Autor: Jean Felski

  • Os vampiros e a velhice

    Os vampiros e a velhice

    A velhice ou propriamente o “problema” de ficar velho para um vampiro pode ocorrer de diversas formas. Todas elas diferentes do processo que ocorre com os humanos.

    De um modo geral vampiros envelhecem sim, tal qual eu comentei aqui certa vez. Todavia, lá em 2009 os pensamentos eram muito soltos, minha escrita evoluiu para estes tempos e resolvi tocar novamente em temas já falados.

    Por que os vampiros não são acometidos pela velhice?

    Então como acabei de falar, envelhecem sim, mas muito mais devagar. Não sei dizer a proporção, como fazem com cachorros ou gatos em que a idade deles varia de 1 para 4, 1 para 5… Porém, sei que conheço alguns vampiros com mais de 300 anos que ainda tem a pele boa tipo de adolescente antes da fase das espinhas.

    Eu mesmo não mudei quase nada desde a minha fatídica transformação em 1852. Bem na verdade, já tive alguns cortes de cabelos diferenciados e falando neles… Os cabelos e as unhas crescem mais rápido que o normal. Além disso, as unhas ficam mais grossas e é difícil aparar com os cortadores de unha. O Franz, por exemplo, adora deixar elas mais pontudas e as apara mês a mês numa manicure. Bem na verdade ela presta outros serviços para ele

    Falando mais sobre o porque dos vampiros serem assim, existem algumas teorias. Algumas delas eu inclusive exploro melhor no Ilha da Magia lá no Wattpad. Contudo, há aqueles que acreditam em punição dos Deuses, outros em punição infernal e tantos outros em evolução. Algo no sentido dos vampiros, lobisomens e demais seres sobrenaturais serem espécies evoluídas.

    Por que não envelhecer é um problema para os vampiros?

    Por vários motivos, sendo o principal o disfarce entre os humanos. Imagina ter um relacionamento amoroso ou comercial com alguém que durante 5, 10, 30 anos está do mesmo jeito? Socialmente isso é perturbador para alguns.

    O que nos ajuda é a maquiagem. Sim, hoje se tu analisares da pra um humano se manter igual por uns 20 anos facilmente. Antigamente, quando tu ficavas 10 anos perto de alguém, num universo onde aos 30 ou 40 era considerado mega velho, tínhamos muitos problemas.

    Mas o tempo afeta os vampiros?

    Sim meu caro mancebo, de algumas formas. Os mais velhos precisam de mais sangue na sua dieta, ou seja, mais litros… Outro ponto é a cabeça, afinal alguém que presencia muitos ciclos ou gerações, tende a ver o mundo de outra forma.

    Eu mesmo sou um exemplo disso e diante tudo o que vivi até os anos 50 minha cabeça estava deturpada. Cheia de ideias soltas e foi necessário um período de hibernação para por os conceitos em ordem e voltar para viver mais um tempo aqui com vocês.

    De um modo geral da pra dizer que a cada 100 anos percebemos mudanças, algo como sinais pela pele, alguns tem as linhas de expressões mais evidenciadas e até mesmo alguns cabelos ou pelos brancos e calvice podem acometer certos sanguessugas.

    Sem mais delongas, acho que dei uma melhorada no conteúdo anterior disponibilizadas aqui para esse assunto… Dúvidas? Posta ai nos comentários… Küss

  • Um encontro excêntrico e sádico

    Um encontro excêntrico e sádico

    Estava aflito, bem na verdade o que me incomodava era a o fato de estar atrasado para aquele encontro. Detesto depender do transporte público, ainda mais naquela época onde as estradas e os veículos eram muito precário.

    Apesar de tudo, cheguei 3 ou 4 minutos antes das 20 e por sorte restavam alguns poucos degrau até a o seu studio. Um lugar afastado do centro, ainda repleto de vizinhos, mas em virtude das paredes grossas e das fábricas ao redor havia certa privacidade.

    Nesta época nosso relacionamento era muito próximo e ainda havia aquela paixão pelos novos aprendizados entre aluno e professor. O Doutor, era frio, mas a forma como ele me falava, me encantava. Eu me sentia hipnotizado por seu jeito meticuloso e aquilo de certa forma confortava minha mente perturbada.

    Naquela época como falei aqui, eu passava por um momento difícil, onde inclusive assumi outra personalidade e nome. Acho que explosão, seria uma palavra adequada para aquele momento…

    Chá da tarde noite

    – Estás atrasado para nosso encontro!

    – Faltam uns minutos ainda, não?

    – Sabes que preso pela pontualidade! Sem mais…

    Diante aquela recepção eu apenas me sentei, baixei a cabeça e aguardei pelo roteiro daquela noite. Diante de nós havia uma mesa redonda, arrumada com uma tolha decorada com flores pintadas a mão. Sobre ela havia apenas uma sineta, que o doutor tocou exatamente as 20 horas.

    Depois de alguns segundos veio até nós um garoto seminu, de estatura baixa, com uma mordaça em sua boca tipo aqueles freios de cavalo. Ele usava uma cueca aparentemente nova de couro marrom e trazia em suas mãos duas seringas de metal.

    Seu corpo estava limpo, sem manchas ou sinais de machucados. Tão logo parou ao nosso lado, percebi que suas pupila estavam dilatadas o que indicava o uso de algum entorpecente ou até mesmo dos poderes do Doutor.

    – Nesta noite vamos estudar um pouco mais sobre o famoso tecido liquido, vulgarmente chamado de sangue, que sustenta nossas sobrevidas. Meu Assistente foi devidamente preparado…

    Diante disso, ele pediu para que o assistente ficasse de joelhos ao nosso lado e pusesse as seringas sobre a mesa. O Dr. pegou uma delas, injetou diretamente na aorta e sacou dali alguns mililitros. Ao remover a seringa o sangue espirrou e aquilo excitou meus caninos.

    Um encontro hematológico?

