Alguns dias atrás tive o prazer de ser agraciado por e-mail com a detalhadíssima história de Sophia.
Ela foi enviada pelo Christian, que é leitor aqui do blog e que em breve deve se apresentar a todos.
Espero que gostem de seus escritos tanto quanto eu gostei.
SOPHIA
Mariana olhava-se no grande espelho do quarto, inspecionando a imagem: sandálias plataforma, cor de ouro velho. As unhas dos pés e das mãos impecavelmente bem acabadas, num tom quase negro. As longas e bem torneadas pernas (seu orgulho, e maior arma de sedução) com o tom obtido em algumas seções de bronzeamento artificial dispensavam meia-calça. O brilho da saia feita a partir de um vestido azul de festa, de paetês, e da blusa frente-única dourada de tecido semelhante, davam a impressão de que estava coberta de jóias. Mas ela ainda não estava satisfeita. Revirou as coisas que guardava na gaveta do criado-mudo procurando algo que servisse como complemento. Era o que faltava, uma singela gargantilha com pingente de strass para completar o brilho.
Nova inspeção no espelho. Os olhos de safira aprovavam o resultado agora. Como sempre, um retoque no batom, uma mexida nos longos cabelos anelados, castanhos, e estava pronta para sair. A partir desse momento não atendia mais pelo nome de batismo: Mariana Silveira. Tornara-se Sophia, assim mesmo, com “ph” que ela fazia questão de frisar, nome emprestado de um livro que lera pouco tempo antes de optar pela mais antiga das profissões. Na verdade, poucas pessoas sabiam seu verdadeiro nome. Mariana só existia ainda para os tios que a criaram e viviam no interior de Mato Grosso, com quem se correspondia muito raramente, sendo para ela própria hoje quase uma estranha. Uma vez até lhes enviara um cartão postal de Bariloche, onde havia estado a serviço, assinado com o nome Sophia. Depois explicara dizendo ter sido brincadeira.
O trabalho nas noites de São Paulo rendia até bem, mas necessitava de investimento constante. Roupas, maquiagem, bons perfumes, dentista, salão… Tudo para manter a qualidade do produto, pois os clientes exigentes é que pagavam mais, e ofereciam quase sempre melhores condições de trabalho. Além disso, a concorrência era acirrada. Comentava sempre que uma vez um sujeito havia dito que elas poderiam dar aula de marketing, tal a dedicação que tinham em agradar sua clientela, tudo fazendo para satisfazer – “Encantar o cliente é uma arte que vocês, meninas, dominam como ninguém!”.
No percurso de ônibus entre o pequeno apartamento e o centro da cidade, como sempre ela divagava. Que teria acontecido se não tivesse saído do Mato Grosso? Ou se tivesse realmente estudado, como dizia aos tios. Ou ainda, se tivesse forçado o Toninho, filho do fazendeiro dono de todas as terras que ela conhecia na época, a aceitar o filho que fizeram nas cocheiras, ao invés de ceder ao velho pai dele quando pediu para tirar? Tantos caminhos diferentes… Mas a realidade veio acordá-la na voz de um gordo bigodudo e suado: “Aí, boneca. Cê trabalha aqui perto, né? Vai descer logo? Se tiver precisando de companhia, e não cobrar caro…”.
– Vê se te enxerga que não sou pro seu bico, bujão! – E já foi se levantando e tocando o sinal para descer. A noite ia ser longa ainda…
Após descer do ônibus, sob os palavrões do gordo e dos gestos obscenos que ele fez pela janela, que ela viu mas fez questão de ignorar, pegou na bolsa um Hall´s de cereja e seguiu altiva pela calçada em direção ao seu ponto, perto do Palace Hotel. As sandálias faziam um ruído característico e ritmado ao baterem no cimento da calçada, mas ainda estava cedo e com o movimento das ruas, o som era quase imperceptível. São Paulo sempre foi impressionante para Sophia, mesmo agora, após cinco anos de sua chegada. Ficava fascinada pelas luzes dos prédios, os néons, o fluir dos carros e a fauna noturna da metrópole. Pena que a poluição fosse indissociável do cenário… O centro, mais precisamente perto do Teatro Municipal, da rua Sete de Abril ou próximo ao Viaduto do Chá, parecia evocar Nova York. Ela nunca havia estado lá, mas tinha visto algumas fotos em revistas e algumas imagens na televisão, e sempre achava semelhante o cenário.
