Categoria: Histórias

Nesta seção você encontra historias, contos e relatos relacionados ao mundo real e sobrenatural. Verifique a indicação de faixa etária no início de cada texto.

  • Uma festa e um vampiro vingador

    Uma festa e um vampiro vingador

    Noites mais tarde, depois que conversei com H2, que demostrou interesse em continuar com a operação “Os escolhidos”, criada há algum tempo atrás por mim e Sebastian. Veio até mim uma história interessante sobre o paradeiro de Julie.

    Soube de Hadrian, que ela circulou uns tempos pela Inglaterra, depois foi a França, Alemanha e que estava atrás de alguns seguidores infernais.

    Situação confirmada pelo prefeito “vampiro” de Berlin, que ainda hoje é amigo íntimo do clã.

    – Ela passou aqui há umas duas noites, veio dar um oi, disse que agora pertence a vosso clã e que estava atrás de duas ou três bolsas de sangue. Liberei a passagem dela por aqui e pedi para que lhe mandasse um recado. Ela te mandou?

    – Não, era sobre o que?

    – Achei que irias te lembrar que este ano faz 80 anos que assumi aqui em Berlin e vamos comemorar, pode vir e trazer teus chegados?

    – Veja só, como o tempo voa meu amigo, vai ser quando?

    – Daqui três semanas, posso pedir para te colocar na lista VIP?

    – Obviamente, inclusive seria um momento propicio para a renovação dos nossos laços ou apenas festejaremos até o último suspiro da lua nos céus?

    – Venha preparado para tudo, Tschüss!

    A necessidade de se levar um grupo mesmo um pequeno como o nosso entre países envolve sempre um planejamento estratégico mínimo, para que os jatos alugados e os itinerários ocorram com as chegadas noturnas. Nada que seja muito difícil hoje em dia, apesar disso a preocupação é sempre válida.

    Por falar em preocupação resolvi mandar um áudio para Julie, que depois de alguns minutos me respondeu com dois emojis: 🙄 😘

    Tais desenhos não representavam muito, mas diante as perguntas que lhe fiz pareceram indicar que ela estava bem. Situação que tirou parte das preocupações da minha cabeça.

    Falei com o pessoal ainda na fazenda e todos se animaram com a festa e pelo fato de retornamos a Hauptstadtregion, que aos moldes de Desterro também acompanhei sua evolução até o estado de metrópole e cidade respectivamente.

    Além disso, naquela noite fiquei sabendo da primeira empreitada de H2 utilizando-se da estrutura do projeto Os escolhidos. Nas palavras dele:

    “Utilizei-me inicialmente da rede de informações, vasculhei tudo o que podia ser encontrado em meios digitais referentes aquele sacerdote. Soube de imediato que pertencia a uma família expoente da região. Que frequentou escolas particulares quando infância e cursou o seminário nos EUA, no qual somente se entra por indicação. No caso dele a indicação foi comprada e i isso me faz pensar, porque alguém que se diz religioso e entrega sua vida nas mãos de Deus, faria algo assim logo no início de seu caminho?

    Tudo isso piorou quando descobri na tal Deep Web uma lista com todos os crimes que ele havia cometido e que de alguma forma a estrutura católica conseguiu ocultar da mídia e propriamente do mundo.

    Estupro de incapaz, alcoolismo, profanação de local religioso, dezenas de assédios… Pestanejei por alguns momentos, orei em outros pedindo uma luz e em meus pensamentos surgia uma vontade gigantesca de aplicar a salvação divina.

    Vi ali alguém que não devia estar naquele contexto e além disso, descobri também que ele era responsável pela produção de cervejas, que sua congregação produz. Inclusive é de uma marca conhecida.

    Foi ali que entendi o contexto e percebi que o seu lado padre era apenas uma fachada, possivelmente lá atrás ele podia ter tido algum mérito em tal escolha, mas com o passar dos anos suas reais intenções humanas ambiciosas tenham se sobressaído as divinas.

    Decidi aplicar a justiça divina, me entende?”

    Apenas consenti com a cabeça e ele continuou.

    “Marquei um encontro no final do dia, próximo das 19h, especulei algo relacionado as bebidas e fui para lá mesmo sem reconhecer o território, inicialmente entendi isso como uma fraqueza do meu plano, mas a justiça divina não pode se demorar, não é?

    Nos fundos da paróquia há um escritório e ao chegar percebi que ele não estava sozinho. Conversamos sobre os negócios, me enrolei um tanto, pois mentir está fora das minhas rotinas, em certo momento eu acho que ele percebeu e nossa conversa desandou. Percebi que estava indo errado e decidi mudar de estratégia. Despedi-me e me escondi próximo a saída. Umas 20h30 ele saiu de lá sozinho e o subjuguei. Não gosto das práticas de tortura, mas achei conveniente que sua língua e sua genitálias fossem removidas. Ele ainda estava vivo e clamou por perdão depois disso, quando o absolvi de seus pecados e me alimentei.

    Estava com luvas conforme me indicastes e antes de tudo isso analisei o perímetro para ver se não havia câmeras. Joguei seu corpo desfalecido em um rio da região amarrado há algumas pedras. Outro ponto falho é que não consegui limpar todo o sangue do lugar…“

    Mencionei que deveria ter mais cuidado especialmente com o sangue derramado e lhe dei um tapinha nos ombros enquanto lhe disse: – Não sei se é o céu ou o inferno, mas certamente há seres felizes depois do teu primeiro escolhido, meu amigo!

  • Água mole, pedra dura…!

    Água mole, pedra dura…!

    Algumas noites depois de Franz e H2 voltarem para “a fazenda”, estávamos andando a cavalo e em certa parada deixamos eles amarrados a uma árvore e sentados ao chão, contemplamos as estralas daquela noite de temperatura fresca e com poucas nuvens.