    Cuidadosamente ele pegou dois copinhos de shot de um dos bolsos e “serviu” igualmente ambos dizendo: “Deguste!”. Segui sua orientação a medida em que ele fazia o mesmo e falava:

    – Hummm, sinto pouca presença de elementos artificiais, deveras, sua alimentação é precária de cálcio, percebes isso meu pupilo?

    Pensativo, eu fiquei por um tempo. Até que ele terminou sua degustação e injetou a segunda seringa noutra parte do pescoço do mancebo. Novamente ao retirar a seringa o sangue se esvaiu, mas a quantidade geral não comprometia nenhuma função do rapaz, que continua seu torpor.

    Novamente experimentei e aguardei suas considerações…

    – Percebes desta vez alguma diferença? Na tua idade eu já sabia diferenciar todos os tipos sanguíneos. Alguns componentes e inclusive sua origem. Contudo, não te preocupes, sei que esta noite trará novos gostos ao teu paladar… Venha vamos para o porão, estou ansioso para rever meus instrumentos.

  • Uma Berlin triste

    Uma Berlin triste

    Cara, esse é daqueles posts desabafo! Vou falar de Berlin, vou falar de como fico triste falando da cidade… ainda mais depois do que ocorreu em meio a festa do prefeito vampiro da cidade e com minha doce Julie.

    Então, se não quiser ler tais lamentos existem hoje outros 679 posts, artigos e histórias para ler pelo site 😉

    Vamos aos fatos: tal qual alguns de vocês que leram o meu livro em andamento Ilha da Magia lá no Wattpad. Que modéstia a parte possui boas recomendações, a minha relação com Berlin tem muito amor e ódio.

    A cidade me acolheu no final do século XIX, foi onde aprendi a maioria dos meus dons de sangue, onde tive meu primeiro casamento. Onde morei num castelo e conheci todos domínios e podres da sociedade vampiresca.

    Num primeiro momento Berlin foi gentil e parceira, depois nos apaixonamos e tivemos um casamento próspero. Até que veio a maldita guerra franco-prussiana e com ela as dores de uma separação, que durou anos, para não dizer décadas.

    Dela nós imigramos para o novo mundo, que é onde passamos a maior parte do tempo atualmente. Contudo, no meio daquele caminho tortuoso encontramos outros e alguns destes se tornaram amigos. Outros amantes e tantos outros escravos de sangue ou das “trevas”.

    A famosa briga: Céu vs Inferno

    O que falar desta briga de cima contra o de baixo, do claro versus o escuro, do puro versus o impuro, do divino versus o diabólico… São muitas as dualidades neste plano e a maioria de nós, me incluo nisso, tem mania de dar nomes.

    Inclusive, neste ponto é necessário explicar mais sobre os infernalistas ou seguidores de alguma entidade diabólica. Aqueles que frequentemente surgem ema alguns mometos por aqui.

    Para muitas das dualidades que citei anteriormente é mais fácil para o entendimento dos ímpios, citar Deus e o Diabo. Isso não é nenhuma ideia revolucionária e surgiu a milênios atrás, quando os homens perceberam que não podiam explicar tudo. Assim, de uma forma resumida jogaram para o infinito e além: os sonhos, o que ocorre após a morte, os desejos, as loucuras e tudo mais que não podiam explicar.

    Nesse sentido quando me refiro aqui aos infernalistas, na maioria das vezes me refiro aqueles que de alguma forma destoam do equilíbrio, aquela famosa balança que mantém as coisas numa constante irregular de uma possível evolução.

    Tá e a Julie?

    Julie, foi uma que surgiu em meus momentos naquela fase de separação e por isso meu apego a seus lábios e a sua alma. Vampiros tem alma e já falei disso aqui, usa a lupa ali em cima para saber mais desta minha opinião. Portanto, a ver naquele jeito partiu meu coração inerte.

    Aquela situação não me é nova, bem na verdade eu ponderei depois do susto inicial e lembrei que já havia a visto daquela forma em outra situação. No qual somente o tempo serviu para lhe curar, se é que os defeitos dos seus “poderes” tenham uma cura.

    Algum tempo depois e já em nossa fazenda seu corpo parou ter movimentos involuntários, a “escuridão” foi-se e ela voltou ao seu estado divertido e descolado de sempre.

    Berlin continua lá, muitos vem e vão por aquelas terras e meu julgamento sobre amor e ódio continua o mesmo. Talvez tal relação perdure ao longo de toda a minha existência, o importante é que o mundo gira e sempre haverá uma nova noite…

  • Uma festa com velhos conhecidos – 2 de 2

    Uma festa com velhos conhecidos – 2 de 2

    Depois de chegarmos a Berlin e de reencontrar velhos conhecidos como o “prefeito” vampiros da cidade, a noite ia-se. Julie chegou num momento propício e devido aos ocorridos que antecederam nosso encontro, resolvi lhe dar toda a minha atenção.

    • Falei com o pessoal e foi fácil achar vocês dois aqui, bem trivial eu diria…
    • Precisavas ter visto a chegada de Franz lá na torre do prefeito, parecia um new blood!
    • Deixa ele seu velho! Ele tá em casa…
    • Eu sei, eu sei, vem cá!

    Abracei e dei um longo beijo naquela conhecida boca de lábios quentes, que por tantas vezes me serviu de abrigo. Sim, quentes em função dos seu poderes infernais. Ferdinand, você já falou aqui sobre os infernalistas e sobre como teu clã é contra… Cara, essa história com ela é longa e tem um pouco mais de detalhes aqui.

    Ficamos mais um pouco juntos de Franz e suas tietes, mas depois de uma meia hora resolvemos nos atualizar em um outro canto.

    Acordei na cama que havia arrumado antes do encontro do prefeito e Julie não estava mais ali. Olhei para o relógio e estava na hora de me arrumar para a festa, mandei mensagem para todos e apenas Franz não retornou.

    Nos encontramos na recepção no horário combinado e partimos em uma limosine. Julie avisou que chegaria atrasada e Franz ainda não havia dado as caras, mesmo assim continuamos até a entrada do local do evento.

