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  • Quero me transformar em vampiro – Pt2

    Quero me transformar em vampiro – Pt2

    Duas noites depois a minha conversa com Penélope fomos ao aeroporto da cidade buscar Sebastian e Claudia, professora de biologia e nova companheira de meu ex-braço direito. Um casal aparentemente normal, mas que exala intelectualidade por onde passa. Quem os vê certamente pensa: “Feitos um para o outro”.

    Não lembro a data certa no qual Sebastian trouxe Claudia para o nosso convívio. No entanto, há mais ou menos dois anos ela soube de nossa existência.  Nunca vou esquecer-me da noite no qual Sebastian veio até mim preocupado, pensativo e na defensiva. Tive de tirar leite de pedra, antes que ele me confessasse seu  amor e suas intenções. Sobretudo, o que vocês precisam saber dela é que atualmente está no processo que precede a sua transformação, aos moldes do que tenho feito com Penélope.

    De volta à fazenda, acomodei-os no quarto predileto de Sebastian e sai de moto com Pepe.  Naquela noite eu tinha planos para minha pupila e tudo começaria num dos meus ambientes prediletos, o pub.

    – Veja as pessoas ao nosso redor, todas elas são obviamente únicas. Algumas se gabam por serem independentes, originais ou que não precisam dos demais para viver. Porém, mesmo no caos há um padrão para ser observado. Enquanto eu pego uma bebida pra ti observe aquele casal da mesinha redonda. Concorda comigo que eles vieram para um encontro e ainda não estão juntos, correto?

    Fui para a ponta do balcão, aproveitei para sentir o local em busca de algo que pudesse atrapalhar minhas aulas e voltei a mesa tranquilo, junto de um bonito copo de Jack ao estilo cowboy.

    – Tome, hoje vamos testar tua resistência… Alguma novidade sobre o casal?

    – Uiii Jack Fê, não podia ser Vodka com Red Bull? Eles estão ali, apenas conversando. Acho que ela não gostou muito dele…

    – Se tu conseguir beber mais duas doses pode escolher o que quiser… Mas vamos manter a discrição e acompanhar o casal. Tu achas que ela não quer nada? Vamos lá, pensa comigo. Ela está bem arrumada, ela riu de todas as besteiras que ele cochichou até agora. Acredite, com minha audição aguçada eu tô ouvindo todas as bobagens que ele disse e acima disso, veja aquilo. Mãos no cabelo e pronto… Começou a se inclinar para frente. Putz que cara tolo que ainda tascou um beijão nela…

    – Aff ela pode ser ansiosa só isso.

    -Não minha querida, são os padrões que eu te falei antes. Se existe algo que precisas aprender é que nem tudo se resolve com sangue ou poderes. A “manha” ou a “lábia” já salvaram muitos de nós ao longo dos séculos. Putz que banana, só pode ser cego e ainda levantou para ir ao banheiro sem ter bebido praticamente nada. Isso sim é um sinal explícito de ansiedade.

    – Tá, acho que tô entendendo Fê… Agora ela deve estar indignada e mandando Whatsapp para alguma amiga sobre o babana?

    – Isso minha garota! Vamos ver o que o cara faz quando voltar. Acredito que ele tenha ido respirar fundo, deve ter lavado o rosto e vai atacar na volta.

    Seis minutos mais tarde o cara volta para a mesa e antes de se sentar, passa a mão nas costas da garota, que sente um intenso arrepio percorrer toda sua espinha. Pede desculpas pela demora, coloca sua mão direita sobre a dela e leva a outra para as suas costas. Novos arrepios, mais algumas palavras bobas, que nenhum dos dois presta atenção e enfim um primeiro beijo. Um beijo leve e com medo, mas que aos poucos esquenta e se intensifica com a fricção de suas línguas. Longos vinte e um minutos sacanas, pausados apenas pela respiração de seus pulmões joviais ou mordidas recheadas de segundas intenções.

    – Está vendo, como ela estava afim e ele só precisava de um empurrão?

    – Sim sim, vou começar a reparar mais nisso… Posso pedir agora uma dose de Grey Goose com Red Bull?

