Autor: Jean Felski

  • Poema: Leis da noite

    Poema: Leis da noite

    FanArt enviado pela Lella:

    Aconteceu algo comigo, uma experiência inacredítavel…
    Vi, senti, experimentei coisas que Jamais pensei que poderia existir, e resumi isso em minhas entrelinhas nada tão importantes assim….
    Mas eu gostaria de compartilhar :

    Da janela do meu quarto, ouço os gritos dos gondoleiros.
    O sol se pôs há alguns minutos e a paisagem tornou-se dolorosamente bela.
    A cidade labirinto emerge, soberana, um misto de fascínio e mistério.
    Envolve completamente os sentidos, liberta a imaginação.
    No arrebata sem pudor.
    Meu olhar vagueia inquieto, perdido nas ruelas.
    Por entre colunas e pontes, odores e rostos desconhecidos.
    Cada entardecer é um chamado.
    Um convite perpétuo que não se pode recusar.
    Hoje sei que nada aconteceu por acaso…
    Existem leis contra as quais é impossível lutar…
    Leis que regem a luz, leis que regem a escuridão, de onde nunca mais se regressa.
    Sinto que ele prossegue em busca tentando romper o abismo que nos separa….
    Enquanto caminho, terríveis lembranças surgem como fantasmas, assombrando minha alma.
    Se eu ainda tiver alguma !!

    Lella Morais.

  • Limpando a casa e resolvendo problemas

    Limpando a casa e resolvendo problemas

    Para o deleite de alguns e a desgraça de outros cá estou eu de novamente com meus artigos.
    Sim caros leitores, precisei me afastar por alguns dias e noites de vocês, para fazer o que eu chamo de limpar a casa. Passei alguns bons momentos com minha bruxinha, revi alguns planos e como sempre fui atrás de alguns meliantes para me alimentar.

    Esta semana acredito estar mais ávido e renovado diante de minha não vida, então vocês podem esperar boas histórias, vampirocasts e quem sabe vídeos.

    Novidades? Sim, tenho muitas…

    O livro está parado em função de minha meditação, Beth me procurou para conversarmos um pouco sobre nossa relação e eu estive em duas caçadas de sangue, sendo que uma delas inclusive envolveu a perseguição de outros vampiros condenados.

    Sobretudo, antes de lhes contar com mais detalhes do que tenho feito eu preciso falar um pouco sobre algo que tem causado alguns problemas: A vida dos meus queridos. Acreditem, escrever por aqui é extremamente para mim, e de certa forma isto é o meu divã, porém com todas essa falação eu acabei dizendo demais e expus mais do que podia sobre os que estão a minha volta.

    Beth teve problemas por causa disso, Franz foi perseguido, Zé foi assassinado… Não posso deixar de pensar o quão fui ruim para eles expondo fatos desnecessários por aqui. Conversei muito com a Beth nesta semana que passou, ela trouxe muita luz para minha vida sombria e uma das conclusões que tive é de preciso moderar mais minhas histórias.

    Estive procurando formas de amenizar este problema e por enquanto, não tenho outras alternativas se não deixar de falar diretamente sobre o que eles estão fazendo. Conversei com Evelyn e ela também deixará de falar da Beth e se concentrará em suas experiências e vamos ver no que isso vai dar.

    Já estou nesse meio da internet e dos acontecimentos modernos a pouco mais de 5 anos e apesar de ter uma mente digamos rápida, tudo isso aqui é muito novo para mim. Sou um cara do século retrasado e por mais que eu tenha acompanhado a evolução dos meios de comunicação até os anos 60 eu ainda penso como alguém do século 19 que se adaptou a este novo mundo.

    Portanto, eu não sabia realmente no que isso tudo ia dar… Agora que já cheguei a algumas conclusões, preciso me adaptar e sinceramente espero que minhas histórias continuem bem vistas por vocês e principalmente para quem me acompanha no blog desde 2008.

    Vocês me entendem não é mesmo?

    Abs,
    Ferdinand

  • Despertar

    Despertar

    Poema enviado pela Rafizia.

    O meu despertar é apenas o meu adormecer
    Pois é durante meu sonho paradoxal que consigo te ver
    Mesmo assim, ainda há contradições
    Que divergem em sentimentos e emoções

    É que sou feita da mesma matéria prima da rosa vermelha
    Da rosa vermelha que à dor se assemelha
    Onde o sangue representa sua alma
    E as pétalas despedaçadas, apenas mais um trauma
    Mesmo assim, ela está cheia de espinhos
    Por crescer à espreita de muitos caminhos
    Onde a indecisão a paralisa
    Por saber que a escolha que tomar pode ser imprecisa

    Uma rosa pode ser manipulada
    Sua vontade pode ser violada
    Assim acaba por ser silenciada
    Por quem confiou, por este foi calada

