainda praticar algo novo como a mudança de aparência. Essa última inclusive, era algo que eu estava praticando junto do meu falecido amigo Josef.

    Enfim, só o tempo dirá os caminho que um membro mais novo de um clã pode ter. Eu mesmo nunca me imaginei liderando nada antes dos meus 100 anos de transformação. No entanto o mundo mudou muito, tal qual meu mestre e seus planos, forçando de certa forma o acumulo de responsabilidades ao longo da não vida de vampiro.

    Texto em revisão

  • Os planos do clã

    Os planos do clã

    Continuando o que falei no post anterior…

    …liguei para o Franz para falar sobre o clã e para ver onde ele andava:

    – Vivo?

    – Sempre!

    – Tô aqui na minha banheira na fazenda pensando na vida.

    – Que fase…

    – Sei, pois é… A Pepe me abriu os olhos, precisamos voltar pro mundo.

    – Você, maninho! Eu nunca saio dele.

    – É sei bem, tá aqui perto?

    – Não, mas amanhã posso estar. Vou?

    – Não, não, deixa! Fala onde tá que eu vou para aí.

    Juntei o essencial numa mochila, fui pro carro e peguei estrada. Algumas horas antes do nascer do sol eu parei num hotelzinho de estrada e lá passei o dia.

    Chovia bastante, mas tão logo a chuva parou veio aquela música dos pássaros, sinal de que ocorreria uma estiagem. Tão logo o sol se pôs eu saí e fui para o encontro de Franz.

    O vampiro estava hospedado num hotelzinho bem bosta, daqueles que não tem nem nome na frente e provavelmente é usado como motel ou para venda de qualquer tipo de porcaria por aqueles que estão próximos.

    – Cara, o que tu fazes com a nossa grana?

    – Ahh para maninho esse lugar tem tudo o que preciso: putas, drogas e sangue free.

    – Pensando assim… nem sei o que te dizer (risos)

    – Senta ali e me conta logo o que tais pensando.

    As formalidades do clã

    Nesse sentido, passei um tempo revisando com ele o que havíamos feito nos últimos anos… As estratégias das empresas eu bem que tentei, mas ele não deu bola… Por fim focamos no formalidades vampirescos e no nosso relacionamento com os demais clãs.

    – Com o fim da pandemia se aproximando seria vital retomar alguns contatos e expressei minha vontade de que Franz fizesse isso, haja vista que ele é o ancião acordado no momento.

    – Eu sei que pra muitas coisas eu lidero o clã, ainda mais no tocante das empresas, negócios da fazenda e afins, mas para os eventos e viagens posso contar contigo?

    – Obviamente maninho, se tem festa eu vou…

    – Tá nem sempre vai ter festa, tu sabes, mas se eu puder contar contigo na maioria das reuniões já ajudaria pacas!

    – Relaxa, eu sei que algum tipo de compromisso eu preciso ter, de um modo geral eu prefiro as festas, mas sei ser sério também quando precisa… agora combinamos tudo, cansei. Sério, vamos dar um rolê por algum lugar? Faz tempo que não fazemos nada juntos.

    – Sabia que já tava ansioso pra dar uma saída… Vamos embora dessa espelunca!

  • As tumbas dos anciões

    As tumbas dos anciões

    Queria saber como a poeira consegue surgir, mesmo em lugares no qual até então havia-se um fechamento digamos hermético. Esta foi minha reação ao adentrar as tumbas onde ficam nossos anciões. Mas isso foi apenas um levantamento rápido de minha mente inquieta. Pois o havia coisa mais importante a ser feitas naquele dia ou noite.

    O tempo é algo que nos ocorre de forma diferente, mas certamente a poeira é um indício de que ele continua existindo. Passei um pano molhado sobre o caixão de Eleonor. Depois por alguns instantes me debrucei sobre ele e usei todos os meus instintos na intenção de ouvir ou sentir algo.