    – Não minha querida, achei que tu fosse um pouco mais resistente e estamos de moto. Não quero que tu caia no caminho e tenhamos de apressar tua morte…

    – Credo, se eu tivesse um pai acho que ele agiria como você agora…

    – Que bom que pensas assim, está pegando o espirito… (risos)

  • Quero me transformar em vampiro – Pt1

    Quero me transformar em vampiro – Pt1

    Às 23 horas de uma noite qualquer, com muita chuva e frio encontrei Penélope sentada à sala da fazenda. Na TV era exibido algum programa Teen qualquer e lá estava minha nova pupila enfia em seu inseparável MacBook Air. Entre tweets e likes resolvi incomodá-la e sentar-me-ei ao seu lado.

    – Posso trocar de canal?

    – Claro Fê a tv é sua e nem estou vendo né…

    Procurei por algum canal de carros e enfim achei um bom programa de restauração (os meus prediletos).  Por alguns pratiquei algo humanamente normal, até que veio o intervalo comercial e Pepe me perguntou.

    – Fê quando que eu serei transformada?

    – Quando for a hora… Por acaso achas que já está preparada, querida?

    – Conversei ontem com o H2 e ele me disse que o Franz o transformou no meio da briga contra aquela vadia que matou o coitado do Joseph. Então eu fiquei pensando por que eu deveria esperar tanto por isso?

    Naquele momento eu ri comigo, lembrei-me da ansiedade de Sebastian antes de sua transformação e de como minha futura cria era parecida com ele.

    – Anda Fê não me enrola vai…

    – Então, assim como o Sebastian eu acredito que tu merecia um tempo para se “despedir” do mundo no qual está acostumada. Eu já te disse que não tive escolha na minha transformação e isso me deixou de certa forma irritado com o passar dos anos.

    – Relaxa, estou contigo há quase dois anos, eu já sonhei com isso várias vezes. Sabe, igual aquelas meninas do teu site, que contam que as vezes sonham contigo. Eu nunca tive os sonhos quentes que elas dizem ter contigo, mas sempre achei que ia ser da hora você aparecer pra mim à noite e me transformar feito àquelas donzelas dos filmes, sabe?

    (risos)

    – Calma, calma, sei da tua ansiedade… Porém já pensou no fato de que depois da transformação tu vai ter de te acostumar com sangue, morte, brigas, mundos paralelos e com todos os demônios que cruzarão os teus caminhos?

    – Fê sabe que perdi meus pais quando criança, sabes que tenho lidado com morte desde muito nova e praticamente aprendi a me virar sozinha desde muitos anos atrás. Desde que você apareceu naquela noite e me transformou na tua Ghoul eu fui obrigada a mudar minha vida.  Já pesquisei em tudo quanto é site, sobre vampiros, sobre morte, sobre vida, enfim. Já te disse que estou ansiando por essa transformação a muito tempo, desde o ano passado pra te ser sincera.

    – Ok filha, entendo. Porém, eu preciso de mais algum tempo para juntar o máximo de energias que eu puder para te transformar. Vamos combinar assim, na próxima lua cheia faremos o ritual. Deixe-me ver aqui… A próxima lua cheia é daqui três dias, o que achas?

    Naquele instante ela praticamente jogou as cousas que estavam em seu colo para o lado e me deu um longo e forte abraço. Que sentimento bom era aquele, que sensação diferente era aquela? Sim, fui pego pelo amor, fui pego talvez pelo melhor dos amores… Aquele amor fraternal, amigo e familiar. Aquele que me lembrou dos papos com minha mãe, dos ensinamentos de meu pai e do companheirismo de meu irmão…

  • Transformação em vampiro

    Transformação em vampiro

    Nas últimas noites tenho falado por aqui sobre minha nova cria, sobre o processo de escolha e dos vários porquês dela ter sido escolhida. No entanto, muitos de vocês  me vieram com diversas dúvidas e comentários como, por exemplo, por que eu não transformei as duas finalistas do processo de seleção? Vamos aos fatos.