  • No semi-árido com Jurema

    No semi-árido com Jurema

    Depois de descansar durante alguns dias em Manaus, Evelyn e Beth embarcaram para João Pessoa, a capital da Paraíba. Mesmo nessa época do ano é bastante agradável por lá e as duas resolveram passar alguns dias na praia.
    Evelyn precisava trabalhar um pouco, aproveitou que veio ao Brasil com a desculpa de aprender mais sobre as artes dos Cordéis e levou Beth em um longo passeio pelo sertão.
    Lá conheceram histórias, ouviram músicas e se encantaram pelos Cordéis que cantam o dia-a-dia e as lendas da região. Foi durante esses dias que ouviram falar do Chá de Jurema.
    A bebida faz parte de um ritual que é as vezes chamado de Catimbó e é dito que este ritual é uma viagem interior, onde é possível curar-se de doenças, afastar o mau olhado e receber conselhos. Beth ainda andava confusa sobre o futuro ao lado do namorado, chegou a conversar algumas vezes sobre isso com Evelyn durante os dias que passaram juntas, mas não havia chegado a nenhuma conclusão. Ela amava Galego, sem dúvidas, mas não queria ser transformada, pois pensava em filhos, e isto, um vampiro não poderia lhe dar. Em meio a confusão de Beth, acharam que uma viagem espiritual para conselhos poderia ser interessante, assim, dirigiram no 4×4 até Alhandra na Paraíba.
    A cidade é tida como local sagrado para os cultos com o chá de Jurema e as celebrações são realizadas com bastante freqüência.
    Chegaram, instalaram-se em uma pequena pensão e saíram em busca de algum dos mestres da cidade santa para participarem do ritual. O fato de Evelyn ser estrangeira abre muitas portas, o povo receptivo do nordeste adora mostrar sua cultura aos “gringos” e logo elas encontraram um lugar para participar da cerimônia.
    Desta vez nenhuma das duas participou do preparo, descobriram apenas que também são denominadas como “ciência de índio” as artes do preparo do chá, e que as árvores são bastante comuns na região do semi-árido brasileiro, sendo também usadas como lenha.
    Sentadas em roda no chão juntos com as outras pessoas, elas viram sobre uma toalha vermelha algumas outras ervas para fumo, além de quatro velas acesas em cima de pedaços do tronco da árvore, dois copos altos com água e alguns recipientes com o chá.
    O mestre que conduzia a cerimônia disse as duas que não deveriam lutar contra os efeitos do chá, que caso a bebida não firmasse no estômago da primeira vez deveriam beber quantas vezes fosse necessário até que se acostumassem com ela.
    Evelyn não gostava de maneira alguma de ficar indefesa, a idéia de que não poderia ter alguém de confiança na roda sem estar sob o efeito do chá a assustava. Mas Beth não queria ficar ali sozinha, insistiu que a amiga também passasse pela experiência e ela cedeu.
    De tão relutante em ficar “desprotegida” Evelyn acabou não segurando o chá no estômago da primeira vez. O gosto extremamente desagradável não ajudou nem um pouco. Beth se entregou prontamente a experiência e já não teve problemas com a primeira dose.
    As duas bebiam uma mistura da Jurema Preta e de Arruda da Síria. Evelyn vomitou mais duas vezes antes de finalmente se acostumar com o chá no estômago. A essa hora a cerimônia de invocação dos encantados já estava acontecendo.
    Com maracá, um chocalho indígena, sinos de metal nobre e Toantes (uma espécie de cântico meio falado), as pessoas ao redor pareciam em transe.
    Os encantados são as entidades que regem a mística em torno da crença, e estão presentes nas árvores de Jurema que são sempre muito antigas. Dizem que ali é onde se encontram as almas que já foram pessoas, as que nunca foram e algumas que vivem em um mundo onde nunca se transformaram em carne viva. Conta-se que aos pés da Jurema é possível ver as pessoas queridas que já se foram e também os anjos.
    Já fazia quase uma hora do início e ninguém havia se levantado ou feito qualquer movimento. Uns quinze minutos depois de ingerir, Beth sussurrou para Evelyn que sentia uma forte dor de estômago, mas sabia que já não conseguiria mais vomitar. Logo depois ela viu a amiga de olhos fechados, sem nenhuma expressão no rosto. Parecia que apenas o corpo dela estava ali.
    Evelyn ainda olhou para o céu mais umas duas vezes, tentando imaginar o que acontecia com as outras pessoas, antes de conseguir se entregar aos poderes do chá.