    – Nos tempos que passei nas grandes cidades eu sentia saudades de lugares assim, me faz lembrar de quando eu era apenas um moleque no sítio dos meus pais, aquela rotina do cuidado com os animais, o apego as coisas mundanas, à família – Suspirei.

    – Não sei se eu sinto mais falta dos hábitos humanos ou dos próprios – Comentou Pepe.

    Nesse momento Franz chegou e nos interrompeu:

    – Se a saudade for de calor humano é só aparecer no meu quarto a qualquer hora dessas, novinha!

    – Ha ha ha – Como se tivesse uma noite ou dia que tua cama estivesse vazia…

    – Hey isso é uma proposta?

    – Aff

    Eu estava focado nas estrelas e os pensamentos estavam longe, eu ignorava as investidas do Franz na Pepe e as reclamações dela, até que fui surpreendido por uma ideia solta do H2:

    – Numa noite destas eu fiquei um tempo lendo teu site, sr. Ferdinand… me deparei com aquelas histórias do Hector e em específico sobre aquele projeto dos “escolhidos”… Sr.?

    – Sim, fala H2…

    – Aquele projeto ainda existe?

    – Ahh acho que não… ando meio zen ultimamente e aquelas noites de pé na porta, lutas, perseguições e tal me deram uma enjoada!

    – Bichinha – Sussurrou Franz.

    – Cara nem é isso, tô curtindo mais a vida de empresário bon-vivant e seguindo teu exemplo “maninho”…

    – Opa estava com saudades do meu irmão fanfarrão dos bordeis e pubs!

    – Mais ou menos, só cansei de sair por aí bancando o super-herói.

    – Sr. Ferdinand, se me permite? Posso continuar aquele projeto com a estrutura que tinhas?

    – O que achas Franz?

    – Ah deixa ele bancar o Batman!

    – Tranquilo H2, por mim pode tocar as coisas por lá, só não garanto apoio, nem do Sebastian também.

    – Era mais para ter a permissão de vocês, tenho um projeto pessoal que parei de atuar depois da transformação. Antigamente, eu caçava padres corruptos, acho que podia voltar a atuar nisso quem sabe?!

    – Hey bacana essa ideia, conta mais…

    – Ahh nada demais, só aquela velha vingança luciferiana acercas dos pedófilos, os estupradores e mentirosos.

    – Hahahhahaha vai acabar com todos eles – Atravessou Franz.

    – Entendo H2, bom, vamos conversar e ver se os motivos se ampliam para gerar uma real motivação no teu ser!

    Voltamos para casa, a vibe de contemplação das estrelas havia passado e eu precisava me atualizar com os negócios e notícias do mundo. E-mails para cá e para lá, sites, dashboards, infográficos, telefonemas perdidos, dezenas de WhatsApp e no final daquela noite estava exausto.

    Ao acordar na noite seguinte fui para a sala, assisti um pouco de tv e ali jogado no sofá testemunhei algo que demorou a acontecer. Pepe saindo do quarto do Franz… Água mole, pedra dura…?

  • Vampiros e a água benta

    Vampiros e a água benta

    Ainda estou em busca do que fazer com o H2 e em qual “projetos”ele pode ajudar o clã. Um clã de vampiros sempre tem muitos trabalhos, por exemplo, temos nossas responsabilidades com a sociedade vampírica que em alguns lugares do mundo é bastante organizada e existem membros influenciadores nas prefeituras, serviços sociais, polícia… Alguns possuem lojas e pontos de encontro de vampiros. Outros são responsáveis pelo alimento, refugio e tantas outras demandas específicas aos noturnos.

    Nosso clã possui negócios diversos, fábricas, terras, lojas e algumas propriedades como reservas, parques e locais que se tornaram patrimônio público e são controlados por ongs. Não vou entrar no detalhe aqui, pois isso certamente poderia trazer problemas, mas é obvio que não utilizamos os nossos nomes verdadeiros e toda parte jurídica e ou fiscal fica na mão de terceiros. Os principais são transformados em Ghouls, que nos servem em troca de algumas gotas de sangue. Caso queira saber mai obre Ghouls clique aqui.

    Inclusive esses dias me perguntaram sobre o controle da nossa sociedade e já comentei qui que ela é muito bem “controlada” pelos Regrados, um grupo de matusaléns que “dita” e supervisiona no mundo todo o que os membros fazem, pensam e deixam de fazer. Alguns já quiseram boicotar este site em outros momentos, nós já fomos anárquicos noutras épocas e digamos que por hora as pazes foram feitas. Preciso é claro cuidar o que coloco aqui, pois há sempre alguém deles de olho. (Beijos aos regrados que vão ler isso)

    Bom, como disse antes estou em busca do que fazer com H2 e em meio as nossas conversas rolou um papo sobre água benta, que transcrevo a seguir. Isso aconteceu duas noites depois da conversa que tive com ele e Franz.

    – Perguntaram sobre água benta em meu site, o que você pode me dizer sobre isso?

    H2 pensou por um momento e respondeu sem pestanejar.

    – Oport nos per aliqua sensibilia signa in spiritualia devenire – Convém que por sinais sensíveis cheguem as realidades espirituais. 

    – Tá eu sei que tu manja da lantim, mas o que quer dizer isso?

    – Tomás de Aquino, o famoso Doctor Angelicus disse isso em meados de 1257 e digamos que representa uma forte vertente do pensamento teológico a cerca dos sacramentais. Não estou dizendo aqui que a água benta ou o popular sinal da cruz levem ao sacramento, tampouco a obtenção da graça, mas sim que eles podem preparar a alma e o corpo para tal momento.