    Ao longo dos anos, digo isso no geral humano e não apenas no mundo vampiresco, aprendemos que o tempo é algo complexo. Dele extraímos desejos, sonhos, experiências e são poucos os que realmente se adaptam as rotinas vampirescas. Além disso, há um grande problema ao se transformar alguém, pois ao longo de mais ou menos seis meses ocorrerá o que eu chamo de compartilhamento da alma.

    Nesse processo árduo, criador e cria passarão por um período de sonhos, vontades e até pensamentos compartilhados. Imagine eu andando de moto por ai, depois de me alimentar quando a certo trecho do percurso sinto fome novamente. Na verdade minha vontade estava saciada e o que eu sentiria na verdade seria a fome de minha cria.

    Além disso, há uma espécie de doação de poderes onde nossas forças se esvaem para quase a metade ao longo do processo. Fato este que pode comprometer consideravelmente a constituição física do “transformador”.

    Vocês não esperam que algo de tal magnitude fosse simples, não é mesmo?

  • E a escolhida foi…

    E a escolhida foi…

    O tempo passou e eu tive de decidir quem seria minha nova cria. Quando um vampiro toma este tipo de atitude ela deve se basear em diversos fatores. Não que isso seja uma regra, ou obrigação dita pelas leis antigas. Na verdade há certo controle, que nos indica a não fazer tal cousa em demasia, haja vista, que a cada cria o vampiro compartilha parte de seu poder.

    Após a morte de Willian, repensei boa parte da estratégia e foquei no objetivo principal da escolha, alguém para assumir boa parte dos afazeres de Sebastian. Portanto para alguns vai ser uma surpresa, mas Penélope será transformada em breve. Fiz isso pensando no futuro e devido às circunstâncias tecnológicas do mundo, será importante ter outra nerd como cria.

    Deb ficou estática ao saber de minha decisão. Na sua cabeça e devido ao seu jeito intenso, ela deve ter imaginado milhões de cousas. Todavia, como ainda terá espaço sendo minha Ghoul e assistente pessoal, acredito que ela tenha feito a melhor escolha aceitando os fatos. Mesmo por que era isso ou a morte.

    E agora o que será feito Ferdinand? Bom, o processo é um pouco lento mancebo. Pepe será desligada do mundo humano. Passará por um treinamento ministrado por mim e meus irmãos e em seguida, quiçá até o final deste ano será transformada na melhor conjunção astral disponível.

  • Um a menos nos testes

    Um a menos nos testes

    Eis que surgiu a primeira baixa referente à disputa para se tornar minha nova cria. Acabo de ser avisado sobre Willian, que estava próximo de concluir a primeira etapa de nosso projeto, mas infelizmente algo deu errado e ele simplesmente destruiu o laboratório onde trabalhava. No triste episódio além dele outros dois Ghouls se foram e Eliot, cria de Hector, ficou gravemente ferido. Porém sua regeneração vampiresca provavelmente irá recompor sua integridade física.

    Esta notícia soou muy triste aos meus ouvidos e como sempre o faço, escrevo para tentar por as ideias no lugar. Eu realmente tinha esperanças de que meu pupilo pudesse trazer bons resultados aos nossos projetos. Todavia, às vezes a sorte pode estar do outro lado, diferente daquele no qual estamos empenhados.

    É muy triste por que ele tinha um grande futuro pela frente, possivelmente repleto de teorias a serem desvendadas e tantos outros projetos a serem executados. Fica a lembrança dos bons momentos, as conversas, as histórias, os e-mails, os “likes”… #Triste

  • Ela e eu…

    Ela e eu…

    Noite após noite eu sempre escutei meu instinto. Lembro-me de momentos no qual tal sentimento protegera minha constituição física, de outras épocas no qual ele trouxe feeling para traçar rotas corretas e também de situações onde o mesmo instinto trouxe pessoas importantes para meu convívio.

    Acordei sonolenta, se não fosse a necessidade de ter de sair para arranjar alguns trocados eu juro que ficaria dormindo por muuto mais tempo. Rastejei até a bacia, vi aquela mesma cara de sempre no espelho e tentei jogar água, como se apenas tal liquido sem cor, sem gosto, sem graça pudesse me transformar em algo diferente.