    Nada! Apenas algumas gotas que se esvaiam pela lateral da cripta ou aqueles estalos comuns das cavernas. Nem mesmo os morcegos, nossos companheiros animais mais íntimos emitiam qualquer som.

    Ainda falando sobre tempo, naquela data fazia exatos 6 anos em que minha doce espanhola iniciara sua hibernação. Tanto tempo a mais estava Georg também em sua hibernação e todos os outros que por lá protegemos.

    Além da breve limpeza nos caixões, aproveitei também para revisar as partes elétricas e câmeras que fazem a vigilância das criptas e antessalas. Não de novo, além de algumas lâmpadas led que aproveitei para instalar. De tempos em tempos surgem tais novidades e é fundamental que tais espaços recebam upgrades.

    Pepe apareceu num determinado momento

    – Hey senhor eletricista preciso de uma ajuda com umas tomadas…

    – Põe na agenda minha filha, hoje to ocupado aqui.

    – Aff seu sem graça era zuera, não precisa ficar bravinho não Fe.

    – Sabe que fico meio nostálgico vindo aqui…

    – Sei… é ali que ela tá?

    – Sim!

    – George tá lá?

    – É… Quer que faça um passeio guiado contigo?

    – Nossa mas tá chatão mesmo hoje heimmm

    – Se não fosse essa maldita fiação velha aqui eu estaria mais de boas vampirinha.

    – A gente não pode transformar um ghoul pra ficar cuidando disso?

    – Até podemos, mas as cosias estão tão tranquilas ultimamente que eu prefiro vir aqui pra me estressar um pouco.

    – Sei, sabe Fê, aproveitando. Quando que você vai voltar pro mundo? Desde o início da pandemia nós viemos pra cá e tudo parou sabe… Já tô vendo os humanos de volta nas suas rotinas e nós aqui. Já cansei dos jogos novos que baixei, já ví todos os seriados possíveis…

    Fiquei calado por um tempo, digerindo o que ela falava.

    – É teu tempo ne, sou sua aprendiz e preciso estar junto de ti, mas será que a gente podia dar uma variada, pelo menos indo pra alguma outro lugar.

    Estava evidente ali duas questões, o tédio dela e suas idade humana. Alguém que até então passava suas noites em claro no computador e que o vampirismo trouxe um mar de possibilidades.

    Poderei por mais alguns instantes, gerei aquele silêncio climático e lhe devolvi.

    – Acho que podemos variar um pouco sim.

    Ela me abraçou e me encheu de beijos. Como uma filha beijaria o pai, diante a promessa de algo que ela queria muito. Ao final daquela jornada em torno da manutenção das criptas eu voltei para meus aposentos na casa da fazenda. Fui para minha banheira e juntos da água quente, misturada a sais de banho eu pensei. Adentrei o amago de meus sentimentos e decidi que deveríamos voltar para o mundo. Liguei para o Franz.

  • O controle da minha sede

    O controle da minha sede

    Dias atrás eu estava com muita sede, aquela famosa sede que acomete os vampiros e nos deixa loucos atrás do mais puro sangue. Já disse por aqui que o sangue que mais mata a nossa sede é o humano. Apesar de que o sangue dos animais inferiores também trás certa satisfação… mas cara, não é a mesma coisa!

    Por causa disso, fui aonde há mais sangue disponível, o centro de uma cidade. Em tais ambientes há sempre aqueles que merecem uma ou duas mordidas. Há sempre alguém fazendo bosta e merecendo um corretivo. Há sempre um filho da puta que não devia cruzar meus caminhos.

    Jaqueta, calças, all-star… peguei a BM e rodei. Gosto de usar ele, pois não faz muito barulho e consigo ficar atento com minha audição aguçada pelos arredores.

    Não tardou e perto de um boteco, onde uns velhos tomavam cachaça e jogavam carteado, havia um prédio de dois andares. De dentro do lugar havia uma ou duas crianças chorando, uma outra voz de mulher mais velha e um cara putasso.