    – Se eu não estou ficando louco, você diz que a água benta faz parte da preparação para o sacramento?

    – Sim, os sacramentais de um modo geral despertam um movimento de respeito ao divino, mas diferente do sinal da cruz e orações como o pai nosso, que se realizadas com fervor e podem levar ao estado de graça, a água benta pode trazer a benção sacerdotal. Isso a torna muito mais eficaz.

    – Saquei, então a água benta tem efeito sobre os vampiros?

    – Sim e não, depende!

    – Tá conta ai o detalhes disso, meu velho!

    – Digamos que ela junto dos demais sacramentais são fortes ferramentas do exorcismo, que pode agir tanto nas influencias e sugestões dos demônios, aqueles entorpecem a mente, como aqueles que por ventura estejam com sua alma possuída… Cabe aqui um pergunta, pois sei que você é um vampiro estudioso, os vampiros são possuídos?

    – As vezes penso que sim e em alguns momentos eu até escrevo em meu site que temos um companheiro demoníaco, apesar disso ser na maioria das vezes uma metáfora.

    – Pois bem, tal qual os humanos os sobrenaturais podem estar sob influências demoníacas, neste caso a água benta traria benefícios no sentido de purificação…

    Interrompi:

    – Aniquilação não seria um termo melhor?

    – Como preferir!

  • Um padre vampiro

    Um padre vampiro

    – E se Deus aparecesse hoje aqui na tua frente, na forma de um qualquer, que pede uns trocados, ou na forma de um cão abandonado, ou ainda na forma de uma tampa de um bueiro, que minutos antes vocês passar foi fechada por um operário e isso te fez ganhar mais alguns segundo de tempo na vida. Você saberia dizer se foi Deus ou acharia que são apenas situações cotidianas?

    H2 estava inspirado naquela noite e quem sou eu para cortar o barato de alguém que chegou a ser padre e caçou muitos vampiros ao longo de uns sessenta anos de vida? Porém Franz não pensa da mesma forma que eu:

    – Para com esse papo de Deus ow… Esse cara se existir é um fdp e se tem alguém que fez a coisa certa foi Lucifer, que jogou a merda no ventilador e partiu pra criar seu próprio reino. Eu deveria fazer isso também!

    Soltei uma gargalhada…

    – Vai te comparar com Lucifer agora senhor marquês?

    – Ué nada mais justo, maninho… Somos poderosos igualmente!

    – Olha, se compararmos com o Lucifer dos quadrinhos do Sandman, quem sabe, mas não vejo muito empenho teu na montagem de um reino, se fosse assim Georg teria deixado o clã nas tuas mãos e não nas minhas… Masss já discutimos isso!

    – Lá vem o vampiro brasileiro com papo de compromisso novamente…

    –  Ué se não fosse por mim terias trocado todo o legado o Georg por putas e joias…

    – Tem planos melhores?

    Nesse momento H2 se retirou da sala e foi para a varanda. Pepe estava com fones de ouvidos e no mundo dela.

    – Olha ai tá vendo, nem tua cria te aguenta as vezes…

    – Não preciso agradar ninguém!

    – Ótimos papo como sempre, vais lá pra casa do mato depois?

    – Acho que sim, precisa de algo?

    – Cara, tirando o fato que tu some e faço tudo sozinho com minha crias… Vai lá… Ahh aproveitando que terminou o treinamento inicial do H2, vou usar ele nos negócios, pode ser ou vai ficar com ciúmes?

    – Ciúmes de cria? Se fosse uma gostosa… estamos falando de um velho padre, usa ele para o que precisar!

    – Ahh e ow porra vê se me manda áudio as vezes. Responder com texto eu sei que tens preguiça e tuas unhas cascudas também não ajudam.

    – Vai se fuder!

    E assim começamos mais uma noite no clã dos Wullfdert. Já perceberam que está difícil lidar com o Franz ultimamente? Juro que paciência é uma virtude que preciso melhorar, mas ele me perturba pra caralho! Saudades da Eleonor pra dar uma acalmada nos ânimo dele.

    Fui pra varanda e lá estava H2 com um terso em mãos, rezava e olhava para o céu como se estivesse falando diretamente com o seu próprio Deus. Ele parou assim que me viu e perguntou:

    – Faz mais de 100 anos que vocês se conhecem, certo? Ele sempre foi assim?

    – Mais de 150 e já foi pior (risos) As vezes acho que ele precisa hibernar pra dar uma relaxada, as vezes acho que ele é um adolescente que nunca vai ficar velho… são tantas possibilidades para explicar esse jeito dele. Nos últimos anos nem a Eleonor suportava mais, mas ela não é parâmetro… Mudando de assunto me conta como foi o treinamento!

    Eu sentei na rede e H2 nos degraus, conversamos por uma hora. Em alguns momentos ele reclamou, noutros falou de Deus novamente e percebi ali como deve ter sido difícil o relacionamento de ambos e quanto Franz deve deve ter usado seus poderes mentais naquele new blood.

    Ao final daquele papo, estava decidido a usar o poderes do padre em algum projeto, longe do Franz, só restava saber em qual…

  • Nenhum tiro, nenhuma gota de sangue!

    Nenhum tiro, nenhuma gota de sangue!

    Nenhum tiro, nenhuma gota de sangue, o inferno vai ter que esperar… Sorriu e disse adeus!

    Leia a parte anterior aqui: https://www.vampir.com.br/os-sobrenaturais-que-circulam-por-ai/

    A música do Rosa tatuada, definiu o início daquela noite: Dois lobos correram pela mata. Os sentimentos eram mistos e naquela vez não rolou nenhuma briga entre alphas. Vampiros somem? Sim, cada um tem sua existência independente do clã, mas quando se um grupo antigo como o nosso, alguns pontos precisam ser azeitados de tempos em tempos.