    Vesti o melhor terno que minhas fábricas produziam… Já que eu deveria representar meu clã no futuro, vestir-se bem e agir como alguém que emana poder se tornaria algo fundamental. Não que no inicio eu talvez fosse um playboy esnobe, mas já que o dinheiro é farto eu decidi usá-lo sem dó nem piedade… Levei cerca de 30 minutos e depois eu já estava pronto para mais um passeio vampiresco.

    Ao abrir os olhos depois de muita água eu continuei sem graça e ao que tudo indicava eu ainda era a mesma sanguessuga insossa de sempre. Coloquei todas aquelas parafernálias que as mulheres usavam naquela época e desci para o salão, onde novamente eu ganharia alguns trocados com meu corpo.

    Até pensei na proposta de Franz para irmos jogar tempo fora em algum bordel, mas sei lá, eu queria mais das minhas noites. Quem sabe algum projeto novo com Sebastian seria o suficiente para me animar novamente. Então fui até o seu quarto e para minha surpresa ele já havia aceito o convite de Franz. Tendo em vista, que a mais de duas semanas eu não me deitava com uma humana, decidi segui-los, afinal sexo é bom, não é mesmo?

    “Droga, de novo aquele velho babão e sujo por aqui, ao menos esse filho da puta sempre me da umas boas gorgetas. Lá vou eu…” =/

    O cocheiro nos deixou perto do lugar e andamos por cerca de duas quadras a pé. Éramos poucos pelo Rio de janeiro daquela época e isso nos permitia andar despreocupados, mesmo diante eminente ameaça Wairwulff ou bruxólica do novo mundo. Lugar a dentro as mesmas putas, os mesmos vagabundo e bêbados. “Sinceramente, preciso incentivar Franz a frequentar lugares melhores”. Pensei comigo.

    “Argggg que nojo… Cofff coffffff… Eu não mereço isso, que morte de merda, preciso arrumar algo diferente, sair dessa bosta e usar meus poderes, quem sabe roubar bancos!?” Tudo ia de mal a pior naquela noite, quando finalmente percebi a sorte mudar de lado e vir a minha direção na forma de três vampiros gatíssimos e ricos. =)

    Fomos recebidos pela velha cafetina e muy amiga de Franz. na verdade sempre que íamos lá ele a comia… Se há algo que não entendo nele é esse gosto extravagante e surrealista, mas cada um com suas manias. Sebastian parecia animado e empolgado como sempre, meu pupilo adora os convites putanescoa de Franz…

  • Reunião na fazenda

    Reunião na fazenda

    Mais uma noite na fazenda e hoje Willian virá nos visitar. Na verdade, pedi que Hector o trouxesse junto, pois passaria muito próximo de sua cidade a caminho daqui. É uma pena que Eleonor e Sebastian estejam longe pois seria praticamente uma reunião de clã.

    Na noite de hoje eu quero ver a interação de meus pupilos juntos dos demais vampiros da família. É provável que eu apresente à Deb os detalhes do projeto “Escolhidos”, atualmente mantido pelo Hector. Eles já foram informados que serão avaliados e provavelmente cada um terá uma reação diferente.

    Eu poderia fazer isso na forma de uma surpresa, mas Hector e Franz sabem ler pensamentos e eu sei me comunicar com eles por telepatia. Eu já havia falado deste meu dom por aqui? Não sei ler mentes como meus irmãos, mas ao menos conseguimos nos falar sem que os outros percebam.

    Até o momento todos os meus Ghouls estão progredindo bem. Penélope passou dois dias admirando seus presentes e depois disso conseguiu hakear um site importante. Deb me surpreendeu não caindo na lábia de Franz e até me confidenciou que detesta homens folgados como ele (eu ri). Willian também fez progressos interessantes, mas como eu já disse para ele, espero muito mais de sua cabeça agitada e inovadora.