    Coisas da pandemia?

    Dizem que a pandemia fez aumentar esse tipo de comportamento. Onde os metidos a machões, que não sabem dialogar batem, xingam e abusam daqueles tidos como mais frágeis. Mesmo que esses sejam filhos esposas, ou gente que em algum momento foram amados

    Nesse contexto, eu parei a moto e fiquei um tempo ali perto dos tiozões jogando sinuca. O jogo estava animado e quase me distraiu. Só que a fome, quando bate, desnorteia nosso foco. Principalmente, porque a violência estava grande naquele apartamento e decidi me aproximar.

    Fui para um lugar mais escuro, procurei por câmeras ou curiosos e me transformei em névoa. Flutuei até uma das janelas e de lá observei. A cena deixaria qualquer perito ou legista animado e me motivou a entrar em ação.

    Numa das salas havia uma mulher mais velha, com cara de vó e amarrada numa cadeira. Ela estava com a boca machucada e com um pouco de sangue no canto. Numa bochecha a vermelhidão roxeada indicava que havia recebido bofetadas.

    Num sofá em posição fetal uma garotinha, em silencio, mas que parecia estar “bem”. Já no quarto a cena era podre. Havia um garotinho com as calças abaixada deixado de bruços na cama e o sujeito, também com as calças arriadas se masturbava.

    Minha sede assumiu o controle

    Assim, estava ali um sujeito que aos moldes da sociedade atual merecia cadeia. Então, fui para o corredor desfiz minha transformação e estourei a porto do lugar. A mulher tomou um susto e a garotinha não se mexeu.

    – Pelo amor de Deus ajuda a gente moço!

    Soltei ela tão rápido quanto um humano faria e percebi que havia movimentação no quarto. Ao mesmo tempo em que ela se libertava percebi o carinha indo para a porta. Com intenção de fugir.

    – Senhora, chama a polícia e fala que o detetive Marcos passava pela rua e te ajudou.

    Fui atrás dele e na descida das escadas o alcancei.

    – Dei-lhe um soco na barriga e na empolgação quebrei-lhe algumas costelas. Ele se estremeceu, suas pernas amoleceram e ele quis se abaixar, foi quando o segurei e o levei até o carro.

    Dali fomos para um local desocupado e tranquilo, onde finalmente saciei minha fome.

    Em tempos antigos eu certamente acabaria com o sangue daquele corpo. Mas como a cidade faz parte dos meus limites, decidi me poupar de possíveis problemas e denunciei para a polícia.

    Hoje minha sede foi saciada. Até quando eu já não sei mais… coisas da pandemia.

  • Ser um sobrenatural nos tempos atuais é algo sofrível

    Ser um sobrenatural nos tempos atuais é algo sofrível

    Todos sabem que os tempos mudaram e que ser um vampiro atualmente, bem na verdade, ser um sobrenatural nos tempos atuais é algo sofrível. Tá, lá vem o cara imortal reclamar… Não é bem assim, mancebo!

    Sim os tempos da época em que eu fui transformado eram diferentes. Não havia higiene, tampouco band-aid, smartphnes, banho quente ou sequer banheiro dentro das casas. Já falei um pouco aqui sobre isso, mas como sempre temos novos leitores e de tempos em tempos eu retomo o assunto: época atual vs o passado.

    Apesar disso, também havia coisas boas. Não havia a loucura e a correria dos tempos atuais e isso sim eu acho que sinto falta, pois quando os veículos motorizados começaram a circular pelos centros das grandes cidades foi a verdadeira loucura. Em coisa de 10 ou 20 anos eles tomaram as ruas. Levantaram muita poeira nas antigas ruelas e tudo se transformou em função disso.

    Vieram as grandes obras urbanas, os famosos calçamentos, os bondes e os postes com luz a óleo foram trocados pelos ligados a luz elétrica e todos os locais receberam dezenas de fios. O que provocou a modificação das casas residenciais e de comércio. Muitos foram derrubados e deram lugar a edifícios modernos e nos padrões aproximados com os atuais.