    Primeiro veio a dor no estômago, depois uma forte ânsia, mas já não havia nada para colocar para fora. A dor parecia lhe consumir e olhando as pessoas ao redor, Evelyn achava que nunca mais sairia dali. Todos pareciam ter abandonado seus corpos, como Beth, estavam sentados. Alguns cantavam e tocavam os sinos e os maracás automaticamente. Aquele tempo pareceu uma eternidade.
    Sentada tentando controlar a dor Evelyn começou a ver uma luz, ficou em dúvida se era alguém com lanterna que se aproximava, chegou a achar que seria o sol, mas era muito cedo.
    De repente ela estava de pé e olhou ao redor achando que havia levantado em um impulso de dor, mas viu apenas idéias. A luz havia desaparecido e ela caminhava por um lugar escuro. Aos poucos a luz voltou a se aproximar e Evelyn viu vários pedaços da sua própria vida. Algumas vezes ela era pequena demais até para se lembrar do que tinha acontecido.
    Viu os pais no dia do casamento deles, o pai andando de um lado para o outro em um lugar de paredes frias, depois um mulher de branco e o pai explodindo em alegria.
    Também viu os dois chegando em casa com um bebê nos braços, sabia que era ela. As cenas foram mudando e ela foi crescendo nelas como um filme que passa apressado. A infância em Bruges, os verões na casa de campo dos tios, os anos no colégio interno, os primeiros anos em Paris e alguns dos lugares que visitou.
    Ela sorriu quando a lembrança da primeira viagem ao Estados Unidos pareceu, esta lembrança pareceu maior que as outras, seguindo de coisas que aconteceram anos depois e em ordens diferentes. Nessa hora Evelyn notou que não era ela quem controlava as lembranças, mas não conseguiu entender o que estava acontecendo.
    A misteriosa luz mostrou o canto preferido dela no apartamento que morava e desta vez era real. Ela foi até a poltrona que fica perto da janela e se sentou. Parecia estar de volta em casa, relaxou e dormiu.
    Quando Evelyn acordou estava sentada no chão, exatamente na posição que se lembrava de ter ficado quando sentiu as fortes dores de estômago. Beth estava ao seu lado, já relaxada olhando para a amiga. Completamente tonta e ainda sentindo náuseas Evelyn acompanhou Beth até o alojamento e se deitou sem falar nada. Dormiu logo em seguida.
    Na manhã seguinte Evelyn já se sentia melhor, estava até com um pouco de fome. Beth levantou cedo e foi procurar o mestre da roda da noite anterior. Ela voltou com algumas coisas para o café da manhã e as duas comeram no carro mesmo.
    “Você ainda precisa fazer mais alguma coisa no sertão?” Beth perguntou.
    “Não e estou ansiosa para dormir em uma cama confortável de um bom hotel” Evelyn respondeu.
    Beth disse apenas “ótimo” e as duas embarcaram no carro e dirigiram até João Pessoa. A viagem era curta, já que Alhandra é perto do litoral.
    No hotel Evelyn se apressou em tomar banho e pedir ao serviço de quarto um chá calmante para o estômago. Beth não subiu ao quarto com ela, disse que ia resolver uma coisa e saiu pela porta do hotel sem ao menos se registrar.
    Algumas horas depois quando Beth voltou Evelyn já tinha caído no sono outra vez, desta vez mais tranquila e sem sentir enjôo.
    Evelyn acordou com a amiga entrando no quarto e quis saber se ela havia conseguido resolver o que queria.
    “Sim”, respondeu Beth.
    Enquanto arrumavas as coisas Beth perguntou a Evelyn o que aconteceu durante o transe da noite anterior, ela respondeu, mas confessou que não entendeu direito o que a misteriosa luz queria mostrar.
    Beth contou que assim que se entregou aos poderes do chá viu um grande fluxo de idéias passarem por ela. “É isto!” pensou Evelyn, a ligação das duas não era só de tutora-aprendiz no mundo da magia, nem só de amizade neste mundo, pois quando ela entrou no transe acabou “se levantando” bem no meio do fluxo de idéias do transe de Beth.
    A amiga também contou que sentiu o poder da árvore e que havia se aconselhado com sábios encantados que se encontravam ao pé de uma antiga Jurema.
    “E o que você vai fazer? Tem alguma relação com sua saída mais cedo?” Indagou Evelyn.
    “Tem, sim. Os conselhos tem relação com muito do que conversamos nos últimos dias, e bem… Eu vou embora esta noite.”
    Sem tocar mais no assunto as duas jantaram em um restaurante próximo ao hotel e Beth se despediu, indo direto para o aeroporto.