    Como este processo ainda vai levar um bom tempo eu decidi voltar minha atenção ao livro e ao projeto “Escolhidos”. Sei que os novos daqui ficarão um pouco confusos e preciso explicar que a decisão de ter uma nova cria, não tem nada a ver como projeto “Escolhidos”. Aliás, vivo recebendo pedidos de afiliação no grupo “Escolhidos” do site, mesmo tendo colocado um aviso bem grande por lá: “No momento, não aceitamos pedidos para novos membros.” Vai entender…

    O projeto “Escolhidos” é algo conjunto com Hector, onde “matamos o tempo” ajudando a polícia em casos de difícil resolução. Não é nada oficial ou que tenha base politicas ou governamentais e prefiro chamar de filantropia vampiresca. Por favor não me perguntem mais sobre isso, é o máxim oque posso falar do assunto. Ainda nesta semana falarei do último caso resolvido por Hector.

    Sobre o livro estou pensando em lançá-lo somente on-line, o que acham disso?

  • Penélope foi a última convocada

    Penélope foi a última convocada

    Os testes com minhas duas garotas espertas foi algo em conjunto, bem na verdade Deb participará de todos, mas deixe-me explicar… Tendo em vista o fato de que Sebastian está cada vez mais “tocando os seus próprios negócios” e eu estou cada vez mais sem algo muito importante, que ele fazia por mim: secretário pessoal para assuntos diversos.

    Obviamente até aqui os mais espertos já captam o que Deb fará? Pois bem, não é que a loirinha seja predileta, mas acredito que cada um deles tem um diferencial e Deb se daria muito bem cuidando desta parte organizacional de meus negócios. Portanto sem delongas, mostrei os planos relacionados a Willian e a Penélope e fomos a casa de Penélope tratar do seu teste.

    Durante aquelas noites até o presente momento Deb está comigo e para ser sincero está desempenhando muito bem o papel de assessora pessoal. Todavia, como ela vai ler isto, pararei por aqui os comentários sobre ela… Tentarei ao menos…

    Então, já na cidade da Pepe marcamos um encontro, onde além dos avisos de praxe, informei-a sobre a tal vaga deixada por Sebastian. Ela não conseguia conter a felicidade e da mesma forma que Sebastian fizera um dia, a garota também vislumbrou um futuro diferente do que havia vivido desde a sua infância.

    – Acalma-te minha criança, sei que isto seria um grande passo para tua vida, mas como falei tens dois concorrentes importantes no páreo… Por hora quero que vá comigo para a “fazenda” passarás as férias de verão conosco, o que achas, vamos?

    Assim como uma criança que havia ganhado um pirulito gigante, eram os olhos dela. Tamanha empolgação que nunca vi uma mulher se arrumar tão rapidamente… Na sequencia voltamos para o aeroporto onde um dos Ghols de Hector nos aguardava as portas do jatinho emprestado.

    Durante o voo passei alguns trabalhos para a Deb e depois de 2 horas ao pousarmos na fazenda dediquei o resto da noite para mostrar o lugar para as duas. Levei-as inclusive a caso do mato de Franz, que devia estar caçando e não pode nos receber.

    Na noite seguinte Franz surgiu, logo de cara me chamou de “safadão” por estar com duas garotas e não deixar ele fazer nada com nenhumas delas. Na verdade, naquela noite eu não estava com muita paciência e como ele já conhecia Deb, receosamente deixei-os conversando e tratei de mostrar o projeto para a Pepe.

    – Sabes que um dos meus projetos pessoais é aumentar a influência politica de nosso clã no mundo homens, certo? Portanto, preciso que utilize tuas habilidades e faça uns “grampos”, se é que vocês ainda utilizem esses nomes… Tens aqui neste iPhone diversos contatos e neste MacBook Air alguns programas que pedi para uns amigos deixarem pré-instalados para teu usufruto… Sim, percebo no teu olhar o quanto ficastes feliz por tais presentes, veja isso como minha boas-vindas, dizem que sou um “chefe” legal, mas não te iludas com minhas adulações, vou cobrar muito de ti, pois afinal de contas sei bem de tuas capacidades!