    Nem preciso dizer que estava puto novamente com o sumiço de Franz, pois se há algo que preso, são os compromissos sociais de nossa sociedade.

    Fomos recepcionados por uma bela vampira morena, com pele morena e jeito de new blood, que nos levou para um local indicado como VIPs. Lá estava o prefeito e um grupo de crias e puxa-sacos. Foi preciso muita paciência para aturar a piadinhas sobre os sul americanos, mas sempre que alguém ouvia falar o nome de nosso clã a coisa mudava de figura, alguns indo para o lado emocional e tantos outros querendo puxar um pouco de saco também.

    Tudo ocorreu conforme o planejado, fomos homenageados, fiz um discurso breve, ressaltando as parecerias comerciais, os laços de sangue e falei muito sobre meu amigo prefeito, afinal o evento era para comemorar sua longa jornada. Tantos outros fizeram o mesmo e depois de umas 4 ou 4h30 de evento recebi uma mensagem de Franz, que mentalmente disse: “Corre pro hotel, deu merda com a Julie!”

    Tudo estava tranquilo até…

    Chamei um Uber que depois de 40 minutos me deixou na portaria do hotelzinho. Pepe estava comigo, preferi deixar os letrados Sebastian e H2 no evento nos representando.

    Já no quarto Franz estava sentado numa cadeira olhado para a varanda e na cama inerte e coberta de sangue sujo, estava Julie.

    • Porra, o que vocês fizeram, cara?
    • Eu estava indo pra festa, mas ela me chamou no caminho, disse que não queria te incomodar e que precisava de ajuda. Marquei um lugar, era num desses guetos imundos e quando cheguei ela já estava assim no chão.
    • Já tentou dar sangue ou algo do tipo pra ela?
    • Não maninho, te chamei no caminho pra cá, chegamos faz pouco também…

    Pepe estava com cara de preocupada e eu provavelmente com a mais bosta de todas, ponderei por alguns instantes e procurei perfurações no corpo de Julie e não havia nada. O sangue sobre suas roupas não eram humanos, também não eram de animais conhecido, então o mínimo das artes forenses que tenho indicavam que ela estava envolvida em seu rolos infernais.

    Pedia para que Pepe cuidasse da limpeza e mesmo com 2 horas para o amanhecer fi para o lugar que ela havia sido encontrada junto de Franz. Nada, nenhum resquício de brigam arma ou de outro feridos. Ao que indicava ela havia sido deixada ali e o que aconteceu com ela ocorrera noutro local.

    Voltamos para o hotel. Pepe disse que Julie havia vomitado algo preto, quando a colocou no chuveiro, porém logo em seguida ela desmaiou de novo. Foi um dia tenso, entre períodos de uma febre mágica e momentos de delírio…

  • Uma festa com velhos conhecidos – 1 de 2

    Uma festa com velhos conhecidos – 1 de 2

    “Já preparei as escalas dos nossos voos e dando tudo certo estaremos em Berlin daqui duas noites. Alguma dúvida para tudo o que falei até agora?”

    Assim começou uma breve reunião de planejamento sobre nossa viajem a Alemanha. Todos do clã estavam animados, pois fazia tempo desde a última vez que havíamos ido juntos a um evento da sociedade vampiresca.

    – Vamos ficar nas terras do Barão? – Perguntou o afoito H2.

    – O antigo castelo ainda nos poderia servir de abrigo se não tivesse virado “Patrimônio da humanidade”, sem falar que aquele lugar atualmente só me trás lembranças ruins.

    – É apenas um castelo…

    – É um lugar amaldiçoado, uma hora eu te conto a história. – Interrompeu Franz.

    – Relaxa Franz, já superei quase tudo o que aconteceu por lá…

    Sebastian arrumava uma pequena mala com alguns livros para ler e desta vez iria sozinho, parece-me que o relacionamento com sua esposa havia acabado. Isso é papo para outro post

    Pepe também arrumava suas coisas e estava de fone de ouvidos. O que sempre me deixa puto quando preciso falar com ela

    Franz só foi com a roupa do corpo e ainda pediu para que eu colocasse seu smartphone em minha mochila.

    Obviamente chamei Lilian, Becky e Julie. Duvido que apareçam, mas como fazem parte do clã o convite se estendia a elas também.

    Bate-papo em dia e partimos… Como previsto chegamos lá umas 20h da noite e o ar frio do final de inverno nos esperava. Fomos com dois carros alugados para um hotel que mantenho por lá e que nos garante fácil acesso a de uma de nossas fábricas.

    No caminho muitos imigrantes e já é comum ver bairros inteiros de mulçumanos e suas vestimentas típicas, o que diferencia muito a cidade dos anos que moramos por lá.

    Falar de Berlin, me leva inevitavelmente a minha ex, me leva inevitavelmente a guerra Franco-Prussiana e nunca é fácil revisitar aqueles momentos. Muito sofrimento, que em algum em algum momento vou dar mais detalhes no livro Ilha da Magia.

    O hotel pequeno foi fechado para nós, assim cada um poderia desfrutar das liberdades que a noite da famosa cidade poderia nos permitir. Como a festa seria apenas na noite seguinte, deixei cada um sua. Depois disso, tratei de ir falar com o prefeito Wampir da cidade e fazer aquela velha “social”.

    Passei pelos sistemas de segurança e reconhecimentos digitais que lá havia, encontrei alguns conhecidos de vista e lá estava no terraço de uma bela cobertura num arranha céu, meu amigo Isidor. Um vampiro boa pinta, que aparenta uns 40 anos e tem ar de empresário.

    “Hier ist einer der Besitzer dieser Stadt, gute Nacht, mein Bruder” Ou em português o equivalente a “Eis aqui um dos donos desta cidade, boa noite meu irmão”

    Nos abraçamos, depois sentei-me ao seu lado e enquanto contemplamos a vista me serviram sangue fresco, ainda quente. Além do mais, possuía um forte aroma de canela, cheiro preferido e marca registrada de Isidor.