    Minha relação com Franz sempre teve altos e baixos. Lá atrás como eu contei no Ilha da Magia, ele foi um grande tutor, tal qual Georg, Eleonor e Joseph. Tantos outros além desses, vieram e se foram em algum momento, mas com o Franz é diferente. Nós compartilhamos o mesmo gene lupino, que por sorte ou azar teve seu desenvolvimento interrompido, haja vista a transformação em Wampir. Isso de forma isolada é problemão e se juntar com o fato de que ele é bem mais velho que eu, tem sangue nobre… Admira-me muito que ele ainda não tenha chutado tudo isso que construímos com o barão, para montar seu próprio clã. No qual ele seria o senhor e soberano com palavra final.

    Apesar disso, nos damos bem. Fiquei puto sim por ele atrapalhar minha investigação, mas ele resolveu e é isso que importa. Já se foi o tempo em que tinha inveja dos poderes mentais dele, já disse, inclusive que fiquei por não ter conseguido aprender, mas isso são fatos do passado. O que me deixa puto é o fato dele sumir e reaparecer do nada. Enfim…

    Na casa do mato pusemos os papo em dia, ele me contou sobre suas andanças, se gabou pelas festas as ninfas como ele insiste em chamar suas amantes e em como a vida de um imortal deveria ser. Bom, está ai a explicação a velha explicação dele não ter o seu próprio clã. Provavelmente eles ficariam sem grana ou mortos por caçadoras fantasiadas de dominatrix.

    “Humm isso daria uma boa festinha heim, só que no final eu arrancaria a cabeça de todas elas” Acho que ele vai pensar assim caso volte a ler o que escrevo no blog…

    Quanto a garota que capturamos, deixei o futuro dela nas mãos da Pepe. Incentivei para que fizesse contato com Hadrian, ele em algum lugar da Europa certamente saberá o que fazer. Seja ela satanista, magista ou vampira psíquica…

    Quanto a mim? Bom, isso tudo que contei até aqui foi em 2019 e tenho várias outras histórias para contar para vocês!

    Ahh procurem no Spotify pela música que indiquei. Rock gaúcho dos anos 90 =)

  • Os sobrenaturais que circulam por ai

    Os sobrenaturais que circulam por ai

    “Não acredito que aqui nesse fim de mundo temos outros sobrenaturais além de nós”. Foi a reclamação de Pepe na volta para a fazenda. Da minha parte rolou uma certa frustração haja vista que fiquei olho no olho com aquele lazarento e quando eles escapam de mim, assim me dá muito ódio!

    A parte anterior desta história está aqui: https://www.vampir.com.br/mais-uma-noite-aflito/

    Já em meu quarto, mandei uma mensagem pra Julie, que novamente não me respondeu. Noiado, mandei também para Franz, Lilian e Becky… Nenhum respondeu! Que falta me faz o Zé. Seria Pepe e eu dessa vez, portanto, um bom aprendizado para minha cria mais nova.

    Combinamos as ações para a próxima noite e perto do meio dia fui tirar uma soneca. Porém mais uma vez fiquei angustiado e sem conseguir dormir, dessa vez foram os pensamentos em volta do meu clã que me atormentaram. Como pode ninguém me retornar, nem o Franz, aquele puto! Virei, me desvirei… Cheguei até a trocar meus lençóis de seda por alguns de algodão. Por fim, fui para o porão e lá pratiquei um pouco do Turbatio in Natura. Deitei-me no chão, foquei meus pensamentos e ao longo do tempo em que permaneci unido a terra, realinhei e unifiquei os fragmentos de minha alma com os pensamentos novos e antigos.

    Perto das 19h subi para a sala. Pepe já estava pronta e a minha espera.

    – Porra boss, todo cagado de terra a essa hora!

    – Hey, relaxa aí novinha! Precisei pôr as ideias em dia lá no porão… Vou tomar um banho e em 20 minutos saímos.

    Fomos de carro, pois a moto atrapalha e não traz proteção em algumas circunstâncias. Circulamos pela região onde vimos a garota sobrenatural pela última vez, mas nenhum sinal dela. Fez-se necessário então fazer aquele ritual novamente, desta vez Pepe também o fez. Um corte aqui, um sangue ali e estávamos aptos para localizar ela a distância.

    Ficamos algum tempo perto da casa da possível vítima e nada. Até que resolvi dar uma circulada em forma de nuvem. Não teria o benefício do feitiço de localização, mas teria o fator surpresa como vantagem. Fui aos vizinhos, no buteco… até que numa rua qualquer me deparei com ela. Estava aflita, ia de um lado para o outro que um carro se aproximou, alguém abriu a porta para ela e a levou.

    Desfiz minha transformação, mas como isso leva um certo tempo, perdi o carro de vista…

    – Pepe, me pega aqui na rua X… Vi ela… Ela entrou num carro, acho que tá indo pra rodovia Y.

    Instante mais tarde no carro.

    – Vai garota acelera, não tem ninguém aqui a essa hora… quer que eu dirija?

    – Não me pressiona pow, devia ter pegado a direção lá atrás, porra!

    – Não fazem mais crias obedientes como antigamente…

    – Aff

    Andamos por uns 20km e nenhum rastro do carro, até que avistamos um posto de estrada. Paramos, perguntei se alguém tinha visto eles e nada.

    Resolvemos voltar para a fazenda.

    1h depois ao chegar, paramos o carro e para nossa surpresa lá estava o tal carro estacionado. Ao lado dele a garota e dela Franz, junto de H2 que a segurava.

    – Fala maninho! Encontrei essa aqui bisbilhotando na nossa cidade… bastou um pouquinho de controle Mentis Imperium, pra ela vir conosco.