    E o lado sobrenatural disso?

    Bom, é aí que surgem as minhas reclamações. Pois as mudanças que eu disse linhas atrás fazem, além dos imóveis, as pessoas também se movimentarem. O problema é que existem muitos que não gostam de mudança. Mudanças de processos e de rotinas tal qual na atualidade, em função da pandemia global de COVID.

    Os sobrenaturais em especial aqueles que podem viver centenas de anos, como os vampiros, não gostam muito de mudanças. Imagine que você tem sua rotina de alimentação, tem os lugares onde pode ir ou que não deve chegar perto. Todavia, de uma hora para outra há bloqueios policiais e sanitários. Todos evitando as ruas, empresas decretando falência e as pessoas recolhidas na “segurança” de seus lares.

    Por um tempo não se pode entrar em bares, baladas, lojas, padarias… Shoppings, que eram o principal local de passeio de alguns e até mesmo as praças foram fechadas… Tenho amigos vampiros que decidiram hibernar nesse tempo. Triste, mas alguns empreenderam e até criaram negócios novos de delivery. Algo tipo sangue a domicílio? Sim, porque não… oferta e demanda, babe!

    Falando de mim…

    …eu já tocava muitos dos meus negócios a distância e tenho certa simpatia por tecnologia. Sobre minha dieta, alguns animais disponíveis pelos arredores a compõe nesse momento, mas confesso que a fome, aquela antiga, inerente e pecaminosa pelo sangue humano tem me acometido. Inclusive nesse momento ao falar disso, minha perna direita insiste em balançar… Obviamente, indicando ansiedade em minha cabeça.

    Talvez por isso tenha me afastando um pouco daqui e deixado meu irmão Carlos, publicar suas histórias e andanças. Bom, convenhamos que falar somente de vampiros (e minhas reclamações) devia estar chateando os mais antigos frequentadores? Então essa variação de assuntos hora lican, hora vampirescos trás variedade e renovação para cá.

    Afinal, em meio a tudo o que tem ocorrido nos últimos meses inovação e variação são palavras bacanas e que podem animar a cabeça. Principalmente, daqueles como eu que ficam angustiados quando permanecem por muito tempo nos mesmos locais.

    Ahh, tenho lido bastante e visto seriados. Esses dias maratonei o Legado de Júpiter e vocês?

  • Licans, como eles são?

    Licans, como eles são?

    Nos meus últimos artigos aqui no blog do meu irmão Ferdinand, tenho falado bastante sobre minha matilha de Licans. Sobre como vivemos em meio a uma das maiores florestas do mundo, juntos dos indígenas e dos demais povos que frequentam nossa região.

    Hoje, eu vou mudar um pouco o foco e falar especificamente sobre nós: Licantropos. Popularmente conhecidos como Lobisomens, Metamorfos ou simplesmente Licans. Dando ênfase as principais características de cada um daqueles que conheço, bem como suas origens.

    Em seu livro Ilha da Magia, Ferdinand cita algo assim: “O seu corpo começou a crescer, muitos pelos foram preenchendo sua pele branca, e depois de alguns segundos entre contorções e grunhidos ele se transformou em algo bestial… ele parecia ser muito mais forte e havia algo de felino em suas feições”

    Conforme tal relato, enfatizo aqui as “feições felinas” pois isso é a base do que quero lhes trazer. Afinal, é um erro muito comum achar que os licans são variações avantajadas apenas dos Canis Lupus ou Familiaris.

    P0de-se no entanto haver variações em outros grupos como Panthera, Leopardus, dentre outros felinos. Sobretudo, também existem ou existiram variações com base nos Ursidae, Equus Ferus, Bos taurus, entre outros. Sendo estes últimos muito relacionados respectivamente aos mitos dos Centauros e do Touro de Minos, popularmente conhecido como Minotauro.