    – É sempre um privilégio vir aqui e contemplar estava vista contigo.

    – Eu é que me sinto privilegiado, por estar diante de um dos fundadores da nossa sociedade germânica.

    – Tu sempre vens com esse papo do século passado…

    – Sabes que teu clã e tu mais ainda é responsável por eu ter o que tenho hoje, então toda modéstia é pouca.

    Estávamos relembrando algumas histórias dos 80 anos de sua gestão, boa parte desse tempo eu estava hibernando, então sempre que possível é bom ouvir suas experiências. No entanto, fomos surpreendidos pelo fanfarrão do Franz que surgiu na cobertura da forma mais primitiva possível em forma e morcego. Ele desfez sua transformação e nú foi ao nosso encontro.

    – Was geht ab? Ou o equivalente em português para “E ai caras?”

    Depois disso ele se aproximou da jarra que estava numa mesinha e tomou o resto do sangue que lá havia…

    Isidor sorriu, estava um pouco surpreso, mas tratou de chamar um de seus mordomos e pediu roupas para meu irmão.

    – E ai onde vamos hoje, aquele inferninho da zona norte ainda tá de pé? Tô com saudades das minhas namoradinhas…

    – Não tenho ido muito pra lá não, mas se quiserem algo mais “quente” eu montei um club bar ali na região do Rio Havel.

    – Não é lá onde estou pensando? – Comentei afoito

    – Não sei exatamente ao que te referes, mas aquela região teve um desenvolvimento bacana nos últimos anos, por isso meu investimento.

    Próximo daquela região era onde ficava a casa de Suellen na época em que a conheci, mas tanto faz, hoje deve estar completamente diferente. Ao menos era o que eu imaginava.

    – Vão pra lá e aproveitem o resto da noite, vou ligar agora e vocês vão ser tratados como rei. Eu preciso ver se está tudo certo para a festa de amanhã. Aliás teremos homenagens ao clã Wulffdert…

    – Hey, apreciaremos muito né, Franz! – Dei uma cutucada no braço dele, pois estava distraído vendo, mas ele concordou com um amistoso e empolgado “Yeah!”

    Minutos depois nos deixaram na entrada do Bar, que estava mais para “mega balada”, com seus 3 andares de luzes, música de gente de todos os tipos, principalmente jovens. Tão logo nos apresentamos fomos levados para um camarote, onde havia baldes de bebidas, algo que nenhum de nós pode consumir, mas que faria a diversão das humanas que já estavam junto de Franz.

    Eu também me engracei com uma típica nativa loira que lá havia, mas que acabei deixando de lado, pois em meu pensamentos a nostalgia da região chegava a dar calafrios. Por sorte, perto das 2h fui agraciado com o aparecimento repentino de minha querida e quente Julie.

  • Joseph e os vampiros negros

    Joseph e os vampiros negros

    Os recentes acontecimentos nos Estados Unidos onde o segurança George Floyd, foi morto por asfixia pelo policial Derek Chauvin, me lembraram muito as idas e vindas junto de meu falecido amigo Joseph. “Zé”, como carinhosamente o chamávamos era um vampiro bacana, estrategista nato e como todo francês e do signo de Leão, tinha um ar debochado, que as vezes transmitia um ar de nariz empinado, mas somente a aqueles que não o eram próximos.

    O fato de Joseph ser negro e um tanto acima do peso, o distanciava dos estereótipos tradicionais e isso as vezes até era visto como jocoso por nós e muitas vezes por eles mesmo que entrava nas brincadeiras para nos alegrar.

    Lembro-me como se fosse hoje de uma noite qualquer em que ele usando seus poderes, resolveu sair com a aparência de um famoso local. Esse era um dos seus dons, quando por algumas horas ele podia alterar sua forma, ou até mesmo ficar invisível se fosse necessário. Isso nos permitia muitas facilidades, que nem preciso mencionar aqui…

    O problema daquela noite, no qual ele se “fantasiou” de famoso é que em algum momento em nossa festinha ele estava tão empolado, que esqueceu de manter sua aparência. Voltou aos poucos a sua aparência normal, o que em certo momento, ao perceber sua real aparência causou repulsa por alguns que lá estavam. Convenhamos, sua aparência não é um mar de rosas, entretanto, como o ambiente era recheado de “frutinhas” da elite daquela cidade, eu acredito que tenha “rolado” um preconceito generalizado.

    Foi difícil ver meu amigo/irmão sendo praticamente jogado para fora da balada, provavelmente a pedido de algum bostinha que tá estava. Escorraçado acho é a palavra que define aquele momento. Afinal, um dos seguranças lhe disse em claro e bom tom: “Vaza daqui! Aqui não é lugar pra você!”

    Eu acompanhei a situação de meia distância, estava noutro ponto da festa, mas quando vi a cena foi ao seu encontro. Minha vontade era de fazer o maldito segurança e os “snobs” do lugar sangrarem até a morte, ali mesmo em público, mas fui contido por meu amigo. Ele ajeitou sua roupa que não era das piores, passou a mão no rosto e colou a mão em meu ombro dizendo:

    – Relaxa, mon amie, Laisse tomber! já estava ficando cansado do lugar…

    Como ele só misturava francês e português quando estava puto, eu não quis causar mais. Tratei de fazer uma piada qualquer e seguimos para uma praça que havia próxima aquele lugar. Aliás naquela época era comum irmos as praças, era um dos nossos principais locais de passeio, mesmo à noite.

    Hora vai e vem, acredito que já estava no fim da madrugada e entre um papo e outro surgiram dois policiais. Estávamos tão distraídos que nem percebemos, mas o jeito que eles chegaram, mesmo naquela época, querendo nos enxotar do lugar como se fossemos dois plebeus vagabundos, me emputeceu.