  • Mais uma noite aflito

    Mais uma noite aflito

    Acordei aflito naquela noite, passei o dia meio acordado pensando nos crimes que estava investigando e sonhei com velhos conhecidos(as). Será que Claire ainda estava no inferno, por onde andaria a esquentadinha da Julie. Franz, acho estava há uns três meses sem ver ele…

    A parte anterior desta história está aqui: https://www.vampir.com.br/o-colecionador-de-cada-um/

    Conforme o tempo passa ainda mais para um vampiro, as amizades se restringem cada vez mais ao clã e por falar nele olhei para os pés da minha cama e lá estava Pepe com seu fone de ouvidos. Tocava uma música eletrônica qualquer enquanto ela matava alguns coleguinhas no PVP do LOL.

    – Hey, a ansiedade é tanta que resolveu me esperar acoradar?

    – Guenta aí que tô de Jungler!

    – Tá o que? Ahh esquece, vou tomar um banho…

    Reorganizei os pensamentos, deixei no inferno quem precisava e me concentrei no agora. Viver no passado é comum para alguém que pode ir além dos séculos, então se concentrar no presente é o melhor dos exercícios. Coloquei aquela calça jeans surrada, os All Star e uma camiseta qualquer. Por cima dela os coldres, as pistolas estavam revisadas e por cima um casaco novo cheio de bolsos impermeáveis. Nos documentos um free pass da PF.

    Moto na pista, deixei Pepe próxima do seu local de investigação e fui atrás da próxima “vítima suspeita”. Bairro cheio de casas e tive de deixar a moto em beco para não assustar os moradores com o escape. Vaguei pelas ruas já vazias das vinte e uma horas e cheguei perto da casa do sujeito.

    Lugar bonito e florido, mas como era daquelas germinadas não pude fazer nada fisicamente. Fui para um canto escuro e virei névoa. Adentrei o ambiente e lá estava a família propaganda de margarina. Pai no sofá vendo jornal, mãe num anto no celular e os filhos(as) um em cada quarto. A possível vítima estava dividindo seu tempo entre os celular e um livro e ficou ali por uns 20 min. Quando ficou difícil manter minha névoa, sai rapidamente do lugar e voltei par aminha moto, pois não tinha alfinete naquele palheiro.

    Estava prestes a ira ao encontro do(a) último(a), quando Pepe me mandou um áudio:

    – Fe, vem pra cá… Acho que encontrei a próxima vítima é o R!

    33 minutos depois eu cheguei e la estava Pepe sentada num meio fio…

    – Demorou heim!

    – Recebi aviso do Detran que vou bater os pontos da carteira!

    (rimos)

    – E ai o que temos por aqui – Perguntei ansioso.

    – O R foi adotado e mora com a mãe. O pai adotivo morreu há uns 3 anos… até aí ok, mas eu chegue perto da casa, dei uma fuçada e quando estava concentrada, algo passou por mim muito rápido e me derrubou. Senti calor ou frio onde encostou em mim, não sei te dizer!

    – Estranho… passei por isso tempos atrás com um infernal. Caralho, Pepe! Vai me fazer chamar a Julie?!

    – Contínua de tocaia perto desse aqui, vou dar uma olhada rápida nos arredores. Qualquer sentimento diferente me chama que volto voando…

    Bairro central, alguns mendigo, alguns bares, alguns puteiros. A criatura podia estar ou ser qualquer um. Por sorte, a última vez que estive com Julie ela me ensinou um ritual simples, que podia ser feito com meu próprio sangue, alguns dizeres e se houvesse algum diabólico por perto ele ficaria evidente em minha visão. Algo como uma aura diferenciada.

    Estacionei a moto umas duas quadras da casa do R, havia um boteco por ali. Alguns perdidos na entrada e vários outros em mesas ou no balcão. Umas 20 ou 30 pessoas que me olharam assim que entrei. Aproximei-me do balcão onde perguntei ao barman se ele tinha notado alguém ou algo diferente pela região.

    – Fora você. Não sei, cara!

    – Tá e se eu te falar que sou investigador – Mostrei minha carteira.

    – Calma, cara! Não quero problemas no meu bar… Esses dias ouvi falar que tentaram arrombar uma casa aqui perto, sabe qual?

    – Não, cara! Só boatos entre os vizinhos…

    – Joia, valeu!

    Ia saindo quando senti uma presença, olhei par ao lado e lá estava uma garota com a aura diferenciada. Difícil de explicar a aparência dela diante o feitiço, mas seria algo próximo daquela distorção da superfície dos objetos quentes.

    Fui pra sua direção, ela também percebeu minha presença e não foi amistosa. Saiu correndo tão logo parei de falar com barman. Como estava num local público eu não pode usar nenhum poder e quando cheguei do lado de fora ela já havia sumido novamente. Ao menos naquela noite não monitoramos nenhuma nova morte.

    A continuação está aqui: https://www.vampir.com.br/os-sobrenaturais-que-circulam-por-ai/

  • O colecionador de cada um

    O colecionador de cada um

    EdX19 é um cara pacato, do tipo Nerd, magro, olhos esbugalhados e jeito simples, bem do interior. Sujeito franzino e de poucos amigos, que gasta muita grana com figure actions, pack de jogos, que vai a eventos como CCXP e afins. Até mesmo seus estudos nas áreas forenses foram influenciados por várias horas vendo e revendo seriados como Arquivo X, Jornada nas estrelas e jogos de RPG.

    A parte anterior desta história está aqui: https://www.vampir.com.br/os-cabelos-curtos-os-oculos-de-estudioso-e-a-camisa-larga/

    Quem fez o primeiro contato com ele foi Pepe, depois Hector e por fim Franz. Que tentou ajudar sua cabeça com sugestões mentais, mas que para bom entendedor pioraram mais ainda suas emoções. Não que eu esteja reclamando, bem na verdade achei o trabalho tão bem feito, que até pensei em fazer dele um Ghoul da Pepe.