  • Sonho de verão, numa noite quente…

    Sonho de verão, numa noite quente…

    Estava escuro, já passava das 10 da noite, seu coração batia, o vento cantava e as folhas dançavam na linda noite de verão, aquela linda brisa quente batia em sua saia vermelha, fazendo o doce embalo, do ir e vir. “Já é tarde, estou atrasada!” pensou a bela dama de olhar aconchegante, começou a correr, carregava em seus braços, os livros que pegara emprestado de seu amado, Sebastian… Olhou o relógio, os ponteiros marcavam 10h30min da noite, já não precisava mais correr, encontrou seu par:
    – Por que estava correndo? Aconteceu alguma coisa? – Ele perguntou lhe preocupado.
    – Tive um mau pressentimento, senti que devia chegar logo… – ela disse, deu lhe um sorriso, ele retribuiu e abraçou-a; dali saíram em encontro ao romantismo, uma noite quente cuja poesia e o doce aroma do amor lhes presenteariam mais uma vez, por estarem na bela campainha da noite amiga…
    – Como esta guria pode ser tão linda?  – Ele pensou
    – Corri, porque não quero te perder, demorei muito para te encontrar… – Ela pensou, sentia-se sortuda…
    E assim esse casal magico andava em direção ao lugar especial, que nem eu mesmo sei! Pois esse local é secreto, onde só eles podem ter acesso, onde só os seres que amam podem encontrar, quem sabe um dia a gente não encontre também né!?
    E assim eu sonhei…

    Por Verônica Antonio

  • Que se iniciem os jogos!!!

    Que se iniciem os jogos!!!

    No final de tarde de um dia qualquer eu resolvi iniciar a competição para escolha de minha próxima cria. Bem na verdade, eu estava com insônia e por não ter mais o que fazer, estava ali o momento ideal para pensar em como eu provaria a lealdade de meus pupilos.

    Obviamente, a lealdade é adquiriria depois da transformação, mas tendo em vista minha transformação conturbada, eu coloquei na cabeça que a escolha de minhas crias deve ser sempre espontânea. Afinal, imagine-se tendo de optar por viver longos e duros anos nestas terras e ainda mais ao meu lado.

    No início, eu até pensei em fazer algo coletivo, chamar todos para algum lugar e nele executar testes macabros ao estilo Héctor ou Doutor. Porém, meu estilo sempre foi outro e tratar cada um deles individualmente e dentro de suas zonas de conforto, com muitos jogos mentais e conversas foi a melhor escolha.

    Lembro que Sebastian na verdade não teve uma escolha justa, ou ele se transformava ou Georg “faria sua cabeça” com uso de algum poder. Sendo assim, eu queria que tudo fosse perfeito desta vez.

    Primeira semana de volta ao Brasil e Willian foi o primeiro a ser analisado, agora com outros olhos. Fui até a sua cidade e o chamei para uma reunião, onde previamente eu já havia imaginado um belo trabalho a ser executado por sua hábil e brilhante mente.

    – Pois então meu querido, tenho um trabalhinho diferente do habitual. O que tu conheces dos assuntos explosivos, bombas e afins?

    – Ahh o básico que todo físico/químico aprende na facul. Precisas de algo de qual tamanho?

    – Se eu falar a palavra revolução o que me dizes?

    – Diria injustiça, loucura… Conte-me mais Ferdinand…

    Resumidamente este foi nosso papo inicial, onde disponibilizei fundos, contatos e tudo o mais pra que ele pudesse desenvolver alguns artefatos. Sim, diga que sou louco e pense o que for há meu respeito mancebo, afinal, sou um vampiro e isso por si só já é motivo suficiente para desvincular o teu senso de realidade deturpado de minhas rotinas, desejos e objetivos…

  • Preciso de uma nova cria

    Preciso de uma nova cria

    Como vocês sabem tirei umas férias prolongadas pela Europa no final do ano passado, onde inclusive tive o privilégio de desfrutar bons e ótimos momentos com minha doce Eleonor, sua filha adotiva, Franz e H2.

    Para que vocês matem a curiosidade vou contar um pouco de como anda nossa atual situação de “vida”, se é que posso chamar nossa existência desta forma. Atualmente Eleonor atingiu o que eu chamo de ponto alto da vida de mãe. Para ela, a pequena “G” é mais do que uma simples pessoinha em fase de crescimento e todos que veem as duas juntas percebem o afeto e o amor existente entre elas. Lembro que Stephanie era uma boa mãe, mas Eleonor está “saindo melhor que a encomenda”.