  • Por que somos assim?

    Por que somos assim?

    Artigo enviado por Xis, desculpe só colocar ele no ar agora…

    Hoje, após mais um trauma na minha vida, parei para pensar por que eu sou assim. Eu tento entender qual das características da minha natureza afastam todos que eu amo. Será que sou tão horripilante quanto acho que sou? Eu preciso passar por tudo isso? Por que eu tenho que ser imortal e subsistir com isso. Por que eu tenho que amar tanto tantas pessoas e proteger elas com minha própria vida? Por que eu não tenho coração e mesmo assim esse vazio onde ele deveria estar dói tanto?

    Por favor, alguém pode me explicar? Eu simplesmente queria minha vida de volta. Chorar, rir, gargalhar como uma pessoa normal. Sair e ver pessoas. Mas assim, do jeito que estou, minha reclusão é muito mais cômoda. Não vou ferir ninguém, não vou viver, não vou matar, não vou magoar, simplesmente pelo fato de ter perdido isso no momento em que me tornei isso.

    Eremita, talvez isso me defina. Palavra que docemente descreve todo mal que se isola dentro de mim, longe de todos. Ser poderoso é fácil, quero ver ser fraco. Eu quero ser fraco. Ser insensível, indiferente, mau é fácil. Quero ver se tornar vulnerável. Sentir-se vivo novamente. Doce ilusão, sonho impossível. Minha ânsia em destruir tudo me toma e faz despertar tudo que esperam de mim. Mas eu nego, chega!

    Um dia eu fui humano, hoje sou meramente algo vazio. Uma armadura indestrutível que não permite nada entrar. Algo que foi feito para ter algo em seu interior e que sem isso não tem utilidade.

    “Um dia eu sorri, um dia chorei. Hoje não sou nem sombra do que passou.”

  • Eternidade e as pobres almas de hoje

    Eternidade e as pobres almas de hoje

    A eternidade é algo que sempre gera muita conversa e discussões tanto aqui no blog como, na vida e nos papos de buteco da vida. Quando falamos sobre esse assunto sempre surge aquela perguntinha básica o que eu faria se fosse imortal?

    Pois bem caro mancebo o fato de tu ser imortal, certamente irá te possibilitar muitas novas possibilidades, mas como sempre muitas dificuldades. Vejo muitos adolescentes de hoje em dia falando sobre isso sem pensar nas consequências e por isso hoje não vou falar de vampiros, mas sim somente da eternidade.

    A primeira questão que me vem a cabeça são os hábitos e certamente uma pessoa que se torne imortal hoje em dia teria muitos problemas no futuro e por um simples fato. Já perceberam como todos a sua volta estão menos tolerantes, como as pessoas estão resolvendo as coisas sem pensar muito e como o individualismo cresce?

    Desde que acordei em 2005 depois de ficar hibernando por quase 30 anos eu aprendi a gostar de muitas coisas que temos na atualidade, mas sinto falta de muitas coisas que possuía no passado. Antigamente as pessoas não se conheciam nas ruas mas mesmo assim se cumprimentavam. Existiam obviamente as pessoas ruins de espirito, mas a grande maioria pensava, na estrutura familiar, nos valores trazidos pelo trabalho e acima disso ainda existia o espirito de inovar e conhecer novos horizontes.

    Hoje eu vejo um bando de gente se escondendo atrás das redes sociais, gente ue sai as ruas acuada e que não sabe dar um passo sem estar com seus celulares ou gps. Quando falta luz ou bateria o que vocês fazem crianças de Adão? Alguém aqui sabe ainda subir em árvores ou de onde vem o leite. Fazer fogo sem acendedor automático alguém sabe? Dúvida muito que vocês saibam aproveitar tudo o que Gaia ou a natureza tem a oferecer.

    “Mas Ferdinand, temos de aproveitar as facilidades que o mundo tem a nos oferecer” Ok garoto, temos sim e muito, mas também devemos continuar os estudos sobre relacionamento humano que está sendo o maior prejudicado nisso tudo. No fundo tenho a impressão de que as pessoas não escrevem ou fazem seus atos pensando nos outros, mas sim nas máquinas e nos seus “Like”, “Follow” e assim por diante.

    Então me diga mancebo, será que tu estás preparado para viver eternamente? Sinceramente acho que não, haja vista que vocês não saberiam lidar com a sensação de ver alguém que se goste envelhecendo, indo embora ou morrendo. Não acredito que os jovens de hoje saberão o que é se controlar diante as mudanças cíclicas da vida. Não acredito por fim que os mancebos de hoje saibam o que é ser eterno e aposto que muito que conquistassem esse poder, certamente o usariam em benefício próprio, para enriquecer ou tirar proveito do outros.

    Certamente quem recebe a eternidade, devia recebe-lo para estudar a vida, para ajudar e contribuir com a evolução…

    Pobre Ferdinand e seus sonhos insanos, és apenas um cara bom em meio a tantas ruindades. Por que tinhas de ter essa missão sobre teus ombros???

    Desabafos de um velho, espero que entendam pelo menos uma parte disso tudo…

  • “Amiga, me ajuda.”

    “Amiga, me ajuda.”

