“Já preparei as escalas dos nossos voos e dando tudo certo estaremos em Berlin daqui duas noites. Alguma dúvida para tudo o que falei até agora?”
Assim começou uma breve reunião de planejamento sobre nossa viajem a Alemanha. Todos do clã estavam animados, pois fazia tempo desde a última vez que havíamos ido juntos a um evento da sociedade vampiresca.
– Vamos ficar nas terras do Barão? – Perguntou o afoito H2.
– O antigo castelo ainda nos poderia servir de abrigo se não tivesse virado “Patrimônio da humanidade”, sem falar que aquele lugar atualmente só me trás lembranças ruins.
– É apenas um castelo…
– É um lugar amaldiçoado, uma hora eu te conto a história. – Interrompeu Franz.
– Relaxa Franz, já superei quase tudo o que aconteceu por lá…
Sebastian arrumava uma pequena mala com alguns livros para ler e desta vez iria sozinho, parece-me que o relacionamento com sua esposa havia acabado. Isso é papo para outro post
Pepe também arrumava suas coisas e estava de fone de ouvidos. O que sempre me deixa puto quando preciso falar com ela
Franz só foi com a roupa do corpo e ainda pediu para que eu colocasse seu smartphone em minha mochila.
Obviamente chamei Lilian, Becky e Julie. Duvido que apareçam, mas como fazem parte do clã o convite se estendia a elas também.
Bate-papo em dia e partimos… Como previsto chegamos lá umas 20h da noite e o ar frio do final de inverno nos esperava. Fomos com dois carros alugados para um hotel que mantenho por lá e que nos garante fácil acesso a de uma de nossas fábricas.
No caminho muitos imigrantes e já é comum ver bairros inteiros de mulçumanos e suas vestimentas típicas, o que diferencia muito a cidade dos anos que moramos por lá.
Falar de Berlin, me leva inevitavelmente a minha ex, me leva inevitavelmente a guerra Franco-Prussiana e nunca é fácil revisitar aqueles momentos. Muito sofrimento, que em algum em algum momento vou dar mais detalhes no livro Ilha da Magia.
O hotel pequeno foi fechado para nós, assim cada um poderia desfrutar das liberdades que a noite da famosa cidade poderia nos permitir. Como a festa seria apenas na noite seguinte, deixei cada um sua. Depois disso, tratei de ir falar com o prefeito Wampir da cidade e fazer aquela velha “social”.
Passei pelos sistemas de segurança e reconhecimentos digitais que lá havia, encontrei alguns conhecidos de vista e lá estava no terraço de uma bela cobertura num arranha céu, meu amigo Isidor. Um vampiro boa pinta, que aparenta uns 40 anos e tem ar de empresário.
“Hier ist einer der Besitzer dieser Stadt, gute Nacht, mein Bruder” Ou em português o equivalente a “Eis aqui um dos donos desta cidade, boa noite meu irmão”
Nos abraçamos, depois sentei-me ao seu lado e enquanto contemplamos a vista me serviram sangue fresco, ainda quente. Além do mais, possuía um forte aroma de canela, cheiro preferido e marca registrada de Isidor.
– É sempre um privilégio vir aqui e contemplar estava vista contigo.
– Eu é que me sinto privilegiado, por estar diante de um dos fundadores da nossa sociedade germânica.
– Tu sempre vens com esse papo do século passado…
– Sabes que teu clã e tu mais ainda é responsável por eu ter o que tenho hoje, então toda modéstia é pouca.
Estávamos relembrando algumas histórias dos 80 anos de sua gestão, boa parte desse tempo eu estava hibernando, então sempre que possível é bom ouvir suas experiências. No entanto, fomos surpreendidos pelo fanfarrão do Franz que surgiu na cobertura da forma mais primitiva possível em forma e morcego. Ele desfez sua transformação e nú foi ao nosso encontro.
– Was geht ab? Ou o equivalente em português para “E ai caras?”
Depois disso ele se aproximou da jarra que estava numa mesinha e tomou o resto do sangue que lá havia…
Isidor sorriu, estava um pouco surpreso, mas tratou de chamar um de seus mordomos e pediu roupas para meu irmão.
– E ai onde vamos hoje, aquele inferninho da zona norte ainda tá de pé? Tô com saudades das minhas namoradinhas…
– Não tenho ido muito pra lá não, mas se quiserem algo mais “quente” eu montei um club bar ali na região do Rio Havel.
– Não é lá onde estou pensando? – Comentei afoito
– Não sei exatamente ao que te referes, mas aquela região teve um desenvolvimento bacana nos últimos anos, por isso meu investimento.
Próximo daquela região era onde ficava a casa de Suellen na época em que a conheci, mas tanto faz, hoje deve estar completamente diferente. Ao menos era o que eu imaginava.
– Vão pra lá e aproveitem o resto da noite, vou ligar agora e vocês vão ser tratados como rei. Eu preciso ver se está tudo certo para a festa de amanhã. Aliás teremos homenagens ao clã Wulffdert…
– Hey, apreciaremos muito né, Franz! – Dei uma cutucada no braço dele, pois estava distraído vendo, mas ele concordou com um amistoso e empolgado “Yeah!”
Minutos depois nos deixaram na entrada do Bar, que estava mais para “mega balada”, com seus 3 andares de luzes, música de gente de todos os tipos, principalmente jovens. Tão logo nos apresentamos fomos levados para um camarote, onde havia baldes de bebidas, algo que nenhum de nós pode consumir, mas que faria a diversão das humanas que já estavam junto de Franz.
Eu também me engracei com uma típica nativa loira que lá havia, mas que acabei deixando de lado, pois em meu pensamentos a nostalgia da região chegava a dar calafrios. Por sorte, perto das 2h fui agraciado com o aparecimento repentino de minha querida e quente Julie.