    Ambas fazem compras juntas, passeiam por muitos lugares, obviamente a noite, Eleonor dedica uma parte do dia para lhe transmitir suas experiências e a garotinha além disso possui duas outras professoras Ghoul. A pequena parece ter se acostumado com o nosso mundo, mas confesso temer a noite em que ela irá enfrentar os hormônios da adolescência e provavelmente nos trará problemas… (acabei de bater algumas vezes na mesa de madeira para tentar atrair mais sorte)

    Franz é outro que anda para cima e para baixo com “sua cria”, o H2. Claro, que a relação entre os dois é muito diferente desta vivenciada por Eleonor e a pequena “G”. Todavia, é sempre muito engraçado ver Franz tentando ensinar algo para o seu brutamontes. H2 era um “caçador de recompensas”, já havia estudado para ser padre e pelo que sabemos, beira os 70 anos. Seu corpo é forte, definido e ele deve ter a minha altura, algo entre 1,90 e 1,95. O grande detalhe é que ele conseguiu ao longo de suas andanças mundo a fora, diversos rituais poderosos relacionados à cura e regeneração. Cousas, que lhe renderam mesmo depois de tanto tempo a aparência de uns 30 e poucos anos.

    Cabe aqui um parágrafo sobre minha cria, Sebastian, que continua cuidando de muitos dos nossos negócios, mas que no momento dedica todo o seu tempo a um novo amor. Quem sou eu para impedi-lo de aproveitar cada momento com sua nova garota? Portanto, deixei-o livre por uns tempos.

    Em função da ausência de Sebastian eu resolvi abrir uma espécie de concorrência para uma nova cria, sendo os principais candidatos três de meus Ghouls mais ativos. Como vocês sabem Ghols são pessoas que possuem uma união de sangue muito forte com um determinado vampiro e se tornam na verdade dependentes dele. O sangue do vampiro gera um tipo de vício no individuo e se este não for consumido de tempos em tempos pode trazer sérias consequências. Dentre elas loucura, paranoia e todos os outros tipos de problemas que tu possas imaginar.

    Pois bem, vamos aos candidatos que sofrerão nas minhas mãos nas próximas noites: inicialmente há o Willian, estudante de física, 21 anos e Geek. Na verdade ele completamente viciado em novas tecnologias e tem me servido muito bem no quesito informações e tendências.

    Além deste há a Penélope, aliás, acho que é este o seu pseudônimo atual. Uma jovem de classe baixa, mas muito esforçada e que depois de ganhar seu primeiro computador aos 10 anos, virou uma Hacker de “mãos cheias”. A história dela já foi contada por aqui se não me engano no ano passado neste conto.

    Por último e não menos importante, há a Débora. Ahhhhh a pequena Deb (suspiros), loirinha com cara de sapeca e que mesmo aos 26 me parece uma adolescente do tipo Lolita. Ela na verdade foi por algum tempo um afair, mas que no passar dos anos se mostrou extremamente útil nos assuntos relacionados ao popular “jeitinho brasileiro”. Já perdi as contas das informações, negócios e “aquisição de favores” que ela me permitiu adquirir com maior facilidade… Num mundo como este é fundamental ter alguém que saiba mentir tão bem quando a melhor das atrizes. Ainda mais sendo tão bonita, gostosa e sexy como ela.

    Nas próximas noites mantê-los-eis informados sobre as provas que cada um terá de enfrentar para se torna um VAMPIRO. Aguardem!

  • Diários do Barão – Escravidão e impunidade em 1819

    Diários do Barão – Escravidão e impunidade em 1819

    Sempre que vou para fazenda, gosto de ficar por um tempo observando as cousas que juntamos ao longo de todos estes anos. Por vezes, juntamos muitos cacos como pedras ou botões, elementos que possuem sentidos apenas para quem vivenciou, mas por outro lado em algumas situações conseguimos guardar muitos tesouros. Por falar em tesouros, hoje eu me dediquei a traduzir mais uma parte de um dos diários do barão, meu tio e metre.