    Evelyn sentia-se estranha no caminho de volta da leitura do testamento do seu marido até sua casa. Não era de forma alguma a primeira vez que isto acontecia, mas ela sentia-se estranha, sabia que algo estava errado.

    A leitura do testamento e a partilha dos bens aconteceu como qualquer outra, alguns parentes choravam e a acusavam de tê-lo matado mas Evelyn mantinha-se firme, toda de preto ao lado do advogado do falecido marido.

    A partilha tampouco fora surpreendente. Ela semrpe acertava os termos de herança no acordo pré-nupcial, assim ninguém poderia contestar nada. Ela nunca ficava com muitas coisas, uma soma em dinheiro e alguns quadros e artigos de coleção, nada mais. Não tinha interesse em casas ou jóias, conservava apenas as que ganahva.

    O sol forte marcava um azul claro no céu de Paris e como de costume, Evelyn havia deixado o celular em seu pequeno apartamento no centro. Ela voltara a morar lá logo após a morte de Jaques, não gostava de ficar na casa, era onde geralmente ocorria o velório e toda a família vinha lhe apontar o dedo. Preferia ficar sozinha  em um endereço descolhecido.

    Durante os dias que separavam a morte da leitura do testamento, Evelyn nunca fazia muito, costumava apenas ficar lendo e cuidando de seu pequeno jardim.

    Naquela tarde ensoralada quando Evelyn chegou em casa havia uma mensagem em seu celular, era Beth. Parece que agora as amigas também partilhavam uma conexão que ia além da relação tutora-aprendiz.

    Beth estava no Brasil e havia se desentendido com o namorado. Evelyn não conhecia o cara, eles nunca se cruzaram, mas Beth falava sempre dele. Ela sabia que ele era um vampiro, estranahva o amor de uma bruxa tão poderosa quanto Beth por um não-vivo, mas como ainda era uma aprendiz apenas escutava.

    Evelyn já estava querendo passar um tempo longe da Europa, ela vinha lendo sobre um culto amazônico chamado Santo Daime e achou que era a hora certa de se afastar.

    Ligou para Beth e pediu para encontrá-la em Manaus, dentro de três dias. No dia seguinte telefonou novamente para Beth e pediu que adiassem a viagem por 10 dias, Evelyn precisava tomar a vacina contra febre-amarela e outras doenças tropicais.

    Era sua primeira vez na América do Sul e o intinerário parecia bastante complicado, obrigando-a a ir até São Paulo para só depois voltar até Manaus, parando antes em Brasília. Isso que Manaus não era o destino final das duas.

    Assim Evelyn voou de Paris para Caracas na Venezuela, depois até Manaus, evitando pelo menos uma conexão e as intermináveis horas de espera no aeroporto. Beth por outro lado encarou as conexões nacionais até as duas finalemente se encontrarem no hotel da capital do Amazonas.

    Elas passaram alguns dias ali. Precisavam acertar a ida para Rio Branco no Acre e depois a volta até Manaus, mas tinham que coordenar isso com as datas dos festejos de São João, que passariam em uma comunidade daimista horas de barco da capital Acreana. O português de Evelyn não é muito bom, ela aprendeu em Portugal e tinha dificuldade em compreender certas nuânseas dos locais.

    Depois de tudo acertado, voltaram para o hotel e Beth finalmente conseguiu desabafar.

    Ela se desentedera com o namorado por que ele insiste em transformá-la em vampiro. Evelyn escutou Beth até o amanhecer. Por conta do namoro, Beth estava acostumada a não dormir durante a noite e se viu obrigada a ajudar a amiga algumas vezes com chás para manter-se acordada.

    Elas conversaram sobre muita coisa, Evelyn as vezes até um pouco preocupada, outras um tanto assutada. Ela tentava se colocar no lugar de Beth, vendo o namorado “consumindo” ou como ela dizia “lanchando” alguém. Só conseguia se imaginar com ciúmes. Mesmo não amando ninguém, Evelyn gostava de ter completa atenção do seu homem e não conseguia entender como Beth nunca pedira a Galego que apenas “lanchasse” homens.

    Evelyn não conseguiu dar conselho algum à amiga, mas via o quanto Beth ama Galego e como estava sendo difícil decidir por uma vida mortal. Achou melhor esperar até voltarem dos festejos de São João para dizer alguma coisa.

     

    As amigas voaram em um pequeno avião até Rio Branco. Evelyn era corajosa, mas passou as horas desejando estar em outro lugar.

    Desembarque em Rio Branco e mais horas de barco até a comunidade. Como era uma época de festejos, as duas seguiam com muitos daimistas. É preciso um convite e autorização dos coordenadores das comunidade para acompanhar os festejos, graças a um bruxo conhecido de Beth, as duas conseguiram o acesso.

    Chegando lá foram apresentadas à uma rápida história da Doutrina da Floresta e enviadas ao feitio junto com as outras mulheres.