    Ferdinand e eu, mais do que ele, pertencemos há uma linhagem de Canis Lupus e por esse motivo, conseguimos mudar de forma indo ao encontro das feições próximas destes seres.

    No que diz respeito ao mundo sobrenatural e das potencialidades que tal “poder” nos confere, há a vitalidade ampliada, a força, e todos os sentidos ampliados. Ou seja, resistimos, ouvimos, vemos e sentimos com maior precisão que os humanos ou até mesmo que os animais.

    Não vou entrar no mérito aqui de onde tais “poderes” vieram ou de como aprendê-los, apenas me restrinjo ao fato de que isso existe desde os primórdios. Acompanhando as tantas evoluções dos seres que habitam este plano e os demais que circular em paralelo a este.

  • Um dia nas minhas rotinas de Lican

    Um dia nas minhas rotinas de Lican

    Acordei e como de costume mais cedo que os demais. Junto de Vera fiz meu desjejum com muito café e carne fresca de capivara. O tempero secreto da Lican é um dos seus maiores segredos e faz a alegria de marmanjos, tal qual eu. Papo vai e vem e chega até nós, todo esbaforido, o Jonas. Um lican nativo da região e que era lenhador antes de se juntar a nossa alcateia e causa.

    Sujeito matreiro, que atuou por muitos anos derrubando arvores e que depois da transformação se tornou protetor de Gaia.

    Naquele dia ele estava bastante esbaforido e tão logo nos cumprimentou foi logo dizendo o que lhe afligia:

    – Bom dia pessoal estive pelos lados do monte das duas quedas e avistei uns mal-acabados por lá. Um deles tinha equipamentos de topografia e um outro desbastou grande parte, fizeram uma clareira perto da margem esquerda da primeira queda e acamparam por lá.

    – Será que era algum povo da Funai, exército? – Comentei com ele.

    – Olha desse povo não sei não. Pelo menos não era ninguém conhecido ou que já tenha visto por essas bandas.

    – Procura o Isaias e fica um tempo lá observando o que eles fazem. Aquela região não é dos nossos domínios, mas tem aquela tribo dos Maku que pode ter problemas com eles.

    – Certo, chefe!

    Esse dia fluiu tranquilo e fiz apenas as atividades corriqueiras, como a manutenção de algumas cabanas e limpar as pestes que insistem em surgiu perto da horta principal. Gosto bastante desses trabalhos pois a parte física é trabalhada, de tal forma que um velho como eu pode tirar um pouco da poeira dos músculos. Sem falar dos meus experimentos com madeira e outros materiais.

    Tentamos ter uma rotina de exercícios, dia sim, outro não e todo sábado, por exemplo, promovemos uma espécie de esconde e esconde com captura de bandeira. A equipe vencedora fica de folga dos trabalhos pesados na semana seguinte.

    Mais para o final do dia alimentei os javalis e aproveitei para pescar numa dos lagos naturais que ficam à beira do rio. O pôr do sol estava bonito, apesar dos muitos Paracanã que inevitavelmente perambulavam pela região. Seres minúsculos que incomodam demais e me lembram os borrachudos lá do sul.

    Logo mais a noite estávamos todos a beira da fogueira. Aguardando a fritada que Vera fazia junto de outros Lican. Assim que iniciamos a janta os papos começaram, regados a muito cauim. Uma bebida fermentada de mandioca que aprendemos a fazer de uns anos pra cá.

    – Sabe Carlos, passamos o dia atrás daqueles malacabado e assim que capamo o gato eu fiquei matutando. Será que o povo não era de boa fé?

    – Por que acha isso Jonas?

    – Não sei chefe, meu instinto pode falhar as vezes, mas, chibata! Senti algo bom deles.

    – A gente pode ficar de bubuia, então?  – Comentei, feliz por ele ter percebido. Usado seus instintos.

    – Sim sim, chefe!

    – Toma aqui mais um gole então, amanhã tem treino cedo e é importante que vocês relaxem hoje a noite.