    Era nítido no olhar deles o desprezo misturado com raiva e até ódio por ter um negro ali, conversando com um branco. Era evidente que os incomodava nós dois sentados, lado a lado e ainda mais felizes. Era evidente que para eles meu irmão negro devia estar numa senzala acorrentado, como os ancestrais dele provavelmente praticavam. Era evidente para mim que eles precisavam ser punidos!

    Cada um de nós pulou no pescoço de um dos policiais e nos deliciamos com aquele desjejum do fim da madrugada.

    Sim, esta é aquela história clichê com vampiros se alimentado e que ocorreu há décadas. Sobretudo, não deveria ser clichê o comportamento que alguns da sociedade ainda tem em 2020 com relação a pessoas de cores, classes e comportamentos diferentes. Eu posso me defender, posso ajudar meus amigos e posso batalhar todas as noites contra isso, mas o que você tem feito nos teus dias?

    Quantos casos iguais ao do Floyd a mídia precisa apresentar para que a sociedade humana entenda que todos são feitos de ideias, ossos, pele, carne e muito sangue vermelho! Vermelho da mesma cor e independentemente da cor da pele que exista por cima!

  • Uma festa e um vampiro vingador

    Uma festa e um vampiro vingador

    Noites mais tarde, depois que conversei com H2, que demostrou interesse em continuar com a operação “Os escolhidos”, criada há algum tempo atrás por mim e Sebastian. Veio até mim uma história interessante sobre o paradeiro de Julie.

    Soube de Hadrian, que ela circulou uns tempos pela Inglaterra, depois foi a França, Alemanha e que estava atrás de alguns seguidores infernais.

    Situação confirmada pelo prefeito “vampiro” de Berlin, que ainda hoje é amigo íntimo do clã.

    – Ela passou aqui há umas duas noites, veio dar um oi, disse que agora pertence a vosso clã e que estava atrás de duas ou três bolsas de sangue. Liberei a passagem dela por aqui e pedi para que lhe mandasse um recado. Ela te mandou?

    – Não, era sobre o que?

    – Achei que irias te lembrar que este ano faz 80 anos que assumi aqui em Berlin e vamos comemorar, pode vir e trazer teus chegados?

    – Veja só, como o tempo voa meu amigo, vai ser quando?

    – Daqui três semanas, posso pedir para te colocar na lista VIP?

    – Obviamente, inclusive seria um momento propicio para a renovação dos nossos laços ou apenas festejaremos até o último suspiro da lua nos céus?

    – Venha preparado para tudo, Tschüss!

    A necessidade de se levar um grupo mesmo um pequeno como o nosso entre países envolve sempre um planejamento estratégico mínimo, para que os jatos alugados e os itinerários ocorram com as chegadas noturnas. Nada que seja muito difícil hoje em dia, apesar disso a preocupação é sempre válida.

    Por falar em preocupação resolvi mandar um áudio para Julie, que depois de alguns minutos me respondeu com dois emojis: 🙄 😘

    Tais desenhos não representavam muito, mas diante as perguntas que lhe fiz pareceram indicar que ela estava bem. Situação que tirou parte das preocupações da minha cabeça.

    Falei com o pessoal ainda na fazenda e todos se animaram com a festa e pelo fato de retornamos a Hauptstadtregion, que aos moldes de Desterro também acompanhei sua evolução até o estado de metrópole e cidade respectivamente.

    Além disso, naquela noite fiquei sabendo da primeira empreitada de H2 utilizando-se da estrutura do projeto Os escolhidos. Nas palavras dele:

    “Utilizei-me inicialmente da rede de informações, vasculhei tudo o que podia ser encontrado em meios digitais referentes aquele sacerdote. Soube de imediato que pertencia a uma família expoente da região. Que frequentou escolas particulares quando infância e cursou o seminário nos EUA, no qual somente se entra por indicação. No caso dele a indicação foi comprada e i isso me faz pensar, porque alguém que se diz religioso e entrega sua vida nas mãos de Deus, faria algo assim logo no início de seu caminho?

    Tudo isso piorou quando descobri na tal Deep Web uma lista com todos os crimes que ele havia cometido e que de alguma forma a estrutura católica conseguiu ocultar da mídia e propriamente do mundo.

    Estupro de incapaz, alcoolismo, profanação de local religioso, dezenas de assédios… Pestanejei por alguns momentos, orei em outros pedindo uma luz e em meus pensamentos surgia uma vontade gigantesca de aplicar a salvação divina.

    Vi ali alguém que não devia estar naquele contexto e além disso, descobri também que ele era responsável pela produção de cervejas, que sua congregação produz. Inclusive é de uma marca conhecida.

    Foi ali que entendi o contexto e percebi que o seu lado padre era apenas uma fachada, possivelmente lá atrás ele podia ter tido algum mérito em tal escolha, mas com o passar dos anos suas reais intenções humanas ambiciosas tenham se sobressaído as divinas.

    Decidi aplicar a justiça divina, me entende?”

    Apenas consenti com a cabeça e ele continuou.

    “Marquei um encontro no final do dia, próximo das 19h, especulei algo relacionado as bebidas e fui para lá mesmo sem reconhecer o território, inicialmente entendi isso como uma fraqueza do meu plano, mas a justiça divina não pode se demorar, não é?

    Nos fundos da paróquia há um escritório e ao chegar percebi que ele não estava sozinho. Conversamos sobre os negócios, me enrolei um tanto, pois mentir está fora das minhas rotinas, em certo momento eu acho que ele percebeu e nossa conversa desandou. Percebi que estava indo errado e decidi mudar de estratégia. Despedi-me e me escondi próximo a saída. Umas 20h30 ele saiu de lá sozinho e o subjuguei. Não gosto das práticas de tortura, mas achei conveniente que sua língua e sua genitálias fossem removidas. Ele ainda estava vivo e clamou por perdão depois disso, quando o absolvi de seus pecados e me alimentei.