Um carro importado, de um azul metálico bem escuro, passou por ela e estacionou um pouco à frente. O vidro da janela do passageiro desceu suavemente. Ao se aproximar ela olhou de soslaio para o motorista. Um sinal discreto da mão foi suficiente para que se aproximasse.
-Oi! Sozinho ainda? – Ela colocara estudadamente as mãos na janela do carro e se inclinara para falar com o homem. Sabia que a blusa descia formando um arco invertido que permitia um rápido vislumbre dos seios, bem proporcionados e sem marca de biquíni. Isso sempre encorajava os clientes. Esse não foi diferente, seus olhos foram imediatamente magnetizados pelo decote generoso.
– Por enquanto. E você? – A voz bem modulada e grave a agradou.
– Por enquanto também. Podíamos resolver isso fácil, fácil… – disse Sophia, mostrando um sorriso treinado mas não menos encantador. – Meu nome é Sophia, gatinho.
– Prazer. Christian. Quer beber algo, Sophia?
– Pode ser… E depois?
– Ainda é cedo. Depois veremos. Entre.
A trava emitiu um clique e se elevou, permitindo que a garota abrisse a porta e se acomodasse ao lado do motorista, num banco de couro suave ao toque e envolvente. – “Hoje me dei bem! O cara além de bonito é grã-fino… Isso é que é carro!” – Dentro do carro pode observar melhor seu cliente. Apesar do português perfeito, ele não parecia nem um pouco ser daqui. O cabelo suavemente anelado caía em mechas castanhas emoldurando um rosto anguloso e viril. Se fosse mais novo, Sophia poderia jurar que era modelo. Christian usava um terno escuro, talvez grafite, bem talhado. Roupa de alfaiataria, certamente. A camisa em tom de casca de ovo, com costuras verticais, tirava um pouco a sobriedade da roupa, que nem era tanta, pois não incluía gravata. A conclusão de Sophia: Executivo jovem, (muito) bem sucedido e de bom gosto para carros, roupas e mulheres, claro… E que não gostava de praia.
– Aonde vamos, Christian? Conheço alguns barzinhos e restaurantes bem perto daqui que…
– Não são ambientes que eu goste. – interrompeu Christian – Se não se importar, minha casa não fica longe e com certeza vai ser bem mais agradável. Que acha?
– Bom… Aí fica mais caro, sabe como é… Pode rolar a noite toda…
– Não se preocupe com isso. Você será muito bem paga pelos seus serviços, garanto.
– Isso não inclui amigos não, né? – Sophia passara por maus bocados uma vez, ao aceitar esse tipo de convite. Apesar do cachê, nada pequeno, a “festinha” durou até umas nove horas do dia seguinte e ela perdeu a conta dos homens pelos quais passou, de todas as formas possíveis… Fosse outro sujeito ela já estaria fora do carro, mas Christian olhava para ela bem nos olhos, e sem saber como, ela não se sentia capaz de reagir mais energicamente. Christian deu uma gostosa risada.
– De jeito nenhum! Só nós dois! – ele disse, tão sinceramente que Sophia relaxou e aceitou. Christian então, com o consentimento dela, sinalizou e deu partida em direção aos Jardins, destino que Sophia considerou óbvio para um carro daqueles. – Pode aumentar o som, se quiser.