    Enquanto as mulheres limpam as folhas da Chacrana, os homens batem com marretas de madeira os talos de Mariri. Eles também são responsáveis pelo cozimento do prepado da bebida sagrada, o que leva cerca de um dia.

    O Santo Daime é uma bebida enteógena, que também é chamada de Ahyausca, esta é uma bebida que já era usada pelos Incas antes da invasão Espanhola e tem esse nome porque é considerada uma bebida que aproxima as pessoas de Deus.

    Os festejos durariam dias e Evelyn decidiu que não tomaria o Daime logo, assim não estaria em transe durante o culto. Beth ingeriu no primeiro dia, assim no segundo se manteria fora do transe.

    É um culto bastante festivo, violas, bongôs e atabaques davam o ritmo dos hinos entonados pelos Fardados e pelas Fardadas.

    De olhos fechados todos cantavam e se concentravam, Evelyn apenas observava. Cerca de 4 horas depois do início do culto ela dirigiu Beth de volta a tenda das mulheres.

    Beth apenas fitava o infinito, às vezes sorria, por vezes chorava, era impossível saber o que se passava ali.

    Já no final  do dia seguinte Beth ainda não pronunciara uma só palavra, mas ela já havia voltado ao normal, apenas caminhava mais leve, parecia estar tranquila. No início do culto daquele dia, Evelyn estava estremamente desconfiada, apenas com o olhar Beth a fez entender que deveria tomar a Ahyausca.

    Ela ingeriu o Santo Daime, depois de um forte amargo na boca e se juntou as Fardadas para os hinos.

    De olhos fechados Evelyn se consentrava no ritmo e deixava sua mente se esvaziar. Poucos segundos depois ela sentiu o chão macio, abriu os olhos e viu todos os homens que já haviam lhe jurado amor. Um a um eles caminhavam até ela e lhe beijavam a face.

    Quanto tentou voltar à tenta de celebrações, ela viu Beth fardada caminhando a sua frente, achou que estava de volta, indo até o dormitório e chamou por ela. Mas quando Beth se virou e olhou na sua direção, se transformou em uma cigana que dançou alegremente. Agora Evelyn via um acampamento cigano, uma fogueira e muitas pessoas dançando felizes ao seu redor, era como se não a vissem. Um vento gelado a fez encolher-se e então ouviu a voz de sua mãe, quando olhou novamente estava de pé em uma calçada e só via luz. Envolta pela luz, ela lembra de relaxar e entregar-se a uma felicidade imensurável, nada mais.

    Enquanto tudo isso acontecia, Beth observava a amiga ainda de pé ao lado das outras mulheres cantando os hinos.

    Evelyn acordou dois dias depois no alojamento com Beth ao seu lado pronunciando baixinho algumas palavras, enquanto preparava uma infulsão.

    No caminho de volta à Manaus as duas não falaram. Em total silêncio voltaram para o quarto do hotel e se sentaram no chão uma de frente para a outra.

    “O que era aquilo?” Evelyn quebrou o silêncio, referindo-se as palavras ao lado da cama.

    “Um mantra de proteção” Respondeu Beth.

    Elas ficaram mais um tempo em silêncio. Pareciam tentar entender o que havia acontecido durante aqueles dias na floresta, até que Evelyn falou outra vez:

    “Você deveira voltar para ele”.

    Beth não falou nada. Apenas levantou e foi tomar banho.

  • Vampirocast 19 – Perguntas e respostas

    Vampirocast 19 – Perguntas e respostas

    Aqui estou eu em mais um VampiroCast.
    Desta vez fiz uma espécie de “perguntas e respostas” comigo mesmo e espero que gostem!
    Além disso, se vocês tiverem dúvidas podem continuar me mandando e-mails que uma hora eu respondo. Posso demorar, mas sempre respondo.

  • O Justiceiro

    O Justiceiro

    Acabo de ler uma notícia que demonstra na prática o que tenho tentado mostrar por aqui desde 2008.

    Esta notícia publicada hoje no portal ClicRBS de Santa Catarina fala de alguém que assina uma carta que círcula pela região de Balneário Arroio do Silva, no Sul de Santa Catarina. Onde a pessoa diz que fará justiça com as próprias mãos, aniquilando 23 bandidos que circulam por lá.

    “Um morador de Balneário Arroio do Silva, no Sul de Santa Catarina, indgnado com a questão de segurança pública, promete fazer justiça com as próprias mãos. Em uma carta, assinada por O Justiceiro, alguém fez uma lista negra com 23 nomes. E, se as autoridades não tomarem uma providência, o homem promete matar todos.”

    E ai quem é contra e quem é a favor deste ato aparentemente desesperado diante da falha Justiça brasileira?