    Estava com luvas conforme me indicastes e antes de tudo isso analisei o perímetro para ver se não havia câmeras. Joguei seu corpo desfalecido em um rio da região amarrado há algumas pedras. Outro ponto falho é que não consegui limpar todo o sangue do lugar…“

    Mencionei que deveria ter mais cuidado especialmente com o sangue derramado e lhe dei um tapinha nos ombros enquanto lhe disse: – Não sei se é o céu ou o inferno, mas certamente há seres felizes depois do teu primeiro escolhido, meu amigo!

  • Água mole, pedra dura…!

    Água mole, pedra dura…!

    Algumas noites depois de Franz e H2 voltarem para “a fazenda”, estávamos andando a cavalo e em certa parada deixamos eles amarrados a uma árvore e sentados ao chão, contemplamos as estralas daquela noite de temperatura fresca e com poucas nuvens.

    – Nos tempos que passei nas grandes cidades eu sentia saudades de lugares assim, me faz lembrar de quando eu era apenas um moleque no sítio dos meus pais, aquela rotina do cuidado com os animais, o apego as coisas mundanas, à família – Suspirei.

    – Não sei se eu sinto mais falta dos hábitos humanos ou dos próprios – Comentou Pepe.

    Nesse momento Franz chegou e nos interrompeu:

    – Se a saudade for de calor humano é só aparecer no meu quarto a qualquer hora dessas, novinha!

    – Ha ha ha – Como se tivesse uma noite ou dia que tua cama estivesse vazia…

    – Hey isso é uma proposta?

    – Aff

    Eu estava focado nas estrelas e os pensamentos estavam longe, eu ignorava as investidas do Franz na Pepe e as reclamações dela, até que fui surpreendido por uma ideia solta do H2:

    – Numa noite destas eu fiquei um tempo lendo teu site, sr. Ferdinand… me deparei com aquelas histórias do Hector e em específico sobre aquele projeto dos “escolhidos”… Sr.?

    – Sim, fala H2…

    – Aquele projeto ainda existe?

    – Ahh acho que não… ando meio zen ultimamente e aquelas noites de pé na porta, lutas, perseguições e tal me deram uma enjoada!

    – Bichinha – Sussurrou Franz.

    – Cara nem é isso, tô curtindo mais a vida de empresário bon-vivant e seguindo teu exemplo “maninho”…

    – Opa estava com saudades do meu irmão fanfarrão dos bordeis e pubs!

    – Mais ou menos, só cansei de sair por aí bancando o super-herói.

    – Sr. Ferdinand, se me permite? Posso continuar aquele projeto com a estrutura que tinhas?

    – O que achas Franz?

    – Ah deixa ele bancar o Batman!

    – Tranquilo H2, por mim pode tocar as coisas por lá, só não garanto apoio, nem do Sebastian também.

    – Era mais para ter a permissão de vocês, tenho um projeto pessoal que parei de atuar depois da transformação. Antigamente, eu caçava padres corruptos, acho que podia voltar a atuar nisso quem sabe?!

    – Hey bacana essa ideia, conta mais…

    – Ahh nada demais, só aquela velha vingança luciferiana acercas dos pedófilos, os estupradores e mentirosos.

    – Hahahhahaha vai acabar com todos eles – Atravessou Franz.

    – Entendo H2, bom, vamos conversar e ver se os motivos se ampliam para gerar uma real motivação no teu ser!

    Voltamos para casa, a vibe de contemplação das estrelas havia passado e eu precisava me atualizar com os negócios e notícias do mundo. E-mails para cá e para lá, sites, dashboards, infográficos, telefonemas perdidos, dezenas de WhatsApp e no final daquela noite estava exausto.

    Ao acordar na noite seguinte fui para a sala, assisti um pouco de tv e ali jogado no sofá testemunhei algo que demorou a acontecer. Pepe saindo do quarto do Franz… Água mole, pedra dura…?

  • Vampiros e a água benta

    Vampiros e a água benta

    Ainda estou em busca do que fazer com o H2 e em qual “projetos”ele pode ajudar o clã. Um clã de vampiros sempre tem muitos trabalhos, por exemplo, temos nossas responsabilidades com a sociedade vampírica que em alguns lugares do mundo é bastante organizada e existem membros influenciadores nas prefeituras, serviços sociais, polícia… Alguns possuem lojas e pontos de encontro de vampiros. Outros são responsáveis pelo alimento, refugio e tantas outras demandas específicas aos noturnos.

    Nosso clã possui negócios diversos, fábricas, terras, lojas e algumas propriedades como reservas, parques e locais que se tornaram patrimônio público e são controlados por ongs. Não vou entrar no detalhe aqui, pois isso certamente poderia trazer problemas, mas é obvio que não utilizamos os nossos nomes verdadeiros e toda parte jurídica e ou fiscal fica na mão de terceiros. Os principais são transformados em Ghouls, que nos servem em troca de algumas gotas de sangue. Caso queira saber mai obre Ghouls clique aqui.

    Inclusive esses dias me perguntaram sobre o controle da nossa sociedade e já comentei qui que ela é muito bem “controlada” pelos Regrados, um grupo de matusaléns que “dita” e supervisiona no mundo todo o que os membros fazem, pensam e deixam de fazer. Alguns já quiseram boicotar este site em outros momentos, nós já fomos anárquicos noutras épocas e digamos que por hora as pazes foram feitas. Preciso é claro cuidar o que coloco aqui, pois há sempre alguém deles de olho. (Beijos aos regrados que vão ler isso)

    Bom, como disse antes estou em busca do que fazer com H2 e em meio as nossas conversas rolou um papo sobre água benta, que transcrevo a seguir. Isso aconteceu duas noites depois da conversa que tive com ele e Franz.

    – Perguntaram sobre água benta em meu site, o que você pode me dizer sobre isso?

    H2 pensou por um momento e respondeu sem pestanejar.

    – Oport nos per aliqua sensibilia signa in spiritualia devenire – Convém que por sinais sensíveis cheguem as realidades espirituais. 