    Foi pensando nisso e em nossa investigação sobre os jovens mortos por Embolia Gasosa, que retornamos o contato. Pepe marcou o encontro e deixei em suas mãos a escolha sobre o futuro do rapaz. Mesmo porque na pior das hipóteses aquele velho nerd teria sangue de sobra caso fosse necessário.

    Três e tantos da manhã ela me liga, falando que ficou duas horas com ele na frente de um computador e bastou um decote e um chicote para capturar tudo o que precisávamos.

    Quanto orgulho dessa minha cria…

    – Olha aqui esses perfis, temos mais 350 indivíduos na faixa etária alvo.

    – Tá, mas são muitos…

    – Espera olha esse filtro aqui… Vamos tirar os inaptos, aqueles que moram a mais de 50 km da região dos incidentes e pa pum… Temos esses doze.

    – Humm… imprime a ficha desses doze pra eu ver com calma.

    Tira aqui, põe ali e sobraram sete para irmos atrás pessoalmente. Pepe ficou com três e eu com os demais. Algo que veríamos na noite posterior haja vista a proximidade do amanhecer.

    Fui atrás de uma das possíveis vítimas e ela é de um bairro rico, estuda na melhor escola da cidade e está numa fase de foco nos estudos. Eu estava disposto a passar a noite cuidado dela(e), mas ao ouvir a distância que a rotina da semana seria casa > escola > casa. Acabei deixando o número um de lado e parti para o segundo.

    Apartamento modesto de classe média, no qual tive de me transformar em névoa para chegar até o andar correto. Nos cômodos poucos móveis e pouca decoração. Deu a impressão de que haviam se mudado a pouco. Apenas a possível vítima e uma mãe moravam por ali e o que me chamou a atenção na pessoa, foi o fato de que pareceu rebelde. Em alguns momentos fez a própria comida, lavou a louça e reclamou por ter de recolher o lixo de um banheiro. Enrolou para fazer as tarefas da escola e estava muito a fim de sair com os amigos, antes do fim da noite.

    Permaneci ao lado dele(a) durante toda aquela noite numa balada. Passei perto, tentei perceber indivíduos que flertaram ou cruzaram o caminho e a única pessoa que me chamou atenção foi uma garota mais velha que a possível vítima. Retraída e que não tirou os olhos dele(a) por todo o tempo em que ficaram na balada. Na saída percebi uma moderada perseguição que terminou quando ambos entraram em apartamentos diferentes, ou seja, era apenas uma vizinha.

    Na noite seguinte fui atrás do(a) terceiro(a) suspeito(a) e foi uma noite tensa pois ao que tudo indicava, seria a noite do próximo assassinato.

    A continuação está aqui: https://www.vampir.com.br/mais-uma-noite-aflito/

  • Os cabelos curtos, os óculos de estudioso e a camisa larga

    Os cabelos curtos, os óculos de estudioso e a camisa larga

    A parte anterior desta história está aqui: https://www.vampir.com.br/o-vento-assoviando-na-persiana/

    Os cabelos curtos no estilo mais atual, os óculos sem grau apenas para dar um ar de estudioso, apesar da armação moderna. A camisa larga para esconder seu corpo ainda musculo e uma bolsa de couro novinha onde sempre há um livro qualquer, um bloco de anotações e várias canetas e lápis.

    – Todo engomadinho heimm “Seba”

    – Olá herr Wulfdert…

    – Já te disse um zilhão de vezes pra não me chamar assim.

    – Ahh velhos hábitos, meu senhor.

    – Porra, dá pra parar com a formalidade?

    – Desculpa Herr

    – Putz, tá… Me conta ai o que descobriu…

    Sentamo-nos numa mesinha da varanda e a noite estava tranquila com pouco vento e céu estrelado. Divagamos por alguns minutos até que Pepe chegou com sua scooter.

    – Ui sumido!

    – Boa noite senhorita Penélope!

    – Uouu fazia tempo que eu não ouvia meu nome…

    – Cara… Abstrai o jeito dele, eu faço de tudo pra ele deixar de ser um robô (risos) mas tá difícil!

    – E ai, descobriram alguma coisa sobre os adolescentes?

    – O Seba achou mais alguns casos de Embolia gasosa… Esse três aqui tem a mesma idade.

    Pepe analisou a ficha deles e prontamente comentou o que viu:

    – Hey e se não bastasse a idade ser semelhante são da mesma cidade?

    – Sim, a meu ver o padrão desse serial killer é o ternário. – Disse Sebastian ajeitando os óculos.

    Ao longo daquela noite montamos um mapa, identificamos todas as similaridades das vítimas e numa espécie de anamnese, separamos eles em grupos menores por gênero, etnia, parentesco, hábitos e possíveis comportamentos na época de suas mortes. Não descartamos a hipóteses de serial killer levantada por Sebastian, mas havia algo que não encaixava.

    A única hipótese que tínhamos é de que haveria uma terceira vítima em breve e isso me fez ir atrás de um velho contato da região. Algo que evito ao máximo, haja vista que seria um trabalho para o meu outro eu: Hector Santiago.

    Leia a continuação aqui: https://www.vampir.com.br/o-colecionador-de-cada-um/

  • O vento assoviando na persiana

    O vento assoviando na persiana

    Duas e alguma coisa da manhã. O vento soprava assoviando pelas frestas da persiana e o pouco que passava movimentava um velho poster na parede: “La città Nera”, Cidade Negra. Estrelado pela belíssima Lizabeth Scott. Uma trama ao estilo noir, que envolve mesas de poker e um psicopata assassino.