– Assim tá bom… – Sophia deitou a cabeça no encosto do banco, passando um braço sobre o ombro e pensando que a noite poderia ser longa, mas parecia ter tudo para ser memorável…
Christian estendeu a mão e tocou de leve sua coxa, causando uma sensação agradável. Ela inclinou a cabeça e ao olhar nos olhos dele, de um azul profundo, pareceu que tudo em volta escurecia, as luzes dos outros carros, dos bares, dos prédios. Tudo entrava em um torvelinho, como se um ralo gigante aspirasse a paisagem urbana. Apenas os olhos de Christian permaneciam em foco, com aquele azul intenso e magnético e o único som remanescente era a música dos Rolling Stones que ecoava nos alto-falantes do carro. Depois disso, Sophia apagou, como se estivesse drogada.
O Jaguar XJ8 enveredava silencioso por uma estrada de cascalho ladeada por grandes pinheiros pouco espaçados, formando uma espécie de túnel muito escuro e lúgubre. Apenas o pequeno trecho iluminado pelos faróis deixava perceber o lugar. Sophia ressonava no banco do passageiro, com a cabeça voltada para o vidro e seus cabelos encobrindo parcialmente a face. As mãos bem feitas repousavam uma sobre a outra e esta sobre a coxa direita, para onde Christian suavemente as afastara assim que saíram da auto-estrada, em direção à região de chácaras particulares onde ele mantinha sua residência, num condomínio fechado de alto nível, cuja principal característica que o atraíra a comprar o imóvel foi a absoluta discrição oferecida pelo lugar. A maioria dos abastados proprietários utilizava as mansardas como residência de fim-de-semana, para aliviar a tensão constante de morar em um grande centro urbano, assim o condomínio geralmente vivia deserto à noite, tendo muito raramente uma festa particular em alguma das casas. O último portão dos poucos e distanciados existentes naquela alameda dava acesso a sua casa. Ao se aproximar, um sensor apropriado detectou a passagem do Jaguar pelos últimos quinze metros do grande muro antes do portão e acendeu as luzes externas da entrada e as que ladeavam a via de acesso às garagens. Instantes depois a trava eletrônica dos portões emitiu um clique e as duas pesadas folhas de ferro trabalhado em motivos florais moveram-se lentamente, mas no prazo suficiente para que o carro pudesse passar pela entrada sem precisar parar do lado externo nem um segundo. Após a passagem, outro sensor “avisava” ao sistema para inverter o movimento dos portões, para que fechassem e a trava fosse novamente acionada. Mais eficiente que uma equipe de seguranças e porteiros e depois de algum tempo em operação, também mais barato. No caso de Christian, que prezava sobretudo seu isolamento e mínimo contato com pessoas, o sistema de segurança especialmente projetado estendia-se por toda a área de circulação externa e também quase toda a parte interna da casa, uma pequena fortaleza de 320 m2 de área construída instalada em um desnível do terreno, com a forma aproximada de um “H”.
Enquanto estacionava, Sophia despertou. Olhando em volta surpresa viu que entre os arcos de pedra da garagem encontravam-se mais dois carros certamente muito caros, o que revelava o poder aquisitivo do homem ao seu lado.
– Já chegamos? – falou debilmente, ainda desorientada.
– Sim. Creio que você estava muito cansada, pois adormeceu no carro. Achei melhor não incomodá-la. Vamos descer e te mostro a casa.
Ao sair do carro, Sophia notou mesmo estando noite que era uma bela casa, olhando para o jardim coberto de arbustos e iluminado por postes baixos de ferro fundido. As sombras das árvores ao fundo não permitiam ver o muro, dando a impressão de que era ainda maior o terreno. Próximo da escada de pedra que desciam agora ouviu o som de água, parecendo que havia uma cascata nos fundos da casa. – “Isso é que é vida!” – pensou, sem saber que palavras usar para elogiar o pouco que vira do lugar.