    – Tá eu sei que tu manja da lantim, mas o que quer dizer isso?

    – Tomás de Aquino, o famoso Doctor Angelicus disse isso em meados de 1257 e digamos que representa uma forte vertente do pensamento teológico a cerca dos sacramentais. Não estou dizendo aqui que a água benta ou o popular sinal da cruz levem ao sacramento, tampouco a obtenção da graça, mas sim que eles podem preparar a alma e o corpo para tal momento.

    – Se eu não estou ficando louco, você diz que a água benta faz parte da preparação para o sacramento?

    – Sim, os sacramentais de um modo geral despertam um movimento de respeito ao divino, mas diferente do sinal da cruz e orações como o pai nosso, que se realizadas com fervor e podem levar ao estado de graça, a água benta pode trazer a benção sacerdotal. Isso a torna muito mais eficaz.

    – Saquei, então a água benta tem efeito sobre os vampiros?

    – Sim e não, depende!

    – Tá conta ai o detalhes disso, meu velho!

    – Digamos que ela junto dos demais sacramentais são fortes ferramentas do exorcismo, que pode agir tanto nas influencias e sugestões dos demônios, aqueles entorpecem a mente, como aqueles que por ventura estejam com sua alma possuída… Cabe aqui um pergunta, pois sei que você é um vampiro estudioso, os vampiros são possuídos?

    – As vezes penso que sim e em alguns momentos eu até escrevo em meu site que temos um companheiro demoníaco, apesar disso ser na maioria das vezes uma metáfora.

    – Pois bem, tal qual os humanos os sobrenaturais podem estar sob influências demoníacas, neste caso a água benta traria benefícios no sentido de purificação…

    Interrompi:

    – Aniquilação não seria um termo melhor?

    – Como preferir!

  • Um padre vampiro

    Um padre vampiro

    – E se Deus aparecesse hoje aqui na tua frente, na forma de um qualquer, que pede uns trocados, ou na forma de um cão abandonado, ou ainda na forma de uma tampa de um bueiro, que minutos antes vocês passar foi fechada por um operário e isso te fez ganhar mais alguns segundo de tempo na vida. Você saberia dizer se foi Deus ou acharia que são apenas situações cotidianas?

    H2 estava inspirado naquela noite e quem sou eu para cortar o barato de alguém que chegou a ser padre e caçou muitos vampiros ao longo de uns sessenta anos de vida? Porém Franz não pensa da mesma forma que eu:

    – Para com esse papo de Deus ow… Esse cara se existir é um fdp e se tem alguém que fez a coisa certa foi Lucifer, que jogou a merda no ventilador e partiu pra criar seu próprio reino. Eu deveria fazer isso também!

    Soltei uma gargalhada…

    – Vai te comparar com Lucifer agora senhor marquês?

    – Ué nada mais justo, maninho… Somos poderosos igualmente!

    – Olha, se compararmos com o Lucifer dos quadrinhos do Sandman, quem sabe, mas não vejo muito empenho teu na montagem de um reino, se fosse assim Georg teria deixado o clã nas tuas mãos e não nas minhas… Masss já discutimos isso!

    – Lá vem o vampiro brasileiro com papo de compromisso novamente…

    –  Ué se não fosse por mim terias trocado todo o legado o Georg por putas e joias…

    – Tem planos melhores?

    Nesse momento H2 se retirou da sala e foi para a varanda. Pepe estava com fones de ouvidos e no mundo dela.

    – Olha ai tá vendo, nem tua cria te aguenta as vezes…

    – Não preciso agradar ninguém!

    – Ótimos papo como sempre, vais lá pra casa do mato depois?

    – Acho que sim, precisa de algo?

    – Cara, tirando o fato que tu some e faço tudo sozinho com minha crias… Vai lá… Ahh aproveitando que terminou o treinamento inicial do H2, vou usar ele nos negócios, pode ser ou vai ficar com ciúmes?

    – Ciúmes de cria? Se fosse uma gostosa… estamos falando de um velho padre, usa ele para o que precisar!

    – Ahh e ow porra vê se me manda áudio as vezes. Responder com texto eu sei que tens preguiça e tuas unhas cascudas também não ajudam.

    – Vai se fuder!

    E assim começamos mais uma noite no clã dos Wullfdert. Já perceberam que está difícil lidar com o Franz ultimamente? Juro que paciência é uma virtude que preciso melhorar, mas ele me perturba pra caralho! Saudades da Eleonor pra dar uma acalmada nos ânimo dele.

    Fui pra varanda e lá estava H2 com um terso em mãos, rezava e olhava para o céu como se estivesse falando diretamente com o seu próprio Deus. Ele parou assim que me viu e perguntou:

    – Faz mais de 100 anos que vocês se conhecem, certo? Ele sempre foi assim?

    – Mais de 150 e já foi pior (risos) As vezes acho que ele precisa hibernar pra dar uma relaxada, as vezes acho que ele é um adolescente que nunca vai ficar velho… são tantas possibilidades para explicar esse jeito dele. Nos últimos anos nem a Eleonor suportava mais, mas ela não é parâmetro… Mudando de assunto me conta como foi o treinamento!

    Eu sentei na rede e H2 nos degraus, conversamos por uma hora. Em alguns momentos ele reclamou, noutros falou de Deus novamente e percebi ali como deve ter sido difícil o relacionamento de ambos e quanto Franz deve deve ter usado seus poderes mentais naquele new blood.

    Ao final daquele papo, estava decidido a usar o poderes do padre em algum projeto, longe do Franz, só restava saber em qual…

  • Nenhum tiro, nenhuma gota de sangue!

    Nenhum tiro, nenhuma gota de sangue!

    Nenhum tiro, nenhuma gota de sangue, o inferno vai ter que esperar… Sorriu e disse adeus!