     

    Atualização: Parece que o Justiceiro fez sua primeira vítima e esta se encontra-se internada no hospital.

    Justiceiro: 1 (um)
    Polícia e bandidos: 0 (zero)

  • Duas almas, um só corpo!

    Duas almas, um só corpo!

    Olhando ao longe, me perco sob a imensidão da lua, divago em pensamentos,
    quase sempre atormentada pela culpa, e corroída pelo medo! Culpa,por me
    permitir pensamentos e desejos tão maus, e medo de ceder a eles um dia!
    Tenho apenas um corpo, porém me sinto como se duas almas distintas o
    habitassem! Então penso, repenso, chegarei eu a um consenso? Conseguirei eu
    conciliar duas coisas tão opostas?
    Uma parte de mim sussurra ao pé do ouvido, que preciso ser coerente, ser
    ponderada, ser normal!
    A outra grita em minha mente, pedindo liberdade, quase que me ordenando que a
    solte, que a deixe aflorar!
    A primeira, bem, é a humana, o meu lado bom, sentimental e sociável, porém a
    segunda, é predadora, instintiva, irracional!
    Sou doce e gentil, uma pessoa considerada normal, e não entendo, porque essas
    idéias surgem em minha mente, sinto desejos por coisas anormais, o pior deles
    e o mais intenso, é o de sentir em meu sangue a vida de outro ser humano!
    Sinto meu corpo a gritar por isso, minha boca é seca, meus olhos veem longe,
    meus ouvidos ouvem o que ninguém mais ouve, e posso sentir o cheiro de
    qualquer ser a metros e metros de distância, meus pensamentos se
    embaralham, so consigo imaginar como seria sentir vida fluindo em mim, em cada
    célula do meu corpo, um pedaço de alguém!
    Oh senhor, o que esta acontecendo comigo? Seria o mal invadindo e dominando
    meu ser? Estaria eu a perder a consciência das coisas? Grito, pedindo respostas,
    porém o céu parece fechado para que minhas palavras não cheguem à Deus!
    Por um momento, me pergunto mais uma vez, teria Deus me repudiado? Estaria eu
    condenada as trevas eternas? Custo, a aceitar, porém é a única explicação
    plausível, para todo esse tormento que vivo!
    A mim o que me resta é deixar fluir a vida máscara, viver aprisionando a mim
    mesma, manter em secreto essa minha alma predatória, má e selvagem! E assim
    sigo eu, em mais uma noite, perdida em meus pensamentos, seria esta a solução?
    Sim, por enquanto sim, pois somente assim não ferirei e serei ferida, tenho
    de viver assim, afinal posso ter duas almas, mas apenas um corpo, logo, apenas
    uma terra onde habitar, a outra, bem a outra,seguirá presa, em algum lugar, fora
    de mim, enquanto eu a puder dominar!

    por Nivia Dalla Costa

  • Poema Morte versus Amor

    Poema Morte versus Amor

    Baseado no meu post: Morte versus amor o Joseph criou um poema.
    Eu gostei e encaminho para vocês logo a baixo…

    Morte versus amor

    O sol radiante ilumina tua face angelical me transportando ao paraíso da vida, um floral com todas as cores, louro em bela poesia harmoniosa e singela graça da vida.

    Lembro-me ainda mais dos seus pés sobre o orvalho, clara e beleza soberba, correndo de braços abertos junto ao vento, o que me levava ao gozo inocente de uma criança.

    Sim, a melodia encantadora da sua voz, transborda em emoção os sentimentos como a fantasia do amor.

    Veja, a vida foi simplesmente um paraíso aos meus olhos virgens da insanidade e desejo.

    Era bela a sina que esperava da minha vida aos teus braços, aos seus beijos, ao queimar de dois corações.

    No entanto o destino nos concedeu caminhos opostos;
    minha imortalidade e sua vida efêmera.

    Quando a penumbra cobre a cidade, minha maldição de sangue transparece os sentidos e sou acometido pela morte em cometer o pecado delirante.

    Tua vida pela minha ou minha vida pela tua?
    O que eu desejava de maior ardor era sua vivacidade de espírito.

    Então, decidi doar-lhe o pouco do ínfimo sopro de vida que ainda restara em mim à minha doce amada que não pudera chamar de imortal.

    Vivi ao seu lado, vendo-a acabar aos poucos pelo tempo ingênuo e maldoso. Pude confortar-la e fazê-la feliz.

    O tempo a levou, agora, apenas pressinto o seu passado em mim;
    ao menos isso será imortalizado em um coração que já não bate mais.

    Dias vão, as noites não se acabam, apenas trevas sobre trevas;
    esse é o fardo que levo, essa é minha sina.

  • Caçar na sexta feira é bom!

    Caçar na sexta feira é bom!