    O tema “psicopatas assassinos”, está a tempos nos cinemas e nunca sai de moda, não é mesmo? Eu mesmo sou fã assíduo deste tópico e sempre que possível me envolvo na investigação de tais imbróglios. Ainda mais se tal elemento estiver perto, perto demais dos meus domínios.

    Pepe, comentou sobre uma morte um tanto quanto estranha de uma pessoa que morava no centro da cidade mais próxima da fazenda. Um caso que intrigou os locais no qual os médicos chamaram de Embolia Gasosa. A doença não é rara, 30% das pessoas que adquirem morrem, mas o que chamou a atenção de minha aprendiz foi a idade da vítima. 16 anos e até então saudável.

    Achei bacana o fato dela estar atenta a tais acontecimentos ao nosso redor e não me preocupei de imediato. Troquei rápido de assunto inclusive e ainda tirei um sarro, perguntando se ela estava estudando ou planejando algo fora de suas rotinas gamers.

    – Ai Fê, achei curioso só… Tu que é todo meio paranoico com mortes diferentes…

    – Não é questão de paranoia, pequena mafagafa… Tenho que ficar atento ao nosso redor. Tu sabes o quão saco é ter que pensar em tudo isso aqui. Mas se tiver alguma novidade sobre o que aconteceu, me fala.

    Sai depois dessa conversa. Fui até a casa do mato na expectativa de encontrar Franz para jogar um papo fora e ele não estava lá. Fazia tempo que não o via e ao que tudo indicava devia estar ocupado com suas crias ou com seus negócios.

    Noites depois, eu estava na rede, ouvindo Kashmir do Led, quando Pepe me surge com um sorriso de orelha a orelha.

    “Oooh, oh, baby, I’ve been flyin…”

    – Ow te disse que tinha alguma coisa! Olha esse prontuário aqui…

    Fiz uma leitura dinâmica e lá estava escrito “Parada cardiovascular as 17:29”, então perguntei zoando:

    – Humm qual o problema, falta uma crase no “às”?

    – Não, idiota… Olha nas outras folhas, ali na entrada tem um “Suspeita de Embolia gasosa” e olha a idade da vítima.

    – Dezesseis também? – Fiquei pensativo…

    Liguei para Eliot (Sebastian) e disse que estava na hora do projeto “Os escolhidos” voltar das férias.

    Leia a continuação aqui: https://www.vampir.com.br/os-cabelos-curtos-os-oculos-de-estudioso-e-a-camisa-larga/

  • In the darkness way below

    In the darkness way below

    Caia uma garoa espessa e densa, que prejudicava a visão ao longe. Meus All Star novos derrapavam e eu precisava usar mais força, para me manter firme naquele calçamento de pedras pouco ásperas. Nas lápides dizeres e histórias de muitos que haviam passado por esse plano, algumas no estilo gótico, outras apenas com uma cruz simples sobre a tampa e tantas outras quebradas ou apagadas pelos efeitos do tempo.

    Num canto perto de uma árvore seca e sem folhas estava uma placa com pouco mais de dois palmos de largura por um de altura. Nela havia escrito seu nome junto da frase: In the darkness way below.  Em português seria algo do tipo “No caminho da escuridão inferior” e tiraram isso de uma música do Greta Van Fleet – Lover, Leaver

    Achei a frase nada ver com a Claire que eu conheci e por mais que isso me deixasse um pouco puto, o sentimento de saudade bateu forte… Odeio ir a cemitérios, odeio o fato de perder alguém especial e que gosto!

    Em meio aos meus pensamentos mais fundos, não percebi a aproximação de Hadrian, tão pouco o peso de sua mão sobre meu ombro.

    – O destino uniu vocês e algum Reaper a levou! Tentou barganhar com teu amigo?

    – Tu falas como se fosse fácil falar sobre isso com o Reaper, mesmo ele sendo gente fina eu precisaria… Humm não tinha pensado nisso! Porra Hadrian, por que demorei tanto pra vir aqui!

    – Eu não te recomendaria fazer isso, sabe-se lá o que teu amigo vai pedir pra trazer ela de volta, mas pra quem tá na chuva, como nós… Literalmente.

    Algumas horas depois fomos para um canto amigo na cidade e lá nos encontramos com o Reaper e posso dizer que ele tinha se alimentado. O cara parecia saber que eu pediria alguma coisa e foi logo dizendo “ Meus caros, como posso ajuda-los nesta noite fria, chuvosa e sem graça no qual atrapalharam o meu jantar?”. Típico dele…

    – Então… Lembra da Claire aquela Lobisomem… Aquela pequena que eu namorei?

    – Não sinto mais a energia dela nesse plano, posso perguntar qual foi o triste destino desta criatura que tens fortes sentimentos?

    – Assassinada! E vou direto ao assunto, cara. O que eu preciso fazer pra trazer ela de volta?

    Reaper apenas me olhou como quem diz “sério isso?’ depois sem falar nada ficou lá de olhos fechados. Provavelmente tentou localizar o paradeiro da alma de Claire e quando a ansiedade já me irritava ele abriu os olhos de supetão e soltou:

    – Ferdinand, talvez tenhamos uma chance de trazer a tua namorada de volta, porém…

    – Desembucha!

    – Calma vampirão! Não será fácil… Por ter morrido neste plano a pouco tempo e como em vida, sua forma era considerada maligna, ela aguarda julgamento e está vagando pelo Limbo sem saber quem é ou foi aqui… Como se entra no Limbo? Com a ajuda de um Reaper! E como se sai de um limbo?

    – Com um Reaper?

    – É aí que está o problema eu não tenho o poder de tirar ninguém de lá, eu apenas vos levo…

    – Tá ok, parabéns, cara! Mas tu sabes como ou quem pode me ajudar nisso?