    Leia a parte anterior aqui: https://www.vampir.com.br/os-sobrenaturais-que-circulam-por-ai/

    A música do Rosa tatuada, definiu o início daquela noite: Dois lobos correram pela mata. Os sentimentos eram mistos e naquela vez não rolou nenhuma briga entre alphas. Vampiros somem? Sim, cada um tem sua existência independente do clã, mas quando se um grupo antigo como o nosso, alguns pontos precisam ser azeitados de tempos em tempos.

    Minha relação com Franz sempre teve altos e baixos. Lá atrás como eu contei no Ilha da Magia, ele foi um grande tutor, tal qual Georg, Eleonor e Joseph. Tantos outros além desses, vieram e se foram em algum momento, mas com o Franz é diferente. Nós compartilhamos o mesmo gene lupino, que por sorte ou azar teve seu desenvolvimento interrompido, haja vista a transformação em Wampir. Isso de forma isolada é problemão e se juntar com o fato de que ele é bem mais velho que eu, tem sangue nobre… Admira-me muito que ele ainda não tenha chutado tudo isso que construímos com o barão, para montar seu próprio clã. No qual ele seria o senhor e soberano com palavra final.

    Apesar disso, nos damos bem. Fiquei puto sim por ele atrapalhar minha investigação, mas ele resolveu e é isso que importa. Já se foi o tempo em que tinha inveja dos poderes mentais dele, já disse, inclusive que fiquei por não ter conseguido aprender, mas isso são fatos do passado. O que me deixa puto é o fato dele sumir e reaparecer do nada. Enfim…

    Na casa do mato pusemos os papo em dia, ele me contou sobre suas andanças, se gabou pelas festas as ninfas como ele insiste em chamar suas amantes e em como a vida de um imortal deveria ser. Bom, está ai a explicação a velha explicação dele não ter o seu próprio clã. Provavelmente eles ficariam sem grana ou mortos por caçadoras fantasiadas de dominatrix.

    “Humm isso daria uma boa festinha heim, só que no final eu arrancaria a cabeça de todas elas” Acho que ele vai pensar assim caso volte a ler o que escrevo no blog…

    Quanto a garota que capturamos, deixei o futuro dela nas mãos da Pepe. Incentivei para que fizesse contato com Hadrian, ele em algum lugar da Europa certamente saberá o que fazer. Seja ela satanista, magista ou vampira psíquica…

    Quanto a mim? Bom, isso tudo que contei até aqui foi em 2019 e tenho várias outras histórias para contar para vocês!

    Ahh procurem no Spotify pela música que indiquei. Rock gaúcho dos anos 90 =)

  • Os sobrenaturais que circulam por ai

    Os sobrenaturais que circulam por ai

    “Não acredito que aqui nesse fim de mundo temos outros sobrenaturais além de nós”. Foi a reclamação de Pepe na volta para a fazenda. Da minha parte rolou uma certa frustração haja vista que fiquei olho no olho com aquele lazarento e quando eles escapam de mim, assim me dá muito ódio!

    A parte anterior desta história está aqui: https://www.vampir.com.br/mais-uma-noite-aflito/

    Já em meu quarto, mandei uma mensagem pra Julie, que novamente não me respondeu. Noiado, mandei também para Franz, Lilian e Becky… Nenhum respondeu! Que falta me faz o Zé. Seria Pepe e eu dessa vez, portanto, um bom aprendizado para minha cria mais nova.

    Combinamos as ações para a próxima noite e perto do meio dia fui tirar uma soneca. Porém mais uma vez fiquei angustiado e sem conseguir dormir, dessa vez foram os pensamentos em volta do meu clã que me atormentaram. Como pode ninguém me retornar, nem o Franz, aquele puto! Virei, me desvirei… Cheguei até a trocar meus lençóis de seda por alguns de algodão. Por fim, fui para o porão e lá pratiquei um pouco do Turbatio in Natura. Deitei-me no chão, foquei meus pensamentos e ao longo do tempo em que permaneci unido a terra, realinhei e unifiquei os fragmentos de minha alma com os pensamentos novos e antigos.

    Perto das 19h subi para a sala. Pepe já estava pronta e a minha espera.

    – Porra boss, todo cagado de terra a essa hora!

    – Hey, relaxa aí novinha! Precisei pôr as ideias em dia lá no porão… Vou tomar um banho e em 20 minutos saímos.

    Fomos de carro, pois a moto atrapalha e não traz proteção em algumas circunstâncias. Circulamos pela região onde vimos a garota sobrenatural pela última vez, mas nenhum sinal dela. Fez-se necessário então fazer aquele ritual novamente, desta vez Pepe também o fez. Um corte aqui, um sangue ali e estávamos aptos para localizar ela a distância.

    Ficamos algum tempo perto da casa da possível vítima e nada. Até que resolvi dar uma circulada em forma de nuvem. Não teria o benefício do feitiço de localização, mas teria o fator surpresa como vantagem. Fui aos vizinhos, no buteco… até que numa rua qualquer me deparei com ela. Estava aflita, ia de um lado para o outro que um carro se aproximou, alguém abriu a porta para ela e a levou.

    Desfiz minha transformação, mas como isso leva um certo tempo, perdi o carro de vista…

    – Pepe, me pega aqui na rua X… Vi ela… Ela entrou num carro, acho que tá indo pra rodovia Y.

    Instante mais tarde no carro.

    – Vai garota acelera, não tem ninguém aqui a essa hora… quer que eu dirija?

    – Não me pressiona pow, devia ter pegado a direção lá atrás, porra!

    – Não fazem mais crias obedientes como antigamente…

    – Aff

    Andamos por uns 20km e nenhum rastro do carro, até que avistamos um posto de estrada. Paramos, perguntei se alguém tinha visto eles e nada.

    Resolvemos voltar para a fazenda.

    1h depois ao chegar, paramos o carro e para nossa surpresa lá estava o tal carro estacionado. Ao lado dele a garota e dela Franz, junto de H2 que a segurava.

    – Fala maninho! Encontrei essa aqui bisbilhotando na nossa cidade… bastou um pouquinho de controle Mentis Imperium, pra ela vir conosco.