A escada terminava num pequeno hall também forrado de pedra e aberto para o fundo do terreno, de onde pôde distinguir mais silhuetas de pinheiros e o céu com poucas estrelas e uma lua em quarto crescente. Ao lado de vasos com pequenas palmeiras ficava a porta de entrada, em madeira rústica lavrada com ferragens um tanto desproporcionais. Ao passar pela porta, Sophia percebeu que a casa reservava ainda mais surpresas: Um amplo salão cujas luzes se acenderam ao entrar, pendentes de candelabros de ferro suspensos por correntes. Dois ambientes dividiam o espaço, ambos muito bem decorados. Um grande sofá modular permitia vista para três portas envidraçadas na parede esquerda, guarnecidas por pesadas cortinas. Parecia um cenário de cinema…
– Fique à vontade, Sophia. Vou pegar uma bebida, tem alguma preferência? – Os modos aristocráticos de Christian a deixavam encabulada.
– Não. Qualquer uma serve, desde que não seja forte.
– Um vinho vai cair bem.
Encantada pela gentileza de Christian e pela suntuosidade a sua volta, Sophia nem se preocupou com o fato de ter adormecido no carro, o que não era nada normal. Esforçava-se para ocultar seu deslumbramento, mas era difícil. Christian voltava do bar com duas taças de um vinho tinto, escuro. Estendeu uma em sua direção. – Vou te fazer um pedido. Espero que não estranhe, mas eu gostaria de te ver com uma outra roupa, mais adequada… Tudo bem?
Uma mulher como Sophia já se acostumara aos fetiches dos clientes e isso era indiferente para ela. Apenas deu de ombros, concordando. Então Christian indicou-a um corredor. – Na terceira porta à direita há uma suíte. Tudo o que precisa está lá, e certamente vai servir em você. Eu fico aqui esperando, não demore muito… – Terminou a frase com um sugestivo sorriso.
O corredor também se iluminava conforme Sophia avançava. Escutou o som sendo ligado na sala, música clássica suave. Christian com certeza seria um cliente exigente. A suíte tinha uma cama enorme de dossel. Sobre ela estava uma longa camisola negra e um penhoar de seda. Ao lado um estojo de veludo aberto, com uma gargantilha larga e brincos pingentes de pérola que deviam ser falsos, mas de muito bom gosto. Uma penteadeira trabalhada com um grande espelho oval ficava ao lado do toalete, repleta de borrifadores de aparência antiga. Sophia decidiu que era necessário um banho antes de se arrumar. “Encantar o cliente…” pensava enquanto despia a roupa sumária para encarnar a rainha que Christian esperava.
O som do violino de Vanessa Mae enchia agora a grande sala da casa. Christian ficou satisfeito ao ouvir o característico chiado do chuveiro que vinha da ala dos quartos.
Enquanto girava o vinho na taça de cristal tcheco ricamente trabalhada, Christian imaginava o que estava para acontecer naquele momento. Sua decisão fora tomada apesar dos riscos envolvidos, e agora não voltaria atrás. Há instantes o ruído do chuveiro cessara. Estava na hora de por seu plano em prática. Pousou a taça na pequena bandeja de prata Birmingham do século XIX que estava na mesa de centro e se dirigiu ao quarto.
– Sophia? – disse suavemente acompanhando dois toques na porta. – Desculpe minha impaciência…
– Só um minuto…
“Tempo é o menor dos meus problemas, se ela soubesse…” – pensou ele enquanto aguardava. Instantes depois Sophia abria a porta da suíte. Christian ficou surpreso com o que viu: Ela parecia uma séductrice francesa que tivesse tomado vida e saído de uma tela impressionista. Christian tomou-lhe a mão e girou-a lentamente sobre si mesma. Ela, divertida com sua reação, ficou mais a vontade.
– E então, aprovada?
– Plenamente!… Venha comigo. – Christian enlaçou sua cintura e descobriu suas costas, deslizando o penhoar até os cotovelos de Sophia. Ela sentiu um arrepio com o toque frio da mão dele, mas não demonstrou.