  • Problemas na matilha – Parte 2

    Problemas na matilha – Parte 2

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    Vera iniciou os preparativos ao lado do totem. Um monumento que nos foi dado de presente, entalhado em madeira de carvalho e localizado centralmente em nosso assentamento. Vestida apenas com uma túnica, alguns colares e adereços nos cabelos. Ela circulava ao redro do totem com incensos enquanto dizia algumas palavras ritualísticas.

    Aguardei numa cadeira em certo local que não a atrapalha-se e aproveitei para beber um pouco de café, meu fiel companheiro em noites como aquelas. Na verdade, de todos os momentos, ultimamente. Depois de uns minutos Isaias também se sentou perto de mim e aproveitou para por o papo em dia:

    –  A vera tá como quantos anos mesmo? Tá com corpão ainda ne?

    – Te falar que não consigo ver ela dessa forma? Acho que pela convivência ela virou meio que paisagem pra mim. – Respondi desinteressado, enquanto dava mais um gole naquele café sem açúcar e quente.

    – Ah para, olha aquelas coxas!

    – Na, nada demais, Isaias…

    – ôxe! Tá muito tempo sozinho meu velho. Sem falar que tu és o alfa, precisa tá mais ativo.

    – Meu irmão (Ferdinand) falou a mesma coisa esses dias, mas tô bem assim… são tantos problemas pra resolver que nem tenho mais tempo pra mulheres. Mas ow, se achar que sou menos alfa por causa disso a gente pode disputar, tá afim?

    – Tá mangando deu? Tô pra isso não, só comentei por comentar. Não tá mais aqui quem falou…

    Depois de alguns minutos Vera se sentou. Olhou em volta me procurando e foi minha deixa para ir ao seu encontro. Sentei-me ao seu lado… Palavras… Cânticos… Sons que não podem ser escritos… Nevoeiro.

    Mais uma vez adentrávamos por aqueles lugares cuja alma sente frio, no qual o movimento e visão são limitados e tudo passa mais devagar. Vagamos, vimos casas, carros… Uma cópia quase exata do mundo terrestre.

    Chegamos a uma casa mais isolada na periferia de um centrinho, em seu interior havia movimento, ou pelo menos a sensação de que havia alguma presença. Entramos por uma porta de madeira muito bem esculpida, com desenhos tribais. No cômodo de entrada alguns cristais sobe uma mesa, alguns filtros de sonhos pendurados sobre uma poltrona e uma lareira, ardia fogo azul.

    “Bem-vindos” – Nos disse uma voz, angelical e quase sussurrada vinda de todos os lados.

    “Fiquem tranquilos em minha casa” – Neste momento algo começou a se formar na poltrona e em questão de segundos surgiu uma mulher morena, de aparência formosa, mas seu roso estava borrado, evidenciados apenas duas luzes azuis fortes onde deveriam estar seus olhos.

    Vera deu um passo a frente e entregou uma de suas pulseiras para a entidade. Assim que pegou o artefato seus a luminosidade de seus olhos diminuiu por alguns segundos, deixando evidente seus traços indescritivelmente angelicais. Tão logo ela absorveu o artefato e seus olhos voltaram a iluminar fortemente o ambiente, ela se levantou e levitou até nós.

    Perto de mim ela passou uma das mãos em meu rosto. O frio tomou conta de mim e antes de se tornar insuportável ela fez o mesmo em Vera. Em seguida ela se afastou perto da lareira e de lá nos falou telepaticamente: “A lican que vocês procuram está bem”. (pausa) “Ela não quer mais ficar entre vocês, apenas isso!”.

    Vera consentiu e se dirigiu a porta. A segui, mas antes de sair a aparição se aproximou e segurou minha mão, levei um susto como se algo a queimasse. Em seguida ela desapareceu, tudo ao nosso redor escureceu. Abri os olhos. Estava em nosso acampamento. Em minha mão havia dois “W” desenhados lado a lado.