    – Calma! Sim, eu conheço alguém que já entrou e saiu de lá várias vezes sem nenhum arranhão.

    – Desembucha…

    – Tem uma baixinha que já foi cão do inferno e hoje é mais uma aberração maligna. A pequena Kora sabe a entrada e a saída do Limbo, mas como uma boa entidade infernal ela vai te pedir algo em troca. E não, não sei do que ela curte, só lhe digo que nada é de graça e vais ter que dar algo importante em troca.

    – Ela tem Whats, telefone…?

    – Aquela peste não curte essas coisas moderninhas… Vamos invocar o espírito maligno dela e assim saberemos a resposta para os teus problemas. Tem uma faca ai, meu caro?

    Com uma faca qualquer que lhe entreguei ele cortou uma das mãos e com o sangue que se esvaia, ele desenhou símbolos satânicos pelo chão e paredes. Enquanto as palavras de invocação saíam por seus lábios o ambiente escuro foi tomado por chamas e lá estava em sua forma demoníaca, a pequena Kora.

    – Porque caralhos você me invocou Reaper? E o que faz o alemão e esse gótico aí contigo?

    – Kora a sua simpatia me fascina! Ferdinand, vulgo alemão, galego e afins e seu amigo gótico mago/vampiro gostariam de trazer sua bela namorada dos antros do Limbo!

    – Ele sabe das consequências de quem entra no Limbo para buscar uma alma perdida?

    – Não e eu prefiro que você conte.

    – Pois bem Ferdinand, para entrar no Limbo você tem um dos mais antigos Reapers ao seu lado e esta fase está pronta, fácil como arrancar o pescoço de alguém. Agora para sair com uma alma você terá que deixar outra em troca… Aprenda que se você entrar lá para trazer a sua amada de volta tens que deixar outra alma no lugar para alimentar os cães e seus comandantes. O caminho de volta eu sei e te peço que me dê meia xícara do teu sangue de vampiro para tomar. Simples assim! O que me diz, vampiro? Já escolheu que amiguinho seu vai ficar no lugar da sua amada?

    – Esqueceu de comentar sobre o corpo da licantropo, Kora…

    – Ah sim! Ela voltará com o corpo mundano dela de antes, mas inicialmente as lembranças não voltarão com facilidade e a tortura da morte pode atrapalhar um pouco a tua adaptação neste plano… Ou seja era melhor deixar ela no Limbo, mas sabe que eu adoro essa tragédia!?

  • E assim fui embora da tribo do meu irmão

    E assim fui embora da tribo do meu irmão

    Eis que havia chegado o momento de ir embora da tribo do meu irmão. Juntei meus pertences em uma mochila de acampamento. Carlos insistiu que eu levasse alguns protetores espirituais consagrados, o que gerou mais bagagem. Apesar disso, o que movimentou mais a minha saída foi o pedido de Sophie, para vir junto e passar um tempo com meu clã.

    Inicialmente, eu não estava muito na vibe de ter mais uma aprendiz conosco. Pepe, ainda toma muito do meu tempo em tais ensinamentos… Mas fazer o que, não resisto aos pedidos de jovens donzelas de olhos grandes.

    O helicóptero fez um voo tranquilo sobre a mata. A humidade da floresta foi ficando para trás à medida que nos aproximávamos da Fazenda. Confesso que estava com saudades do meu quarto, cama, lençóis de seda… Ahhh o chuveiro quente e as roupas lavadas com amaciante…

    Sophie, parecia um cachorrinho assustado que ficou esquecido na hora da mudança, mas Pepe tratou logo de se enturmar com ela. Acho que a grande empolgada da história era Pepe, pois teria outra sobrenatural “mulher” por perto. Faz um tempo que ela estava sozinha e este, inclusive foi um dos motivos de eu ter trazido a nossa tal convidada.

    Pois bem, naquela primeira noite e dia eu foquei nos e-mails empresariais, correspondências e tudo mais que possa acumular quando fazemos uma viajem mais longa. Dei um trato na barba e no cabelo, deixei de lado a selvageria dos últimos meses e voltei a usar calças, All Star e camiseta.

    Liguei pro Franz, mandei Whatsapp e nada dele. Então liguei para H2, sua cria mais nova. Ele me atendeu de imediato e falou que o Wampir fanfarrão estava passando uns tempos na Europa/Asia, resolvendo os problemas de outra cria… Aproveitei o contato para lhe convidar para passar uns tempos conosco. Senti que ele estava muito sozinho depois da sua transformação e exerci uma das minhas funções de líder da porra toda: Monitorar as merdas dos outros membros.

    Ao longo daquela semana apresentei a sede da Fazenda para Sophie, tratei de passar o máximo que pude do nosso mundo para ela. Algumas regras, alguns comportamentos que ela deveria ter caso algum ancião viesse nos visitar e o plano de evacuação em caso de invasão e/ou desastres.

    No sábado, eu já estava mais tranquilo e foi quando H2 chegou. Botas de couro, calça militar, uma mochila velha e um corte de cabelos mais moderno, que lhe rejuvenesceu alguns anos. Se não fosse a barba rala branca diria que ele tem a aparência de um quarentão malhado.

    Naquela mesma noite repassei algumas ideias com todos eles, incluindo alguns Ghuls, que trabalham na fazenda. Sophie ainda tinha problemas para se manter acordada até tarde na noite, mas sua curiosidade era um grande motivador.

    Já era domingo de madrugada quando fui surpreendido por uma noticia estranha. Claire havia sido encontrada morta num dos alojamentos secretos da Red Hand. Seu pai também estava ao seu lado e seriamente ferido na forma de queimaduras, cortes e contusões.