    É um material de extrema riqueza cultural, científica e que, além disso, nos mostra como era o mundo nas várias épocas em que ele “viveu”. Grande parte do material foi codificado e escrito num alemão germânico gótico, com muitas palavras específicas aos lugares que ele frequentou e, portanto de difícil tradução. Sebastian, quando não está ocupado, se diverte com esse material, inclusive competimos às vezes no sentido de quem consegue traduzir e digitalizar mais rapidamente tais linhas ricas e tortuosas.

    Sem mais delongas, contar-vos-ei hoje uma passagem no ano de 1819, quando Georg esteve por terras brasileiras em busca das riquezas do novo mundo. Bem na verdade ele queria desbravar a América do Sul em prol de suas pesquisas naturalistas e biológicas. Fato que lhe rendeu algumas menções honrosas, mas também muitos problemas como este a seguir.

    01/02/1819

    De manhã, tudo estava preparado para a partida e com o final da semana de chuva torrencial, que torturou-nos por duas longas semanas, seria oportuno cavalgarmos ao menos 7 léguas neste dia. Deviam ser 8h30 quando o capitão-mor, senhor Joaquim, bateu a minha porta e comunicou uma notícia inesperada e chocante sobre a morte de meu escravo Pedro.

    Pedro era um Kaoma com idade beirando os 18 e poucos. Comprei-o quando tinha 8 anos. Ensinei-lhe diversas técnicas de coleta de material para minhas pesquisas, inclusive era meu melhor ajudante. Tinha sempre muito apreço e jeitoso no trato com tudo que fazia. Prometi-o inclusive ao voltar de nossas andanças, que compraria uma mulher e quem sabe poderia se tornar meu Ghoul como homem livre.

    Avisei Martines e parti inconsolado para o centro da vila. Lá estava o esguio, seu corpo gelado não transmitia nenhum sinal vital e a poça se sangue indicava sua morte prematura. Soube que havia conversado timidamente com alguns senhores antes do infortúnio. Porém depois a última conversa havia sido com dois escravos pertencentes ao senhor Jefferson Antunes de Azevedo e Noronha.

    Para mim e para a expedição fora uma grande perda. Pedro era um escravo de valores, executava com habilidade, prazer e boa vontade seus ofícios. Sua diligência permitia minha concentração no material científico e com as pesquisas. Só o condutor deste mundo para saber por ele foi tirado de nossa convivência tão precoce.

    Com isso fiquei impedido de recompensá-lo… Que Deus esteja contigo, querido Pedro!

    02/02/1819

    Noutra noite dirigi-me novamente ao centro do vilarejo. O Juiz, o escrivão e o cirurgião fizeram-lhe um “visum repertum”, onde estava escrito que o pequeno corte (que aliás havia passado desapercebido por mim noutra noite), fora a causada morte de Pedro. Por ali ele perdera todo o seu sangue em menos de 1 minuto.

    Resolvi então investigar, logo depois soube que Pedro esteve na rua com as vendedoras, depois chegaram dois negros, depois mais dois. Sendo um portador de uma faca e o quarto uma clava. O tal da faca era marido de uma negra chamada Joaquina, no qual Pedro havia conversado. Relatei tudo à polícia e aguardarei para ver o que será feito.

    Infelizmente, o Brasil é hoje uma terra de ninguém onde nem direito de propriedade nem justiça são protegidos ou funcionam. A administração é caótica e todos os funcionários públicos que rodeiam o imperador, transpiram qualquer forma de organização. Cabe aqui uma dica aos meus conterrâneos Europeus:

    Fiquem onde estão e bebam o seu sangue que lhe és tido por merecimento, ele terá melhor sabor do que este produzido com risco eminente.

    Voltando a falar de meu Pedro, esta manha ele foi levado a igreja onde providenciar-lhe-ei  um enterro digno. Não era o que certamente eu lhe faria se estive em minhas propriedade, porém ser-lhe-á mais digno que sua morte, o qual terei eu mesmo de fazer justiça.