    Gosto muito de caçar as sextas, pois é quando a semana termina oficialmente. Com isso, aproveito que muitas pessoas estão estressadas, loucas para liberar essa angustia interna e quase sempre acabam passando de seus limites.

    Nesse sentido sexta eu estive em uma rua famosa por muitos caras desfilarem em seus cavalos motorizados e onde mulheres ricas querem se passar por vadias. Caso exista algo similar em sua cidade fique atento, pode ser que eu esteja nas redondezas, afinal adoro pessoas que desperdicem suas vidas a toa. Todavia, como ontem me alimentei é provável que eu repita tal ato em apenas duas ou três semanas.

    Pois bem povo estava eu em tal rua encostado a minha moto e praticando meu hobbie predileto – observar pessoas – quando encosta ao meu lado um carro cinza conversível com duas senhoritas bem felizes e que escutavam música alta. A que estava no volante me olha de cima a baixo e comenta.

    – Esperando alguém?

    De inicio fiz cara de desentendido, olhei para os lados, a ignorei… Obviamente me fiz de difícil, mas depois de um tempo ela resolveu falar comigo novamente:

    – Acabamos de sair de um happy de nossa empresa e vamos para uma festa. Sei que você vai achar isso estranho, mas minha amiga duvidou que eu fizesse esse convite a um desconhecido como você.

    Mesmo não estando acostumado com esse mundo moderno onde as mulheres assumiram vários papeis dos homens, eu resolvi dar uma chance a senhorita desinibida. Mesmo por que eu não tinha mais absolutamente nada para fazer… Então, desencostei-me da moto e fui até o carro onde me debrucei perto delas e lhes disse:

    – Na verdade eu estava esperando uma amiga, mas ela não vem mais. Onde que vocês querem me levar?

    Depois que eu disse isso ela virou para a amiga deu uma risadinha e me disse “Me segue” arrancando rapidamente com o carrão. Havia muitos carros a frete delas, então tive tempo de sobra para ligar a moto, colocar o capacete e segui-las.

    Andamos por várias quadras até chegarmos a uma rua repleta de bares, nessa rua percebi que elas conversavam provavelmente sobre os lugares, pois os apontavam e riam. Finalmente depois de um tempo elas resolveram parar em um estacionamento e prontamente fui junto. Um motorista levou o carro delas e eu mesmo estacionei minha moto no local apropriado. Voltei para frente do estacionamento, peguei o tiket e fui em direção a elas. Para encurtar um pouco a história, nos apresentamos, elas ficaram um pouco envergonhadas de inicio, mas depois eu consegui “quebrar o gelo”.

    Entramos em uma balada e ficamos dançando juntos os três por um tempo até que a mulher da carona resolveu ir ao banheiro e isso fez com que todos fossem também. Desta vez não havia nenhum bêbado ou alguém que valesse a pena eu perseguir no banheiro masculino, então voltei para o corredor e fiquei as esperando.

    Depois de alguns minutos elas voltaram, ficamos dançando, elas beberam vários drinks e eu fiquei na minha até que a “carona” disse que precisava ir, pois iria trabalhar no sábado. De inicio achei que iria rolar uma “festinha prive” nós três, mas a motorista resolveu levar sua amiga para casa. Falei para elas ficarem por mais um tempo, pois a companhia estava boa e minha insistência acabou dando certo e a motorista disse para continuarmos fazendo algo depois que ela levasse a amiga para casa.

    Saímos da balada, já era umas 2 ou 3 da manhã. A motorista levou sua amiga para casa e eu fui seguindo. Depois de deixarmos a trabalhadora em casa eu fui até o carro e lá joguei um papo para cima da motorista e acabei dando uns bons beijos na fogosa senhorita. De inicio as mulheres sempre reclamam da minha pele gelada, mas depois que excitação me acomete eu até fico um pouco quente. Pena as presas afloradas… Disfarcei, beijando o pescoço dela, segurei minha fome e depois de deixa-la excitada ela disse para irmos a casa dela. Para minha sorte não tive de me preocupar com o sangue que provavelmente sujaria o elegante estofado do carro.

    Já no prédio da senhorita, eu estacionei a moto na rua e subi para o seu apartamento. Por lá fomos para a cama e argumentei que podíamos tomar um banho quente antes. Ela não hesitou e foi lá na sua banheira mesmo que me alimentei… Logicamente apenas com o suficiente e nada mais.

    Fiz os procedimentos de limpeza de sempre, deixei-a limpinha em sua cama e vim embora pensando: “Que bom que as mulheres são donas de suas vidas hoje em dia”. Provavelmente ela deve acordar somente amanhã, estará fraca e com um princípio de anemia. Nada grave, e em uma semana ou duas ela estará bem novamente.

    Não é sempre que se tem uma segunda chance na vida, não é mesmo? Espero que ela aprenda com isso…