Ao voltarem para a sala, ele serviu outra taça de vinho a ela e abriu uma das portas do terraço. Chamou-a. A noite estava agradável e o terraço seria adequado às intenções dele. Abraçou Sophia por trás e beijou-lhe suavemente o ombro. Seu corpo parecia aquecer-se em contato com o dela, que emanava um requintado perfume, escolhido dentre os frascos da penteadeira.
Aquele era enfim o território de Sophia, que estrategicamente deixou cair o penhoar, mostrando mais de sua pele sob o tecido fino da camisola. Christian afastou uma das alças, quase expondo um dos seios, que Sophia ofereceu aproximando-o da sua boca. Antes de beijá-la novamente, os olhos de Christian se ergueram e encontraram os dela, semicerrados mas em brasas, mostrando que não estava ali apenas como uma profissional. Nesse momento, com o olhar capturado pelo de Christian cujo azul intenso quase desaparecera pela dilatação das pupilas, um torpor inexplicável dominou-a. Sentia a boca de Christian deslizar lentamente sobre seu seio em direção ao pescoço, via-o, mas era como se estivesse desmaiada, o corpo completamente entregue nos braços fortes que a seguravam inclinada sobre a balaustrada do terraço. Parecia um sonho, no qual Christian a carregava de volta para dentro na direção da suíte. Não notou quando ele tirou dela a camisola, mas estava nua ao ser pousada sobre os cetins da cama de dossel. As luzes já estavam apagadas ou não? Era difícil lembrar…
Na penumbra do quarto ela sentiu o toque firme de Christian sobre sua carne. As mãos contornaram sua cintura e seguiram em direção às axilas, de onde estenderam seus braços, como se fossem crucificá-la na cama. Sophia estava consciente de tudo mas não se movia por conta própria. Uma força arqueava de leve seu corpo, que embora sem reação, ansiava pelo que estava por vir. Então sentiu o corpo dele integrar-se ao seu finalmente, primeiro em movimentos suaves, que foram se intensificando até o mundo girar a volta dela. Quando Christian estava quase no clímax, ela percebeu uma fisgada no pescoço. Não era exatamente uma dor, mas sentia que algo estava preso nela. “Um dos ganchos da gargantilha deve ter se soltado e está machucando um pouco.” – pensou, mas não conseguia levar a mão até lá, nem pedir para Christian um momento. O corpo dele pesou de repente sobre ela, sem se mover por uns instantes. O incômodo no pescoço passou, mas ela sentia que um fogo a devorava por dentro.
Christian mordeu de leve o próprio punho e apertou. Um filete de sangue escorreu de imediato e ele pôs o pulso nos lábios de Sophia, esfregando-os suavemente de forma erótica e tingindo-os, antes que o coração dela parasse. Ele podia ouvir o batimento ritmado e cada vez mais lento, mas que voltou a acelerar gradativamente enquanto o sangue de Christian fluía pela sua garganta.
– Acabo de te dar um presente muito raro, garota… – sussurrou – Espero que goste.
Sophia soltou um suspiro baixo e sua língua saboreou aquele sangue adocicado nos lábios. O mundo se acabava a sua volta, numa sucessão de imagens rápidas: uma lápide em um descampado… as ruas do centro à noite… cavalos correndo do fogo… tochas… sua imagem no espelho do pequeno quarto… uma jovem num amplo camisolão, coberto de sangue… imagens que se misturavam e se sobrepunham! Muitas outras, agora mais rápido, mais rápido, mais rápido… até não ser possível distingui-las mais…
… Silêncio…
Christian observava, fascinado. Nem o menor tremor nos músculos de Sophia. Estava morta, mas em breve voltaria.
Levantou-se devagar sem tirar os olhos do belo corpo que jazia sobre o cetim negro da cama, os cabelos em desalinho emoldurando o rosto perfeito, sereno. Sereno também estava o rosto de Christian, agora saciado de sexo e de sangue fresco. O ferimento em seu punho já não existia, restando apenas duas pequenas cicatrizes que se apagavam pouco a pouco.